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Política Nacional de Saúde

Mental
Larissa de Brito
IMAGENS
EXIBIR
Um pouco de história...
• A história da psiquiatria no Brasil é uma
história marcada pelo asilamento, “é a história
de um processo de medicalização social”
(AMARANTE, 1994, p. 74).
• Foi somente com a chegada da família real
que a loucura passou a ter a intervenção do
Estado.
(AMARANTE, 1994)
• Quem eram os Loucos do
1º hospício do Brasil?
“[...] dentre os miseráveis, os marginais, os
pobres e toda a sorte de párias, são ainda
trabalhadores, camponeses, desempregados,
índios, negros, “degenerados”, perigosos em
geral para a ordem pública, retirantes que, de
alguma forma ou por algum motivo, padecem
de algo que se convenciona englobar sobre o
título de doença mental.” (AMARANTE, 1994,
p. 75)
Como eram tratados os
considerados loucos?
Um pouco de história...
• Assim, para “cuidar” desses loucos, em 1852,
foi criado no Rio de janeiro o Hospício de
Pedro II, o primeiro hospício do Brasil. Desde
então, durante a maior parte da história do
Brasil, as pessoas com transtorno mental
tinham como tratamento o seu isolamento
em hospitais psiquiátricos (AMARANTE, 1994).
Um pouco de história...
• As várias experiências de reforma psiquiátrica
que surgiram após a Segunda Guerra Mundial
passaram durante muito tempo à margem dos
investimentos públicos no Brasil.
• Uma das dificuldades de implantação dessas
reformas no Brasil devia-se ao fato de que o
Estado brasileiro estava controlado pelo
setor privado.
(AMARANTE, 1994)
Um pouco de história...
• 1960, Criação do INPS

“ O estado passa a comprar serviços psiquiátricos do


setor privado e, ao ser privatizada grande parte da
economia, o Estado concilia no setor saúde pressões
sociais com o interesse de lucro por parte dos
empresários. A doença mental torna-se,
definitivamente, um objeto de lucro, uma
mercadoria. Ocorre, assim, um enorme aumento do
número de vagas e de internações em hospitais
psiquiátricos privados, principalmente, nos grandes
centros urbanos. Chega-se ao ponto de a Previdência
Social destinar 97% do total dos recursos da saúde
mental para as internações na rede hospitalar.”
(AMARANTE, 1994, p. 79-80)
Um pouco de história...
• Assim, nesse contexto de privatização de todo
o setor saúde, que culminou com a crise da
Previdência Social no início dos anos 1980,
surge o movimento de Reforma Sanitária.
• O que foi o movimento de
Reforma Sanitária?
Reforma
sanitária
Reforma Sanitária
• “A crítica às políticas de saúde do Estado autoritário e a
elaboração de propostas alternativas construíram o que veio
a se chamar de movimento da reforma sanitária: um
movimento pela reformulação do sistema nacional de saúde.
A importância é colocada na administração e no
planejamento dos serviços e na ampliação do acesso da
população à assistência em saúde. Apostava-se que o
aperfeiçoamento técnico e o gerenciamento honesto e
competente dos recursos da ciência médica pela gestão
pública resolveriam o problema da má assistência em saúde,
inclusive (mas não apenas) no setor psiquiátrico.” (TENÓRIO,
2002, p. 32)
• O que foi a reforma psiquiátrica?
Reforma Psiquiátrica
• No final da década de 1970, surgiu também um
movimento que questionava a natureza do saber, as
práticas e as instituições psiquiátricas, é o
Movimento pela Reforma Psiquiátrica Brasileira.
• Em 1987, ocorreram dois eventos importantes para a
incorporação de novos protagonistas ao Movimento
de Reforma Psiquiátrica Brasileira:
• I Conferência Nacional de Saúde Mental e
• II Encontro Nacional dos Trabalhadores de Saúde
Mental
Humanização
• Em 1987, também houve a inauguração do primeiro Centro
de Atenção Psicossocial (CAPS) Professor Luiz da Rocha
Cerqueira, em São Paulo (GOLDBERG, 1996).
“[...] percebia-se como a “ciência psiquiátrica” tomava como
foco de atenção o sintoma, e despreocupava-se do “resto”: o
sujeito e sua singularidade, sua história, sua cultura, sua vida
cotidiana, elementos que constituem precisamente o campo
de inerência de tais sintomas. O tratamento
despersonalizado e desinteressado em hospitais e
ambulatórios é consequência dessa atitude.” (GOLDBERG,
2001, p. 35)
CAPS
• Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL,
2005a), os CAPS são serviços abertos e
comunitários, que prestam atendimento
clínico diário às pessoas com transtornos
mentais severos e persistentes e realizam
acompanhamento clínico e reinserção social
dessas pessoas, através do fortalecimento dos
laços familiares e comunitários, do exercício
dos direitos civis, do lazer e do estímulo ao
trabalho.
Reforma psiquiátrica
• 1989, Intervenção na Casa de Saúde Anchieta em Santos.
• Essas experiências estimularam o movimento de Reforma
Psiquiátrica Brasileira e a criação de serviços tipo CAPS em
vários lugares do país.
• O Ministério da Saúde regulamentou nacionalmente esses
serviços em 1991, com a portaria 189, e em 1992, com a
portaria 224 (TENÓRIO, 2002). Entretanto, a liberação de uma
linha específica de financiamento para os mesmos só
aconteceu em 2002 (BRASIL, 2005a).
Política Nacional de Saúde Mental
• A consolidação da Política Nacional de Saúde Mental,
alinhada aos princípios da Reforma Psiquiátrica, só
acontece no contexto da promulgação da Lei 10.216
e da realização da III Conferência Nacional de Saúde
Mental, em 2001.
• A partir de então, a Política Nacional de Saúde
Mental passa progressivamente a estimular a criação
de uma rede de serviços territorializados, abertos e
comunitários, substitutivos aos hospitais
psiquiátricos, objetivando reduzir aos poucos estes
últimos.
Alguns serviços da Política Nacional
de Saúde Mental
Política de Saúde Mental
• De acordo com Bastos (2009), a Política de
Saúde Mental do Ministério da Saúde consiste
na implantação de urgências, leitos e
unidades psiquiátricas em hospitais gerais;
na criação de CAPS e Serviços Residenciais
Terapêuticos; na inserção das ações de saúde
mental na Atenção Básica; e na articulação
entre a Estratégia de Saúde da Família e os
serviços de Saúde Mental.
E no Ceará...
• Aqui, o movimento de Reforma Psiquiátrica
ganhou força com a promulgação da Lei
Estadual Mário Mamede (n º12.151, de
29/07/1993) e a criação dos primeiros CAPS
do estado implantados no interior, nas cidades
de Iguatu, em 1991; Canindé, em 1993;
Quixadá, em 1993; Icó, em 1995; e Cascavel,
em 1995 (SAMPAIO; SANTOS, 2001).
E no Ceará...
• Sampaio e Santos (2001), ao falarem sobre a
experiência dos CAPS no interior do Ceará e o
movimento de Reforma Psiquiátrica no estado
na década de 1990, afirmaram na época que...
“Fortaleza tem se caracterizado como bastão
da resistência a reforma psiquiátrica,
sobretudo por causa da concentração de
hospitais psiquiátricos, o poder do velho
impedindo o surgimento do novo” (SAMPAIO;
SANTOS, 2001, p 130).
E em Fortaleza...
• Até 2005, a atenção às pessoas com
transtorno mental no município era realizada
em três CAPS e em sete Hospitais
Psiquiátricos: um público, dois filantrópicos e
quatro particulares e conveniados ao SUS
(BASTOS, 2009).
Fortaleza Hoje:
• “A rede psicossocial do município de Fortaleza
compõe-se de diversos serviços que,
integrados entre si, com as demais redes
assistenciais e com os diversos setores da
sociedade, promovem ações que garantem
atender a complexidade das necessidades das
pessoas com transtornos mentais e que fazem
uso abusivo/dependente de álcool, crack e
outras drogas”. (Fortaleza, 2015)
Referência
 BONFIM, Íris Guilherme. Saúde Mental. In: Apoio
matricial em saúde mental na atenção primária: ouro
que não boia. (Dissertação de Mestrado)
Fortaleza Hoje:
Residências Terapêuticas
• “Os Serviços Residenciais Terapêuticos são
destinados a acolher pessoas com internação
com longa permanência, egressas de hospitais
psiquiátricos e hospitais de custódia que
perderam os vínculos familiares. Atualmente
o município de Fortaleza beneficia trinta (30)
pessoas com a implantação destes serviços
situados nas regionais I, II e V.” (Fortaleza,
2015)
Fortaleza Hoje:
• Ocas Comunitárias:
• “As Ocas de Saúde Comunitária são espaços
comunitários que trabalham a dimensão do
cuidado e que tratam o sofrimento psíquico/
transtornos mentais numa perspectiva
preventiva. A comunidade pode acessar estes
serviços através dos CAPS ou por demanda
espontânea.” (Fortaleza, 2015)
Caso Damião Ximenes
 Em 4 de outubro de 1999, o
cearense Damião Ximenes Lopes,
30, foi morto em decorrência de
maus tratos sofridos na Casa de
Repouso Guararapes, em Sobral.

 O primeiro caso brasileiro na Corte


Interamericana de Direitos
Humanos (IDH) foi julgado em
2006 e trata-se da morte de homem
com deficiência mental em clínica
ligada ao SUS, na cidade de Sobral,
Ceará
REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
• Rede de saúde mental integrada, articulada e efetiva nos diferentes
pontos de atenção para atender as pessoas em sofrimento e/ou com
demandas decorrentes dos transtornos mentais e/ou do consumo de
álcool, crack e outras drogas;

• Deve-se considerar as especificidades loco-regionais;

• Ênfase nos serviços com base comunitária, caracterizados por


plasticidade de se adequar às necessidades dos usuários e familiares e
não os mesmos se adequarem aos serviços;

• Atua na perspectiva territorial, conhecendo suas dimensões,


gerando e transformando lugares e relações.
REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
DIRETRIZES
 Respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas;
 Promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde;
 Combate a estigmas e preconceitos;
 Garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e
assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar;
 Atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas;
 Diversificação das estratégias de cuidado;
 Desenvolvimento de atividades no território, que favoreçam a inclusão social com
vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania;
 Desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos;
 Participação dos usuários e de seus familiares no controle social ;
 Organização dos serviços em rede de atenção à saúde, com estabelecimento de
ações intersetoriais para garantir a integralidade do cuidado;
 Promoção de estratégias de educação permanente;
 Desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com transtornos mentais e com
necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas, tendo como eixo
central a construção do projeto terapêutico singular.
REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Objetivos

 Ampliar o acesso à atenção psicossocial da população em geral;

 Promover a vinculação das pessoas em sofrimento/transtornos


mentais e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e
outras drogas e suas famílias aos pontos de atenção;

 Garantir a articulação e integração dos pontos de atenção das redes de


saúde no território, qualificando o cuidado por meio do
acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção às
urgências.
Componentes da Rede de Atenção Psicossocial
• Unidade Básica de Saúde,
• Núcleo de Apoio a Saúde da Família,
Atenção Básica em • Consultório na Rua,
Saúde • Apoio aos Serviços do componente Atenção Residencial de Caráter
Transitório
• Centros de Convivência e Cultura
Atenção Psicossocial • Centros de Atenção Psicossocial, nas suas diferentes modalidades;
Estratégica
• SAMU 192,
Atenção de Urgência e • Sala de Estabilização,
Emergência • UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à urgência/pronto
socorro, Unidades Básicas de Saúde

Atenção Residencial de • Unidade de Acolhimento


Caráter Transitório • Serviço de Atenção em Regime Residencial

• Enfermaria especializada em Hospital Geral


Atenção Hospitalar • Serviço Hospitalar de Referência para Atenção às pessoas com
sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso
de crack, álcool e outras drogas

Estratégias de • Serviços Residenciais Terapêuticos


Desinstitucionalização • Programa de Volta para Casa

Estratégias de • Iniciativas de Geração de Trabalho e Renda,


Reabilitação Psicossocial • Empreendimentos Solidários e Cooperativas Sociais
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ESTRATÉGICA
• Atende
pessoas com
sofrimento • Atende
e/ou adultos ou • Atende
• Atende transtornos crianças e crianças e
pessoas com mentais adolescente adolescent
• Atende sofrimento graves e s, es com
pessoas
CAPS Icom CAPS
e/ou II CAPS III
persistentes. CAPS AD
considerand CAPS AD III CAPS i
prioridade
sofrimento transtornos Proporciona o as
e/ou para
mentais serviços de normativas sofrimento
transtornos
graves e atenção do Estatuto •Atende adultos ou e
mentais
persistentes, contínua, da Criança e crianças e transtornos
graves e adolescentes,
podendo com do mentais
persistentes considerando as
também funcioname Adolescente,
e também
atender nto 24 horas, com normativas do graves e
com Estatuto da Criança persistente
pessoas com incluindo necessidade e do Adolescente,
necessidade s e os que
necessidade feriados e s com necessidades
s s finais de decorrentes de cuidados fazem uso
decorrentes decorrentes semana, do uso de clínicos contínuos. de crack,
do uso de Serviço com no
crack, álcool
do uso de ofertando crack, álcool máximo 12 leitos álcool e
crack, álcool retaguarda e outras para observação e outras
e outras
e outras clínica e drogas. monitoramento, de drogas.
drogas de drogas, acolhimento Serviço de funcionamento 24
todas as horas, incluindo
Serviço
conforme a noturno a saúde aberto e de
faixas feriados e finais de
organização outros mental caráter
etárias; semana; indicado
da rede de serviços de aberto e de para municípios ou
indicado saúde local; saúde caráter regiões com
comunitári
para indicado mental, comunitário população acima de o indicado
municípios 200.000 habitantes para
para inclusive , indicado
com municípios
municípios CAPS Ad; para
população ou regiões
com indicado municípios
acima de
20.000
população para ou regiões com
acima de municípios com população
habitantes
70.000 ou regiões população acima de
habitantes com acima de 150.000
população 70.000 habitantes.
acima de habitantes.
200.000
habitantes
RAPS – Fortaleza 2022.1

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