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Exame do Estado Mental (EEM)

O alerta de Andreasen (1996, p. 590), continua válido:


A desumanização da atenção médica é uma tendência em
todas as especialidades médicas, incluindo a psiquiatria. O
atual sistema de saúde é amplamente insensível ao
psiquismo dos pacientes . . . com os médicos sendo
encorajados a embasar as decisões quanto aos psicofármacos
em diagnósticos feitos depois de uma entrevista “rapidinha”,
que busca alguns poucos sintomas supostamente relevantes e
ignora que cada paciente é uma pessoa com sua história
singular, vivendo em um ambiente único.
• A ânsia pela rapidez e pela objetividade estimulou o desenvolvimento
de entrevistas de 30 minutos, com etapas cronometradas, em que
quatro minutos são dedicados ao EEM (Nussbaum, 2013).

• Na busca por trabalhos sobre o Mental Status Exam no PubMed


[outubro/2014], em cerca de dois terços deles o instrumento de
pesquisa é o Miniexame do Estado Mental (MEEM) (Folstein, Folstein,
& McHugh, 1975), e sua modificação, o 3-MSE (Teng & Chui, 1987).

• Estudantes e profissionais devem ​- considerar que o MEEM ou


outros recursos utilizados em pesquisas são instrumentos de
rastreamento e monitoramento da evolução, e não de ​
diagnóstico.
TÓPICOS REFLEXIVOS

• O que é o Sujeito (subjetividade);


• O que é o mundo (objetividade);
• Normalidade x Anormalidade (critérios);
• O que é saúde X o que é doença;
• Atentar para a construção sócio-Histórica (Pathos);
• Atentar para o Pathos individual (modo de funcionamento);
• Dados objetivos x Dados subjetivos;
• Necessidade de quantificação (estruturar) x Fenomenologia;
EMM é a “avaliação acurada e sistemática (descrição,
identificação, reconhecimento e nomeação adequada) de
sintomas objetivos (sinais diretamente observáveis) e
subjetivos (sintomas não observáveis diretamente) dos
transtornos mentais, das crises vitais (evolutivas ou
acidentais) e condições similares (sem transtorno mental, mas
com sintomas presentes) e das condições clínicas de outra
natureza (doenças físicas ou somáticas, especialmente
neurológicas, efeitos colaterais de medicamento, etc). Seus
dados são obtidos em entrevistas abertas ou
semiestruturadas” (HUTZ, 2012, p. 99)
VÍNCULO / TRANSFERÊNCIA
Jaspers (1985) en​tendia que a frieza da objetividade científica e
a empatia no encontro entre duas pessoas “não se devem opor
e sim completar uma a outra”, mas ​alertava que “. . . a
observação fria não vê o essencial”, propondo que “. . . ambas,
numa ação recíproca, é que podem conduzir ao conhecimento”
(Jaspers, 1985, p. 35).

Docherty e Marder (1977) analisaram o problema do relacionamento


bimodal:
1) ver o paciente como um órgão ou organismo ​doente ou como objeto
de estudo (relação eu-coisa): foco na doença;
2) vê-lo como uma pessoa perturbada (relação eu-tu): foco na pessoa.
• O EEM (Exame do Estado Mental):
- Avaliação acurada e sistemática (descrição, identificação, reconhecimento e
nomeação adequada).
- SEMIOLOGIA CLÁSSICA (Nosologia) x SEMIOLOGIA PSICODINÂMICA

- Dos sintomas objetivos (sinais diretamente observáveis espontâneos ou


provocados); O PROBLEMA DA OBJETIVIDADE!
- Generalização nomotética.
- NÃO HÁ SINAL PATOGNOMÔNICO

- Dos sintomas subjetivos (não observáveis diretamente);


- Quem é o Sujeito? Qual é a intensidade? Extensão? Duração?
Características ou prevalência?
Os determinantes do comportamento são:
- BIOPSICOSSOCIAIS.
- De que maneira aqueles sintomas são vividos pela pessoa.

REFERENTES:
- Aos transtornos mentais;
- Às crises vitais (evolutivas ou acidentais);
- Às condições clínicas de outras naturezas
• MODO:
-Entrevistas clínicas
-Escalas (estruturadas ou semiestruturadas)
- Testes das funções (memória, atenção, foco, inteligência,
consciência, vontade, psicomotricidade, coerência do
pensamento)
- Teste referente aos sentidos (visão, audição, tato, olfato,
gustativo)
- Adaptar aos vários settings (hospitalar, clínico, ambulatórios,
etc)
• FUNÇÕES QUE DENOTAM ALTERAÇÃO ORGÂNICAS:
- Sensação (relacionada diretamente aos sentidos) / passivo;
- Percepção (elaboração do conteúdo dos sentidos) / ativo;

- Ilusão / Alucinação estão relacionadas à alteração qualitativa dessas


funções.
• ATENÇÃO:
Função estritamente relacionada à consciência;
Capacidade de investimento e concentração;
Metáfora do foco de luz;
Variabilidade (tensão e relaxamento);
“...a atenção é um constructo psicológico complexo que
se refere a uma variedade de componentes, sendo eles,
principalmente: 1) início da atividade consciente e
focalização; 2) atenção sustentada (tenacidade) e nível
de alerta (vigilance); 3) atenção seletiva ou inibição de
resposta e estímulos irrelevantes; e 4) capacidade de
mudar o foco da atenção (set-shifting), ou atenção
alternada” (DALGALARRONDO, 2019, p. 165)
O QUE VOCÊ VÊ?
• CONSCIÊNCIA:
- Estado de vigília, alerta e capacidade de relacionar-se com as
contingências.
- Há quatro níveis de consciência: vigilância, sonolência, torpor
e coma.
- Consciência sob o ponto de vista subjetivo (conteúdos,
experiências, sentimentos)
- Sono é uma alteração NORMAL do estado de consciência.
- Estados alterados: Onirismo, êxtase, transitivismo, possessão,
convicção de inexistência pessoal.
• ORIENTAÇÃO:
- Capacidade de localização de si em consonância com o
espaço e tempo;
- Tempo KRONOS & KAIROS;
- O TEMPO e o Pathos social;
- Tempo vivido;
- Percebe um senso de orientação interno (autopsíquico):
trabalho, atitudes, identidade, história etc
- Percebe um senso de orientação geográfico (alopsíquico).
- O Espaço social, o espaço psíquico, os espaços simbólicos
etc.
• MEMÓRIA:
- Função psíquica fundamental para a condição de subjetividade;
- Relaciona-se com o nível de consciência, com a atenção, com o
interesse; O sexo dos
gafanhotos...

- Registro, fixação, evocação, reconhecimento de pessoas, coisas,


situações etc.
- - Sobre o esquecimento
● 4 tipos:

● Memória genética (filogenética);

● Memória imunológica;

● Memória cognitiva (psicológica);

● Memória cultural.
• PENSAMENTO:
- CONCEITOS: são cognitivos e abstratos, que conservam características gerais;
- JUÍZOS: é quando relacionamos conceitos entre si, no sentido de proferir
uma afirmação ou negação.
- RACIOCÍNIOS: é a relação de diversos juízos. Complexificando assim o
pensamento.

* A CARACTERÍSTICA DO PENSAMENTO:
- CURSO: o fluir (lento ou acelerado);
- FORMA: a estrutura do pensamento (o modo), verbal, não verbal, híbrido;
- CONTEÚDO: Alteração do juízo da realidade, falso juízo, conteúdo irreal.
- (Tema: grandeza, persecutório, religioso, etc)/ nível de elaboração/agudo ou
crônico)
LINGUAGEM:
- Tipicamente humano;
- Possibilidade de materialização da realidade (simbolismo)
- Signos arbitrários / sentido a partir da praxis.
- Lesões / transtornos (derreísmo)
- Velocidade
- Quantidade de palavras (prolixo/mutismo)
- Qualidade (complexidade/ neologismos)
- Perseveração / ecolalia (repetição automática)
INTELIGÊNCIA:
- Diversas definições
- Capacidade de extrair informações,
- Aprender com a experiência,
- Adaptar-se ao ambiente interno e externo,
- Compreender e utilizar corretamente o pensamento e a
razão.
- Podemos avaliar a inteligência segundo algumas
habilidades: raciocínio, abstração, compreensão de ideias
complexas, planejamento, categorização, resolução de
problemas e aprendizagem.
CONDUTA:
- Não é uma função psíquica;
- Relaciona-se com a afetividade, cognição social, emotividade, etc;
- Relacionam-se aos padrões sociais;
- Possui marcadores sócio-históricos;
- Pathos social;

- ALGUNS PARÂMETROS:
- Capacidade psicomotora;
- Vontade (impulsividade/ compulsividade/ resistência etc)
- Desejos (parafilias)
AFETIVIDADE:
- Magnitude das experiências;

*Sentimento: Estado afetivo mais estável (elaborado), cognitivo.


*Emoção: Uma resposta fisiológica (náusea, vômitos, sudorese
etc), reação intensa, passageira/ APATIA, ANEDONIA
*Humor: É o tônus básico que perpassa o modo de
funcionamento da pessoa diante dos eventos.
*Afeto: É uma qualidade (tristeza, vergonha, satisfação)
emocional vinculada a uma ideia / MODULAÇÃO (rígido, hiper,
hipo); TONALIDADE (eufórico, depressivo, agressivo)

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