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SAÚDE MENTAL
SAÚDE MENTAL
Tudo começou a ser descoberto em 1961, quando uma reportagem da não mais ativa
Revista Cruzeiro denunciou o hospício, até então ninguém sabia das atrocidades que
aconteciam, porém foi feito para mudar a situação. No ano de 1970, o psiquiatra Ronaldo
Simões delatou as ferocidades do Colônia no III Congresso Mineiro de Psiquiatria, e
consequentemente perdeu o cargo de chefe de Serviço Psiquiátrico da Fundação Hospitalar do
Estado de Minas Gerais. Inaugurou-se museu em 1996, no antigo edifício do Hospital Colônia,
lá se guardam mais de 60.000 mil histórias, de pessoas e principalmente, de vidas.
Vale ressaltar que através dessas mudanças ao longos dos anos muitas pessoas foram
reinseridas na sociedade e conquistaram autonomia o que antes eram impossível pois muitos
que foram internados em hospitais psiquiátricos nunca mais voltaram os seus lares porque
esses lugares pioravam o quadro dos pacientes tendo em vista que elas era diagnóstico sem
exame clínicos é submetido a tratamento desumanos.
Em 1808, ocorreu a chegada da família real portuguesa e seus súditos na cidade do Rio de Janeiro.
E em 1841, Dom Pedro II assina, o decreto de criação do primeiro hospício brasileiro, que recebeu seu
nome e foi inaugurado em 1852 que tinha como base o tratamento moral.
Ao assumir o cargo de direção o psiquiatra trás algumas mudanças no à instituição, Porém, as colônias e
o hospital continuavam com sua prática excludente.
Em 1923, a Fundação da Liga Brasileira de Higiene Mental tornou ainda mais forte o movimento de
higiene mental. “As palavras de ordem da Liga eram “controlar, tratar e curar” e os fenômenos psíquicos
eram vistos como produtos da raça ou do meio, decorrentes de obscuros fatores biológicos ou orgânicos”
(FONTE, 2013).
Somente em 1970, no contexto de reforma sanitária, que se teve início aqui no Brasil discussões sobre a
necessidade de humanizar o tratamento das pessoas com transtornos mentais. Nesse momento, diversos
setores da sociedade estavam mobilizados em torno da redemocratização do país (período da ditadura
militar).
Devido às péssimas condições de trabalho, inadequação do quadro de recursos humanos, baixos salários
e persistência do modelo manicomial, ocorre, em 1978, uma crise na Divisão Nacional de Saúde Mental
(DINSAM), órgão do Ministério da Saúde então responsável pelas políticas de saúde mental e assim,
surgiu o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental reivindicando mudanças:
Nesse mesmo período, houve a criação do primeiro Centro de Atenção Psicossocial no país, na cidade de
São Paulo, o CAPS Prof. Luiz da Rocha Cerqueira.
Diante do cenário de tentativa de mudanças na saúde mental, em 1989, o Deputado Paulo Delgado
apresentou no Congresso Nacional o Projeto de Lei 3.657/89, o qual tramitou por 12 anos até ser
aprovado, sendo que durante a tramitação sofreu alterações, que culminaram na pouca clareza sobre
como se daria a criação das estratégias extra-hospitalares. A Lei da Reforma Psiquiátrica, Lei 10.216 foi
promulgada em 06 de abril de 2001.
Um marco histórico para o setor de saúde mental, possibilitador de mudanças ao nível do Ministério da
Saúde, foi a Conferência Regional para a Reestruturação da Assistência Psiquiátrica, realizada em
Caracas, em 1990. Neste encontro, no qual o Brasil foi representado e signatário, foi promulgado o
documento final intitulado ” Declaração de Caracas”.
Entretanto, permanecem ainda como desafios importantes: o aumento de cobertura dos centros de
atenção psicossocial, a implantação de leitos psiquiátricos em hospitais gerais, a integração da saúde
mental com a atenção primária, a desinstitucionalização de pessoas em situação de longa permanência
hospitalar, a ampliação do quantitativo de dispositivos residenciais e o aumento da provisão dos serviços
específicos para pessoas em uso prejudicial de álcool e outras drogas.
Vale a pena ressaltar que , as pessoas estão começando a perder a noção de tempo, de espaço, de
individualidade e da capacidade de desenvolver sua própria vida naquele ambiente. Outro aspecto
negativo é que nos hospitais há uma forte tendência de medicalização do paciente ser administrada de
modo a simplesmente dopar o paciente. Assim, o intuito da reforma psiquiátrica é a promoção de outros
espaços, que sejam da ordem da reinserção social, de modo que o usuário esteja desperto, desenvolvendo
atividades diárias.
Ademais , é preciso refletir sobre a problemática cultural que leva a sociedade a enxergar os portadores
de distúrbios psiquiátricos como incapazes para convivência e inúteis para a produção em âmbito social,
porque as pessoas associam a loucura ao retardo, inferindo que a pessoa portadora de qualquer
transtorno mental está impossibilitada de desenvolver todo tipo de atividade.
O atual sistema de serviços substitutivos nos CAPS para atendimentos aos usuários que necessitam de
urgência/emergência como porta de entrada de serviços psiquiátricos, pacientes com transtornos graves
e persistentes, apresentam reduzida capacidade de intervenção nesses casos de maior complexidade
clínica, ocasionando fragilidade na resposta da rede de atenção psicossocial com baixa resolutividade da
demanda. Essa situação pode ter como consequência o retorno à condição primária do usuário, levando-
o a um retrocesso.
LEGISLAÇÃO SOBRE SAÚDE MENTAL – REFORMA PSIQUIÁTRICA
Art. 1o Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são
assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção
política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu
transtorno, ou qualquer outra.
Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis
serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar
sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua
hospitalização involuntária;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-
hospitalares se mostrarem insuficientes.
§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.
§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa
portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de
lazer, e outros.
§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características
asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os
direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o.
Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência
institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica
de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e
supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando
necessário.
Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que
caracterize os seus motivos.
Art. 7o A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento
da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por
determinação do médico assistente.
Art. 8o A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado
no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento.
§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao
Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse
mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.
§ 2o O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal,
ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.
Art. 9o A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente,
que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais
internados e funcionários.
Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados pela
direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à
autoridade sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência.
Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o
consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos
profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.
Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará comissão nacional para
acompanhar a implementação desta Lei.