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AO JUÍZO DO 1º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E DAS RELAÇÕES DE CONSUMO DE

PAULISTA – PE

AUTOS Nº 0001521-06.2020.8.17.8222

JOSE MARINHO DA SILVA NETO, já qualificado nos autos, vem respeitosamente, à


presença de Vossa Excelência, por intermédio de seus procuradores signatá rios,
tempestivamente, nos termos dos art. 41 e seguintes da Lei nº 9.999/95, interpor o
presente

RECURSO INOMINADO

em face da respeitá vel Sentença que julgou improcedente os pedidos formulados nos
autos da açã o em epígrafe, com as razõ es anexas, requerendo que as mesmas sejam
remetidas à Colenda Turma Recursal do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de
Pernambuco.

Requer ainda, o recebimento do presente recurso sob assistência judiciá ria, já que o
Autor está impossibilitado de pagar as custas desta açã o sem prejuízo de seu sustento.
Em atençã o ao princípio da colaboraçã o recursal, requer-se a intimaçã o do Recorrente
para sanar eventual irregularidade que obste o recebimento do recurso.

Nestes termos, Pede deferimento.

Paulista, data da assinatura eletrô nia.

Thiago Marques de Albertim


OAB/PE nº 54.955-B
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO/PE
COLENDA TURMA RECURSAL

EMÉRITOS JULGADORES
RAZÕES DE RECURSO INOMINADO

RECORRENTE: JOSE MARINHO DA SILVA NETO

RECORRIDOS: NANCI ALBINO DA CUNHA.

I - DOS FATOS E DA SENTENÇA RECORRIDA


Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte Recorrente ante a decisã o que
julgou parcialmente os pedidos formulados nos autos da açã o em epígrafe, nos
seguintes termos:
Com efeito, em que pese o inquestioná vel saber do eminente Julgador, a decisã o
merece reforma, conforme será exposto adiante.

II - DA JUSTIÇA GRATUITA E DESNECESSIDADE DO PREPARO:

O Recorrente pleiteia os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, assegurados pela


Lei nº 1060/50 e consoante o art. 98, caput, do novo CPC/2015.

Infere-se dos artigos supracitados que qualquer uma das partes no processo
pode usufruir do benefício da justiça gratuita. Logo, a Recorrente faz jus ao benefício,
haja vista nã o ter condiçõ es de arcar com as despesas do processo sem prejuízo de sua
mantença.
Mister frisar, ainda, que em conformidade com o art. 99, § 1º, do novo
CPC/2015, o pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado por petiçã o simples e
durante o curso do processo, tendo em vista a possibilidade de se requerer em
qualquer tempo e grau de jurisdiçã o os benefícios da justiça gratuita, ante a alteraçã o
do status econô mico.

Ainda sobre a gratuidade a que tem direito, o novo Có digo Instrumentalista


dispõ e em seu art. 99, § 3º, que “presume-se verdadeira a alegaçã o de insuficiência
deduzida exclusivamente por pessoa natural”. Assim, à pessoa natural basta a mera
alegaçã o de insuficiência de recursos, sendo desnecessá ria, num primeiro momento, a
produçã o de provas da hipossuficiência financeira.
O Có digo de Processo Civil autoriza a concessã o da justiça gratuita em sede recursal,
verbis:

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petiçã o


inicial, na contestaçã o, na petiçã o para ingresso de terceiro no processo ou
em recurso.
[...]
§ 7º Requerida a concessã o de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente
estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao
relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para
realizaçã o do recolhimento.

Assim, ex positis, pois, requer-se os benefícios da assistência judiciá ria gratuita.


III – DAS RAZÕES PARA A REFORMA DA SENTENÇA

III – I DA ILEGITIMIDADE PASSIVA E DA RESPONSABILIDADE


A sentença do Juízo “a quo” nã o afastou o apelante quanto ao trabalho ofertado
como corretor, intermediá rio, vejamos o exceto da sentença:

Excelência, no caso dos autos, o juízo de primeiro grau entendeu, em síntese,


que o corretor, apesar de ser apenas um intermediá rio responde solidariamente com
o proprietá rio, entretanto, o entendimento do Juízo “a quo” é deverá s equivocado, pois
qualquer excesso por parte do proprietá rio nã o deve atingir o corretor, vejamos o
entendimento dos Tribunais:

EMENTA – DIREICO CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C REPARAÇÃO DE DANOS.
COMPROMISSO DE PERMUTA DE IMÓVEIS. CORRETAGEM.
ILEGITIMIDADE PASSIVA. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO
CORRETOR. DANO MORAL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.
NEGATIVA DE PROVIMENTO. 1. Nos casos em que há prestação de
serviço de corretagem, o corretor configura-se como mera intermediador
no compromisso de permuta de imóveis firmado entre os particulares,
não possuindo responsabilidade pelo cumprimento do negócio, além de
não assumir obrigação alguma, já que não participou da relação jurídica
entre os compromissados. 2. Não comprovada a configuração do dano
moral alegado, impera-se a manutenção da sentença. 3. Apelação Cível a
que se nega provimento, majorando os honorários de sucumbência.
(TJPR - 17ª C.Cível - 0008588-90.2018.8.16.0083 - Francisco Beltrão -
Rel.: JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU
FRANCISCO CARLOS JORGE - J. 23.09.2021)

(TJ-PR - APL: 00085889020188160083 Francisco Beltrão 0008588-


90.2018.8.16.0083 (Acórdão), Relator: Francisco Carlos Jorge, Data de
Julgamento: 23/09/2021, 17ª Câmara Cível, Data de Publicação:
27/09/2021)
Logo, o julgamento que coloca o apelante como solidá rio com o proprietá rio
nã o condiz com o entendimento jurisprudencial, devendo ser reformado a sentença
do Juízo “a quo”.
Nesse entendimento de que o corretor é parte ilegítima em quebra de
contratos no qual ele foi somente o intermediador temos a doutrina do STJ, vejamos:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA


DE IMÓ VEL. RESCISÃ O CONTRATUAL COM PEDIDO DE RESTITUIÇÃ O DE
VALORES PAGOS. DESISTÊ NCIA DOS PROMITENTES COMPRADORES.
CORRETORA. LEGITIMIDADE PASSIVA. INEXISTÊ NCIA. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO. 1. No contato de corretagem, conforme a disciplina legal, a
obrigaçã o fundamental do comitente é a de pagar a comissã o ao corretor
assim que concretizado o resultado a que este se obrigou, qual seja, a
aproximaçã o das partes e a conclusã o do negó cio de compra e venda,
ressalvada a previsã o contratual em contrá rio. 2. A relaçã o jurídica
estabelecida no contrato de corretagem é diversa daquela firmada entre o
promitente comprador e o promitente vendedor do imó vel, de modo que a
responsabilidade da corretora está limitada a eventual falha na prestaçã o do
serviço de corretagem. 3. Nã o se verificando qualquer falha na prestaçã o do
serviço de corretagem nem se constatando o envolvimento da corretora no
empreendimento imobiliá rio, nã o se mostra viá vel o reconhecimento da sua
responsabilidade solidá ria em razã o da sua inclusã o na cadeia de
fornecimento. 4. Recurso especial provido.

(STJ - REsp: 1811153 SP 2019/0118270-0, Relator: Ministro MARCO


AURÉ LIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 15/02/2022, T3 - TERCEIRA
TURMA, Data de Publicaçã o: DJe 21/02/2022)

COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. ATRASO NA ENTREGA DA UNIDADE


IMOBILIÁ RIA. LUCROS CESSANTES PRESUMIDOS. TERMO FINAL. ENTREGA
DO IMÓ VEL AO ADQUIRENTE. APLICAÇÃ O DA SÚ MULA 83/STJ.
CORRETORA. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. ARTS. 722 E 723 DO
CÓ DIGO CIVIL. INEXISTÊ NCIA DE FALHA NA PRESTAÇÃ O DO SERVIÇO DE
CORRETAGEM AFASTAMENTO DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁ RIA. 1. A
jurisprudência desta Corte se firmou no sentido de que "no caso de
descumprimento do prazo para a entrega do imó vel, incluído o período de
tolerâ ncia, o prejuízo do comprador é presumido, consistente na injusta
privaçã o do uso do bem, a ensejar o pagamento de indenizaçã o, na forma de
aluguel mensal, com base no valor locatício de imó vel assemelhado, com
termo final na data da disponibilizaçã o da posse direta ao adquirente da
unidade autô noma" ( REsp 1.729.593/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉ LIO
BELLIZZE, Segunda Seçã o, DJe de 27.9.2019). 2. Em vista da natureza do
serviço de corretagem, nã o há , em princípio, liame jurídico do corretor com
as obrigaçõ es assumidas pelas partes celebrantes do contrato, a ensejar sua
responsabilizaçã o por descumprimento de obrigaçã o da incorporadora no
contrato de compra e venda de unidade imobiliá ria. Incidência dos arts. 722
e 723 do Có digo Civil. 3. Nã o sendo imputada falha alguma na prestaçã o do
serviço de corretagem e nem se cogitando do envolvimento da
intermediadora na cadeia de fornecimento do produto, vale dizer, nas
atividades de incorporaçã o e construçã o do imó vel ou mesmo se tratar a
corretora de empresa do mesmo grupo econô mico das responsá veis pela
obra, hipó tese em que se poderia cogitar de confusã o patrimonial, nã o é
possível seu enquadramento como integrante da cadeia de fornecimento a
justificar sua condenaçã o, de forma solidá ria, pelos danos causados ao autor
adquirente. 4. Agravo interno parcialmente provido para dar parcial
provimento ao recurso especial.

(STJ - AgInt no REsp: 1779271 SP 2018/0297009-0, Relator: Ministro LUIS


FELIPE SALOMÃ O, Data de Julgamento: 01/06/2021, T4 - QUARTA TURMA,
Data de Publicaçã o: DJe 25/06/2021)

Para tanto, fundamentou no fato de que o Recorrente só foi o intermediá rio,


por tal razã o, nã o devendo responder por excesso, uma vez que o Juízo “a quo” coloca
o apelante como responsá vel solidá rio. Faz-se necessá rio lembrar que a solidariedade
nos negó cios jurídicos decorre da Lei, especificamente, no art. 265 do CC/2022,
vejamos:

Art. 265. A solidariedade nã o se presume; resultar da lei ou da vontade das


partes

Desta forma, Emérito Julgados, a sentença deve ser reformada para considerar
o recorrente parte ilegítima, uma vez o cerne da questã o resulta do descumprimento
do locador perante o locatá rio, nã o devendo o recorrente pagar por algo que nã o
possui controle.

IV - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:


a) A aplicaçã o dos benefícios da assistência judiciá ria gratuita ao Recorrente;

b) O conhecimento e provimento do presente recurso para fins de reformar a


sentença recorrida, a fim de considerar o apelante parte Ilegítima “ad causam” nas
razõ es da apelaçã o;
c) Seja a Recorrida condenada ao pagamento das custas processuais e dos honorá rios
advocatícios, fixando estes no má ximo admitido legalmente, no caso de sucumbência..

Nesses termos, pede deferimento.

PAULISTA, data da assinatura eletrônica.

THIAGO MARQUES DE ALBERTIM


OAB/PE nº 54.955-B

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