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ENQUADRAMENTO GERAL
Para ser uma verdadeira AE tem de haver a prática de actos materiais e no aso do art.º
830º CC não há.
O art.º 830º CC é antes uma acção constitutiva, não obstante ser uma acção específica
pelo facto de o autor pedir a emissão daquela declaração negocial em falta e não outra.
Contudo, quando o juiz se substitui ao promitente faltoso não está a praticar nenhum
acto material.
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Ana Rita Rodrigues
Sujeitos da execução
Exequente
Executado
Modalidades da execução
Consoante o objecto da execução, assim será a sua modalidade:
São três – art.º 10º/6
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Para sabermos qual destas acções é que vamos propor temos de prestar atenção ao
título executivo que possuímos pois é o título que vai determinar o fim e os limites da
execução.
Processo ordinário – restantes casos que não cabem no /2 ou que, cabendo são
excepcionados pelo /3
Aspectos estruturantes da AE
São vários os Aspectos que caracterizam a AE:
O processo executivo baseia-se num título executivo que tem de existir para que
possa ocorrer a formalização da execução.
Transparência patrimonial
É a possibilidade de conhecimento dos bens penhoráveis e, na consequente
obrigação do executado informar quais são os bens de que dispõe que possam
ser penhorados.
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Princípios processuais
Princípio do dispositivo: o processo executivo assenta na disponibilidade das partes
sobre a instância, cabendo ao credor (exequente) dar o impulso processual com o
requerimento executivo (art.º 724º).
Este principio traduz-se no ónus de incurso da execução.
Art.º 763º/1 – manifestação do princípio.
No entanto esta disponibilidade das partes é limitada pois elas não podem constituir
títulos executivos diferentes dos que constam da lei, bem como as penhoras também
têm limites, não se podendo renunciar a eles.
No entanto nada restringe os negócios entre as partes que restrinjam ou excluem a
execução, bem como é possível limitar-se a responsabilidade do devedor a
determinados bens.
Princípio da gestão processual: não tem a mesma expressão que na acção declarativa
pois qualquer que seja o valor da acção os actos de execução terão de ser exactamente
os mesmos.
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Princípio do contraditório
Não obstante a AE ser uma acção que favorecer maioritariamente o exequente, o
processo executivo é um processo que se desenvolve em comparticipação entre o
exequente e o executado.
Exemplos:
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2º modelo: critério da par conditio creditori. Aqui todos os credores estão numa
posição de igualdade, podendo intervir na execução todos os credores do
executado.
Inicia-se como singular e pode terminar como acção plural. Vigora em França e
Itália.
3º modelo: neste modelo podem intervir outros credores do executado desde que
tenham garantias reais sobre os bens penhorados. Vigora desde 1961 em
Portugal.
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Responsabilidade do exequente
O exequente pode ser responsável por instaurar uma AE!
Órgãos da execução
São dois:
Agente de execução
A sua actividade tem duas vertentes:
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Forma ordinária;
Forma sumária – arts.º 855º e ss
Aqui o requerimento é enviado ao agente de execução que o pode recusar (art.º
855º).
Se for aceite segue-se logo para a fase da penhora, pois nesta forma, a citação
é diferida.
Art.º 855º/3 remete para o art.º 749º relativamente a se encontrar bens
penhoráveis. Se ao forem encontrados no espaço de 3 meses o exequente é
notificado.
Art.º 856º/1: se forem encontrados bens há a citação do executado no acto da
penhora.
Se o título for uma sentença que deva ser executada nos próprios autos então a
citação é substituída por uma notificação pois o executado já foi citado como réu
na anterior acção declarativa.
Art.º 855º/5: situações em que a forma sumária deve ser seguida com algumas
especificidades aqui indicadas.
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Art.º 550º/3: casos em que, não obstante terem de seguir a forma sumária pelo 550º/2,
seguem a forma ordinária por estarem excepcionados por este artigo.
Tipo de citação:
Pessoal;
Edital
Da competência do agente de execução: art.º 719º
Se o exequente indicar bens à penhora temos duas hipóteses: art.º 724º ou 751º/2.
Se não indicar bens à penhora cabe ao agente encontrar esses bens. Antes de os
encontrar tem de averiguar a situação do executado – art.º 748º/2.
Art.º 748º/3: a pendencia de outra execução não impede a busca de outros bens.
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A seguir à penhora temos a fase da venda e depois com o produto da venda proceder-
se-á ao pagamento.
Exequibilidade extrínseca
Art.º 10º/5: toda a execução tem de ter por base um título.
Se não tiver a secretaria (725º/1 d)) ou o agente de execução (855º/2 a))
recusam receber o requerimento quando não seja apresentado.
Art.º 726º/2 a): deve haver despacho liminar de indeferimento quando seja
manifesta a falta ou insuficiência do título.
Isto pode levar a uma extinção superveniente da execução – art.º 734º/1.
Art.º 729º a): a falta, insuficiência ou inexequibilidade do título são fundamento
de oposição à execução.
O título tem de demonstrar uma obrigação certa, liquida e exigível – art.º 713º
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acção executiva, para o que basta ter como objecto uma pretensão que seja certa,
líquida e exigível.
O título executivo
Definição: documento pelo qual o requerente da realização coactiva da prestação
demonstra a aquisição de um direito a uma prestação.
O título integra e revela a obrigação exequenda.
Art.º 703º/1 b), c) e d): são documentos escritos, pelo que são um objecto representativo
duma declaração e, como tal, constitui meio de prova legal plena – arts.º 362º, 371º/1 e
376º/2 CC.
O título extrajudicial ou judicial improprio é um documento que constitui prova
legal para fins executivos, e a declaração nele representada tem por objecto o
facto constitutivo do direito de crédito.
O título é condição necessária da AE porque não há execução sem título, o qual tem
obrigatoriamente de acompanhar o requerimento inicial.
Funções do título:
O título demonstra a causa de pedir pois uma vez demonstrada pode ser
deduzido o pedido de realização coactiva da prestação autorizado pelo art.º 817º
CC.
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Função constitutiva:
TS = o título cumpre uma função constitutiva pois atribui a exequibilidade a uma
pretensão, possibilitando que a correspondente prestação seja realizada através
de medidas coactivas impostas ao executado pelo tribunal. Ao demonstrar a
aquisição de um direito a uma prestação constitui o direito à execução.
Características do título
Suficiência
Autonomia
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ser executado é uma decisão condenatórias, expressa ou implícita, que com esta
se pode cumular.
As sentenças de simples apreciação também não constituem título pois elas
apenas se limitam a declarar a existência de um direito ou facto jurídico, não
sendo o réu condenado a nada com esta decisão.
Das sentenças judiciais, apenas as sentenças de condenação são passíveis de
execução.
São equiparadas às sentenças condenatórias as decisões arbitrais – art.º 705º
e incluem-se as sentenças homologatórias.
Condenações implícitas
É um problema que se coloca face a sentenças de simples apreciação e a sentenças
constitutivas.
Cabe saber e discutir se estas sentenças com condenações implícitas valem ou não
como título executivo – gera divergências doutrinárias.
Alguma doutrina: entende que se a sentença não condena, então o devedor não
está à espera da execução, não se podendo defender da mesma
convenientemente.
Segundo esta posição, o credor que tem na sua posse uma sentença com uma
condenação implícita tem de interpor uma acção declarativa ara reconhecer o
seu direito à prestação em causa.
Rui Pinto: entende que é errado falar-se em condenações implícitas. Neste tipo
de sentenças o tribunal não exprimiu qualquer vontade sobre a questão em
apreciação pelo que o problema apenas se coloca face às obrigações
decorrentes directamente da lei.
Se a condenação implícita obriga o devedor a uma conduta que é obrigatória por
efeito da lei, então a execução pode ser admitida pois o devedor pode contar
com a mesma.
Se a condenação implícita pretende obter um efeito que não decorre
directamente da lei, então haverá uma restrição desnecessária do direito de
defesa do executado, não devendo a execução ser admitida. Nestes casos o
credor terá de recorrer a uma acção declarativa.
TS: entende que é possível quando do texto da sentença se pode retirar uma
condenação implícita em termos não surpreendentes para o devedor.
Não fere o dispositivo pois há uma condenação implícita, ou seja, ainda que implícito há
um pedido. Consegue-se retirar um pedido da acção.
Não fere o contraditório pois a defesa do executado na acção executiva não seria
substancialmente diferente da sua defesa na acção declarativa.
Não vila a segurança jurídica pois o executado acaba por estar a espera da condenação
visto que se pode extrair a condenação da interpretação da sentença.
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Tipos de recurso com efeito devolutivo: recurso de apelação (art.º 647º/1) e recurso de
revista (art.º 676º/1).
Quando a causa vier a ser definitivamente julgada, a decisão de recurso terá dois efeitos
possíveis sobre a execução em curso – art.º 704º/2:
Se a decisão do tribunal de recurso for sujeita a novo recurso para tribunal superior, a
execução também há lugar a execução provisória se o recurso não tiver efeito
suspensivo.
Neste caso, após a decisão final a execução:
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Se, quando a decisão definitiva ocorrer antes da transmissão dos bens penhorados
temos o levantamento da penhora.
Ineficácia da venda (art.º 839º/1 a)) + devolução dos bens ao executado (art.º
839º/3);
Ou,
Executado fica com a caução prestada pelos credores.
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Por serem exarados por notário são documentos autênticos, incluindo-se aqui o
testamento e a escritura pública.
Testamento
Será título quando nele o testador assume uma dívida ou constitui uma dívida.
Para ser título tem de se verificar a aceitação da herança pelo sucessor, sendo
que a aceitação constitui condição de transmissão da dívida e, portanto,
fundamento da legitimidade passiva do sucessor para a execução.
Esta aceitação tem de ser alegada e provada pelo exequente = arts.º 54º/1 e
715/1.
Quanto ao que é título, ou seja, se o título é a aceitação ou se o título é o
testamento há uma divergência doutrinária.
LF: o título executivo é o testamento e nunca poderá ser a aceitação.
RP: entende que o título é a aceitação porque é ela que permite a
constituição válida do título. É a aceitação que confere legitimidade ao
sucessor.
Isto importa-nos por uma questão de legitimidade.
No entanto para que possa ser título executivo o testamento tem de ser válido
formal e materialmente. Se não for não é título executivo.
Contudo o reconhecimento de dívida nele imposto será sempre válido porque
para um reconhecimento apenas basta a forma escrita.
Nestes casos há que ver se não há nenhum título escondido como seja uma
garantia real. Contudo esta garantia tem de estar registada pois aqui o registo
tem efeito constitutivo. Isto porque, por exemplo, uma hipoteca será sempre feita
por escritura pública que constitui documento exarado por notário logo entra no
elenco do 703º/1 b).
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Temos:
Cheque:
Temos três sujeitos – banco (sacado), cliente (sacador) e o terceiro (beneficiário
do cheque).
Saque: ordem de pagamento dada pelo cliente ao Banco para que este pague
ao terceiro. Constitui a relação cartular e acontece quando o sacador assina o
cheque.
Não há aceite porque esse é dado aquando da emissão do cheque.
O beneficiário do cheque pode, posteriormente, endossar o cheque a outro.
Há que ter em atenção o prazo de 8 dias (art.º 29º/1 LUC) para apresentar o
cheque a pagamento. Ver ainda o prazo do art.º 52º/1 LUC. Se estes dois
passarem o cheque está definitivamente prescrito como título de crédito.
Quando o cheque é apresentado a pagamento após estes 8 dias temos de
verificar se foi ou não revogado.
Se foi revogado cessa a relação cambiária e passa a valer como quirógrafo.
Se não foi revogado e foi apresentado fora do prazo – art.º 32º LUC.
Paulo Olavo Cunha entende que continua a poder ser usado como título
executivo, contudo já não se pode deitar mão da relação cambiária.
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Exequibilidade intrínseca
O título deve demonstrar uma obrigação certa, liquida e exigível – arts.º 713º, 725º/1 c)
e 729º e) CPC.
Não são pressupostos processuais pois não respeitam à relação processual,
mas sim à obrigação.
Têm natureza jurídica de condição material da realização coactiva da prestação.
Exigibilidade
RP: à partida exigibilidade de uma obrigação seria sinonimo de incumprimento da
mesma pelo art.º 817º CC.
Seria justificada com o incumprimento porque a execução do património do
devedor, enquanto realização judicial da função de garantia do art.º 601º CC,
tem como condição aparente o incumprimento da obrigação.
Ora, RP não entende as coisas deste modo pois defende que o facto negativo
do incumprimento não chega a incorpora a causa de pedir pois o exequente não
em de provar que a obrigação não foi pontual e integralmente cumprida.
Pode ser:
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Art.º 715º/6: se apenas uma das partes da obrigação for exigível, esta pode logo
executar-se.
Requer-se a execução imediata da parte exigível, enquanto o acertamento da
outra parte pode ser feita na pendencia da mesma execução – art.º 716/8 e,
sendo o caso, nos termos do art.º 716º/7.
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Se do título se inferir que a obrigação ainda não está vencida, ou seja, se estivermos
perante uma condenação in futurum, não temos nenhum regime específico.
Contudo aplica-se analogicamente o art.º 715º/2, tendo de se provar que a suposta
obrigação vincenda já se encontra vencida.
Obrigações condicionais
Art.º 715º: aplica-se este regime quando a prestação da obrigação está dependente de
condição suspensiva ou de uma contraprestação simultânea.
Nestes casos o exequente tem de proceder segundo este regime.
Obrigações puras
Art.º 610º/2 b)
Nestas obrigações, até à data da citação não existe mora do devedor, pelo que o direito
aos juros moratórios apenas se conta desde a data da citação – a citação do executado
vale como interpelação para o cumprimento – art.º 805º/1 CC. Caso ainda não esteja
vencida, vencer-se-á também com a citação do executado.
Aqui o exequente tem a vantagem de poder provar a citação prévia à execução
no caso de querer alegar que a mora já se iniciou e, deste modo, ter direito aos
juros moratórios desde esse momento.
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Aqui o título é constituído por um único documento!! Bem como são admitidos todos os
meios de prova – art.º 715º/2 e 3.
Prova documental – examinada pelo agente de execução: art.º 715º/2;
Restantes meios de prova – examinados pelo juiz: art.º 715º/3.
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Certeza
Levantando problemas de certeza temos em especial as obrigações genéricas de
escolha (arts.º 539º e ss) e as obrigações alterativas (arts.º 543º e ss).
Nestas verifica-se uma indeterminação qualitativa, sendo, por isso necessário
um acto de especificação da qualidade da prestação.
Obrigação com faculdade alternativa pelo devedor: o credor deve promover a execução
do direito à obrigação primária, cabendo ao executado, no prazo da oposição à
execução, exercer a faculdade alternativa.
Caso não escolha sujeita-se à execução da obrigação principal.
Art.º 714º/1: se a escolha couber ao devedor e não houver prazo convencionado para a
escolha ou, existindo ainda não tenha transcorrido, será o devedor citado para a
execução pelo agente de execução para se opor à execução e, ao mesmo tempo é
notificado para, no mesmo prazo da oposição, declarar por qual das prestações opta.
Na falta de escolha – art.º 714º/3 in fine + art.º 548º CC
Art.º 714º/2: caso a escolha pertença a um terceiro, deve este ser citado para escolher.
Se a escolha da prestação não ocorreu antes da propositura da acção e, por isso, temos
de recorrer ao 714º, então o processo seguirá sempre a forma ordinária pela excepção
ao 550º/2 do art.º 550º/3 a)
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Liquidez
O acertamento da obrigação cujo objecto não esteja quantificado em face do título é um
dos pressupostos a execução – art.º 735º/3.
Trata-se de uma obrigação cuja quantidade ainda não está determinada.
A operação de liquidação deve ocorrer antes da execução por força do art.º 10º/1, dentro
dos limites fixados pelo título, não podendo ser um modo de extensa do âmbito do título.
Se o pedido de liquidação não estiver contido dentro dos limites do título, o
excesso apenas pode ser sancionado com a improcedência do pedido, havendo
absolvição total ou parcial do pedido.
Posto isto, está claro que o exequente não pode formular um pedido ilíquido sem
proceder à sua respectiva liquidação.
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Art.º 729º e)
Art.º 716º/4: executado é chamado para contestar a liquidação – trata-se de um
incidente de liquidação nos termos do art.º 360º.
Regime aplicável – art.º 716º/5.
Por não estarem em causa factos notórios e de conhecimento oficioso há que haver
possibilidade de contraditório.
São admitidos todos os meios de prova pois estamos em processo declarativo. Apenas
não se podem alterar os factos provados na sentença genérica.
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Liquidada a sentença, o réu devedor fica em mora desde a data da liquidação – art.º
805º/3 1ª parte CC.
Contudo se se tratar de responsabilidade por facto ilícito, dita a 2ª parte que o
devedor se constitui em mora desde a citação para a acção declarativa, mesmo
antes da liquidação.
STJ veio interpretar restritivamente este preceito e entendeu que sempre que se
trate de indemnização pecuniária por facto ilícito que tenha sido objecto de
cálculo actualizado nos termos do 566º/2 CC, ou seja, tenha sido objecto de
liquidação, vence juros d mora por efeito do disposto no art.º 805º/3 e 806º/1 CC,
a partir da decisão incidental e não da citação.
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Se o executado não contestar a liquidação, vale um efeito cominatório pleno pelo que a
obrigação se considera fixada segundo os termos a liquidação feita pelo exequente no
requerimento, salvo nos casos de revelia inoperante – art.º 568º.
A verificação desta fixação é do juiz em sede de despacho liminar.
Se contestar a liquidação ou, sendo a revelia inoperante, o art.º 716º/4 manda aplicar o
art.º 360º/3 e 4.
Consequências da iliquidez
A dedução de pedido ilíquido é de conhecimento oficioso e é sanável.
O tribunal que conheça a iliquidez de um pedido deve proferir despacho liminar
de aperfeiçoamento do requerimento – art.º 726º4 – ou despacho superveniente
no caso do art.º 734º.
Na falta de correção o requerimento deve ser indeferido.
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Em síntese:
Título judicial:
o Depende de simples cálculo a liquidez é pressuposto de
exequibilidade intrínseca pois vem completar o título executivo – arts.º
716º/1, 2 e 3.
Art.º 703º/2 – factos notórios e de conhecimento oficioso.
Dá-se a liquidação na acção executiva pois já existe título, ou seja, já há
exequibilidade extrínseca.
Títulos extrajudiciais:
o Depende de simples cálculo a liquidez é pressuposto de
exequibilidade intrínseca pois complementa o título executivo.
Art.º 716º/1, 2 e 3
Art.º 703º/2 – factos notórios e de conhecimento oficioso.
Aqui a liquidação é feita na acção executiva pois já existe título. Apenas
falta exequibilidade intrínseca.
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Pressupostos processuais
Os pressupostos processuais condicionam a admissibilidade da realização coactiva da
prestação.
Art.º 726º/2: possibilidade de indeferimento liminar com base nos pressupostos
em falta.
Art.º 734º: até ao despacho que ordene a venda dos bens penhorados, é
possível conhecer-se da falta de qualquer pressuposto processual.
Do tribunal
Competência
Competência internacional
O princípio da territorialidade da execução condiciona esta competência.
Segundo este princípio, o tribunal do foro de um estado só tem competência para as
medidas a realizar no território desse mesmo estado.
Nenhuma media decretada no estrageiro pode ser reconhecida e executada em
Portugal.
Competência nacional
Competência em razão da jurisdição:
Esta competência determina-se por um duplo critério:
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Ou
Trata-se de uma execução por multas, custas ou indemnizações previstas na
lei processual? – arts.º 131º LOSJ e 87º.
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Existem?
Sim é esta secção de execução que tem competência para a acção executiva.
Vemos se há secção pelos arts.º 66º a 102º ROFTJ.
Incompetências do tribunal
Das partes
Personalidade e capacidade judiciárias
Personalidade: arts.º 11 e seguintes;
Capacidade: arts.º 15º e seguintes.
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Legitimidade processual
Legitimidade singular
Credor e devedor originários
Art.º 53º: apela à literalidade do título executivo.
Terá legitimidade quem figure no título como devedor e como credor.
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Devedores subsidiários
Fiança: aqui o devedor garante, com o seu património o pagamento da dívida alheia –
art.º 627º/1 CC. Sendo sua obrigação de pagamento perante o credor uma obrigação
acessória, mantendo-se enquanto não se extinguir a obrigação do devedor principal,
ainda que esta já não possa ser objecto de execução singular.
Na fiança civil é permitido ao fiador recorrer ao benefício da excussão prévia – art.º
638º CC.
Contudo o fiador pode posicionar-se como devedor principal e solidário (arts.º 638º e
640º a) CC) da integralidade da dívida (art.º 634º CC).
Forma da fiança – art.º 628º/1 CC.
Título executivo, no caso de se querer demandar o fiador, terá de ser o contrato de
fiança – art.º 703º/ b).
Aval: pelo art.º 32º/1 LULL o dador do aval é responsável da mesma maneira que o
afiançado, sendo que a obrigação se constitui formalmente pelo acto de assinatura do
dador do aval.
A assinatura é materialmente autónoma, mantendo-se ainda que seja nula a obrigação
garantida, desde que não seja um vício de forma, não gozando o avalista de beneficio
da excussão previa – art.º 47º/1 e 2 LULL.
Aqui o título executivo serão título de crédito – art.º 703º/1 c).
Regra geral, o facto sucessório será posterior à formação do título, mas anterior à
proposição do requerimento executivo.
Se o facto ocorrer na pendencia da acção executiva, o exequente deverá promover o
incidente de habilitação de herdeiro (arts.º 351º e ss) ou de adquirente ou cessionário
(art.º 356º).
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Se a sentença vincula um terceiro chamado à causa para parte principal nos termos
do 316º este nunca será um terceiro porque foi citado para parte principal, estando
abrangido pela legitimidade do art.º 53º/1.
Os intervenientes como partes acessórias, por estarem sujeitos ao caso julgado da
parte principal (art.º 323º/4 e 332º) têm legitimidade pelo 53º/1.
LF: se estiver em causa a sua legitimidade passiva para efeitos do72º esta está
excluída pois eles são meros auxiliares da parte principal. Embora sejam
sujeitos ao caso julgado, eles não foram condenados.
Do lado passivo, nos termos do arts.º 552º e 635º/1 CC, tanto o co-devedor solidário
como o fiador não presentes em causa em que foi condenado o co-devedor ou o
devedor principal, não estão sujeitos à exequibilidade do comando condenatório pois
nestes casos só beneficiam da sentença se assim o quiserem.
O mesmo vale para o devedor principal não presente na causa que condenou o fiador
– art.º 635º/2.
Do lado activo, pelos arts.º 531º e 538º/2 os co-credores solidários de obrigação
indivisível podem beneficiar da sentença, contudo não terão legitimidade activa pelo
art.º 55º por este só se referir ao lado passivo do direito à prestação. Não se aplica por
analogia dada a excepcionalidade do art.º 55º, pis a condenação não acarreta o
reconhecimento do direito aos outros contitulares, mas a apenas a indiscutibilidade do
dever de prestar do réu.
TS é contra esta posição pois entende que o art.º 55º não é uma norma
excepcional, sendo antes uma expressão de um princípio geral.
Assim sendo, a extensão o caso julgado aos credores solidários não
demandantes ou aos credores demandantes de uma prestação indivisível
implica o reconhecimento da legitimidade executiva a estes credores.
RP entende que o princípio da extensão do caso julgado eventual é-o também
quanto à força executória.
Quando o 531º CC vem autorizar que possa ser oposto ao devedor ou o 538º/2
refere que o caso julgado favorável a um dos credores aproveita aos outros, o
que é oponível é a indiscutibilidade do dever de prestar do réu também perante
os demais credores.
Contudo, o contraditório dita que esta extensão seja restrita, na medida do que
for comum ao terceiro credor. O devedor permanece com o direito, não
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O terceiro garante pode ser quem prestou a garantia inicialmente ou quem tenha
adquirido posteriormente a coisa onerada.
A execução por dívida provida de garantia real sobre bens de terceiro conhece as regras
do art.º 54º/2 e 3.
O 54/2 e 3 só se aplica aos casos de garantias reais.
O título é uma sentença = o terceiro garante deverá também nela ter sido condenado
pois por força da 635º/1 1ª parte (consignação de rendimentos ex vi 657º/2, penhor ex
vi 667º/2 e hipoteca ex vi 717º/2).
Se não tiver sido condenado, o caso julgado entre credor e devedor não é oponível ao
terceiro garante, salvo se os bens lhe forem transmitidos pelo devedor já onerados.
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Caso se reconheça a insuficiência dos bens onerados com a garantia real, o que só
pode ocorrer após a distribuição do produto da venda, pode o exequente requerer, no
mesmo processo, o prosseguimento da acção executiva contra o devedor, que será
demandado para a completa satisfação do crédito exequendo – art.º 54º/3.
Trata-se de uma intervenção principal compondo um litisconsórcio
superveniente.
Embora haja uma diferente posição dos executados perante a dívida (um é
devedor – deve cumprir – e o outro é garante real – deve responder pelo
incumprimento), a obrigação exequenda é a mesma. Não pode permanecer
extinta em face de um e não extinta em face do outro.
No caso do bem com garantia real em que não incide direito de terceiro, apenas tem
legitimidade o devedor.
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O devedor executado tem direito a que a penhora se inicie pelos bens sobre que incida
a garantia e só depois pode cair nos outros quando se reconheça a insuficiência deles
para conseguir o fim da execução – art.º 697º CC e art.º 752º/1 CPC.
Se sobre o bem com garantia real incidir um direito de terceiro, deve considerar-se o
art.º 54º/4 CPC.
Trata-se de um critério de legitimidade passiva plural.
Aqui o direito a penhorar é da titularidade do devedor, mas está onerado por direito
menor de terceiro que confere a posse a esse terceiro.
Deste modo, um usufrutuário tanto pode ser citado pelo 56º/2 quando o objecto da
garantia seja o usufruto, como pode ser citado pelo 54º/2 quando o objecto da garantia
seja um direito maior (ex.: propriedade) e haja o usufruto a onerá-lo.
Qual pode ser esse direito menor na titularidade do terceiro que confira a posse?
- A lei não distingue. Abrange todos os direitos que consintam a posse, logo será
um direito nos termos de um direito real de gozo.
Se o terceiro não for citado ao abrigo do 54º/4, a penhora e a venda para serem
subjectivamente válidas, apenas poderão abranger a propriedade de raiz.
Uma vez citado como executado, o terceiro possuidor terá ao seu dispor a oposição à
penhora e a oposição à execução.
Ficará como depositário se for a sua casa de habitação efectiva – art.º 756º/1 a).
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Ana Rita Rodrigues
Em síntese:
O exequente pode propor a acção executiva contra:
Devedor + terceiro garante = art.º 54º/2 in fine e 54/4.
São demandados ao mesmo tempo, ou seja, estamos perante um litisconsórcio
voluntário inicial.
Para que seja possível o devedor e o terceiro devem constar do título executivo
apresentado.
Não é necessário titulo contra o terceiro possuidor dos bens onerados.
Aqui a penhora não tem de começar pelo bem onerado com a garantia real.
Ilegitimidade processual
É de conhecimento oficioso e não é sanável.
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Ana Rita Rodrigues
A ilegitimidade constitui uma excepção dilatória que pode ser fundamento de oposição
à execução pelo executado – 729º c) e ss.
Legitimidade plural
Litisconsórcio necessário
Art.º 33º/1: o litisconsórcio é necessário na acção executiva quando a realização
coactiva de um direito a uma prestação apenas por todos os credores ou contra todos
os devedores pode ter lugar, seja por lei, vontade das partes ou indivisibilidade material
da própria prestação.
No plano obrigacional são exemplos os que estão nos arts.º 496º/2 e 500º/1, no art.º
535º/1, no art.º 608º.
Nos litígios reais temos os arts.º 1404º e 1405º/1 que impõe um litisconsórcio passivo.
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Ana Rita Rodrigues
O que acontece se, na acção declarativa na qual se deveria ter verificado o litisconsórcio
necessário e esse não tiver sido respeitado? – isto no caso do título ser uma sentença.
Neste caso, se não estiveram todos os interessados não há nenhuma forma de se
alargar o título a quem não esteve na acção declarativa, em sede de acção executiva.
Funciona aqui uma situação de preclusão pois o título preclude a possibilidade de
qualquer outro participar no título.
No regime do 261º o exequente pode sanar o vício ainda em 30 dias sobre o trânsito
em julgado formal do despacho de indeferimento.
Deste modo o exequente consegue reabrir a instância, mantendo todos os
benefícios temporais da sua prévia propositura.
Litisconsórcio voluntário
Não havendo litisconsórcio necessário importa distinguir consoante estejamos perante
uma obrigação exequenda plural ou de situação real em contitularidade.
A natureza solidária (512º CC) ou parciária (512º a contrario e 533º CC) de uma
obrigação plural não obriga a que todos os credores e/ou devedores estejam como
partes na execução.
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Ana Rita Rodrigues
No caso das obrigações solidárias (512º/1 CC), também vale o 32º/2, bastando que um
dos credores e/ou devedores intervenha para assegurar a legitimidade.
Basta a intervenção de um deles para se poder executar a totalidade da
prestação.
Litisconsórcio superveniente
TS = depois de restringir a intervenção acessória aos apensos declarativos, assume
uma posição aberta de admissibilidade de intervenção principal na execução.
Admite a intervenção principal provocada para sanar a preterição de litisconsórcio
necessário – 261º/1 CPC – e para fazer intervir um litisconsorte voluntário, maxime, o
executado provocar a intervenção de um seu condevedor solidário, no prazo da
oposição à execução.
Já o fiador, constante do título executivo juntamente com o devedor, não pode requerer
a intervenção principal deste por falta de interesse processual. O fiador deve é invocar
o benefício da excussão prévia como o permite o 747º. Inversamente, também o
devedor principal não pode provocar a intervenção do fiador, quanto não se esgotarem
os seus bens.
O Prof. admite a intervenção principal espontânea, tanto em composição de
litisconsórcio necessário, como por parte de litisconsorte voluntário.
Se foi o executado quem não constitui advogado, o regime é igual salvo que os
actos do executado ficam sem efeito, se não houver suprimento.
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Ana Rita Rodrigues
Ao objecto
Cumulação de pedidos
Na acção executiva o credor tem a faculdade de cumular execuções contra o mesmo
devedor ou contra vários devedores litisconsortes – art.º 709º/1.
O exequente pode deduzir no mesmo processo uma pluralidade de pedidos
executivos contra o devedor ou vários devedores, pretendendo que todos sejam
contemporaneamente procedentes.
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Ana Rita Rodrigues
Execução de sentença
Art.º 710º CPC – pretende-se, ao cumprir o princípio da economia processual, permitir
a execução cumulada de pedidos que, apesar de provirem da mesma sentença, não a
admitiriam em sede do art.º 709º CPC
Ex.: sentença de despejo – a execução da condenação na entrega do locado já
pode ser cumulada com a execução de condenação no pagamento de rendas
em mora, de despesas ou indemnizações.
Admite-se a cumulação de execuções com fins diversos e ainda que incompatíveis
processualmente.
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Ana Rita Rodrigues
Este princípio tanto pode permitir ao juiz compor um procedimento ad hoc, como
recusa a cumulação quando tal viole o princípio equitativo (afirmado
expressamente no 547º parte final).
Em qualquer circunstância não pode ser desconsiderada, mesmo nesta sede do 710º,
a necessidade de compatibilidade substantiva entre os efeitos das execuções.
Trata-se de um pressuposto genérico de qualquer objecto processual – arts.º
186º/2 c) e 555º/1.
Cumulação superveniente
Art.º 711º - permite a cumulação de pedidos superveniente.
Não podem existir nenhuma das circunstâncias que impedem a cumulação, mas
dispensa-se a exigência de conexão funcional quando a execução iniciada com vista à
entrega de coisa certa ou de prestação de facto haja sido convertida em execução para
pagamento de quantia certa.
Coligação
Há coligação quando à pluralidade de partes corresponde uma pluralidade de pedidos
executivos subjectivamente diferenciados.
Quando ocorre cumulação de pedidos com cumulação de partes,
correspondendo a cada parte um pedido.
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Ana Rita Rodrigues
A falta de identidade funcional por força do 709º/1 b), assim como a ausência de algum
dos requisitos do 56º/1 (conexão adicional) deve levar o tribunal a notificar o exequente
para, ao abrigo do 38º, escolher a execução que pretende manter, sob pena de
indeferimento de todas.
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Ana Rita Rodrigues
Citação do executado
Após o despacho liminar do juiz há lugar à citação do executado.
O facto de uma pessoa ser citada para poder deduzir oposição e optar por não o fazer
não faz com que o exequente entre em revelia pois não existe nenhum ónus de oposição
à execuçao
Oposição à execução
Oposição à execução: meio processual pelo qual o executado exerce o seu direito de
defesa ou de contradição perante o pedido do exequente.
São os embargos de executado.
É uma verdadeira acção declarativa, com todas as garantias daí advenientes.
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Ana Rita Rodrigues
A qualidade do título que se executa tem relevância para se saber quais são os
fundamentos para a oposição à execução.
Consequências da acessoriedade
No plano do objecto do processo, o autor apenas pode invocar as causas de pedir
específicas admitidas pela lei nos arts.º 729º e 731º CPC e no art.º 857º quanto à
injunção.
Em contrapartida, a função de defesa permite que na execução de título diverso de
sentença, além dos fundamentos de oposição do 729º CPC na parte em que sejam
aplicáveis, possam ser alegados quaisquer outros que seria lícito deduzir como defesa
no processo de declaração – art.º 731º.
Pedido
A oposição à execução visa a extinção da execução.
Não se trata de uma sentença de condenação, pelo que conduz se os embargos forem
julgados procedentes, à extinção da acção executiva.
A extinção pode ser uma extinção por procedência de fundamento processual ou por
procedência de fundamento substantivo
Daí que a extinção da execução pode equivaler à absolvição da instância
executiva se o fundamento for processual ou à absolvição do pedido se o
fundamento for material.
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Ana Rita Rodrigues
Causa de pedir
A CP é heterogénea, mas será sempre um facto jurídico legalmente previsto pois é a lei
que determina o tipo de facto admissível e cuja demonstração conduz à extinção da
execução.
Fundamentos comuns
Excepções dilatórias
Relativamente à relação processual o oponente pode deduzir excepções dilatórias ao
abrigo do art.º 729º c) e, por remissão, dos arts.º 730º, 731º e 857º/1.
São:
- Incompetência absoluta e relativa do tribunal;
- A nulidade de todo o processo;
- Falta de personalidade ou capacidade judiciária;
- Falta de autorização ou deliberação que o autor devesse obter;
- Ilegitimidade de alguma das partes.
- A coligação indevida quando não exista a conexão exigida no 56º/1 CPC
- Falta de constituição de advogado quando imposto pelo 58º ou a falta,
insuficiência ou irregularidade de mandato judicial por parte do mandatário que
propôs a acção.
- Litispendência ou o caso julgado: arts.º 564º/1 c), 577º i), 580º, 581º e 582º/1 e
2.
Alguns destes vícios são sanáveis pelo que, ex vi art.º 6º/2, deve o juiz da oposição
promover oficiosamente a sua correcção por si próprio ou convidando o exequente ao
suprimento, consoante o regime do vício.
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Ana Rita Rodrigues
não verificação dos pressupostos dos arts.º 703º a 708º CPC ou de normas avulsas) e,
ainda a sua nulidade formal.
Relativamente à sentença esta não existe se o tribunal não tiver poder jurisdicional ou
se está despida da parte decisória exigida pelo art.º 607º/3.
Estes são fundamentos taxativos pelo que não se pode invocar outros vícios da
sentença.
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Ana Rita Rodrigues
o Pode ser invocado que a livrança foi subscrita e avalizada como caução
e garantia do bom pagamento duma fiança prestada pelo exequente aos
oponentes e que a fiança foi extinta e por isso o exequente nunca chegou
a desembolsar o que quer que fosse.
O pagamento parcial de uma letra de câmbio não lhe retira validade como título
executivo, mesmo no caso de na letra não ter sido feita menção do pagamento
parcial;
No caso de desconto de letras que não foram pagas nos seus vencimentos,
tendo ocorrido a sua devolução pura e simples pelo banco ao sacador
endossante, com a concomitante restituição, por parte deste ao banco, das
importâncias recebidas, se o sacador pretende dar à execução, de duas uma:
o Risco os endossos a favor da entidade bancária readquirindo a sua plena
legitimidade como portador dos títulos nos termos do art.º 16º LULL;
o Terá de alegar no requerimento executivo os factos justificativos da
detenção das letras, ou seja, de como sucedeu ao banco endossado na
qualidade de legítima
Constando do teor da letra o lugar onde deve ser paga, não pode o título ser
dado a execução sem que o mesmo tenha sido aí apresentado;
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Ana Rita Rodrigues
No cheque de conta colectiva, cada titular será o único e exclusivo sacador nos
cheques que emitiu, obrigando-se cambiariamente com a aposição da sua
assinatura, enquanto os restantes titulares não passaram de ter a qualidade de
sacadores, nem se obrigaram cambiariamente.
Sede específica: art.º 729º g) para onde remetem os arts.º 730º, 731º e 857º CPC.
Alguma jurisprudência defende que esses factos devem ter existência actual no
momento em que são invocados, não podendo estar dependentes de um evento futuro
e incerto, maxime, uma sentença transitada em julgado.
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Ana Rita Rodrigues
Execução de sentença
Sendo uma sentença existem várias restrições à oposição de factos impeditivos,
modificativos e extintivos constantes do art.º 729º g).
São fundamentos:
Vícios da acção declarativa;
Falsidade do processo declarativo, por exemplo, situação em que alguém forjou
a decisão que constitui título executivo;
Vício da acção declarativa anterior, por exemplo, situação em que há caso
julgado anterior à própria decisão que se executa. Uma segunda decisão
contraditória da anterior não pode ser executada e constitui fundamento de
oposição à execução.
Como 1ª restrição apenas se admite facto extintivo ou modificativo que seja posterior ao
encerramento da discussão na acção declarativa.
Apenas se estão a admitir factos objectivamente supervenientes.
Têm de ser posteriores ao encerramento da discussão no processo de
declaração onde a sentença foi proferida. Factos que em si mesmos sejam
posteriores a esse acto processual.
Por isso, não podem ser factos que, quanto à existência e conteúdo da obrigação
exequenda já tivessem sido definidos na sentença condenatória que serve de
título executivo ou, pudessem ter sido alegados e, como tal foram precludidos
pelo caso julgado, ou seja, factos velhos.
E se o executado não alegou esses factos, seja porque não tinha conhecimento, sem
culpa, ou não dispunha do documento necessário para os provar?
Se forem factos anteriores mas subjectivamente supervenientes?
No plano literal, o STJ já enunciou que factos anteriores, mesmo quando o
executado deles não tinha conhecimento ou não dispunha do documento
necessário para os provar, não podem servir de fundamentos de oposição à
execução.
TS admite estes factos desde que importem a situações que permitam recurso
de revisão de sentença – art.º 696º c) e laborando com a própria admissão de
oposição à execução superveniente no art.º 728º/2 CPC.
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Ana Rita Rodrigues
Como segunda restrição, o facto que deve ser objectivamente superveniente deve ter a
qualidade de facto extintivo ou modificativo da obrigação.
A exclusão dos factos impeditivos decorre da sua natureza necessariamente não
superveniente.
Como terceira restrição temos o art.º 729º g) que dita que as excepções perentórias
supervenientes apenas poderão ser provadas por documento, ou seja, exige-se a prova
documental.
Esta exigência suscita algumas dúvidas. O que justifica esta restrição? Vale para todas
as situações?
TS: tem uma posição isolada porque entende que temos que fazer uma aplicação
bastante restritiva desta exigência.
Temos que ter presente que a lei dispensa esta exigência de prova documental face à
prescrição.
Também no art.º 860º, quanto às benfeitorias como fundamento da oposição também
não faz sentido que tenham de ser provadas por meio documental.
Conclui TS que esta exigência só faz sentido quando a lei a exige.
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Ana Rita Rodrigues
RP considera que se deve lidar com esta alínea da mesma forma que se lida com a
alínea g), ou seja, exige-se que o crédito seja superveniente e exige-se prova
documental.
Para efeitos de superveniência o que importa é o facto constitutivo do crédito.
Ónus da prova
O ónus cabe ao embargante.
Contudo temos duas restrições:
Relativa à prova da verificação da condição suspensiva: aqui e com base no
regime do CC, o 715º/1 estabelece que tem de ser o exequente a provar essa
condição suspensiva;
No caso de ser embargada a assinatura do título executivo, cabe ao
apresentante do título a prova da veracidade desse mesmo documento
Pressupostos processuais
Os embargos de executado são processo declarativo, logo são exigíveis todos os
pressupostos processuais exigidos em qualquer acção declarativa.
Sendo uma nova relação processual exige-se que o executado assegure a presença
dos pressupostos processuais positivos e comuns a qualquer causa.
É competente o tribunal da execução para o apenso da oposição à execução por força
do art.º 91º/1 CPC.
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Ana Rita Rodrigues
Também o cônjuge goza de legitimidade activa nos termos do art.º 787º/1, apesar de
não ser executado.
Na oposição à execução não pode haver intervenção de terceiro pois esta intervenção
supõe uma extensão decisória da oposição que ultrapassa a respectiva função
acessória de estrita extinção a execução.
Tem de existir essencialmente quando tem de haver a participação do cônjuge para
entrega de coisa certa.
Quanto ao interesse processual temos de ter presente que a oposição à execução vale
nos fundamentos previstos na lei.
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Ana Rita Rodrigues
Do art.º 733º/1 decorre que o recebimento dos embargos não suspende a marcha do
procedimento executivo.
Se a oposição não chegar sequer a ser recebida, sendo liminarmente rejeitada, não
pode haver suspensão da execução quando seria admissível.
Para se poder decretar a suspensão da execução é condição indispensável o prévio
recebimento dos embargos. Se não forem recebidos a instância fica extinta, não
havendo nada a suspender.
Se a execução não for suspensa nenhum credor pode ser pago sem prestar caução,
enquanto estiver pendente a oposição à execução.
Prestação de caução
Tem natureza incidental nos termos dos arts.º 906º e ss CPC sendo processada por
apenso à causa pendente.
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Ana Rita Rodrigues
Não havendo ainda penhora a caução deve cobrir o pagamento da dívida, mais os juros
se estes tiverem sido pedidos.
Havendo penhora ou garantia real, a caução cobrirá apenas o eventual diferencial
estimado entre o valor garantido pela penhora e o estimado.
Notificação pessoal
O exequente será notificado para contestar em 20 dias – art.º 732º/2.
A notificação deve ser feita pessoalmente nos termos dos arts.º 225º/2 ex vi art.º 250º.
Oposição superveniente
O 728º/2 aceita que possa haver oposição deduzida depois deste momento quando ela
se baseie em factos que ocorreram ou forma conhecidos depois daquele prazo inicial.
Estes novos factos terão de ser sempre os permitidos pelos arts.º 729º a 731º e 857º.
Sentença
A sentença de oposição deve ser proferida no prazo máximo de 3 meses contados da
PI – art.º 723º/1 b).
Sendo vários oponentes, o prazo de 3 meses é contado singularmente e não a
partir da última citação de executado – arts.º 728º/3 e 569º/2.
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Ana Rita Rodrigues
Fará caso julgado formal nos termos do art.º 620º/1 CPC pois recai unicamente sobre a
relação processual.
Tem força obrigatória apenas dentro do processo.
Efeitos secundários: a venda fica sem efeito salvo se, quando sendo parcial a
procedência, a subsistência da venda seja compatível com a decisão tomada – art.º
839º/1 a).
O exequente terá de pagar as custas da execução e do próprio incidente de oposição à
execução.
As penhoras pendentes serão levantadas embora por efeito da extinção da execução.
LF: critica a posição de TS pois entende que nem ocorre caso omisso nem analogia se
verifica.
Não há caso omisso, porquanto se o litisconsórcio necessário for legal então temos a
extensão do caso julgado ao ausente que decorre da natureza do litisconsórcio. O
mesmo sucede no caso de litisconsórcio necessário natural pois não revestiria utilidade
o prosseguimento da execução apenas contra o executado que não se opôs à
execução.
Se for um litisconsórcio necessário convencional é defensável que a não dedução de
oposição impede o executado de se prevalecer da situação integradora do litisconsórcio,
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Ana Rita Rodrigues
LF: devido às restrições probatórias do art.º 732º, tem que ser feita uma ponderação
casuística.
Se o direito à prova tiver sido efectivamente limitado, a parte poderá provar em acção
autónoma que foi impedida de usar testemunhas que poderiam ter influenciado a
decisão final e com isso pedir a restituição do indevido.
RP: há que distinguir entre os fundamentos com e sem aptidão para alcançar o valor de
caso julgado material.
Considera que quando o fundamento diga respeito à existência ou exigibilidade da
dívida, a oposição surge como uma acção e revogação de um título e que a inexistência
não é apenas o fundamento da decisão, mas também o objecto da mesma e por isso,
quando esta sentença transita em julgado, ela adquire força de caso julgado material.
Este entendimento é consentâneo com o art.º 732º/5 que afirma que a decisão de mérito
proferida nos embargos à execução constitui caso julgado quanto à existência, validade
e exigibilidade da obrigação exequenda, impedindo assim que o exequente proponha
nova acção executiva sucessiva.
Síntese
O recebimento dos embargos, regra geral a oposição não suspende a execução.
Contudo pode acontecer que haja lugar à suspensão da execução – art.º 733º/1
e 5.
No caso de haver suspensão, a eficácia dos actos já praticados mantém-se, não
se levantando a penhora já realizada. Contudo não se aceita mais nenhum acto
processual executivo de venda ou pagamento.
A única restrição à suspensão prende-se com a possibilidade de realizar o
apenso de verificação e graduação de créditos quando, antes da suspensão,
tenha já havido citação dos credores – art.º 733º/2.
Ainda que não determine a suspensão da execução impede que os credores sejam
pagos não sua pendência sem que prestem caução – art.º 733º/4 – ou o caso de a
penhora incidir sobre a habitação efectiva do embargante – art.º 733º/5.
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Ana Rita Rodrigues
Art.º 732º/5 : faz caso julgado quanto à existência, validade e exigibilidade da obrigação
exequenda.
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Ana Rita Rodrigues
Nestes casos não se pode logo por a acção contra os dois pois só um
consta do título. Há que suscitar o incidente de comunicabilidade da
dívida.
Art.º 1693º/2;
Art.º 1694º/1
Pode haver dívidas comum nos casamentos em que o regime que vigora é o
da separação de bens.
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Ana Rita Rodrigues
Dívidas comunicáveis:
o Regime de separação de bens: cada um dos cônjuges responde por 50%
da dívida, podendo ser penhorados os bens próprios de cada um deles
até metade do valor da dívida;
Dívidas próprias:
o Regime de separação de bens: não existem bens comuns, pelo que só
podem ser penhorados os bens próprios do cônjuge devedor – art.º
1696º/1 1ª parte
Se for penhorado um bem imóvel ou um estabelecimento comercial,
ainda que seja um bem próprio numa execução por dívida própria, o art.º
786º/1 a) obriga à citação do cônjuge.
A falta de bens determina a inaplicabilidade do art.º 82 pois o seu fim é a
tutela de bens comuns.
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Ana Rita Rodrigues
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Importa sempre ter presente que bens comuns não se confundem com dívidas
comunicáveis!!
Se o cônjuge compra um bem e há comunhão de bens (geral ou de adquiridos) o bem
é comum, mas a dívida pode ser própria se não estiverem verificadas as situações de
comunicabilidade da dívida.
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No regime da separação de bens não se lhe aplica o art.º 1695º/1 pois não há comunhão
de bens. Quanto muito há bens em compropriedade.
Apenas se encontram bem próprios no património de cada cônjuge pelo que não
há relações de subsidiariedade na responsabilidade por dívidas dos cônjuges.
Pelas dívidas de responsabilidade de ambos podem responder de imediato
todos os bens dos cônjuges, que respondem como devedores parciários e não
como solidários pois a sua responsabilidade não é solidária – art.º 1695º/2.
O credor apenas pode pedir a cada cônjuge a respectiva quota-parte na
prestação.
Será terceiro sempre que a penhora dos bens comuns não tenha sido acompanhada da
sua citação imposta pelos arts.º 740º/1 e 735º/2, sem prejuízo do art.º 786º/6.
Aqui a procedência dos embargos dita o levantamento da penhora, mas o
exequente poderá requerer a penhora dos mesmos bens, agora citando o
cônjuge.
Não será terceiro para efeitos do art.º 343º, sendo os embargos de indeferir quando a
penhora dos bens comuns tiver sido acompanhada da sua citação, para promover a
separação dos bens.
A promoção da separação dos bens é um poder processual específico do
cônjuge do executado – art.º 787º.
Penhora
Após a fase de oposição à execução iniciam-se os actos preparatórios do pagamento
ao exequente – nomeadamente a penhora e a venda dos bens penhorados
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Ana Rita Rodrigues
É legitimada pelo art.º 817º CC: sendo o património do devedor a garantia geral
dos credores (art.º 601º) tudo o que integra o património é susceptível de ser
penhorado.
Art.º 735º CC: só em casos excepcionais estabelecidos na lei é que o património
de terceiro pode responder pela dívida, desde que sejam executados.
Efectivamente a penhora pode ser feita quando os bens d devedor estejam na
posse de terceiro – art.º 54º/4 e 747º/1, cabendo depois a esses terreiros
embargar de terceiro se entenderem que têm um direito legitimamente oponível
ao exequente.
No fundo será o acto de apreensão judicial de bens para ulterior venda executiva.
O acto de penhora não cumpre uma função sancionatória mas antes uma função
instrumental.
Visa acautelar o exercício do direito de execução sobre o património do devedor.
Desempenha uma função de garantia do cumprimento de obrigações.
O acto da penhora tem por objecto toda e qualquer situação jurídica activa disponível
de natureza patrimonial, integrante da esfera jurídica do executado, cuja titularidade
possa ser transmitida forçosamente nos termos da lei substantiva.
Objecto imediato: são sempre direitos patrimoniais os que são susceptíveis de serem
penhorados.
Princípios da penhora:
Princípio da economia – art.º 751º/1: há aqui uma ideia de economia de meios.
E este princípio que justifica que haja preferência pela penhora de salário. Diz-
nos para irmos ao património do executado e ver o que é que lá existe que seja
de mais fácil penhora.
Princípio da proporcionalidade – há um limite máximo e um limite mínimo para a
penhora (art.º 735º/3).
Não devem ser penhorados mais do que os bens necessários para satisfazer a
divida, contudo há uma excepção a isto no art.º 751º/3.
Há também ainda uma ideia delimite mínimo que nos diz que não podem ser
penhorados bens que não sejam suficientes para se pagar o crédito do
exequente.
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Art.º 735º/2: admite que nos casos especialmente previstos possam ser penhorados
bens de terceiro à dívida.
Condição: a execução tenha sido movida contra o terceiro.
Aqui é terceiro em relação à dívida, não podendo ser terceiro ao processo.
Por isso há-de ter legitimidade:
- Art.º 54º/2 CC: um sujeito que tenha dado em garantia real de uma
dívida alheia a um bem seu;
- Art.º 818º e 616º/1 CC: um terceiro contra quem tenha sido obtida com
sucesso sentença de impugnação pauliana.
Trata-se de uma extensão subjectiva do âmbito primário da penhora a quem não é
devedor, sendo antes terceiro à dívida.
Assim, o devedor subsidiário não está abrangido pelo que o fiador e o sócio de
sociedade de responsabilidade ilimitada estão sujeitos à penhora nos termos do art.º
735º/1.
Art.º 747º/1: os bens do executado são apreendidos ainda que, por qualquer título, se
encontrem em poder de terceiro, sem prejuízo dos direitos a que este seja lícito opor ao
exequente.
Aqui o objecto da penhora não é o direito do terceiro, contudo ela irá restringir ou mesmo
suprimir direitos de terceiro que não sejam licitamente oponíveis ao exequente.
Devemos ainda ter presente que o que se penhora não é o bem mas sim o direito que
o executado tem sobre esse bem.
Daí que o direito de uso fruto seja penhorável, o direito de aquisição, o direito de
superfície.
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IV. Princípio da adequação: dentro dos bens que caibam no valor determinado
pelo princípio da proporcionalidade, devem ser penhorados os bens que melhor
se adequem ao interesse do credor, sendo mais facilmente transmissíveis e
resultando num melhor produto de venda.
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Fica claro que as partes podem restringir o objecto da penhora, mas não podem esvaziar
o direito à execução pois este é um direito irrenunciável.
Relativa: há uma massa que responde preferencialmente pel dívida e outra que
responde subsidiariamente.
Não havendo autonomia patrimonial temos um fenómeno de responsabilidade
subsidiária.
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Art.º 697º CC: o devedor que for dono da coisa hipotecada tem o direito
de se opor não só a que outros bens sejam penhorados na execução
enquanto não se reconhecer a insuficiência da garantia; e que,
relativamente aos bens onerados a execução se estenda além do
necessário à satisfação do direito do credor.
O agente de execução está vinculado a esta norma, pelo que não pode
deixar de promover primariamente a penhora dos bens sobre os quais
incida a garantia do exequente, salvo se o exequente tiver renunciado ou
expressamente não pretender exercer a garantia.
Só na sua falta irá penhorar outros bens do devedor, embora no caso do
54º/3 somente depois de ele estar na acção como executado.
Têm de se esgotar primeiro os bens do devedor sobre os quais incide a
garantia real devido ao benefício da excussão real do art.º 697º CC.
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Impenhorabilidades
Não obstante a regra geral do art.º 735º/1 que sujeita todos os bens do devedor à
penhora para responderem pela dívida exequenda, existem certos bens que estão
sujeitos a impenhorabilidades legais.
Conjuga-se o art.º 735º1 CPC com o art.º 601º CC
Impenhorabilidades:
Absolutas: aqui há uma isenção total da penhora!!
o Art.º 736º
o São absolutamente impenhoráveis pois estão aqui em causa garantias
constitucionais, devendo entender-se que a dimensão patrimonial da
esfera jurídica das pessoas é um meio para o desenvolvimento da sua
dimensão pessoal.
o A alínea a) conjuga com o art.º 280º CC que dita a nulidade do negócio
jurídico.
Não faria sentido preparar um objecto para a venda executiva que viria a
ser nula, tendo em conta a natureza do bem.
o Está aqui subjacente uma ideia de custo-benefício pois a penhora é
sempre oneradora da esfera do devedor e, portanto, só deve ser feita
quando o benefício que o credor retira dela seja muito superior.
o Daí que a alínea c) vede a penhorabilidade dos bens de valor diminuto
pois não aproveitariam ao exequente.
o Na alínea d) não se exige que o local de culto esteja aberto todo ano mas
somente que a frequência com que abre seja necessária apara a
formação do culto.
o Na alínea e) faz-se referencia aos túmulos.
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Procedimento de penhora
Actos preparatórios:
o Se o exequente indicou bens do executado, o agente tem de respeitar a
indicação, ficando dispensado de procurar bens, salvo se as indicações
ofenderem norma legal imperativa, o princípio da proporcionalidade ou o
art.º 751º/1.
Não podem ser penhorados imediatamente determinados bens,
beneficiando de uma moratória temporal = art.º 751º/3.
Este preceito requer um juízo de prognose.
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O facto de o crédito anda não estar vencido não é motivo pra que este crédito do
terceiro não possa ser penhorado, podendo ainda considerar-se créditos futuros
do executado sobre o terceiro.
Também o facto de existirem outros credores desse crédito sobre o terceiro não
é motivo de impedimento, contudo há que ter em conta o regime da
solidariedade.
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Regimes especiais:
Art.º 774º: para títulos de crédito – tem de haver apreensão.
Neste caso poe-se o problema da natureza do bloqueio pois até ele acontecer
não há penhora.
Entende que não é uma pré-penhora, não obstante pelo art.º 781º/4 o executado
perder qualquer forma de movimentar as quantias e, por ser uma
indisponibilidade semelhante às do art.º 720º CC quanto às penhoras de crédito.
Parece a TS que a circunstancia da penhora, quando se efetivar retroage ao
momento do bloqueio, contudo não será uma pré-penhora.
Concretamente a fase da penhora resulta do art.º 780º/9.
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Não esquecer que na forma sumária, com esta notificação também ocorre a
citação para a execução, podendo o executado deduzir cumulativamente
oposição à execução e à penhora (856º);
Formas de defesa:
Oposição à penhora por parte do executado;
Embargos de terceiro;
Oposição à penhora por simples requerimento.
Efeitos da penhora
Os efeitos da penhora podem ser arrumados em dois grupos:
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Oposição à penhora
Seja qual for o meio utilizado, o pedido é sempre o mesmo: levantamento da penhora -
extinção da penhora mediante a sua revogação.
Quanto aos meios temos:
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Na forma ordinária:
O prazo é de 10 dias a contar do ato de penhora
(785º/1 CPC);
Não tem efeito suspensivo, a menos que o
executado preste caução (785º/3 CPC), embora
nenhum credor possa ser pago, durante a
pendência do incidente, sem prestar caução
(785º/6 CPC);
Protege-se a casa de morada de família (733º/5,
ex vi 785º/4 CPC);
Na forma sumária:
O incidente corre em termos cumulados com a
oposição à execução, sendo o executado citado e
notificado do ato de penhora no mesmo momento,
sendo o prazo de 20 dias a contar do ato de
penhora (856º/1);
A oposição à penhora não tem autonomia
procedimental, a menos que o executado apenas
deduza oposição à penhora;
Se forem deduzidas ambas as oposições de forma
cumulada, o efeito suspensivo da oposição à
execução estende-se à oposição à execução;
Qualquer outro vício, que não caiba nos outros dois meios de
impugnação, utiliza-se este meio;
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Citação do cônjuge
A citação será promovida pelo agente de execução por via postal – art.º 228º e, no caso
de esta se frustar, será efectuada mediante contacto pessoal do agente com o
executado – arts.º 231º e 232º.
A pura e simples falta de citação do cônjuge do executado imposta pelo art.º 786º/2 tem
o mesmo efeito que a falta de citação do réu, o que implica que segue o regime geral
da nlidade primária da falta de citação.
Esta falta de citação fica sanada se ele intervier na execução sem logo arguir
esta falta de citação – art.º 189º/1.
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É o agente de execução eu, quando penhorar os bens comuns que haja escolhido,
deverá citar o cônjuge do executado – art.º 740º/1 para este poder requerer a separação
dos bens.
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Contudo a nulidade pode ser suprida por repetição do acto de citação do cônjuge
– art.º 202º CC.
Citado nos termos dos arts.º 740º/1 e 786º/1 a) 2ª parte, o cônjuge pode no prazo para
a posição (20 dias) – art.º 740º/1 – requerer a separação dos bens (art.º 825º/5) ou
juntar certidão de ação de separação pendente já requerida.
Fica suspensa a execução mas não o fica a penhora.
Após a penhora ocorre, a par da citação do cônjuge, ocorre a citação dos credores
reclamantes.
Art.º 785º/ 1, 2 e 5.
São citados pelo agente de execução que tem competência para tal – art.º 719º/1.
Quanto aos direitos reais de garantia que não estejam registados, eles são conhecidos
no processo por alguma das vias especialmente criadas para o efeito:
O exequente pode indicar credores que conheça no requerimento executivo;
O executado tem o dever de indicação de direitos, ónus e encargos não
registáveis que recaiam sobre o bem penhorado, no prazo da oposição e sob
pena de condenação como litigante de má-fé = art.º 753º/3;
Oficiosamente pelo agente de execução no acto de apreensão do bem = art.º
747º/2;
O juiz pode conhecer oficiosamente da existência de uma garantia real
O credor que seja conhecido por alguma destas vias deve ser citado.
O credor desconhecido do processo pode reclamar espontaneamente o seu crédito –
art.º 788º/3.
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