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Dor

Base Neural
Welma R. Fuso Assis – Médica Anestesiologista
IV CURSO DE EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA
Dor - Base Neural
- Como sentimos dor?
- Por que uma mesma sensação
dolorosa varia entre indivíduos?
- Por que as emoções modificam a
sensação dolorosa?
- Como a sensação dolorosa
desencadeia situações clínicas
como: insônia, inapetência, cefaléia
e depressão?
- O que mantém a dor mesmo após
resolvida a causa inicial?
Dor - Base Neural
Dor - Base Neural

Nociceptores
DEFINIÇÃO: Receptores especializados ou
terminações nervosas livres que captam
estímulos nocivos ou com potencial nocivo
traduzindo-os e transmitindo-os em sinais
nervosos. Encontrados em estruturas
somáticas (pele, osso, músculo) e visceral
(sistema respiratório, cardiovascular,
digestório, meninges).
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Nociceptores
CLASSIFICAÇÃO:
1- Quanto ao tipo de estímulo:

A) Químicos: bradicinina, serotonina, histamina e ácido aracdônio;


B) Mecânicos;

C) Térmicos: calor e frio;

D) Polimodais.

2- Quanto a capacidade de captação e condução:

A) Grau de mielinização
a1) “A delta” fibras mielinizadas, condução rápida, dor localizada e epicrítica
a2) C, fibras não mielinizadas, resposta lenta, dor protopática
B) Tipo de estimulação necessária para produzir resposta
C) Característica da resposta produzida.

A maioria dos receptores dos nociceptores é de Fibra C. E 90% respondem ao aporte


nociceptivo. A estimulção nociva prolongada (resposta inflamatória e lesão neuronal) leva a diminuição
do limiar nervoso e amplificação da resposta sensibilização periférica
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Fibras Aferentes Primárias
1- Nervos aferentes primários levam os impulsos para o corno dorsal da medula espinhal com
corpos celulares no gânglio do ramo dorsal do nervo espinhal – neurônios de primeira ordem.

2- Nervos cranianos (V, VII, IX, X) seguem para o tronco encefálico levando a nocicepção de
cabeça e pescoço com corpos celulares em seus próprios gânglios.

Sinapses do Corno Dorsal


A maioria das fibras aferentes primárias ( neurônio de 1ª ordem)
penetram na medula espinhal através do Trato de Lissauer (trato
póstero-lateral) e fazem sinapse no corno dorsal da medula
espinhal, avançam um ou dois segmentos acima ou abaixo antes
de estabelecer sinapses com neurônio de 2ª ordem.

- A sinapse no corno dorsal é importante para o


processamento adicional e integração do aporte
(input +) de informações nociceptivas ou
inibição pelos sistemas descendentes (input -),
que aos impulsos aferentes repetitivos produz
sensibilização central
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Mediadores do Corno Dorsal
1- Liberados por: fibra aferente primária, interneurônios e sistema de
fibras descendentes.
2- Classificação:
a) Mediadores excitatórios;
a1) aminoácido: glutamato e aspartado;
a2) neuropepitídeos: substância P e calcitonina;
a3) fatores de crescimento.
b) Mediadores inibitórios
b1) opióides endógenos: encefalinas e beta-endorfinas;
b2) ácido gamaaminobutílico (GABA)
b3) glicina;

- Presença de receptores específicos importantes na geral e


manutenção de estados álgicos (NmetilDaspartato – NMDA)
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Vias Nociceptivas Ascendentes
1- Lâminas de Rexed: de I a V
(substância cinzenta)
2- Neurônios de projeção do corno
dorsal ou dos nervos cranianos
(n. de 2ª ordem)
CLASSIFICAÇÃO:
2.1 – Célula de limiar elevado (HT)
resposta a estímulos nocivos f. A delta e
f. C, lâmina I de Rexed.
2.2 – Célula de variação dinâmica ampla (WDR)
resposta a estímulos inócuos a nocivos, f. A beta, A delta e C. Todas as
lâminas, principalmente a V.
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Vias Nociceptivas Ascendentes
3- Trato Espinotalâmico (TET) Mais importante: localizado no quadrante antero lateral
da medula espinhal, corpo neuronal em corno dorsal e axônios cruzam a linha
média na comessura branca ventral da medula espinhal e ascendem ao quadrante
antero lateral oposto (n. da região sacral – lateral e n.região cervical – medial).
Com projeção:
3.1 – Tálamo lateral. Lâminas I, II e V, para o córtex somatossensorial e
discriminativo da dor.
3.2 – Tálamo medial. Lâminas VI e IX, projeção para formação do tronco cerebral,
mesencéfalo, substância cinzenta e hipotálamo relacionados a respostas reflexas
autonômicas e aspectos emocionais da dor.
4- Trato Espinohipotalâmico (TEHT). Corpos neuronais em corno dorsal da medula
espinhal e axônios com projeção contra lateral (cruzam a linha média da
decussação supraótica) no hipotálamo lateral ou medial envolvidas com resposta
autonômicas reflexas e neuroendócrinas aos estímulos dolorosos (sono – núcleo
supraquiasmático, apetite, regulação de temperatura e resposta ao stress).
Trato Espinoreticular (TER) e Trato Espinopontoamigdaliano.
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Vias Nociceptivas Ascendentes
5- Nervos (pares) cranianos: transmissão da dor na cabeça e pescoço. Ricos
em nociceptores, fibras aferentes primárias se projetam através do V, VII,
IX, X e nervos cervicais superiores projetando-se para núcleos do sistema
trigeminal e neurônios de 2ª ordem no corno dorsal da medula espinhal,
daí aos sistemas supraestinhais.
5.1- Sistema trigeminal (V par): nervo oftálmico, nervo maxilar e nervo
mandibular. Corpos celulares no gânglio trigeminal (semelhante ao gânglio
da raiz dorsal) com projeção para três núcleos sensoriais, mesencéfalo,
sensorial principal e trigeminal espinhal, com sub-núbleos oral (axônios
formam trigeninotalamico ventral), interpolar e caldal.
5.2 – Nervo glossofaringe (IX par): conduz estímulos do tato, térmico e
dor de mucosas do terço posterior da língua, tonsilas e parte posterior da
faringe e tubas auditivas.
5.3 – Nervo vago (X par): conduz impulsos de tato, da pele auricular
posterior e meato auditivo externo. Sensibilidade visceral da faringe,
laringe, traquéia, esôfago, vísceras torácicas e abdominais
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Vias Supra-espinhais
Componente discriminativo: Somatotopicamente específico (córtex sensorial
primário e secundário) permite a locação do estímulo álgico. Integração
dor somática e dor visceral.
Componente afetivo: Estruturas límbicas (córtex do cíngulo, amígdalas)
Componente da memória da dor: Ínsula anterior
Controle motor e dor: Área motora suplementar

- Tálamo;
- Hipotálamo;
- Sistema límbico;
- Córtex cerebral;
- Córtex do cíngulo;
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Conceitos Importantes
- Sensibilização Periférica – estimulação nociva prolongada leva a diminuição do limiar de
estímulo (resposta inflamatória e/ou lesão neuronal) com amplificação da resposta a
estímulos subliminares;
- Sensibilização central;
- Sensibilização Central – estimulação repetitiva de neurônio de 2ª ordem leva ao
fenômeno de estimulação (aumento da relação eferencia/aferencia em corno dorsal),
curto prazo, maior eferencia/aferencia f. C, longo prazo, atividades e receptores NMDA +
expressão genica;
- Plasticidade Neuronal – capacidade do tecido neuronal se modificar para responder a
vários estímulos aferentes, vantagem na evolução e proteção da espécie e desvantagem
no desenvolvimento de dores crônicas.
- Hiperalgesia - redução do limiar e resposta aumentada aos estímulos dolorosos por
estimulação intensa e prolongada; Pode ser primária (no local da lesão) ou segundária
(no local adjacente).
- Alodinia - estímulo normalmente inócuos passam a ser percebidos como dolorosos.
- Dor Espontânea - Lesão nervosa (dor neuropática) provoca estímulo álgico na ausência
de lesão real.
- Inflamação - rubor, calor, dor, tumor e perda da função. Leva a atividade espontânea de
nociceptores e exacerbação da dor através da liberação de prostaglandinas, citocinas e
fator de crescimento.
Dor - Base Neural

FIM

Drª Welma R. Fuso


Professora Auxiliar Medicina UFT

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