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UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RECÔNCAVO DA BAHIA

SEPSE EM CÃO DECORRENTE DE


CISTITE: RELATO DE CASO
Márcio Greque Gomes Santos de Souza

Orientadora: Profa. Dra. Flávia Santin


Co-orientadora: Profa. Dra Ana Karina da Silva
Cavalcante
Cruz das Almas
2018
INTRODUÇÃO
• Disfunção ameaçadora a vida

Bactérias Vírus Fungos Protozoários

SEPSE

• Cerca de 50% de morte em pacientes humanos nas UTI’s


Frequência dos casos em UTI's veterinárias

Fonte: Google imagens


OBJETIVOS
• Relatar caso clínico e realizar revisão de literatura acerca do tema

• Produzir tal trabalho como requisito de conclusão de curso


REVISÃO DE LITERATURA
CLASSIFICAÇÃO DA SEPSE

• “Infecção generalizada” “Septicemia” “Síndrome séptica” ??

• 1992 – SCCM (Sociedade de Medicina e Cuidados Críticos) e ACCP


(Colégio Americano de Médicos de Tórax)

• 2001 – SCCM e ACCP


• 2016 – SCCM e ESICM (Sociedade Europeia de Medicina e Cuidados
Intensivos)

Disfunção orgânica ameaçadora à vida


secundária a resposta desregulada do
Sepse hospedeiro a uma infecção. Disfunção
orgânica: Aumento em 2 pontos no Score
SOFA
Alteração circulatória e celular/metabólica
secundária a sepse o suficiente para
Choque séptico aumentar a mortalidade. Requer a presença
de hipotensão com necessidade de
vasopressores para manter pressão arterial
média ≥ 65 mmHg e lactato ≥ 2mmol/L após
adequada ressuscitação volêmica
• Score SOFA (Avaliação da falha de órgãos sequencial)
• Score QuickSOFA (Avaliação rápida da falha de órgãos sequencial)

Critérios do qSOFA
Frequência respiratória ≥ 22/min
Alteração mental (GCS <15)
Pressão arterial sistólica ≤ 100mm Hg

• Validação pendente
EPIDEMIOLOGIA

• Poucas informações sobre incidência

• Predileção por perfis específicos


ETIOPATOGENIA
• Patogenia varia de acordo com o caso
SINAIS CLÍNICOS
• Oligúria (≤ 0,5 ml/kg/h)
• Trombocitopenia
• Alterações do estado mental

EXAMES AUXILIARES:
• Creatinina (> 2mg/dl)
• Lactato
• Acidose metabólica
• Hipotensão (PAS <90mmHg ou PAM >65 mmHg)
DIAGNÓSTICO

• + rápido = < chance de mortalidade

• Avaliação de exames clínicos e laboratoriais

• Identificação do agente + sinais clínicos


• Biomarcadores

Proteína C
Procalcitonina
reativa

Interleucina- Interleucina- Lactato


6 10

Marcadores
TNF
de coagulação
TRATAMENTO

• Terapia de suporte

Pacote de reanimação em 6 horas

• Mensuração de lactato

• Hemocultura
TRATAMENTO

• Antibioticoterapia precoce – Cefalotina 30mg/kg ou Ampicilina como


alternativa

• Reposição volêmica – Cristaloides, Dobutamina*

• Vasopressores – Hipotensão não responsiva

• Outras recomendações
RELATO DE CASO

• 26/12/2017
• Espécie: Canino doméstico
• Sexo: Macho
• Idade: 15 anos
• Raça: Pug
• Peso: 9,6 kg
HISTÓRICO E ANAMNESE

• Animal encaminhado com histórico de cistite

• Presença de urólitos

• Há uma semana apresentou hematúria

• Presença de secreção ocular bilateral, prurido, disúria, polaciúria,


hiporexia e dermatopatia crônica
EXAME FÍSICO

• Animal magro, escore corporal 2


• Comportamento ativo
• Linfonodos reativos
• Desidratação
EXAME FÍSICO

• Dor apalpação abdominal

• Secreção em ambos ouvidos

• Secreção ocular bilateral

• Hiperqueratose e hiperpigmentação
CONDUTA CLÍNICA

• Suspeita clínica: Cistite, urolitíase

• Exames solicitados
• Hemograma
• Perfil bioquímico
• Urinálise
• Urocultura
• USG abdominal
• Ecodopplercardiograma
• Prescrição para casa:

• Maxicam® 2mg (½ comprimido, a cada 24 horas por 5 dias)

• Dipirona gotas (10 gotas, a cada 8 horas, por 5 dias)

• Cronidor ® (Tramadol) 12mg (1 e ½, a cada 8 horas por 5 dias)

• Vitamina C 500mg (½ comprimido, a cada 8 horas por 10 dias)


• Evolução:

• Apresentou desconforto

• Permaneceu prostrado

• Não se alimentou

• Apresentou hematúria

• Retorno ao hospital
• Radiografia de abdômen, incidência LATEROLATERAL, demonstrando
urólitos em uretra
• Hemograma IDEXX Canino

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• Bioquímico cão Geriátrico IDEXX

26
• Laudo do exame de USG

IMPRESSÃO DIAGNÓSTICA
1. Aspecto renal relacionável a nefropatia inflamatória aguda
bilateral
2. Bexiga apresentando distensão severa no momento do exame
acompanhada de dilatação significativa de uretra prostática –
Achados relacionáveis a processo obstrutivo.
3. Acentuada celularidade/ cristalúria e espessamento parietal em
bexiga. Sugestivo de processo inflamatório/infeccioso (Cistite
severa)
4. Presença de inúmeros urólitos em uretra peniana
Tratamento Cirúrgico:

• Hidropropulsão + Cistotomia*

• Uretrostomia + Cistotomia*

• Hidropropulsão ou Urestrostomia

• Tratamento clínico
Tratamento Clínico:

• Amoxicilina + clavulanato de potássio 200mg/ml (0,7 ml IV, a cada 12


horas, por 21 dias)

• Dipirona (0,5 ml IV, a cada 8 horas, durante 5 dias)

• Tramadol (0,6 ml IV, a cada 8 horas, durante 5 dias)

• Lavagem vesical (a cada 4 horas, durante 5 dias)


• Omega 3 1000mg (1 cápsula VO, a cada 24 horas, durante 21 dias)

• Ondansetrona (2,5 ml IV, a cada 8 horas, durante 2 dias)

• Omeprazol 4mg/ml (2,4 ml IV, a cada 24 horas, durante 2 dias)

• Hematúria, hipoglicemia e êmese


• Paciente com sinais de alteração da consciência, sob tratamento
intensivo
• Cancelamento da cirurgia

• 28/12/2017 – Óbito!!

• Bloqueio ventricular prematuro

• Hipotensão
DISCUSSÃO

• Cão geriatra – Cistite - Dermatopatia crônica

• Cistite ≠ literatura – Agente ?

• Neutrofilia com desvio e monocitose

• Hipotensão - Creatinina – Alteração do nível de consciência


DISCUSSÃO
• Trombocitopenia ≠ Relato

• Hipoglicemia – Leucocitose com desvio – Albumina sérica próximo ao


valor mínimo de referência

• Sinais clínicos – Presença de infecção

• Medidas de suporte – Controle glicêmico


DISCUSSÃO
• Terapêutica rápida

• Início do protocolo – Hemograma, creatinina e pressão arterial

• Urocultura*

• Antibioticoterapia – Amoxicilina + clavulanato


DISCUSSÃO
• Fluidoterapia

• Noradrenalina

• Dipirona e Tramadol

• Omeprazol
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Baseado na literatura disponível foi possível concluir que a sepse é uma
disfunção grave, com potencial risco de morte, e necessita de
identificação rápida para diminuir a chance de mortalidade

• Foi possível chegar ao diagnóstico devido ao histórico associado a


exames complementares e sinais clínicos. Contudo, revela-se a
necessidade de mais estudos e publicações a fim de agregar
conhecimento para médicos veterinários, diminuindo assim os óbitos
por sepse
OBRIGADO!

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