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Síndrome da

imunodeficiência
adquirida (SIDA)
Profª Rárica Feitosa
IMPACTO NO ESTADO NUTRICIONAL

 infecções oportunistas,
 terapia medicamentosa,
 aspectos psicossociais,
 Desnutrição
 doenças cardiovasculares (DCV)

 morbidades secundárias

 Complicações com o uso da terapia antirretroviral altamente ativa


(HAART, do inglês highly active antiretroviral therapy)
Definições

 A síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) é a manifestação clínica


extrema pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)

 Caracterizada por uma doença de espectro amplo, degenerativa, crônica,


com curso clínico variável, progressiva supressão do sistema imunológico,
indução a infecções oportunistas recorrentes, alterações nutricionais,
debilitação progressiva e morte
Pessoas infectadas com o vírus da
imunodeficiência humana (HIV) vivendo
com a síndrome da imunodeficiência
adquirida (aids) estão em risco
nutricional independentemente do
estágio da doença no qual se
encontram.

Vitolo, 2019
OMS recomenda que a intervenção nutricional
faça parte de todos os programas de controle e
tratamento de pessoas vivendo com aids, como
uma estratégia complementar para melhorar a
adesão e a efetividade da terapia antirretroviral
(TARV), além de contribuir com a melhora das
anormalidades metabólicas e da qualidade de
vida desses indivíduos.
HIV
 retrovírus com genoma RNA da família Retroviridae (retrovírus) e sub-família
Lentivirinae.
 tipos 1 e 2, sendo que o HIV-1 é o mais patogênico e o mais prevalente no mundo,
enquanto o HIV-2 é mais endêmico na África Ocidental e na Ásia.
 Comuns: período de incubação prolongado até o surgimento dos sintomas da
doença, infecção das células sanguíneas e do sistema nervoso, além da supressão
do sistema imune.

outras células para

TCD4+ DNA alterado


cópias de
células infectadas
Multiplicação do
DNA viral
os vírus rompem os
linfócitos
continuar o
processo de
infecção.

Linfócitos
TCD4
Transmissão
 Ter o HIV não significa ter aids e
existem muitos indivíduos
soropositivos que vivem anos sem
apresentar sintomas e sem
desenvolver a doença.
 TRANSMITEM o vírus a outras
pessoas por meio de relações
sexuais desprotegidas,
compartilhamento de seringas
contaminadas ou de mãe para
filho durante a gestação e a
amamentação.
HIV
 É uma manifestação clínica avançada decorrente de um quadro de imunodeficiência
ocasionado pelo HIV.
 É caracterizada por intensa imunossupressão = suscetível a infecções oportunistas,
neoplasias secundárias e doenças neurológicas que, se não forem tratadas, induzem
inevitavelmente ao óbito.
 A infecção pelo HIV pode evoluir no decorrer do período em quatro estágios:
 estágio I ou soroconversão: ocorre em 2 a 4 semanas após a infecção pelo vírus, aco-
metendo 50 a 90% dos pacientes;
 estágio II: denominada fase assintomática, na qual ocorre replicação ativa do vírus e
destruição de células T helper CD4, sem manifestações clínicas aparentes e evolui
para a infecção sintomática na maioria dos indivíduos quando o sistema imunológico
inicia o declínio da sua funcionalidade
HIV

 estágio III: surgem doenças como candidíase oral e linfoadenopatia; ocorre declínio
da função imunológica, quando o paciente fica suscetível a infecções oportunistas
como o sarcoma de Kaposi, pneumonia por Pneumocystis carinii etc.;
 estágio IV: o paciente é definido como portador da aids.

■ Vale salientar que uma pessoa infectada pelo HIV pode levar 10 a 15 anos para
desenvolver a aids, e as drogas antirretrovirais podem retardar ainda mais o processo.
Alterações nutricionais
 baixa ingestão alimentar,
 má absorção de nutrientes,
 alterações metabólicas,
 infecções oportunistas,
 fatores psicossociais e neurológicos
 interações fármacos-nutrientes.
 citocinas pró-inflamatórias elevadas, como a interleucina-6 e proteína C reativa,
com ganho de gordura e perda de massa magra.
 efeito adverso da HAART -- lipodistrofia em doentes infectados com HIV está
associada com a resistência à insulina e ao diabete melito (DM).
lipodistrofia
 exame físico - reconhecimento de alterações
na espessura dos diferentes compartimentos
corporais de armazenamento de gordura,
especialmente a presença da lipoatrofia,
definida como perda de gordura subcutânea
nas extremidades superiores e inferiores ou
na face.

 Fundamental : lipoatrofia da desnutrição #


lipoatrofia pelo HIV
 diferença dessas duas condições clínicas é
que a massa magra e a massa muscular
esquelética são normais em pacientes com
lipodistrofia e deficientes em pacientes
desnutridos.
 lipo-hipertrofia - aumento do tamanho do
coxim adiposo dorsocervical, a “giba de
búfalo”.
Desnutrição e síndrome consumptiva
 A perda de peso pode ocorrer em aproximadamente 95 a 100% dos pacientes

 síndrome consumptiva - multifatorial e envolve diversos fatores como a redução da ingestão


alimentar, comprometimento dos processos de digestão e absorção dos nutrientes em
decorrência das alterações estruturais da mucosa intestinal provocadas pelo HIV,
hipermetabolismo, catabolismo proteico acelerado, doenças oportunistas associadas e efeitos
adversos dos medicamentos utilizados no tratamento da doença e estado inflamatório.

 diagnóstico da síndrome consumptiva - pelo menos um dos seguintes critérios:


■ perda de peso não intencional de 10% em 12 meses;
■ perda de peso não intencional de 7,5% no período superior a 6 meses;
■ 5% de perda de massa celular corporal (MCC) em 6 meses;
■ homens: MCC < 35% do peso corpóreo total e IMC < 27 kg/m2
■ mulheres: MCC < 23% do peso corpóreo total e IMC < 27 kg/m2
■ IMC < 20 kg/m2
Desnutrição e síndrome consumptiva

 A diarreia crônica, anorexia, disfagia, náuseas e vômitos, febre e lesões orais e


esofagianas, doenças neurológicas relacionadas à aids, efeitos adversos dos
medicamentos, recursos financeiros escassos e dificuldade física para preparar seu
próprio alimento
 deficiências de micronutrientes, principalmente das vitaminas A, C e E e
oligoelementos, como o selênio - diminui sistema imune + infecção

 A suplementação nutricional, a redução de citocinas pró-inflamatórias, a terapia


hormonal e o treinamento resistido são tratamentos potenciais para reduzir o
risco e tratar a síndrome consumptiva.
INTERAÇÃO ENTRE
FÁRMACOS E NUTRIENTES
 antirretrovirais e os fármacos
utilizados para tratamentos de
infecções oportunistas e
comorbidades podem interagir
com determinados nutrientes.
TERAPIA NUTRICIONAL
■ detectar, prevenir e reduzir a ocorrência de alterações nutricionais;
■ auxiliar na preservação da massa corporal magra, prevenir a perda ponderal e
recuperar o estado nutricional;
■fornecer nutrientes de forma adequada, a fim de evitar deficiências ou
excessos, de acordo com as condições clínicas do paciente;
■ contribuir para a eficácia da terapia medicamentosa;
■ auxiliar na melhora da imunidade e no alívio dos sintomas e das complicações
relacionadas ao HIV e às infecções oportunistas;
■ colaborar para evitar ou controlar os transtornos associados à terapia
medicamentosa;
■ promover educação nutricional em todas as fases da doença;
■ contribuir para melhorar a qualidade de vida.
TERAPIA NUTRICIONAL  Avaliação do estado
nutricional
 História clínica

 Exame físico

 Avaliação antropométrica

 Bioimpedância

 Avaliação bioquímica

 Avaliação do consumo
alimentar
TERAPIA NUTRICIONAL
 Recomendações de energia
 Harris e Benedict para a estimativa do gasto energético basal, recomenda-se aplicar
fator injúria entre 1 e 1,75.
TERAPIA NUTRICIONAL
 Proteínas
 objetivo fornecer substrato para o sistema imune e restaurar ou preservar a massa
magra.
 A proporção de proteína do valor energético total (VET) deve ser calculada de
acordo com o recomendado para a população em geral, ou seja, em torno de 15 a
20%.
TERAPIA NUTRICIONAL
 Lípidios

 recomendado para a população em geral, ou seja, 20 a 35% do VET. A


oferta de gorduras saturadas, gorduras trans e colesterol segue o
recomendado para a população em geral

 ATENÇÃO - Possíveis necessidades de mudanças na dieta são recomendadas


para controlar o perfil lipídico mais aterogênico associado com a DCV
nesses pacientes.
TERAPIA NUTRICIONAL
 Carboidratos
 45 a 65% do VET, o que corresponde ao recomendado também para a
população saudável
 carboidratos complexos e de baixa carga glicêmica, para evitar a
resistência à insulina.

 Fibras
 25 a 30 g/dia
TERAPIA NUTRICIONAL
 Recomendações de micronutrientes

necessários mais estudos para


zinco, selênio, vitaminas A, D, C não existem evidências para definição do tipo, da dose e da
e do complexo B, e tocoferol recomendar a suplementação duração da suplementação de
parecem ter um efeito na com o objetivo de reduzir a micronutrientes para esses
função imune morbimortalidade pacientes, principalmente entre
aqueles em uso regular de TARV.

dieta saudável, que forneça as


SBNEP, 2012 – Sugere quantidades estabe-lecidas
individual, principalmente em
necessidades específicas de pelas DRI, e corrigir deficiências
situações especiais, como
micronutrientes como vitaminas por via medicamentosa quando
gestação e lactação.
A, B, C, E, zinco e selênio necessário, até que os níveis
séricos estejam normalizados. S
Indicações da terapia nutricional
 desnutrição ou em risco de desnutrição que não conseguem, não podem ou
não querem alimentar-se com a alimentação habitual.
 perda de peso superior a 5% em 3 meses ou perda de Massa maior do que 5%
em 3 meses ou naqueles pacientes com IMC inferior a 18,5 kg/m2.
 Via oral - Enteral - Parenteral
 fórmulas-padrão são bem toleradas e atendem às necessidades da maioria
dos pacientes.
 não há evidência científica para recomendar o uso de fórmulas com
nutrientes imunomoduladores como estratégia terapêutica-padrão.
Terapia Medicamentosa
 o uso desses medicamentos frequentemente é limitado, por causa do alto custo e dos
importantes efeitos adversos.
ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL
o importância e os princípios de uma alimentação saudável;
o a segurança higiênica e sanitária da água e dos alimentos;
o o tratamento de sintomas clínicos e efeitos adversos das medicações:
anorexia, perda de peso, constipação, diarreia/má absorção, intolerância à
lactose, esteatorreia, náuseas e vômitos, saciedade precoce, disfagia,
diminuição do paladar, afecções da cavidade oral, esofagite, xerostomia,
disfagia, febre;
o orientações sobre escolha dos alimentos e formas de preparo mais adequados
a cada condição clínica;
o o tratamento nutricional de comorbidades: dislipidemia, diabete, osteoporose
etc.;
o a interação fármacos-nutrientes e uso de suplementos nutricionais;
o a importância de hábitos de vida saudáveis.
PERSPECTIVAS E NOVOS TRATAMENTOS
PARA A AIDS
 A OMS + Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (Unaids)
objetivo: incentivar campanhas para zerar novas infecções, reduzir
discriminações e mortes relacionadas à aids e exterminar a epidemia até
2030.

 apesar dos esforços significativos, os estudos são raros e ainda não foram
capazes de desenvolver uma vacina que possa fornecer algum nível de
proteção eficaz contra a aquisição do HIV-1

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