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Estudo de caso – conclusão

de estágio em Nutrição
Clínica

Hospital Sepaco
IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

 Nome: A. V. J.;

 Sexo: masculino;

 Idade: 69 anos;

 Estado civil: viúvo;

 Naturalidade: paulistana;

 Bairro: Jardim São Paulo (zona norte);

 Grau de instrução: superior completo

 Profissão: administrador aposentado.


ANTECEDENTES MÉDICOS

 Diabetes Mellitus tipo 2;

 Hipertensão arterial;

 Realizou cateterismo para


corrigir estreitamento de
artéria.
ANTECEDENTES FAMILIARES

 Pai: Diabetes Mellitus tipo 2 e edema;

 Mãe: Diabetes Mellitus tipo 2.


HISTÓRICO SOCIAL

 Mora sozinho em apartamento próprio;

 Trabalhou e se aposentou em indústria de papeis;

 Atualmente recebe acima de 5 salários mínimos de


aposentadoria;

 Tem empregada doméstica (prepara suas refeições).


DADOS EXAME FÍSICO

Foi realizado acompanhamento diário do prontuário do


paciente durante o período de 8 dias em que esteve
internado.

Durante esses dias apresentou alteração quanto ao edema


em dois dias consecutivos e em 3 dias pressão elevada,
inclusive no dia em que passou pelo cateterismo.

Quanto aos exames relacionados à hidratação, evacuação


e diurese, não houve alterações durante esse período.
MEDICAMENTOS UTILIZADOS

 Carvedilol 25mg (bloqueador beta): v.o.,


2x ao dia;

 AAS 200mg (anti-inflamatório), v.o., 1 x


ao dia;

 Clopidogrel 75mg (anti-plaquetares),


v.o., 1 x ao dia;
 Lexotan 3mg (benzodiazeínicos), v.o. às
22h;

 Balcor 30mg (diltiazem - antiarrítmico),


v.o., 3 x ao dia.
INTERAÇÃO FÁRMACO NUTRIENTE
 Ácido Acetilsalicílico 200mg (anti-
inflamatório)
90% ligadas às proteínas plasmáticas, diminuição
da vitamina C, potássio, ácido fólico e tiamina
(CUPPARI, 2007).

Clorana® 50mg (hidroclorotiazida)


Queda do sódio, cloretos, potássio, magnésio, zinco
e riboflavina (CUPPARI, 2007).
 Inderal® 40mg (Propanolol)
95% ligada às proteínas plasmáticas; dieta hiperproteica
ou hipoalbuminemia, por isso é importante observar a
dosagem de medicamento (CUPPARI, 2007).

Carvedilol® 25mg (bloqueador beta)


Evitar consumir alcaçuz natural (CUPPARI, 2007).
HISTÓRICO DA MOLÉSTIA ATUAL

Paciente apresentou edema dos membros


inferiores e após avaliação da
cardiologista e realização de cateterismo
foi identificada Insuficiência cardíaca
congestiva (ICC).
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (ICC)

Complexo de sintomas (fadiga,


dispnéia e congestão)

Ocorre quando o ventrículo esquerdo,


deficiente, não consegue suprir
adequadamente o fluxo sanguíneo
par o restante do organismo.

(MAHAN & SCOTT-STUMP, 2005).


DIABETES MELLITUS TIPO 2
(DM2)

 Diabetes Mellitus tipo 2: é provocado


predominantemente por um estado de resistência
à ação da insulina associado a uma relativa
deficiência de sua secreção (CASTRO & FRANCO,
2002; CZEPIELEWSKI , 2001).

 Essa resistência à insulina, presumivelmente, é


resultado de um distúrbio na função dos
receptores de insulina na superfície das células-
alvo, impedindo a penetração da glicose (SILVA &
MURA, 2007).
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
(HAS)

 É uma entidade multigênica, de etiologia


múltipla, de fisiopatogenia multifatorial,
que causa lesão dos chamados órgãos-alvo
(coração, cérebro, vasos, rins e retina).
Interfere na manutenção dos níveis
pressóricos e são: o débito cardíaco e a
resistência periférica e qualquer alteração
em um outro, ou ainda em ambos
(CUPPARI, 2007).
EXAMES

Os exames realizados demonstraram alterações nos


seguintes marcadores:

 Glicose;
 Creatinina;

 Uréia;

 Células epiteliais.

Todos estão realacionados á seu diagnóstico de:


ICC, DM2 e HAS.
NECESSIDADES NUTRICIONAIS
TMB x FA x FT x FL

De acordo com o calculo de Harris & Benedict, o cálculo é o


seguinte:

TMB = 66 + (13,7xP) + (5xA) – (6,8xI)


TMB = 66 + (13,7x70) + (5x169) – (6,8x69)
TMB= 1400,8 kcal/dia

GEB = 1400,8 x 1,3 x 1,1 x 1 =


2003,1 kcal/dia

FA = fator atividade
FT = fator temperatura
FL = fator lesão
RECOMENDAÇÕES

 Tipo de dieta: hipossódica para diabetes;

 MACRONUTRIENTES

- CHO: 55%
- PTN: 15%
- LIP: 30%

 Teor de fibras: 30g/dia.


 MICRONUTRIENTES

- Sódio: 1300mg/dia;

- Cálcio: 1200mg/dia;

- Ferro: 8mg/dia;

- Magnésio: 420 mg/dia;

- Potássio: 4,7 g/dia;

-Vitamina A: 900 mcg/dia RE;

- Vitamina C: 90mg/dia;

-Vitamina E: 15mg;

- Líquidos: 3L/dia.
FREQUÊNCIA ALIMENTAR
 Carnes: uma ou duas vezes por semana;
 Leite/Derivados: não consome;
 Ovos: uma ou duas vezes por semana;
 Verduras: não consome;
 Legumes: uma vez por dia;
 Arroz/angu/macarrão: duas vezes por dia;
 Leguminosa: duas vezes por dia;
 Frutas: Quinzenal;
 Doces: não consome, pois não gosta, mas toma café com açúcar de 3
a 4 vezes por dia;
 Pão/biscoito/farinhas: todos dos dias;
 Fibras: não costuma ingerir.
AVALIAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO USUAL DO
PACIENTE

 Calorias totais: 1662,62 Kcal/dia

 Distribuição calórica.doc

 Adequação dos Nutrientes.doc

Observações
A distribuição calórica esta inadequada, bem como a ingestão
de nutrientes, pois ainda é necessário acrescentar as
refeições que faltam (lanche da manhã e ceia), além de
adequar a quantidade de calorias do lanche da tarde.
Quanto a ingestão dos nutrientes selecionados, terão que
sofrer alterações para atingir á recomendação.
HÁBITO ALIMENTAR X PATOLOGIAS
 Alta ingestão de sal e açúcar no decorrer da vida;
 Baixa ingestão de verduras e frutas;

 Baixa ingestão de fibras;

 Excesso de café com muito açúcar;

 Dieta inadequada em energia, macro e


micronutrientes;

Alguns fatores relacionados a dieta são


implicativos para ocorrência de hipertensão e
conseqüente ICC, são eles: sobrepeso, consumo
excessivo de sal, consumo de álcool e inatividade
física (MAHAN & SCOTT-STUMP, 2005).
AVALIAÇÃO DA DIETA RECEBIDA NO HOSPITAL
 Calorias totais: 2132,36 kcal

 Distribuição calórica - hospital.doc

 Adequação dos nutrientes - hospital.doc

Observar-se que a distribuição calórica esta inadequada, é


interessante acrescentar lanche da manhã,
principalmente no caso de pacientes com DM, tornando
um padrão nesses casos. Além disso, é importante
adequar as calorias da ceia, pois está acima do
recomendado.
Quanto aos nutrientes analisados, também, não está no
nível recomendado, portanto são necessários ajustes.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL

 Altura: 169 cm;

 Peso Atual: 70 kg;


- IMC: 24,56 kg/m2 – eutrófico;

 História de perda de peso: 3 Kg, no entanto isso


ocorreu devido a melhora no edema.

 Circunferência do braço (CB): 31,2 cm.


Encontra-se no percentil 50 e, assim, classificado
como eutrófico.
 Adequação da CB (%) = 27 x 100/ 30,7 = 101,6
Com esse resultado é classificado como eutrófico
(CUPPARI, 2007).

 Cintura: 91 cm, não apresentando risco, de


acordo com Cuppari (2007);

 Quadril: 97 cm;

Razão cintura/quadril = 0,93, sendo indicativo de


risco de desenvolvimento de doenças (CUPPARI,
2007).
DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL

Paciente está eutrófico, de acordo com a


avaliação nutricional realizada. No entanto,
devido a perda muscular por conta da idade, é
preciso realizar exercício de força, adequado
para sua idade.
DIETOTERAPIA

 Será abrangente com plano de alimentação


adequadas as patologias, além de indicação
para prática de atividade física.

 Objetivos:

1. Corrigir as alterações metabólicas


encontradas mediante modificações de
hábitos alimentares e do estilo de vida
2. Prevenir agravamento do ICC (CUPPARI,
2007).
PARA QUE HAJA ADESÃO À DIETA:

 Desenvolvimento de um relacionamento
estreito, de confiança e de longo prazo com o
paciente;

 Avaliar os pensamentos e sentimentos do


indivíduo sobre as orientações nutricionais;

 Manter contato. Mudar hábitos alimentares


requer continuidade (MARTINS, 2005).
 Ser positivo;

 Evitar sobrecarga de informações;

 Estabelecer prioridades e ter objetivos claros,


alcançáveis e de curto prazo;

 Praticar com o cliente;

 Entregar materiais escritos simples e criativos já que


estudos mostram que os pacientes esquecem metade
do que ouviram após alguns minutos (MARTINS,
2005)
ORIENTAÇÃO DE ALTA
 Realize seis refeições ao dia e evite ficar muito tempo sem se
alimentar;

 Consuma diariamente 3 colheres de sopa de farelo de trigo, aveia


ou gérmen de trigo em água, leite ou suco, distribuídas durante o
dia. Poderá, também, ser adicionado a preparações como: feijão,
sopas, ensopados, mingaus, farofas, pães, etc. As fibras auxiliarão
no controle da glicemia;

 Prepare todos os alimentos sem sal e sem temperos prontos


salgados. Após o alimento pronto, já no prato, distribuía um
grama de sal (uma colher rasa de café). Então será um grama no
almoço e um grama no jantar (SANTOS, 2007).
 Leia sempre o rótulo dos produtos industrializados,
para garantir que o que está comprando não tem sal e
açúcar (observe, também, as palavras sódio e
sacarose);
 Alimentos gordurosos podem aumentar o risco de descontrole da
pressão arterial;
 Reduza o consumo de óleo. Dê preferência aos óleos vegetais;
 Consuma com moderação alimentos como: arroz, macarrão,
batata, mandioca, polenta, farinha, pães, biscoitos;
 Pratique atividades físicas regularmente, porém somente após
orientação médica (SANTOS, 2007).
 Consuma até quatro porções de fruta (quando possível com
casca) por dia, porém devem ser distribuídas durante o dia
todo. Consumir mais de uma porção por vez pode aumentar
a glicemia;
 As verduras também são rica sem fibras, por isso prefira
consumi-las cruas e duas vezes ao dia;
 Os produtos denominados light podem conter açúcar,
portanto fique atento;
 Controle seu peso, pois o excesso de peso altera os valores
de glicemia e pressão arterial
(SANTOS, 2007).
CONCLUSÃO

É possível concluir que a terapia nutricional


individualizada é de extrema importância e deve
ser introduzida o quanto antes, a fim de
proporcionar melhoria no estado nutricional, bem
como em seus níveis séricos dos biomarcadores.
REFERÊNCIAS
CASTRO, A. G. P.; FRANCO, L. J. Caracterização do consumo de adoçantes
alternativos e produtos dietéticos por indivíduos diabéticos. Arq. Bras.
Endocrinol. Metab. v.46, n.3. São Paulo: jun., 2002.

CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 2°ed. São Paulo: Manole, 2007.

CZEPIELEWSKI, M. A. Diabetes Mellitus, 2001. Disponível em: <


http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?127 >. Acesso em: out., 2009.

MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. Alimentos, nutrição e dietoterapia. 11° ed.


São Paulo: Roca, 2005.

MARTINS, C. Aconselhamento Nutricional. In: CUPPARI, L. Nutrição clínica no


adulto. 2°ed. São Paulo: Manole, 2005.

SANTOS, I. G. dos. Nutrição: da assistência à promoção da saúde. São Paulo: RCN,


2007.

SILVA, S. M. C. da; MURA; PEREIRA, J. D.. Tratado de alimentação, Nutrição e


dietoterapia. São Paulo: Rocca, 2007.
Ensinar a alimentar-se não é
apenas informar as novas
escolhas, e sim mostrar a
importância delas para que
o indivíduo entenda e tenha
motivação para tal.
OBRIGADA !

Thaís Bárbara Licca


11/11/2009

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