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ALTERAÇÕES

PSICOSSOCIAIS
NO IDOSO
UFCD 20 (6576) – CUIDADOS NA
SAÚDE DO IDOSO

FORMADORA: LUDMILA
MONTEIRO
O ENVELHECIMENTO

O envelhecimento constitui uma fase do ciclo de vida caracterizada por transformações


consideráveis em diversos níveis – físico, psicológico e social, tendo repercussões nos
comportamentos e experiências da pessoa idosa.

  O processo de envelhecimento apresenta variações mais ou menos consideráveis de


pessoa para pessoa, podendo ser gradual para uns e mais acelerado para outros. Essas
variações dependem da interação entre diversos fatores, nomeadamente fatores genéticos,
ambientais, sociais, económicos, bem como o estilo de vida adotado e a existência de doenças
crônicas. Desta forma, entende-se que a abordagem do processo de envelhecimento cruza-se
obrigatoriamente com uma reflexão multidimensional e cultural.
AS TRANSFORMAÇÕES PSICOSSOCIAIS AO
LONGO DO TEMPO

Múltiplas são as visões e leituras construídas em torno do processo de envelhecimento. De


acordo com uma perspetiva mais otimista, o envelhecimento representa o alcance da sabedoria,
do bom senso e da serenidade. Contudo, os efeitos prejudiciais do envelhecimento não podem
ser descurados. De facto, o envelhecimento representa um processo de diminuição de
capacidades da vida diária, aliado a uma crescente vulnerabilidade e dependência de outrem,
principalmente dos familiares.

Esta fase do ciclo de vida torna então propícia a emergência de distúrbios psicológicos,
principalmente a diminuição da capacidade de aceitação e adaptação a mudanças e perdas, bem
como a redução do funcionamento cognitivo.
AS TRANSFORMAÇÕES PSICOSSOCIAIS AO
LONGO DO TEMPO

Neste domínio realça-se a perda de produção e rendimento intelectual, incluindo as


capacidades de perceção, atenção, memória, raciocínio, tomada de decisão, resolução de
problemas e formação de estruturas complexas do conhecimento. Tais transformações
constituem a grande dificuldade do processo de envelhecimento que, quando aliado à perda de
capacidades a nível visual, auditivo e amnésico – sobretudo ao nível da recuperação de
informação – favorece o desenvolvimento do sentimento de solidão, isolamento, inutilidade,
bem como amplia a fragilidade do estado psicológico do indivíduo.
A ORIGEM DO DECLÍNIO

Frequentemente, mais do que ao envelhecimento por si, a perda de capacidades cognitivas


deve-se à falta de uso das mesmas:

Aos fatores comportamentais, nomeadamente a adoção de um estilo de vida não saudável (uso
de álcool, medicamentos),

Aos fatores sociais tais como:

• a solidão e o isolamento e à existência de perturbações ( violência física e psicológica);


• a fragilidades de foro psicológico, designadamente a depressão; bipolaridade
• a falta de motivação, confiança e autoestima do idoso.
A ORIGEM DO DECLÍNIO – A SOLIDÃO

Com o avançar da idade a maioria das pessoas idosas reduzem a sua participação
na comunidade, o que pode originar sentimentos de solidão e desvalorização, com efeitos
ao nível da integração social e familiar, e ao nível da saúde física e psíquica.

As causas mais comuns para sofrer de solidão são as próprias doenças, a morte do
companheiro e a falta dos amigos.
A ORIGEM DO DECLÍNIO – A SOLIDÃO

A solidão também pode ser evidenciada após a rutura com a atividade laboral, pois
dá-se um declínio no padrão de vida e a perda de utilidade social.

É neste sentido que a reforma favorece o isolamento social, a inatividade e a


depressão. A retirada do mundo do trabalho tem efeitos a nível económico, gerando no
idoso uma quebra no rendimento, e pode levar a um sentimento de falta de importância e
utilidade que pode ter consequências ao nível da autoestima e do bem-estar.
A ORIGEM DO DECLÍNIO – A DEPRESSÃO

Do ponto de vista vivencial, o idoso está numa situação de perdas continuadas.


Estas perdas despertam, muitas vezes, sentimentos de desânimo e tristeza que acabam
por originar síndromes depressivas. Também a adaptação individual ao processo de
envelhecimento pode tornar a pessoa mais vulnerável à depressão .
A depressão no idoso relaciona-se igualmente com o contexto social em que
este está inserido.
Em qualquer situação, a manifestação, ou não, de um estado depressivo
relaciona-se com o tipo de reação ao envelhecimento. Geralmente, a depressão traz
alguns efeitos que prejudicam a vida do idoso.
A ORIGEM DO DECLÍNIO – A DEPRESSÃO

Na área intelectual, ocorre a diminuição de capacidades e perturbações de memória


que dificultam a aprendizagem.

Na área social, ocorre o afastamento dos grupos, a perda de estatuto, o abandono, o


isolamento.

Do ponto de vista somático, podem ocorrer problemas cardíacos, pulmonares e


gastrointestinais.
A ORIGEM DO DECLÍNIO – A DEPRESSÃO

Existem três grandes fatores que são importantes no surgimento da depressão nos
idosos:
• Fatores ambientais - nomeadamente, o isolamento e a falta de convívio social, a
ausência de trabalho, a morte do cônjuge, e a desvalorização social e profissional;
• Fatores genéticos - predisponentes para a depressão em idades tardias; e
• Fatores determinantes orgânicos - que se referem à enorme variedade de doenças
orgânicas que podem apresentar sintomas desta natureza.
A ORIGEM DO DECLÍNIO - BIPOLARIDADE

O transtorno bipolar é uma doença que acomete pessoas de todas as idades, mas
que apresenta sintomas diferentes, principalmente nos idosos. Apesar de não haver cura, o
problema pode ser controlado, desde que o diagnóstico seja adequado e o tratamento
respeite as particularidades da idade.

É uma doença crônica, caracterizada por alternância de episódios de humor, indo


da depressão, que é composta de sintomas como tristeza, perda de prazer, falta de energia,
alterações de sono e apetite, à hipomania ou mania, que se caracteriza por sintomas como
euforia, agitação, insônia e ansiedade.
A ORIGEM DO DECLÍNIO - BIPOLARIDADE

O transtorno bipolar de início tardio (após os 50 anos) tem sido associado a doença
secundária neurológica, ausência de história familiar e maior frequência de apresentação
psicótica
O transtorno bipolar é uma doença crônica, mas pode ser controlado com o
tratamento adequado. Este envolve medicações, psicoterapia e orientação familiar.
Particularmente no idoso um diagnóstico bem-feito e o respeito às particularidades
dessa faixa etária como apoio social, reações às medicações e doenças concomitantes são de
extrema importância
A ORIGEM DO DECLÍNIO - COMO INTERVIR

O apoio psicológico deverá então incidir sobre os fatores acima enunciados, reforçando
sempre que possível, os aspetos positivos do envelhecimento. O apoio psicológico tem grande
relevância junto do idoso, nomeadamente quando este último se confronta com mudanças de
papéis sociais e do seu estilo de vida, muitas vezes diminuído. Além disso, as perdas são
diversas e múltiplas durante esta fase do ciclo de vida, pelo que é fundamental o idoso ter
apoio para promover a sua aceitação e adaptação.
A ORIGEM DO DECLÍNIO - COMO INTERVIR

Numa fase inicial, o psicodiagnóstico é fundamental, nomeadamente para a deteção de


determinados sintomas indicadores de fragilidades ou perturbações psicológicas, destacando-se
sintomas de depressão, isolamento, sentimento de inutilidade, irritabilidade, desmotivação,
baixa auto estima ou ainda uma autoimagem negativa. É fulcral a intervenção psicológica
incidir sobre os diversos contextos de vida e papéis sociais desempenhados pelo idoso,
constituindo a família um domínio a privilegiar.
A ORIGEM DO DECLÍNIO - COMO INTERVIR

De facto, o idoso encontra-se muitas vezes a residir junto de familiares, sendo a


participação deste fulcral na evolução do acompanhamento psicológico. É de grande
relevância os familiares serem informados e sensibilizados para determinados problemas
emocionais cuja ocorrência se torna favorável à medida que a idade avança, permitindo
capacitar a rede familiar para a deteção dos sinais de alerta.
A ORIGEM DO DECLÍNIO - COMO INTERVIR

Realça-se ainda que intervir na rede familiar do idoso permite ainda avaliar as relações e
dinâmicas familiares existentes, bem como as suas potencialidades ou debilidades. Salienta-se
que o apoio psicológico favorece a deteção de situações de risco, nomeadamente situações
características de violência, maus tratos, exclusão e solidão, bem como uma intervenção
adequada!
A INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA: UM TRABALHO DE PREVENÇÃO,
PROMOÇÃO DA SAÚDE E INTERVENÇÃO NA DOENÇA.

Em suma, os objetivos gerais do acompanhamento psicológico ao idoso constituem na abordagem da


história pessoal e contextos de vida dos idosos, na avaliação das suas capacidades psicossociais; na
compreensão das suas necessidades específicas e na satisfação das mesmas e na promoção da sua saúde.
No que concerne aos objetivos específicos da intervenção com o idoso, refere-se a compreensão e
apaziguamento das angústias do idoso em confrontar-se com a fase final do ciclo de vida, evitando o
isolamento social, desânimo e depressão; a promoção da sua autonomia e auto estima; a promoção da
aceitação e adaptação do idoso às suas condições de vida; o fomento de comportamentos de saúde na idade
avançada; o desenvolvimento de competências; a redução ou prevenção da acentuação de fatores de risco; a
intervenção nas perturbações cognitivas; a minimização dos efeitos das doenças físicas.
CONCLUSÃO

Face aos desafios que o envelhecimento impõe ao idoso, o apoio psicológico pode ajudá-
lo a desfrutar de um envelhecimento bem-sucedido, com saúde e bem-estar emocional!

Realça-se que a preservação da integridade física e psicológica, bem como a sua


adequação tem grande relevância para o idoso.

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