Viviane Mosé

Você também pode gostar

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 2

O bullying de maneira crua e simplista se baseia em um ato de violência urbana que se manifesta

através de preconceitos, intolerâncias e outras expressões. Dentro do contexto escolar pode se


dividir em dois tipos, o na escola e o da escola, o primeiro como sendo dentro da escola podendo
ultrapassar os limites da instituição, tendo em vista que seus autores são os próprios estudantes já o
segundo, se refere aos próprios atores escolares, composto nas especificidades das relações
escolares, como agressões físicas, verbais e psicológicas, descriminação por orientação sexual,
racial, de gênero, política, incentivos e reforços a esteriótipos. O termo compreende diversos níveis
de comportamento desde violências hostis e inoportunas até fatores francamente agressivos,
podendo ser repetitivos e sem motivo aparente, com relações de poder assimétricos em relação as
vítimas, gerando dificuldades em relação a se defenderem.
Para os autores o bullying escolar deve ser compreendido como uma manifestação eminentemente
humana e socialmente construída. Nesse sentido, Francisco e Libório (2011) apontam que:

“Um aspecto que nos parece importante e necessário e que vem sendo negligenciado em diversos
estudos seria compreender o estudo para além de determinismos biológicos, os quais justificam a
condição de sujeitos predispostos às ocorrências do bullying. Dessa forma, poderíamos contribuir
para a superação de uma compreensão individualizante desse fenômeno social, como se somente o
agressor e a vítima fossem responsáveis pela sua ocorrência, sem considerar a força dos valores e
crenças culturais, que inspiram práticas pouco empáticas e solidárias entre os sujeitos de nossa
sociedade de forma mais ampla” ( Francisco & Libório, 2011,p.65).

A compreensão de como essas violências acontecem no âmbito escolar, vem sendo um desafio aos
pais e educadores. Portanto a realização de pesquisas e monitoramentos se torna imprescindível
para a definição de sua incidência, suas prováveis causas e possíveis prevenções.

[…] A Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou inquéritos transversais com a população
escolar, como o Health Behaviour in School-aged Children (HBSC)12, em mais de quarenta países,
pesquisando situações sobre a saúde dos adolescentes e incluindo temas como a violência. Entre
adolescentes de 13 anos, 14% referiram já ter sofrido bullying nos últimos dois meses.[…]

A importância de conhecer e estudar essas manifestações dentro da escola se intensifica na medida


que as vítimas em contínua exposição ao bullying podem desenvolver diversos problemas
comportamentais e emocionais, como a diminuição ou perda da auto estima, o estresse, a ansiedade,
depressão, baixo rendimento escolar e em casos mais graves o suicídio. Com relação aos agressores,
a literatura aponta que há maior probabilidade dos mesmos virem a se envolver em comportamentos
antissociais e violentos na vida adulta. (Avilés, 2004, 2010; Cid et al., 2008; Oliboni, 2008;
Tognetta & Vinha, 2008, 2010). Francisco (2010) elucida que:

“Os mesmos também precisam de ajuda, suas ações social e culturalmente construídas, muitas
vezes, são respostas ao modelo familiar e relacional em que cresceram. Contudo, não podemos
generalizar que todas as crianças adolescentes expostos a ambientes familiares em que a violência
seja uma linguagem constante, irão agotar tais atitudes” (Francisco,2010, p. 30).

Foi realizado uma pesquisa com adolescentes entre 16 e 20 anos de idade, foram feitas 23
entrevistas com 15 perguntas relacionadas ao bullying, os resultados apresentaram que é um
fenômeno muito presente no dia a dia dos adolescentes, 56% dos entrevistados alegaram já terem
sofrido algum tipo de bullying, 72% alegou ter sido na escola e outros 67% alegou já ter
presenciado outros adolescentes serem vitimados por essa violência. O contexto do bullying é um
assunto complicado quando pensado que seus malefícios não afetam apenas quem o sofre como
também quem o presencia, os educadores e as famílias que estão envolvidas. Sendo assim se torna
urgente uma ação partida da comunidade escolar para o enfrentamento e compreensão dos
mecanismos que sustentam esses comportamentos violentos, principalmente de prevenção do
bullying no ambiente escolar, importante o incentivo da denuncia destas práticas e oferta de ajuda
para que estes jovens possam enfrentar e superar a violência.

Você também pode gostar