Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TJSP.2021.AIRBNB-20210828042648
TJSP.2021.AIRBNB-20210828042648
Registro: 2021.0000565932
ACÓRDÃO
Vistos.
É O RELATÓRIO.
1. Nulidade da sentença
A r. sentença de primeiro grau apresentou
fundamentação suficiente.
O equívoco apontado nas razões recursais não
comprometeu a validade da decisão de primeiro grau. Evidentemente,
houve rejeição da matéria relativa à condição da ação (legitimidade da
parte), mesmo que tenha incidido no equívoco da descrição fática.
Isto é, quando a decisão de primeiro grau ingressou na
análise do mérito, o fez por entender presentes os pressupostos
processuais e as condições da ação.
E fundamentação sucinta, por si só, não traduzia ausência
de motivação da r. sentença. Reconheceu-se a possibilidade da discussão
da responsabilidade civil da ré, a partir da aplicação do Código de Defesa do
Consumidor. Era o bastante.
A fundamentação sucinta, concisa e objetiva não traduz
ausência de fundamentação. Oportuno registrar que a decisão de primeiro
grau apresenta razão suficiente para conclusão adotada, a partir da
interpretação do contrato e da lei. As razões do recurso apontam, na
verdade, insatisfação com o conteúdo da r. Sentença.
2. Legitimidade passiva
Na petição inicial, a autora descreveu fundamentação que
estabeleceu uma relação de responsabilidade da ré por falhas na prestação
de serviços no anúncio e intermediação de hospedagem. Identificou uma
relação jurídica controvertida com formulação de pedido (lógico e adequado)
de indenização.
Era o bastante para aplicação da teoria da asserção e
reconhecimento da presença daquela condição da ação. Neste sentido,
confira-se precedente desta Turma julgadora: Apelação Cível nº
1003506-88.2018.8.26.0663, relator Desembargador TASSO DUARTE DE
MELO, julgado em 04/11/2020. Evidente a discussão sobre a
responsabilidade da ré diz respeito ao próprio mérito da ação.
E sobre o tema discutido no processo e envolvendo , confira-
se precedente deste Tribunal de Justiça de São Paulo, Apelação Cível nº
1002296-11.2019.8.26.0196, 34ª Câmara de Direito Privado, relator o
Desembargador TÉRCIO PIRES, julgado em 28/06/2021.
Igualmente, rejeita-se alegação de inépcia da petição inicial.
A autora trouxe para os autos documentos pertinentes à fundamentação
articulada. A força probatória deles também diz respeito à própria análise do
mérito.
Concluindo-se, reconheço a legitimidade passiva da ré e
a aptidão da petição inicial.
3. Responsabilidade da ré
Na petição inicial, a autora afirmou que reservou pela
plataforma ré um imóvel localizado na cidade de Londres, para o período de
08/12/2019 a 21/12/2019, no valor de U$ 1.993,89 (mil, novecentos e
noventa e três dólares e oitenta e nove cents). Entretanto, ao chegar no
referido local, enfrentou os seguintes problemas: (a) dificuldade para
encontrar a chave e adentrar no imóvel, (b) indicações do anúncio
absolutamente inverídicas, (c) no interior do banheiro, as toalhas estavam
apodrecendo (com odor insuportável), (d) inexistência de "wifi", o que
dificultou inclusive seu acesso à plataforma e buscar uma solução, (e) por
não conseguir ficar na acomodação contratada, foi recebida na casa de
estranhos (donos de um café), (f) logo no primeiro contato com o anfitrião,
ele bloqueou seu contato, o que inviabilizou a sua tentativa de devolução
dos valores, (g) foi induzida em erro por um preposto da ré que, entre as
ligações e mensagens, orientou a autora a cancelar a reserva e ter o
reembolso da quantia, mas que terminou por ser efetivado apenas
parcialmente (11% do total).
DISPOSITIVO.