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CONCEITUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE

PROFA. NARLA DENISE RODRIGUES FERNANDES


• Como já vimos em Wallon (1969, 1970b)
• criança não se move por si própria nos primeiros momentos do seu desenvolvimento; ela
surge no mundo apenas com as condições dos seus reflexos incondicionados como
memória filogenética. Só a sua condição de ser social a justifica como “corpo agido”,
agido por outrem, mais frequentemente pela mãe, como ser eminentemente social que é.
CONCEITUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE

• A CRIANÇA É O SEU CORPO: INTRODUÇÃO À OBRA DE AJURIAGUERRA


• A evolução da criança é sinônimo de consciencialização e de conhecimento cada vez mais
profundos do seu corpo, ou seja, do seu eu total.
• O CORPO COMO MATERIALIZAÇÃO DA HUMANIZAÇÃO
• CONCEPÇÕES SOBRE A IMAGEM DO CORPO
• Esquema corporal
• A ilusão do membro fantasma no amputado
• A ilusão do membro fantasma no amputado traduz a persistência no indivíduo da
consciência do corpo na sua totalidade, independentemente da subtração ou da
diminuição anatômica ou física ocorrida ou existente.
• Mostrar figura ( pag. 108).
• Como a cada área motora corresponde funcionalmente uma área sensitiva concomitante.
• A ausência súbita de qualquer parte do corpo corresponde, sem dúvida, a uma ausência
anatômica das respectivas inervações sensitivo motoras, mas, paradoxalmente, na
condição de membro fantasma, permanece uma “ilusão” mental (sentida, interiorizada e
posicionada) do membro amputado, isto é, o sujeito amputado continua a sentir no coto o
membro mutilado através da respectiva representação, não só de ordem cinestésica, como
também, inclusive, de ordem emocional e simbólica.
A SOMATOGNOSIA

• Não podemos, no entanto, ignorar, bem pelo contrário, que a ausência anatômica de um
membro amputado, além de uma agressão real à personalidade total do indivíduo
sinistrado, traz consigo ainda uma modificação do peso, do volume, da densidade e da
própria gravidade, interferindo no controle postural e em todos os aspectos da atitude.
• Mostrar figura da pág. 113
A SOMATOGNOSIA

• ela é entendida por Ajuriaguerra como a tomada de consciência do corpo na sua totalidade e
respectivas partes, intimamente ligadas e inter-relacionadas com a evolução dos movimentos
intencionais, isto é, a tomada de consciência do corpo como realidade vivida e convivida.
• A ilusão do membro fantasma no indivíduo amputado (noção que já situei antes no seu
conteúdo) é a confirmação mais evidente do papel do conhecimento e do sentimento do corpo
na formação da personalidade humana. Note-se que, à supressão dos membros ou de qualquer
outra parte anatômica do corpo, o indivíduo sinistrado responde com uma representação mental
e uma sensação de volume e de localização da zona do corpo perdida ou extirpada.
PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA DA PSICOMOTRICIDADE:
INTRODUÇÃO À OBRA DE VYGOTSKY

• Com base em Vygotsky (1978, 1999), a cultura torna-se parte da natureza de cada pessoa,
reforçando a ideia de que as funções psíquicas superiores são de origem sociocultural e
emergem de funções psicológicas elementares de origem biológica.
• Materialismo dialético
PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA DA PSICOMOTRICIDADE:
INTRODUÇÃO À OBRA DE VYGOTSKY

• Combatendo perspectivas empiristas e reflexologistas, bem como idealistas e


espiritualistas da mente humana, Vygotsky, com Luria e Leontiev, ambicionava estudar os
processos psicológicos humanos de um modo dialético-materialista mais abrangente,
partindo do pressuposto que o comportamento humano é um fenômeno histórico
socialmente determinado e culturalmente mediatizado, no qual a linguagem desempenha
o papel principal. O pensamento vygotskyano é, assim, simultaneamente diverso e
unitário.
PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA DA PSICOMOTRICIDADE:
INTRODUÇÃO À OBRA DE VYGOTSKY

• DIFERENÇAS ENTRE A PSICOMOTRICIDADE HUMANA E A MOTRICIDADE


ANIMAL
• As diferenças entre a psicomotricidade humana e a motricidade animal, tendo por base o
pensamento vygotskiano, inscrevem-se na sociogênese das funções psíquicas superiores e
enquadram-se em uma teoria da aprendizagem humana baseada na mediatização.
• Por esta razão, as crianças-lobo –, quando foram descobertas, não apresentavam posturas
bípedes plásticas, nem praxias finas lúdico-construtivas, nem vestígios de uma
oromotricidade articulada rápida e versátil, nem sequer uma proxêmica afiliativa ou uma
predisposição imitativa.
• todavia, sua motricidade adaptativa revelava uma quadrupedia terrestre e arborial
exuberante, maneirismos complexos, inconsequentes, condutas motoras agressivas e
inesperadas, etc.
• A teoria histórico-cultural do psiquismo, também reconhecida como abordagem socio
interacionista, elaborada por esse autor, deve igualmente sustentar o estudo comparativo
entre a psicomotricidade humana e a motricidade animal, pois deve ter como objetivo,
por analogia, caracterizar os aspectos tipicamente humanos do comportamento e elaborar
hipóteses e formulações de como esses atributos foram-se formando e construindo ao
longo da história humana e social, pois só dentro desta perspectiva podemos compreender
a relação entre os seres humanos e os seus contextos ecológicos, quer naturais ou físicos,
quer sociais.
• O trabalho, considerado uma atividade motora superior exclusiva da espécie, é entendido
como uma função psicológica superior, um modo de funcionamento mental tipicamente
humano e não-desfrutável por qualquer outro vertebrado.
• O trabalho, na ótica vygotskyana, é, portanto, um paradigma psicomotor crucial, na
medida em que perspectiva o ser humano como um corpo e uma mente, como ser
biológico e ser social, como membro da espécie humana e ator do processo histórico e
cultural.
• A cultura é parte integrante da natureza humana, na medida em que só pode emergir
como manifestação de conduta quando for aprendida e internalizada ao longo da
sociogênese, pressupondo, naturalmente, a integridade e a invulnerabilidade dos
processos biológicos e neuronais que lhe dão suporte.
• A IMITAÇÃO COMO PROCESSO DE MEDIATIZAÇÃO
• A complexidade da psicomotricidade, ao contrário da motricidade, tem origem nas condições

sociais e concretas da vida historicamente formada e decorrente do trabalho social, do uso de


instrumentos e do surgimento da linguagem,“ferramentas” aperfeiçoadas pela humanidade
ao longo do seu percurso histórico, por meio das quais ela se constrói, co-constrói e reestrutura.
• Por meio da psicomotricidade, e não apenas da motricidade, o ser humano dominou o meio
ambiente e o seu próprio comportamento inteligível
A ORGANIZAÇÃO NEUROFUNCIONAL DA
PSICOMOTRICIDADE: INTRODUÇÃO À OBRA DE LURIA

• Para Luria (1969, 1970, 1973), a maturação cerebral efetua-se, igualmente, através da
emergência de sistemas funcionais, pondo em jogo e em interação sistêmica vários
conjuntos de células neuronais bem específicos. É, portanto, a instalação de conexões
neuronais provocadas pela aprendizagem que, sucessivamente, vai permitir a integração
complexa da informação multissensorial, que ilustra a passagem da linguagem corporal à
linguagem falada, e desta à linguagem escrita (Fonseca, 1999, 2002)
• Nenhuma área do cérebro se pode considerar responsável por qualquer aprendizagem, ou
por algum comportamento particular. Por analogia, nem todas as áreas são consideradas
igualmente contribuintes para a praxia global ou fina, a leitura, a escrita ou o cálculo. A
teoria luriana dos sistemas funcionais concebe que o cérebro opera apenas com um
número limitado de áreas quando está envolvido na produção de uma aprendizagem
específica, cada uma delas desempenhando um papel peculiar dentro do sistema
funcional, denominado constelação de trabalho.
O CÓRTEX E A COMPLEXIDADE DA
PSICOMOTRICIDADE
• A organização do córtex é função da complexidade da motricidade que, organizada, por
sua vez, em comportamentos, resulta da generalização e da associação dos dados (inputs)
sensoriais vindos da periferia (olhos, ouvidos, pele, músculos, tendões, ligamentos e
articulações). Entre o mundo exterior (o ambiente ou os ecossistemas naturais e sociais) e
o córtex, diz-nos Luria, existe um processo sensorial e neuronal que transforma o
estímulo vindo do exterior (input) em um estímulo significativo integrado mentalmente.
Dos órgãos sensoriais à medula ou ao tálamo para os centros corticais, a sensação é
transformada sucessivamente em percepção, imagem, simbolização, conceptualização
• Recorde-se, entretanto, como, em termos antropológicos, a complexa organização do
cérebro só foi possível devido à extrema e variada mobilidade das extremidades dos
membros do corpo e vice-versa.

• O ESTUDO DAS LESÕES CEREBRAIS E DAS FUNÇÕES CORTICAIS


SUPERIORES
REGULAÇÃO E CONTROLE DAS PRAXIAS: PAPEL
DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS
• Luria (1970, 1973a, 1973b, 1978,) situa nos
• lobos frontais a regulação e o controle das praxias ou das ações complexas, que, além de
desempenharem um papel preponderante nos níveis superiores de funcionamento do
comportamento humano, estão igualmente relacionados com as condutas sociais, com a
elaboração, a modulação e o controle das emoções, com sistemas atencionais superiores,
com os comportamentos adaptativos e com um certo número de funções, normalmente
reagrupadas, no que se convencionou designar por funções executivas.
AS TRÊS UNIDADES FUNCIONAIS
DA ORGANIZAÇÃO CEREBRAL
• – primeira: unidade de alerta e de atenção;

Fatores Psicomotores ( tonicidade e integração)


• – segunda: unidade de recepção, de integração, de codificação e de processamento Sensorial

( noção de corpo, estruturação espacial e temporal )

• – terceira: unidade de execução motora, de planificação e de auto-regulação


• Praxia global e praxia Fina
• Descreva como os estudos de Piaget, Wallon, Vygostky e Luria influenciaram a
compreensão da psicomotricidade.
• Genie Willey, nascida em 1957, ficou conhecida no mundo todo como “a criança selvagem” por ter passado a
infância trancada em um quarto em total isolamento, sem nenhum contato humano.
• Genie (Arcadia, 18 de abril de 1957) é o pseudônimo de uma criança selvagem estadunidense que
foi vítima de abuso grave, negligência e isolamento social. Suas circunstâncias são
proeminentemente registradas nos anais da linguística e da psicologia infantil anormal. Quando ela
tinha aproximadamente 20 meses de idade, seu pai começou a mantê-la em um quarto trancado.
Durante esse período, ele quase sempre a amarrava no banheiro ou em um berço com os braços e
as pernas imobilizados, proibia qualquer pessoa de interagir com ela, proporcionava-lhe quase
nenhum tipo de estimulação e a deixava gravemente desnutrida. A extensão de seu isolamento a
impediu de ser exposta a qualquer quantidade significativa de fala e, como resultado, ela não
aprendeu a falar durante a infância.
• A partir das discussões tecidas até aqui, como podemos analisar as questões de aquisição
da psicomotricidade do caso Genie.

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