UNIDADE 4 SEÇAO 1 EPIDEMIOLOGIA DOS EVENTOS ADVERSOS (EA) NO BRASIL E NO MUNDO
Você sabe o que é epidemiologia? É uma ciência
fundamental para a saúde pública, pois, por meio de dados quantitativos, pode-se conhecer a ocorrência de doenças ou condições em uma determinada população e, assim, traçar estratégias para minimizá-las, evitá-las e controlá- las. No caso dos eventos adversos, estima-se que uma em cada dez internações resulta em eventos adversos. EPIDEMIOLOGIA DOS EVENTOS ADVERSOS (EA) NO BRASIL E NO MUNDO
Nos EUA, são a terceira causa de morte; no Reino Unido, um
EA é notificado a cada 35 segundos; na Austrália, mais de 33.000 mortes são causadas por EA evitáveis; no Brasil, estudos pioneiros demonstraram uma taxa 7,6% de EA. É explícito que os eventos adversos são um problema de saúde pública e precisam ser compreendidos pela sociedade, pelos profissionais de saúde e pelos serviços de saúde. Há também a necessidade imediata de traçar estratégias para evitar a ocorrência. EPIDEMIOLOGIA DOS EVENTOS ADVERSOS (EA) NO BRASIL E NO MUNDO
Vamos a um exemplo prático? No seu serviço, você atende idosos, e
100% deles têm o risco de queda. Em um dado hipotético, no último trimestre, você atendeu 76 idosos no serviço, e durante os atendimentos houve a ocorrência de cinco quedas, que resultaram em lesões leves nos seus pacientes. Qual é a sua taxa de evento adverso? EPIDEMIOLOGIA DOS EVENTOS ADVERSOS (EA) NO BRASIL E NO MUNDO
Na situação hipotética, a taxa de eventos adversos no seu
serviço no trimestre foi de 6,5, ou seja, a cada 100 idosos atendidos, 6,5 apresentaram queda. É um dado alarmante, que reflete fragilidade nos processos do serviço e impacta negativamente na qualidade da assistência. De posse dessa informação, você pode implementar ações de melhoria para reduzir esses eventos adversos. EPIDEMIOLOGIA DOS EVENTOS ADVERSOS (EA) NO BRASIL E NO MUNDO
Observe que a epidemiologia, neste caso,
forneceu dois dados importantes: o primeiro é o evento adverso, e o segundo é relativo à comparação que você poderá fazer após implementar as melhorias e, assim, demonstrar de forma clara e objetiva a mudança real do seu serviço e atendimento. PRINCIPAIS EA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE DO BRASIL
No Brasil, os principais EA notificados são em
serviços hospitalares. Isso se deve ao fato de ser um lugar para assistência de alta complexidade, procedimentos invasivos e uso de equipamentos tecnológicos. É um tipo de serviço mais susceptível a EA, devido aos inúmeros riscos intrínsecos de uma unidade hospitalar. PRINCIPAIS EA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE DO BRASIL É preciso ter em mente que todo serviço de saúde tem diversos riscos embutidos em si e, se esses riscos não forem corretamente gerenciados, evoluirão para um incidente, até chegar a um evento adverso (AE). Por isso, é importante que conhecer os riscos de sua atividade, seu serviço ou procedimento e pensar em estratégias para minimizá-los e evitar que se tornem um EA. PRINCIPAIS EA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE DO BRASIL
Como eu posso rastrear os eventos adversos no
meu serviço de saúde?
Existem duas possibilidades: retrospectiva, isto é,
através da análise de prontuários, por exemplo; ou prospectiva, isto é, por meio de auditorias clínicas no serviço. Sobretudo, é necessário ter uma boa estratégia de notificação dos eventos adversos. PRINCIPAIS EA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE DO BRASIL
Uma ferramenta interessante que ajuda na busca desses em
prontuários é o trigger tool (ou gatilhos), que são elementos encontrados nos registros e que podem sinalizar um evento adverso. Por exemplo: ao ler os registros, você observa que consta uma determinada lesão, isso é um gatilho para aprofundar a investigação no prontuário e determinar se é ou não um evento adverso. IMPACTO E CONSEQUÊNCIAS DOS EA
As consequências de um EA vão muito além do que se
imagina. Em um primeiro momento, podemos pensar somente nos prejuízos reais ocasionados ao paciente, mas existe uma cadeia inteira que é impactada pelo EA. O profissional de saúde também pode ser uma vítima (segunda vítima), pois poderia ser refém de um processo de trabalho mal desenhado, que lhe casou sobrecarga e contribuiu com o evento adverso. IMPACTO E CONSEQUÊNCIAS DOS EA
Os eventos adversos impactam no paciente e em seus familiares, no
profissional da saúde, no serviço de saúde e na sociedade como um todo. O custo econômico anual de eventos adversos, de acordo com a Pioneer Study on Patient Safety in Latin Americ (IBEA), em 2011, foi estimado em vários bilhões de dólares, além de que o aumento no número de dias de internação em uma instituição de saúde aumenta significativamente os gastos com recursos (mais medicação, intervenções cirúrgicas, testes diagnósticos e tratamento em geral). CONSEQUÊNCIAS DOS EVENTOS ADVERSOS As despesas médicas adicionais resultantes de cuidados inseguros custam bilhões de dólares a alguns países a cada ano. IMPACTO E CONSEQUÊNCIAS DOS EA
Eventos adversos são dispendiosos. Estima-se que o
gasto com o dano equivale a trilhões de dólares. O aumento do período de internação, processos judiciais e infecções associadas à assistência a saúde (IRAS) custaram a alguns países entre US $ 6 bilhões e US $ 29 bilhões por ano. Globalmente, os gastos com eventos adversos são estimados em US $ 42 bilhões a cada ano, quase 1% das despesas total com a saúde. IMPACTO E CONSEQUÊNCIAS DOS EA
Em suma, a maior consequência do evento adverso
é a perda de vidas. Nos EUA, os EA são a terceira causa de morte, após câncer e doenças cardíacas; na Austrália, mais de 33.000 mortes são causadas por EA evitáveis anualmente. No mundo, os eventos adversos já são considerados a 14ª principal causa de morte e lesão. GESTÃO DE RISCOS CLÍNICOS E DE RISCOS NÃO CLÍNICOS Todo incidente e evento adverso têm como pano de fundo uma cadeia de riscos que subsidia a sua ocorrência, quando não são devidamente gerenciados. De modo prático, gestão de riscos significa conhecer os riscos e gerenciá-los para que eles não se tornem um evento adverso. Primeiro ponto de atenção que você deve observar é: não existe serviço de saúde ou atividade que não tenha risco, em outras palavras, não é possível eliminar o risco, mas, sim, controlá-lo. GESTÃO DE RISCOS CLÍNICOS E DE RISCOS NÃO CLÍNICOS
É necessário conhecer o serviço, a atividade ou
o processo, para ver onde estão os famosos riscos. Outro ponto de extrema importância é conhecer os riscos do paciente/cliente, para isso existem inúmeras ferramentas que podem ser usadas para classificação de riscos, bem como diferentes scores. GESTÃO DE RISCOS CLÍNICOS E DE RISCOS NÃO CLÍNICOS
Vamos a um exemplo? Quais são as condições que predispõem
um idoso a sofrer uma queda? Vamos citar alguns: doenças neurológicas degenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson; uso de medicamentos hipotensores (que controlam a pressão arterial); histórico de queda; entre outros. Observe que temos alguns critérios e já poderíamos classificar o paciente com risco de queda. EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO – QUEDA GESTÃO DE RISCOS CLÍNICOS E DE RISCOS NÃO CLÍNICOS
A gestão de riscos nada mais é do que um cuidado ampliado
e que protege o paciente/cliente de danos desnecessários, para isso é preciso que você conheça os riscos do seu serviço ou atividade e do seu paciente também. Sabendo disso, você será capaz de desenvolver estratégias e ações para reduzir o índice de eventos adversos e, assim, melhorar significativamente a qualidade do seu serviço ou atividade.
Solicitação e Interpretação de Exames Laboratoriais: Uma visão fundamentada e atualizada sobre a solicitação, interpretação e associação de alterações bioquímicas com o estado nutricional e fisiológico do paciente.