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Artigo - Leonardo Silva Barbosa
Artigo - Leonardo Silva Barbosa
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BARBOSA, Leonardo Silva. Advogado do SEBRAE/Bahia. Especializando em Direito e Gestão dos
Serviços Sociais Autônomos pelo IDP.
INTRODUÇÃO
Por sua vez, o art. 37, § 4º da Carta Magna, dispõe que os dirigentes das
entidades são gestores de dinheiro público e, por isso, respondem por atos de
improbidade administrativa. Nesse diapasão, o art. 37, § 6º versa que o causador do
dano ao erário, que pode ser uma pessoa de direito privado prestadora de serviço
público, responde patrimonialmente de maneira objetiva.
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obrigatoriedade de se sujeitar à Lei 8.666/93, como já decidiu o Tribunal de Contas
no acórdão TCU 907/971. Devem os entes observar, portanto, os princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, eficiência e publicidade.
Tal atuação, contudo, deve ser feita sempre em sintonia com os ditames
legais e as recomendações ou determinações dos órgãos de controle. Percebe-se,
no âmbito do Sistema “S”, que até por desconhecimento ou, às vezes, por desídia,
muitos gestores não dão a devida importância às contratações ou ajustes de
qualquer natureza. O presente artigo pretende alertar, principalmente os gestores,
sobre as suas atribuições à luz não só dos regulamentos que tratam da matéria,
como também do Tribunal de Contas da União.
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“Os Serviços Sociais Autônomos não estão sujeitos à observância estrita da Lei 8.666/93 e sim aos
seus regulamentos próprios, devidamente publicados, desde que observem os princípios gerais dos
procedimentos licitatório.”
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BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão 3285/2006 – Primeira Câmara, processo nº TC-
011.433/2005-2, relação 177/2006 – Gab. Do Min. Subst. Marcos Bemquerer, DJ 29.11.2006.
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trabalho de acompanhamento e de fiscalização produz efeitos preventivos, evitando
que a desídia do contratado provoque prejuízos irreversíveis ou de difícil ou onerosa
reparação para ele próprio, para o contratante ou para os terceiros.
3
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 430/2005 – Plenário, processo nº TC-
005.838/2001-2, pedido de reexame, relator Ministro Substituto Lincoln Magalhães da Rocha, p. 4-6,
mar. 2005.
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de anotar em registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do
contrato, determinando o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos
observados. Assim, conclui que o denominado representante corresponde ao fiscal
do contrato.
Por sua vez, aquele que tem poder de gerência sobre os contratos,
promovendo os termos aditivos, revisões, prorrogações, aplicação de sanções,
dentre outros, o autor denomina de autoridade competente, cujas atribuições são
inerentes às do gestor, como iremos examinar adiante.
3. GESTOR
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gestor atuar sempre voltado a gerenciar processos de modo eficiente e adequado
aos interesses da sociedade.
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princípios do contraditório e da ampla defesa, na forma com que dispõe o art. 5º, LV,
da Constituição Federal, conforme teorizou o professor José dos Santos Carvalho
Filho (CARVALHO FILHO, 2012, p. 759) na obra Manual de Direito Administrativo.
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Para que a Unidade fornecedora faça uma entrega consistente é preciso que a demandante
especifique exatamente sua necessidade.
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envolvidos, responsabilidades, vigência, nome das partes signatárias do instrumento
e números corretos de documentos antes de ser encaminhado para assinatura do
parceiro/fornecedor, para não acarretar devoluções, pois seu conteúdo deve ser fiel
às tratativas;
i) colher a assinatura do parceiro/fornecedor;
j) não rasurar o instrumento jurídico;
k) gerir os prazos de vigência dos contratos, tendo em vista que pedidos de
aditamentos devem ser iniciados pelo menos com três meses de antecedência;
l) controlar o saldo e a vigência dos contratos;
m) acompanhar e fiscalizar a prestação do serviço e/ou o recebimento de materiais,
com métodos e relatórios específicos para cada modalidade de processo
administrativo, que permitam mensurar e atestar a execução;
n) assegurar que as metas e objetivos pactuados no processo estão sendo
executados com êxito, qualidade e tempestividade;
o) planejar, administrar e controlar os recursos (físicos e financeiros) envolvidos no
processo, respondendo pela sua utilização adequada e garantindo sua eficiência.
4. FISCAL
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de contratação, na proposta apresentada pela contratada, no contrato realizado ou
mesmo no plano de trabalho de um convênio.
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Conclui-se, portanto, que a fiscalização administrativa distingue-se da sua
gestão. Na primeira expressão observa-se o fiel cumprimento do quanto previsto no
instrumento por parte das contratadas, enquanto que a gestão contratual
corresponde à condução integral do processo de contratação, desde a identificação
da necessidade pela entidade até o fim da execução do contrato/convênio.
5. ORDENADOR DA DESPESA
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Quando comprovada a má aplicação do recurso público por parte do
colaborador e, após esgotadas as providências administrativas internas com vista à
recomposição do erário, a autoridade competente instaurará a Tomada de Contas
Especial, reavendo e responsabilizando pecuniariamente o mau utilizador do recurso
público. Não instaurando, a autoridade poderá, inclusive, ser condenada
solidariamente a ressarcir o erário.
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Súmula 230 – Compete ao sucessor apresentar as contas referentes aos
recursos federais recebidos por seu antecessor, quando este não o tiver
feito, ou na impossibilidade de fazê-lo, adotar as medidas legais visando ao
resguardo do patrimônio público com a instauração da competente Tomada
de Contas Especial, sob pena de co-responsabilidade.
5
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Mandado de Segurança 23.550/DF. Relator Ministro Marco
Aurélio, voto do Ministro Carlos Ayres Britto. DJ em 31/10/2001.
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pode afastar a empresa de licitar com o ente, além de declarar inabilitado o gestor
envolvido na fraude.
6
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Mandado de Segurança 24510, Distrito Federal, Relator
Ministra Ellen Gracie, Pleno, DJ 19.3.2004.
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BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 1.908/2004 – 2ª Câmara, processo nº TC-
600.394/1997-2, pedido de reexame, relator Ministro Substituto Lincoln Magalhães da Rocha, set.
2004.
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decisões do TCU inclinam-se no sentido de que não basta o simples
acompanhamento da execução tanto do convênio quanto do contrato. É necessário
que os entes criem rotinas para tal acompanhamento8, inclusive deixando
evidenciado os resultados alcançados, na forma que dispõe o art. 67 da Lei nº
8.666/939.
8
MAIA, Carlos Nivan. Manual do Gestor do Sistema “S”: Referências e comentários acerca dos
acórdãos e decisões do TCU sobre o assunto. São Paulo: SESI-SP, 2012, p. 222.
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Art. 67 da Lei nº 8.666/93: A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um
representante da Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para
assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
10
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 430/2005 – 1ª Câmara, processo nº TC-
005.838/2001-2, pedido de reexame, relator Ministro Substituto Lincoln Magalhães da Rocha, abril.
2005.
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concedente e do convenente, na ausência de normativo específico, devem
observar os princípios e fundamentos da Instrução Normativa STN n. 01/97,
que regula a matéria no âmbito da administração pública federal, não sendo
lícita a conduta dos agentes envolvidos que resultem em violação aos
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
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eficiência .
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BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 2820/2006 – 2ª Câmara, processo nº TC-
700.097/1997-0, recurso de reconsideração, relator Ministro Ubiratan Aguiar, DJ 03.10.2006.
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BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 664/2012 – Plenário, processo nº TC-
026.471./2008-4, pedido de reexame, relator Ministra Ana Arraes, DJ 29.03.2012.
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Contudo, para os contratos de grande monta, com obrigações complexas,
ou nos convênios com diversas ações que requerem acompanhamento, é
recomendável que a Instituição designe tanto um gestor para fazer o controle
administrativo e gerencial do ajuste quanto o fiscal para verificar se as condições
pactuadas estão sendo cumpridas.
CONCLUSÃO
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Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à
Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
(...)
III - fiscalizar-lhes a execução;
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Devem os entes do Sistema “S” criar rotinas, organizar-se e implantar
mecanismos de gestão dos seus ajustes, de qualquer natureza. O gerenciamento,
acompanhamento e a fiscalização do contrato ou convênio devem ocorrer desde o
processo de formalização até a sua execução e recebimento do objeto ou finalidade
avençada.
Na forma do que preconiza o art. 58, III c/c o art. 67, caput, da Lei
8.666/93, conforme já explorado anteriormente e lecionado pelo professor Lucas
Rocha Furtado (FURTADO, 2007, p. 544) na obra intitulada Curso de Licitações e
Contratos Administrativos, resta cediço que é dever da Instituição designar
representante para acompanhar e fiscalizar o contrato. Porém, não é obrigação do
ente designar fiscal para o acompanhamento de todos os seus ajustes, é dever
designar representante para realizar todo o acompanhamento e fiscalização, e isso é
papel do gestor.
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público, finalidade maior que norteia as atividades administrativas. Ambos não
podem ser encarados como procedimentos vazios e abstratos, uma vez que o
interesse público só será atingido com a eficiente execução do contrato. Desta
forma, é de extrema relevância a fase de execução dos contratos administrativos,
tendo o gestor e o fiscal do contrato papéis significativos nesse processo.
BIBLIOGRAFIA
Decisões Citadas
18
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão 3285/2006 – Primeira Câmara,
processo nº TC-011.433/2005-2 (Relação 177/2006 – Gab. Do Min. Subst. Marcos
Bemquerer, DJ 29.11.2006.
19
INSTITUTO BRASILIENSE DE DIREITO PÚBLICO
Brasília
2013
RESUMO