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Desenvolvimento Humano

Piaget

Psicologia da
Educação

Professora Heloisa Argento


OS ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO
De acordo com Piaget, o desenvolvimento
cognitivo é um processo de sucessivas
mudanças qualitativas e quantitativas das
estruturas cognitivas derivando cada
estrutura de estruturas precedentes. Ou
seja, o indivíduo constrói e reconstrói
continuamente as estruturas que o tornam
cada vez mais apto ao equilíbrio.

Essas construções seguem um padrão


denominado por Piaget de ESTÁGIOS que
seguem idades mais ou menos
determinadas. Todavia, o importante é a
ordem dos estágios e não a idade de
aparição destes.
SENSÓRIO-MOTOR – 0 A 2 ANOS

A partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê


começa a construir esquemas de ação para
assimilar mentalmente o meio. A inteligência é
prática. As noções de espaço e tempo são
construídas pela ação. O contato com o meio é
direto e imediato, sem representação ou
pensamento.
Exemplos:
O bebê pega o que está em sua mão; "mama" o
que é posto em sua boca; "vê" o que está diante
de si. Aprimorando esses esquemas, é capaz de
ver um objeto, pegá-lo e levá-lo a boca.
PRÉ-OPERATÓRIO – 2 A 7 ANOS
Também chamado de estágio da Inteligência Simbólica . Caracteriza-se,
principalmente, pela interiorização de esquemas de ação construídos no
estágio anterior (sensório-motor).
A criança deste estágio:
É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar,
abstratamente, no lugar do outro.
Não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por
quês").
Já pode agir por simulação, "como se".
Possui percepção global sem discriminar detalhes.
Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.

Exemplos:
Mostram-se para a criança, duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma delas
a forma de salsicha. A criança nega que a quantidade de massa continue igual,
pois as formas são diferentes. Não relaciona as situações.
Modificação do elemento
Igualdade inicial: experimental achatamento)     

Modificação do elemento Modificação do elemento


experimental (alargamento) experimental (partição)
                                            
OPERATÓRIO CONCRETO - 7 A 11 ANOS
A criança desenvolve noções de tempo, espaço,
velocidade, ordem, casualidade, ..., já sendo capaz de
relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da
realidade. Não se limita a uma representação
imediata, mas ainda depende do mundo concreto para
chegar à abstração.

Desenvolve a capacidade de representar uma ação no


sentido inverso de uma anterior, anulando a
transformação observada (reversibilidade).

Exemplos:
despeja-se a água de dois copos em outros, de
formatos diferentes, para que a criança diga se as
quantidades continuam iguais. A resposta é afirmativa
uma vez que a criança já diferencia aspectos e é
capaz de "refazer" a ação.
Primeira
modificação    

Segunda
modificação   

Terceira
modificação:
OPERATÓRIO FORMAL- 12 EM DIANTE

A representação agora permite a abstração total. A criança não se limita


mais a representação imediata nem somente às relações previamente
existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis
logicamente buscando soluções a partir de hipóteses e não apenas pela
observação da realidade.
Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu
nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o
raciocínio lógico a todas as classes de problemas.

Exemplos:
Se lhe pedem para analisar um provérbio como "de grão em grão, a
galinha enche o papo", a criança trabalha com a lógica da idéia (metáfora)
e não com a imagem de uma galinha comendo grãos.

Retirados da reportagem "Jean Piaget", escrita pela jornalista Josiane Lopes, da revista Nova
Escola, ano XI, nº 95, de agosto de 1996.
TEORIA DA APRENDIZAGEM
PIAGETIANA

CONCEITOS BÁSICOS
Para se compreender o processo de
aprendizagem, é
necessário evidenciar a configuração dos sistemas
que integram os processos de como o individuo se
desenvolve, adquire novos conhecimentos e a
importância da interação entre o sujeito e o objeto.
Para tanto, é necessário conhecer com clareza o
que significa os seguintes conceitos:
ORGANIZAÇÃO
Não pode haver adaptação
(assimilação e acomodação)
proveniente de uma
fonte desorganizada, pois a
adaptação tem como base
uma organização inicial
expressa no esquema (ponto
de partida para a ação do
indivíduo sobre os objetos ASSIMILAÇÃO E ACOMODAÇÃO
do conhecimento). O
A assimilação é o processo cognitivo pelo qual
pensamento (interiorização
uma pessoa integra (classifica)
da ação) se organiza
um novo dado perceptual, motor ou conceitual
mediante a
às estruturas cognitivas prévias
constituição de esquemas
(WADSWORTH, 1996). Ou seja, quando a
que formam através do
criança tem novas experiências (vendo
processo de adaptação. A
coisas novas, ou ouvindo coisas novas) ela
adaptação e organização são
tenta adaptar esses novos estímulos às
os processos indissolúveis do
estruturas cognitivas que já possui.
pensamento.
A acomodação pode ser de duas formas, visto que se pode ter duas alternativas:
Criar um novo esquema no qual se possa encaixar o novo estímulo, ou
Modificar um já existente de modo que o estímulo possa ser incluído nele.

Após ter havido a acomodação, a criança tenta novamente encaixar o estímulo


no esquema e aí ocorre a assimilação.
Por isso, a acomodação não é determinada pelo objeto e sim pela atividade do
sujeito sobre este, para tentar assimilá-lo.
O balanço entre assimilação e acomodação é chamado de adaptação.

ADAPTAÇÃO
É um processo dinâmico e contínuo no qual a estrutura hereditária do
organismo interage com o meio externo de modo a reconstituir-se. Ela é a
essência do funcionamento intelectual e biológico. É um movimento de equilíbrio
contínuo entre a assimilação e a acomodação, que são processos distintos,
porém indissociáveis que compõem a adaptação, processo este que se refere
ao restabelecimento de equilíbrio. O indivíduo modifica o meio e é também
modificado por ele. A adaptação intelectual constitui-se então em um "equilíbrio
progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomodação
complementar" (Piaget, 1982).
ESQUEMA

São as estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os indivíduos


intelectualmente organizam o meio.
São estruturas que se modificam com o desenvolvimento mental e que
tornam-se cada vez mais refinadas à medida em que a criança torna-se mais
apta a generalizar os estímulos.

Por este motivo, os esquemas cognitivos do adulto são derivados dos


esquemas sensório-motores da criança e, os processos responsáveis por
esses mudanças nas estruturas cognitivas são assimilação e acomodação.

O próprio Piaget define a assimilação como (PIAGET, 1996, p. 13):

... uma integração à estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou


são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem
descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas
simplesmente acomodando-se à nova situação.
Isto significa que a criança tenta continuamente adaptar
os novos estímulos aos esquemas que ela possui até
aquele momento.
Por exemplo, imaginemos que uma criança está
aprendendo a reconhecer animais, um cachorro.

A diferenciação do cavalo para o cachorro deverá ocorrer


por um processo chamado de acomodação.

Ou seja, a criança, apontará para o cavalo e dirá


"cachorro". Neste momento, uma adulto intervém e
corrige, "não, aquilo não é um cachorro, é um cavalo".

Quando corrigida, definindo que se trata de um cavalo, e


não mais de um cachorro, a criança, então, acomodará
aquele estímulo a uma nova estrutura cognitiva.
EQUILIBRAÇÃO:
É o processo da passagem de uma situação de menor
equilíbrio para uma de maior equilíbrio. Uma fonte de
desequilíbrio ocorre quando se espera que uma
situação ocorra de determinada maneira, e esta não
acontece.

Existem três tipos de equilibração:


• Equilibração Sujeito/Objeto: equilibração entre a assimilação dos
esquemas e a acomodação dos esquemas ao objeto. Este conceito traz um
começo de conservação mútua, isto é, o objeto é necessário ao desenrolar
da ação, e de forma recíproca, o esquema de assimilação dá significado ao
objeto, transformando-o.
• Equilibração Subsistema/Subsistema: os subsistemas elaboram-se
geralmente com velocidades diferentes, com defasamentos temporais. Esta
elaboração sofre desequilíbrios que necessitam ser controlados
• Equilibração Subsistema/Totalidade: esta forma de equilibração
acrescenta uma hierarquia, o que não ocorria nas equlibrações anteriores. A
integração do todo caracteriza a assimilação e a diferenciação exige a
acomodação. Neste caso existe a conservação mútua do todo e das partes.
Referências Bibliográficas

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