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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

SAÚDE MENTAL

Joice Do Espírito Santo Monteiro Riter


Marilucia de Oliveira Salvador Nogueira

PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA REFORMA


PSIQUIÁTRICA

Campos dos Goytacazes


2022/2
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

SAÚDE MENTAL

JOICE DO ESPIRITO SANTO MONTEIRO RITER


Matrícula: 201903553131
Marilucia de Oliveira Salvador Nogueira
Matrícula: 201803454121
CONSIDERAÇÕES SOBRE:
O Documentário do Holocausto Brasileiro , Disponível em: https://youtu.be/5eAjshaa-do

Holocausto, um hospital psiquiátrico com cerca de oito milhões de metros quadrados e


dezesseis pavilhões, denominando-se de Hospital Colônia aonde mais de 60 mil pessoas
vieram a óbito no século XX por condições de extrema precariedade, sem atendimento médico
de qualidade nem saneamento básico e, submetidos a técnicas de dor e sofrimento. As pessoas
que entravam eram “indesejadas” na família e na sociedade (homossexuais, negros, prostitutas,
pessoas com deficiências).

Os indivíduos que não conseguiam resistir eram enterrados no cemitério localizado


atrás do hospital, e alguns corpos falecidos eram achados pelas enfermeiras depois de vários
dias, apodrecendo; alguns corpos eram vendidos ilegalmente para faculdades de medicina.

Tudo começou a ser descoberto em 1961, quando uma reportagem da não mais ativa
Revista Cruzeiro denunciou o hospício, até então ninguém sabia das atrocidades que
aconteciam, porém foi feito para mudar a situação. No ano de 1970, o psiquiatra Ronaldo
Simões delatou as ferocidades do Colônia no III Congresso Mineiro de Psiquiatria, e
consequentemente perdeu o cargo de chefe de Serviço Psiquiátrico da Fundação Hospitalar do
Estado de Minas Gerais. Inaugurou-se museu em 1996, no antigo edifício do Hospital Colônia,
lá se guardam mais de 60.000 mil histórias, de pessoas e principalmente, de vidas.

O intuito do desenvolvimento deste trabalho foi resgatar a memória e desenvolver o


conhecimento desse fato que causou tanta tristeza e sofrimento nas pessoas que foram
obrigadas a passar pelo hospital e pelas famílias que, nunca mais viram seus familiares.
Palavras-

Através dos movimentos antimanicomiais muitos direitos foram conquistados inclusive


o fechamento gradual de manicômios e hospícios. A lei antimanicomial promoveu uma
reforma psiquiatra que possibilitou a desinstitucionalização com a implantação das RAPS e
através dessas mudanças o olhar da sociedade foi mudando pois as pessoas que estava em
sofrimento mental passou a ser vista como alguém que possuía direitos e que eles deveriam ser
respeitado o antes não acontecia e com a implantação das RAPS muitos hospitais psiquiatra
foram fechados e substituídos, possibilitando um tratamento humanizado a todos que estavam
passando por algum sofrimento mental e com o tempo a sociedade passou a olhar essas pessoas
com menos preconceito compreendendo também que trancar não é tratar e que eles deveria
fazer parte do convívio social assim como qualquer outra pessoa.

Vale ressaltar que através dessas mudanças ao longos dos anos muitas pessoas foram
reinseridas na sociedade e conquistaram autonomia o que antes eram impossível pois muitos
que foram internados em hospitais psiquiátricos nunca mais voltaram os seus lares porque
esses lugares pioravam o quadro dos pacientes tendo em vista que elas era diagnóstico sem
exame clínicos é submetido a tratamento desumanos.

Concluo dizendo que atualmente percebe-se as mudanças que a reforma psiquiátrica


trouxe, pois contribui para descentralização da assistência, voltada para a melhoria da
qualidade de portadores de transformo mental e favorecendo a inclusão social ao propiciar
trocas sócias, ao favorecer a cidadania e contratualidade .
Vantagens e Desvantagens da Reforma Psiquiátrica

Pontos Favoráveis da Reforma Psiquiátrica

Em 1808, ocorreu a chegada da família real portuguesa e seus súditos na cidade do Rio de Janeiro.

Visando a modernização e a consolidação da nação como um país independente, os ditos “loucos”


passaram a ser vistos como a escória da sociedade, representando uma ameaça à ordem pública. Mas não
havia tratamento para os doentes mentais no país, os ricos eram mantidos escondidos nas casas e os
pobres que perambulavam pelas ruas passaram a ser trancafiados nos porões das Santas Casas de
Misericórdia, onde viviam em condições degradantes.

E em 1841, Dom Pedro II assina, o decreto de criação do primeiro hospício brasileiro, que recebeu seu
nome e foi inaugurado em 1852 que tinha como base o tratamento moral.

Após a Proclamação da República ocorreu a implantação das primeiras Colônias de Alienados,


destinadas especificamente a pacientes homens indigentes.

Ao assumir o cargo de direção o psiquiatra trás algumas mudanças no à instituição, Porém, as colônias e
o hospital continuavam com sua prática excludente.

Em 1923, a Fundação da Liga Brasileira de Higiene Mental tornou ainda mais forte o movimento de
higiene mental. “As palavras de ordem da Liga eram “controlar, tratar e curar” e os fenômenos psíquicos
eram vistos como produtos da raça ou do meio, decorrentes de obscuros fatores biológicos ou orgânicos”
(FONTE, 2013).

Somente em 1970, no contexto de reforma sanitária, que se teve início aqui no Brasil discussões sobre a
necessidade de humanizar o tratamento das pessoas com transtornos mentais. Nesse momento, diversos
setores da sociedade estavam mobilizados em torno da redemocratização do país (período da ditadura
militar).

Devido às péssimas condições de trabalho, inadequação do quadro de recursos humanos, baixos salários
e persistência do modelo manicomial, ocorre, em 1978, uma crise na Divisão Nacional de Saúde Mental
(DINSAM), órgão do Ministério da Saúde então responsável pelas políticas de saúde mental e assim,
surgiu o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental reivindicando mudanças:

denunciava as condições de tratamento dos hospitais


criticava o modelo manicomial e
inspirava-se nas ideias de Basaglia.

Em 1987, aconteceu o I e II Congresso do Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental, sendo que,


este último foi marcado pelo início da Articulação Nacional da Luta Antimanicomial e adoção do lema:
“Por uma sociedade sem manicômios”.

Nesse mesmo período, houve a criação do primeiro Centro de Atenção Psicossocial no país, na cidade de
São Paulo, o CAPS Prof. Luiz da Rocha Cerqueira.

Diante do cenário de tentativa de mudanças na saúde mental, em 1989, o Deputado Paulo Delgado
apresentou no Congresso Nacional o Projeto de Lei 3.657/89, o qual tramitou por 12 anos até ser
aprovado, sendo que durante a tramitação sofreu alterações, que culminaram na pouca clareza sobre
como se daria a criação das estratégias extra-hospitalares. A Lei da Reforma Psiquiátrica, Lei 10.216 foi
promulgada em 06 de abril de 2001.
Um marco histórico para o setor de saúde mental, possibilitador de mudanças ao nível do Ministério da
Saúde, foi a Conferência Regional para a Reestruturação da Assistência Psiquiátrica, realizada em
Caracas, em 1990. Neste encontro, no qual o Brasil foi representado e signatário, foi promulgado o
documento final intitulado ” Declaração de Caracas”.

Na Declaração de Caracas, os países da América Latina comprometeram-se a:

Promover a reestruturação da assistência psiquiátrica;


rever criticamente o papel hegemônico e centralizador do hospital psiquiátrico;
salvaguardar os direitos civis, a dignidade pessoal, os direitos humanos dos usuários e
propiciar a sua permanência no meio comunitário.

Pontos desfavoráveis da Reforma Psiquiátrica

Entretanto, permanecem ainda como desafios importantes: o aumento de cobertura dos centros de
atenção psicossocial, a implantação de leitos psiquiátricos em hospitais gerais, a integração da saúde
mental com a atenção primária, a desinstitucionalização de pessoas em situação de longa permanência
hospitalar, a ampliação do quantitativo de dispositivos residenciais e o aumento da provisão dos serviços
específicos para pessoas em uso prejudicial de álcool e outras drogas.

Vale a pena ressaltar que , as pessoas estão começando a perder a noção de tempo, de espaço, de
individualidade e da capacidade de desenvolver sua própria vida naquele ambiente. Outro aspecto
negativo é que nos hospitais há uma forte tendência de medicalização do paciente ser administrada de
modo a simplesmente dopar o paciente. Assim, o intuito da reforma psiquiátrica é a promoção de outros
espaços, que sejam da ordem da reinserção social, de modo que o usuário esteja desperto, desenvolvendo
atividades diárias.

Ademais , é preciso refletir sobre a problemática cultural que leva a sociedade a enxergar os portadores
de distúrbios psiquiátricos como incapazes para convivência e inúteis para a produção em âmbito social,
porque as pessoas  associam a loucura ao retardo, inferindo que a pessoa portadora de qualquer
transtorno mental está impossibilitada de desenvolver todo tipo de atividade.

O atual sistema de serviços substitutivos nos CAPS para atendimentos aos usuários que necessitam de
urgência/emergência como porta de entrada de serviços psiquiátricos, pacientes com transtornos graves
e persistentes, apresentam reduzida capacidade de intervenção nesses casos de maior complexidade
clínica, ocasionando fragilidade na resposta da rede de atenção psicossocial com baixa resolutividade da
demanda. Essa situação pode ter como consequência o retorno à condição primária do usuário, levando-
o a um retrocesso.
LEGISLAÇÃO SOBRE SAÚDE MENTAL – REFORMA PSIQUIÁTRICA

LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001.

Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras


de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental.

Art. 1o Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são
assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção
política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu
transtorno, ou qualquer outra.

Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis
serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:

I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;

II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar
sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;

III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;

IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;

V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua
hospitalização involuntária;

VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;

VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;

VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;

IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.

Art. 3o É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a


promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da
família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades
que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.

Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-
hospitalares se mostrarem insuficientes.

§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.

§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa
portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de
lazer, e outros.
§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características
asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os
direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o.

Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência
institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica
de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e
supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando
necessário.

Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que
caracterize os seus motivos.

Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:

I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;

II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e

III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.

Art. 7o A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento
da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.

Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por
determinação do médico assistente.

Art. 8o A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado
no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento.

§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao
Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse
mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.

§ 2o O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal,
ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.

Art. 9o A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente,
que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais
internados e funcionários.

Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados pela
direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à
autoridade sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência.

Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o
consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos
profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.

Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará comissão nacional para
acompanhar a implementação desta Lei.

Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

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