Você está na página 1de 34

PORTUGUÊS II

PROFESSORA BÁRBARA
* Reconhecer o sentido do texto e suas partes sem a presença de
Objetivos marcas coesivas;
* Articular linguagem verbal e não-verbal para construção da
da aula coesão e da coerência nos textos;
* Compreender que nos textos nem sempre os elos coesivos são
gramaticais, pois, muitas vezes, a coesão é dada pelo
encadeamento de ideias (temporais, relações de causa e
consequência), pelas imagens e pela reiteração lexical.
Reconhecer o sentido do texto e suas partes
sem a presença de marcas coesivas
PARA RELEMBRAR
● Em outras aulas, já vimos que os elos coesivos são palavras que
relacionam as partes de um texto, possibilitando diferentes efeitos
de sentidos. Entretanto, a linguagem é tão rica que, em alguns
textos, os sentidos se dão por outros recursos, tais quais: as
relações lógicas e semânticas de causa e consequência, os
encadeamentos narrativos e temporais e, até mesmo, os elementos
visuais em textos não-verbais.
Reconhecer o sentido do texto e suas partes sem a
presença de marcas coesivas

REPETIÇÕES SINÔNIMOS

FORMAS DE COESÃO TEXTUAL SEM PRESENÇA DE


MARCAS COESIVAS.

HIPONÍMIA/HIPERONÍMIA PALAVRAS DE SENTIDO GERAL


Coesão textual
● Realizar a inferência de reconhecer o sentido do texto e suas partes sem a
presença de marcas coesivas em uma publicação (verbal/ não verbal)
mobiliza, no âmbito da leitura e produção de sentido, diversas estratégias
sociocognitivas que acionam alguns sistemas de conhecimento, tais como
o conhecimento linguístico, o conhecimento enciclopédico e o
conhecimento interacional.
● A coesão ocorre quando a interpretação de algum elemento no discurso
depende da de outro. Um pressupõe o outro, um não pode ser efetivamente
decodificado a não ser por recurso ao outro. Embora a coesão instaure
uma relação semântica, ela se faz por meio do sistema léxico-gramatical.
SONETO DE SEPARAÇÃO
Vinícius de Moraes
De repente do riso fez-se o pranto.
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento


Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente Fez-se do amigo próximo o distante


Fez-se de triste o que se fez amante Fez-se da vida uma aventura errante
E de sozinho o que se fez contente. De repente, não mais que de repente.
Analisando o soneto
 No soneto lido, há a repetição de um termo nas estrofes.
Identifique essa repetição.

 De que maneira o poeta retrata no texto a mudança ocorrida na


relação amorosa?

 No poema, também há a repetição de uma forma verbal, que


cumpre uma função específica no soneto. Qual é essa função?
Analisando o soneto
 No soneto lido, há a repetição de um termo nas estrofes.
Identifique essa repetição.
A repetição da locução adverbial de repente em todas as estrofes
 De que maneira o poeta retrata no texto a mudança ocorrida na
relação amorosa?
O jogo antitético(riso x pranto; calma x vento; triste x contente; próximo x
distante), revela a ocorrência de mudanças na relação amorosa.
 No poema, também há a repetição de uma forma verbal, que
cumpre uma função específica no soneto. Qual é essa função?
Acentua as transformações ocorridas no relacionamento e expressa sua
inconstância.
Coesão textual – paralelismo sintático e semântico
Um enunciado pode ser construído com a utilização das mesmas estruturas
sintáticas, preenchidas com itens lexicais diferentes, o que também contribui
para a coesão sequencial do texto. O paralelismo sintático, também
conhecido como paralelismo gramatical, ocorre quando há simetria entre as
estruturas sintáticas presentas na oração. O paralelismo sintático é,
frequentemente, acompanhado de um paralelismo rítmico(…):
Exemplo:
(…) Se os olhos veem com amor, o corvo é branco; se com ódio, o anjo é
feio; se
com amor, o pigmeu é gigante se com ódio, o gigante é pigmeu (…) (Pe.
Antônio
Vieira, “Sermão da Quarta-Feira”).
Coesão textual
 Além desses recursos, temos a recorrência dos recursos fonológicos para
cumprir também a coesão textual.

Exemplo:
Cessa o teu canto!
Cessa,que, enquanto o ouvi,
Ouvia uma outra voz
Como que vindo dos interstícios
Do brando encanto
Com o que teu canto vinha até nós(…)
(Fernando Pessoa)
Coesão textual
 Em se tratando da recorrência de recursos fonológicos, tem-
se a existência do emprego reincidente de traços fonológicos.
Como isso ocorre no texto do slide anterior?
Coesão textual
 Em se tratando da recorrência de recursos fonológicos, tem-
se a existência do emprego reincidente de traços fonológicos.
Como isso ocorre no texto do slide anterior?
A presença do ritmo, de assonâncias e aliterações também
contribuem para a coesão textual.

• As rimas também contribuem para a coesão textual.


Leia o trecho a seguir:
“A estação estava apinhada de gente. Trens chegavam e partiam de instante
a instante. Carregadores com carrinhos cheios de malas tropeçavam uns
nos outros. O silvo dos apitos e o burburinho dos viajantes eram
ensurdecedores. Como poderia encontrar ali a moça recém-chegada que eu
deveria conduzir à estalagem?”

• Observe que a utilização de elementos que compõem o mesmo esquema


cognitivo, por meio da utilização de termos de um mesmo campo
lexical, é responsável pela manutenção do tema e da sequência das
informações, contribuindo para a coesão.
Leia o texto a seguir:
Exercitando
1. De acordo com esse texto, a causa da morte de Narciso foi o fato
de ele
A) atrair o desejo de muitas ninfas.
B) chorar ao ver a imagem.
C) contemplar a própria imagem.
D) fazer uma pausa na fonte de águas.
E) pensar ter visto a imagem de outro ser.
Exercitando
1. De acordo com esse texto, a causa da morte de Narciso foi o fato
de ele
A) atrair o desejo de muitas ninfas.
B) chorar ao ver a imagem.
C) contemplar a própria imagem.
D) fazer uma pausa na fonte de águas.
E) pensar ter visto a imagem de outro ser.
Leia o texto a seguir
2.De acordo com esse texto, a estrada GO-070 facilita o
deslocamento porque
A) ajuda a controlar o acelerador do carro.
B) apresenta uma bonita paisagem.
C) há poucos buracos e pedágios.
D) leva duas horas até a primeira parada.
E) parece que o céu fica mais próximo.
2.De acordo com esse texto, a estrada GO-070 facilita o
deslocamento porque
A) ajuda a controlar o acelerador do carro.
B) apresenta uma bonita paisagem.
C) há poucos buracos e pedágios.
D) leva duas horas até a primeira parada.
E) parece que o céu fica mais próximo.
3.No início desse texto, Macunaíma ficou com raiva
dos irmãos porque eles
A) desejavam morar em Campinas.
B) não ajudavam a construir o papiri.
C) não queriam segurar o tijolo.
D) pensavam em futebol.
E) tinham medo da tatorana.
3.No início desse texto, Macunaíma ficou com raiva
dos irmãos porque eles
A) desejavam morar em Campinas.
B) não ajudavam a construir o papiri.
C) não queriam segurar o tijolo.
D) pensavam em futebol.
E) tinham medo da tatorana.
Fonte
MENINO – Fernando Sabino
Menino venha pra dentro, olhe o sereno! Vá lavar essa mão. Já escovou os
dentes? Tome a bênção a seu pai. Já pra cama!
Onde é que aprendeu isso, menino? Coisa mais feia. Tome modos. Hoje você
fica sem sobremesa. Onde é que você estava? Agora chega, menino, tenha
santa paciência.
De quem você gosta mais, do papai ou da mamãe? Isso, assim que eu gosto:
menino educado, obediente. Está vendo? É só a gente falar. Desça daí,
menino! Me prega cada susto... Pare com isso! Jogue isso fora. Uma boa surra
dava jeito nisso. Que é que você andou arranjando? Quem lhe ensinou esses
modos? Passe pra dentro. Isso não é gente para ficar andando com você.
Avise a seu pai que o jantar está na mesa. Você prometeu, tem de cumprir.
Que é que você vai ser quando crescer? Não, chega: você já repetiu duas
vezes. Por que você está quieto aí? Alguma você está tramando...
MENINO – Fernando Sabino
Não ande descalço, já disse! Vá calçar o sapato. Já tomou o remédio? Tem
de comer tudo: você acaba virando um palito. Quantas vezes já lhe disse
para não mexer aqui? Esse barulho, menino! Seu pai está dormindo. Pare
com essa correria dentro de casa, vá brincar lá fora. Você vai acabar caindo
daí. Peça licença a seu pai primeiro. Isso é maneira de responder a sua
irmã? Se não fizer, fica de castigo. Segure o garfo direito. Ponha a camisa
pra dentro da calça. Fica perguntando, tudo você quer saber! Isso é conversa
de gente grande. Depois eu dou. Depois eu deixo. Depois eu levo. Depois eu
conto.
Agora deixa seu pai descansar - ele está cansado, trabalhou o dia todo. Você
precisa ser muito bonzinho com ele, meu filho. Ele gosta tanto de você. Tudo
que ele faz é para o seu bem. Olhe aí, vestiu essa roupa agorinha mesmo, já
está toda suja. Fez seus deveres? Você vai chegar atrasado. Chora não,
filhinho, mamãe está aqui com você. Nosso Senhor não vai deixar doer mais.
MENINO – Fernando Sabino
Quando você for grande, você também vai poder. Já disse que não,
e não, e não! Ah, é assim? Pois você vai ver só quando seu pai
chegar. Não fale de boca cheia. Junte a comida no meio do prato.
Por causa disso é preciso gritar? Seja homem. Você ainda é muito
pequeno para saber essas coisas. Mamãe tem muito orgulho de
você. Cale essa boca! Você precisa cortar esse cabelo.
Sorvete não pode, você está resfriado. Não sei como você tem
coragem de fazer assim com sua mãe. Se você comer agora, depois
não janta. Assim você se machuca. Deixa de fita. Um menino desse
tamanho, que é que os outros hão de dizer? Você queria que
fizessem o mesmo com você? Continua assim que eu lhe dou umas
palmadas. Pensa que a gente tem dinheiro para jogar fora? Tome
juízo, menino.
MENINO – Fernando Sabino
Ganhou agora mesmo e já acabou de quebrar. Que é que você vai
querer no dia de seus anos? Agora não, que eu tenho o que fazer.
Não fique triste não, depois mamãe dá outro. Você teve saudades de
mim? Vou contar só mais uma, que está na hora de dormir. Agora
dorme, filhinho. Dê um beijo aqui - Papai do Céu lhe abençoe. Este
menino, meu Deus...
1. De acordo com os seus conhecimentos, o texto lido pertence
a qual gênero?
2. A intenção do autor é a de transmitir uma ideia de diálogo.
Entretanto, ao observarmos os enunciados do texto, é
possível perceber que só uma pessoa é responsável pelo
discurso. Quem?
3. Nesse diálogo, a pessoa a quem as informações são
destinadas não aparece de forma clara no texto, mas de
maneira implícita. A quem os discursos proferidos no texto
são direcionados?
4. A maior parte dos enunciados aparece no modo imperativo.
Acionando os seus conhecimentos de mundo, por que esses
enunciados foram produzidos dessa forma? De que maneira
isso contribui para a crítica expressa pelo autor?
5.Observando os enunciados, quais características formam o
perfil da mãe e do filho?
6. No texto lido, é possível perceber a presença de elementos que
ligam as informações do texto?
7.Quais são os indícios que sinalizam para o leitor os diferentes
momentos do dia, os diferentes ambientes onde o discurso se
passa?
8.A partir das evidências do discurso truncado (discurso breve,
resumido), é possível perceber qual é a finalidade da conversa?
Fechamento

• A escolha da coesão lexical é um poderoso


mecanismo não só de manutenção da unidade
temática, mas também de entrada de informações
novas e também reflete como a escolha lexical, a fim
de se elaborar a rede coesiva, pode revelar
posicionamentos do autor.
 Compreender os sentidos do texto sem a presença de marcas coesivas é o
efeito coesivo que é ativado pela seleção de um item vocabular para se
referir a algum elemento do texto com o qual tenha alguma relação de
sentido. É diferente dos elementos usados para se processar a coesão
gramatical (através de elos coesivos) porque não é feita por itens cuja
função quase que exclusiva seja a de reativar/retomar itens em um texto,
como pronomes.
 O uso do léxico é um recurso que mantém a coesão do texto, oferecendo
uma gama enorme de possibilidades.
 Um elemento lexical não é, por si, coesivo. Ele adquire esse traço dentro
do texto, ao passo que a coesão feita por meio de elos coesivos se processa
a partir de itens gramaticais, ou seja, pela escolha dentro de um sistema
fechado.

Você também pode gostar