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Conceito de Políticas Públicas e

Atores Sociais

Durante os séculos XVIII e XIX, as principais funções do Estado eram a segurança pública e a defesa
em caso de embate externo. Contudo, com a expansão da democracia, houve muitas mudanças com
relação às responsabilidades do Estado perante a sociedade. Atualmente, pode-se dizer que a sua
principal função é proporcionar o bem-estar à mesma.

Para tal, o Estado necessita desenvolver diversas ações e atuar em diferentes campos, como
educação, saúde, segurança, ​meios de transporte público, meio ambiente etc. Para alcançar frutos
em tais áreas, o governo se utiliza das ​Políticas Públicas​.

Conceito de Políticas Públicas


As Políticas Públicas são um conjunto de decisões, planos, metas e ações governamentais (seja a
nível nacional, estadual ou municipal) voltados para a resolução de problemas de ​interesse público
– que podem ser específicos, como a construção de uma ponte ou gerais, como melhores condições
na saúde pública.

Através de grupos organizados a sociedade faz seu apelo aos seus representantes - vereadores,
deputados e senadores, membros do ​poder legislativo​, e estes mobilizam os componentes do
poder executivo - prefeitos, governadores e até mesmo o Presidente da República, para que
atendam as solicitações da população.

É importante ressaltar que a existência dos grupos organizados e suas reivindicações não são
garantia de que suas expectativas serão atendidas, pois no processo das Políticas Públicas, é
realizada uma seleção de prioridades que visa responder as demandas das áreas mais vulneráveis
da sociedade, o que certamente não abrangerá todas as questões. É preciso que tais reivindicações
ganhem força através de mobilizações sociais e chamem a atenção das autoridades.

Políticas Públicas e os Atores Sociais


São chamados de ​atores políticos ​ou ​atores sociais os membros dos grupos que integram o
sistema político. Em todo o procedimento das políticas públicas, desde o questionamento até a
execução, há basicamente dois tipos de atores: os ​estatais​ou ​públicos – provenientes do Governo
ou do Estado, aqueles que exercem funções públicas e mobilizam os recursos associados a estas
funções, ou seja, os políticos, eleitos pela população para um determinado período, e os servidores
públicos, que atuam no segmento burocrático; e os ​privados – provenientes da sociedade civil,
compostos por sindicatos dos trabalhadores, empresários, grupos de pressão, centros de pesquisa,
imprensa, associações da ​Sociedade Civil Organizada (SCO)​, entre outras entidades.

Os políticos são escolhidos pela sociedade com base em suas concepções e propostas durante o
período eleitoral e, quando eleitos, buscam executá-las. Os servidores públicos, componentes da
burocracia​, controlam recursos e informação e operam no processo de efetivação das políticas
públicas definidas. A princípio, a burocracia é neutra, mas por muitas vezes este princípio é
corrompido por ​interesses pessoais​, o que implica na cooperação ou impedimento das ações
governamentais. Além disso, os burocratas também possuem projetos políticos, sejam eles pessoais
ou organizacionais; por isso é comum ver disputas não somente entre políticos e burocratas, mas
também entre burocratas de diversos setores governamentais.

Já os atores privados são aqueles que não possuem vínculo direto com a administração do Estado.
Dentre os principais grupos, tem-se:

Trabalhadores
A força deste grupo resulta da ação organizada, pois atuam através de seus sindicatos, que
geralmente são ligados a partidos, ONGs e, às vezes, até mesmo igrejas. Dependendo da
importância do setor no qual atuam, podem ter um maior poder de pressão;

Empresários
Este grupo exerce uma enorme capacidade de influir nas políticas públicas, visto que podem afetar a
economia do país. Os empresários mobilizam seus lobbies (do termo lobby, que significa a atividade
de pressão que tem como objetivo inferir diretamente nas decisões do poder público em favor de
interesses privados) para encaminhar suas demandas aos atores públicos. Podem se manifestar
como atores isolados ou coletivos;

Grupos de interesse e grupos de pressão


Os grupos de interesse são formados por pessoas que compartilham o mesmo desejo e trabalham
para conquistar seus objetivos. Já os grupos de pressão são formados por pessoas que possuem o
objetivo de influenciar determinada decisão de caráter público. Muitas vezes, esse tipo de pressão
acontece de forma direcionada ao Legislativo, porém, pode incidir também sobre os meios de
comunicação, o Judiciário e o Executivo. Também é comum tais grupos apoiarem determinados
partidos políticos e alguns possuem recursos financeiros e organizacionais;

Organizações de Pesquisa
Podem ser formadas por universidades ou organizações especializadas em pesquisas relacionadas
às políticas públicas. Com essas pesquisas, eles propõem soluções práticas para problemas sociais
e assim, influenciam no processo de políticas públicas;

Mídia
A mídia possui grande influência quando o assunto é a definição de empasses relacionados ao
governo. São formadores de opinião que possuem credibilidade na sociedade e por isso são capazes
de mobilizar um grande número de pessoas. Além disso, possuem certo domínio sobre as políticas
públicas.

Portanto, as políticas públicas envolvem um processo complexo, constituído por um fluxo de


decisões e ações praticadas por diversos indivíduos e órgãos, que acarretará diretamente no
equilíbrio - ou desequilíbrio, social.
Fases das Políticas Públicas
O Ciclo das Políticas Públicas apresenta vários estágios:

● Agenda​, em que são selecionadas as prioridades;


● Formulação​, em que são apresentadas soluções ou alternativas;
● Implementação​, em que são executadas as políticas;
● Avaliação​, em que ocorre a análise das ações tomadas.

Na teoria, são estas as fases que correspondem às ​Políticas Públicas​, mas na prática, tais etapas
se misturam entre si e nem sempre seguem a sequência proposta, sendo tal segmentação mais
significativa para uma melhor compreensão do assunto.

Formação de Agenda
Dada a impossibilidade de que todos os problemas existentes na sociedade sejam atendidos, pois os
recursos necessários para tal ação são escassos em relação à quantidade de problemas, a primeira
fase correspondente à formação de agenda é necessária para que sejam estipuladas as questões a
serem discutidas pelo governo. Portanto, este processo de se estabelecer uma listagem dos
principais problemas da sociedade envolve a emergência, o reconhecimento e a definição dos
problemas em questão e, consequentemente, os que não serão atendidos.

O que vai determinar a inserção ou não inserção de um ​problema público em uma agenda? Dentre
uma série de fatores, pode-se citar por exemplo, a existência de indicadores ou dados, que mostram
as condições de uma determinada situação; e o resultado obtido com ações governamentais
anteriores que apresentaram falhas nas providências adotadas. Os desdobramentos políticos (como
por exemplo, as mudanças de governo) também são poderosos formadores de agenda, pois isso
está relacionado à visão dos políticos eleitos sobre os temas que devem ou não receber prioridade.

Cabe ressaltar que, mesmo que uma questão seja listada na Agenda, isso não significa que terá
prioridade em relação às outras, pois tal prioridade ocorre com a junção de diversos fatores, como a
própria vontade política, uma forte mobilização social e a avaliação de custos para a resolução do
problema em questão.

Formulação de Políticas Públicas


A partir do momento em que os problemas são inseridos na agenda, é preciso planejar e organizar
as alternativas que serão colocadas em prática para a solução dos mesmos. É o instante em que se
deve definir o objetivos das políticas públicas, as ações que serão desenvolvidas e suas metas.
Sendo assim, muitas propostas de ação são descartadas, o que provoca embates políticos, visto que
determinados grupos teriam tais ações – que foram deixadas de lado, favoráveis a eles.

Pode-se definir como necessários a uma boa formulação de políticas os seguintes passos: a
transformação de estatísticas em dados importantes para a solução dos problemas; identificação dos
principais atores envolvidos e a avaliação das preferências dos mesmos; e ação com base nas
informações adquiridas.

A avaliação das alternativas deve acontecer de forma objetiva, levando-se em conta algumas
questões, como ​viabilidade financeira​, legal e política, e também os riscos trazidos pelas
alternativas em estudo. Desta forma, opta-se por aquelas que seriam mais convenientes para o
cumprimento do objetivo.

Implementação de Políticas Públicas


É na implementação que os planos e escolhas são convertidos em ações, resultados. Durante este
período, as políticas podem sofrer diversas transformações dependendo da posição do corpo
administrativo, que é o responsável pela execução da política.

Nesta fase, alguns elementos podem prejudicar o processo das políticas, como por exemplo: disputa
pelo poder entre organizações; contexto social, econômico e tecnológico das políticas; recursos
políticos e econômicos; treinamento do setor administrativo responsável pela execução e o apoio
político à disposição. Embora seja mostrada uma carência de recursos frente às necessidades
públicas, por muitas vezes, os programas governamentais são falhos, havendo mais deficiência na
gestão do que falta de recursos propriamente dita. Dentre as disputas entre organizações, é
interessante dizer que, quanto maior o número de organizações estiverem envolvidas no processo de
implementação das políticas – dependendo do nível de colaboração entre elas, maior será o número
de ordens a serem resolvidas, o que demanda maior tempo para a realização das tarefas.

Há dois ​modelos de implementação das Políticas Públicas: o de ​Cima para Baixo (modelo
centralizado, aplicação do governo para a sociedade) e o de ​Baixo para Cima (modelo
decentralizado, aplicação da sociedade para o governo). No modelo de Cima para Baixo, poucos
funcionários participam das decisões e formas de implementação. Trata-se de uma concepção
hierárquica da administração pública, sendo tais decisões cumpridas sem indagações. No modelo de
Baixo para Cima, os favorecidos pelas políticas, atores públicos e privados, são chamados para
participar do processo.

Para o desenvolvimento de um bom processo de implementação, é necessário que, dentre outros


fatores: o programa disponha de recursos suficientes; a política implementada tenha um
embasamento teórico adequado em relação ao problema e a sua solução; haja uma só ​agência
implementadora ou baixo nível de dependência entre elas; exista completa compreensão dos
objetivos a serem atingidos, bem como das tarefas a serem realizadas; e ocorra aprimorada
comunicação entre os elementos envolvidos no programa.

Avaliação de Políticas Públicas


Na avaliação ocorre o processo de coleta de dados e análise do programa adotado, o que permite a
percepção dos erros e pode levar ao aperfeiçoamento posteriormente. Portanto, esta fase: analisa os
impactos, a eficiência, eficácia e sustentabilidade das ações desenvolvidas; possibilita a correção,
prevenção de erros e a criação de novas informações para futuras políticas públicas; permite que a
administração faça a devida prestação de contas das atitudes tomadas; responde se os resultados
produzidos estão se saindo da maneira esperada e identifica os obstáculos que dificultam o
desenvolvimento do processo; além de fomentar a comunicação e a cooperação entre os diversos
atores.
Para se averiguar uma ação, a Avaliação deve responder se os resultados ocorreram em tempo
viável, se os custos para a produção foram adequados e se o produto corresponde aos objetivos da
política, sendo estes requisitos relacionados à eficácia e eficiência do desenvolvimento. Quanto ao
impacto, deve-se analisar a relevância de tais modificações, as áreas afetadas e a cooperação dos
componentes políticos na obtenção de seus objetivos. Em relação à sustentabilidade, uma política
deve manter seus efeitos positivos após o fim das ações governamentais direcionadas a tal política.

Em relação aos responsáveis pela avaliação, pode-se dividir de duas formas: ​avaliação interna –
feita pelos responsáveis pela gestão do programa, e ​avaliação externa – feita por especialistas não
participantes do programa. A avaliação interna é vantajosa no sentido de que, por estarem
incorporados ao programa, além de um maior conhecimento sobre tal, terão também acesso mais
facilitado às informações de que precisam. Já a avaliação externa conta com uma importante
imparcialidade, o que gera uma maior credibilidade em relação ao público externo, mas tem como
desvantagem um gasto maior de tempo – e dinheiro, até que se habituem com o objeto de estudo.

O fato da Avaliação ser colocada como a última fase, não quer dizer que ela deve ser utilizada
apenas no fim da atuação política. A avaliação pode/deve ser feita em todo o processo de Políticas
Públicas, contribuindo para um bom desenvolvimento das ações minimizando as chances de
insucesso.

Burocracia no Processo de Formulação


e Implementação
Uma das definições de ​burocracia​, é que trata-se de um grupo ou organização que,
hierarquicamente, trabalha de maneira usual, costumeira; entretanto, não pode ser vista como uma
simples realizadora que está indiferente às resoluções políticas, pois é composta por membros que
possuem seus próprios interesses e que os mesmos fogem à neutralidade.

A burocracia possui um domínio da informação sobre o que ocorre nas ações públicas, tem uma fácil
acessibilidade por meio de contatos e consequente influência na estrutura administrativa
(principalmente no processo de implementação), além de estar disposta de uma forma permanente
na organização da ​formulação e ​implementação das políticas públicas. Tais recursos proporcionam
à burocracia um papel de maior destaque do que é previsto nas avaliações tradicionais.

Modelos de Tomada de Decisão


Existem diversas maneiras de se considerar soluções em resposta aos problemas públicos.
Destacam-se os modelos: ​Racional​(H. Simon), ​Incremental (Lindblom), ​Análise misturada (Etzioni)
e ​Irracional​ (Cohen, March e Olsen).

Modelo Racional
Este modelo baseia-se no pensamento de que a racionalidade é imprescindível para a tomada de
decisão. Considera as informações perfeitas, as trata com objetividade e lógica e não considera as
relações de poder. No modelo racional, primeiro se estabelece um objetivo para solucionar o
problema, depois se explora e define as estratégias para alcançar o objetivo, estimando-se as
probabilidades para tal, e por fim, a estratégia que parecer cabível é escolhida.
Modelo Incremental
O modo incremental situa-se na abordagem de racionalidade limitada, retratando as impossibilidades
do racionalismo e praticando o foco nas informações. É um modelo descritivo, reconhece que a
seleção de objetivos depende dos valores e a implementação estará sujeita a intervenções, visto que
cada ator envolvido tem sua própria percepção do problema. Este modelo considera que, por mais
apropriado seja o fundamento de uma alternativa, a decisão envolverá relações de poder. Desta
forma, a decisão mais conveniente é formada a partir de um consenso e objetiva garantir o acordo
entre as partes interessadas.

Modelo da Análise Misturada (mixed-scanning)


Este modelo combina características dos dois modelos anteriores. Dispõe uma racionalidade
bidimensional e prevê dois níveis de decisão: fundamentais, estratégicas e racionais em relação às
decisões a seguir; e incremental, que consiste em uma comparação das opções selecionadas de
forma racional. Esta análise permite mais inovação do que o modo incremental, sem precisar impor o
processo radical do modo racional.

Modelo Irracional (lata de lixo)


Este modelo trata do processo de decisão em ambientes e objetivos ambíguos, que podem ser
chamados de “anarquias organizadas” e subverte a lógica solução-problema para problema-solução.
Para os que defendem esta ideia, o processo de tomada de decisão é extremamente dúbio,
imprevisível, e pouco se relaciona com a busca de meios para se alcançar os fins. Trata-se de uma
abordagem aberta, em que as decisões resultam dos seguintes elementos: problema, solução,
participante e oportunidade; em que as oportunidades são vistas como latas de lixo, em que
problemas e soluções são jogados pelos participantes.

Políticas Públicas no Brasil

Ainda na década de 20 o Brasil tinha grande parte

de sua população vivendo no campo com uma economia fortemente baseada na agricultura. Mas,
em cerca de 70 anos, o país tornou-se um dos mais importantes e influente país na área industrial e
viu sua população migrar em massa para as cidades.

Em todos esses anos, os governos deram mais ênfase na industrialização e não acompanharam da
mesma forma as transformações na sociedade brasileira. O estado não desempenhava um papel
regulador e participativo, mas criava um governo autoritário que também refletia de maneira
autoritária nas ​políticas públicas brasileiras​.

De caráter conservador, a ​política brasileira possui uma maneira peculiar para tratar as políticas
sociais. O atendimento é centralizado, ou seja, atendendo a interesses específicos. Mas o país
possui necessidades diferentes em cada região e em alguns casos elas acabam não sendo
resolvidas da forma correta. São todas tratadas da mesma maneira e de forma massiva.

As políticas públicas deveriam ser criadas para distribuir de forma igualitária os recursos de caráter
individual e social. Elas seriam a garantia da ​qualidade de vida​, uma vida desenvolvida de maneira
agradável e digna. Entretanto, para ter essa qualidade de vida é importante diversos fatores, como
moradia, vestuário, educação, saúde, segurança e lazer.

A implementação de políticas públicas de qualidade no Brasil não costuma ser tão debatido pelos
parlamentares do país. Além disso, não é feito um estudo aprofundado do assunto e como esses
processos podem ser implantados de maneira mais dinâmica e eficiente. Muitas vezes as políticas
públicas são confundidas como prestação de serviço do Poder Público aos cidadãos. Elas afetam
determinados grupos da sociedade fazendo com que o as atitudes governamentais realizadas ou não
atinjam pessoas de diversos grupos.

A partir da década de 30 o país modernizou-se e cresceu o número de direitos sociais. Em 1930 foi
criado o Ministério do Trabalho e anos mais tarde a ​CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)​.
Ainda nessa década surgiram programas voltados aos pagamentos de aposentadoria e pensões em
diversas profissões.

Com a imposição da ditadura pelo ​governo militar​, muitos direitos civis, sociais e políticos foram
retirados da população brasileira. Foram criados o ​Instituto Nacional de Previdência Social (INPS)
e o ​Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)​. Na década de 70 foi criado o Ministério da
Previdência que atuava na área de saúde e na área social.

Apesar de muitas medidas criadas e programas sociais voltados a população, essas decisões eram
baseadas no assistencialismo, na corrupção e na ineficiência desses processos. Ou seja, havia
muitos recursos para as políticas sociais, mas eles eram desviados e por isso passou-se a investir
mais no sistema privado (educação e saúde privada, por exemplo).

A partir da ​Constituição de 1988 o Brasil passou a investir menos nas políticas públicas com o
aumento da dependência internacional, o crescimento da ​desigualdade social​, da pobreza e
exclusão. As atuais políticas públicas brasileiras não conseguem reverter a desigualdade e investem,
em sua maioria, em pequenos grupos sociais. Para a população pobre são criadas políticas de
compensação no intuito de “distrair” para os verdadeiros problemas.

Com a abertura democrática brasileira, a descentralização teve apoio no intuito de aumentar os


direitos sociais e a participação da sociedade no ​processo decisório​. Nesse período a população
necessitava de mais recursos e mostrava sinais de crescimento, mas era impedida pelos problemas
econômicos em um país refém da inflação.

Apesar de ter sido implementada como uma forma de garantia dos direitos sociais dos brasileiros, a
Constituição Federal de 1988​, tem sido pouco eficaz quando se trata do bem estar da população.
Facilitou o acesso a diversos serviços essenciais, mas não se preocuparam com a questão
financeira. O objetivo era reduzir a desigualdade do Brasil.

Essa constituição é considerada redistributiva e instiga o ​Governo Federal a tornar as necessidades


sociais e políticas públicas eficazes. No início da década de 90 o Governo Federal deixou de ser o
principal provedor e passou a fiscalizar entidades que ofereciam determinados serviços para a
sociedade. São diversos programas sociais de caráter ​municipal, estadual e federal e muitas vezes
eles não são compatíveis entre si. Essa incompatibilidade acaba virando uma desvantagem para a
população que necessita dessa ajuda.

Os ​gestores públicos ainda não conseguiram identificar as reais necessidades básicas dos
cidadãos. Por mais que se ouça dos políticos promessas relacionadas a erradicação de muitas
mazelas, como a pobreza, os programas e atitudes relacionadas a isso ainda são muito ineficientes.
Muitas vezes as soluções são distribuídas entre a população, mas de forma desordenada.

O grande mistério, quando se observa a ​desigualdade no Brasil, é que o país possui uma das
maiores economias do mundo. Tal situação pode ser explicada pelo ​atraso político da população
brasileira que muitas vezes teve seu voto influenciado por militares, coronéis e políticos mal
intencionados.

Nas últimas décadas o Brasil tem desempenhado novas atividades relacionadas ao caráter público. É
necessária uma articulação e engajamento da sociedade para debater as propostas de políticas
públicas em todo o país. O Estado desempenha um papel importante para o desenvolvimento social
e estrutural do Brasil e é para ele que devem ser direcionadas as cobranças dos ​setores sociais do
país​.

Características das políticas públicas no


Brasil
Uma das características relevantes nas políticas públicas brasileiras é a ​fragmentação​. Muitas vezes
essa fragmentação causa problemas pois há muitas divergências entre determinadas agências de
controle quando o assunto é burocrático. Outra característica das políticas públicas brasileiras é a
descontinuidade administrativa​, em que as agências responsáveis pelas políticas públicas muitas
vezes pensam nas políticas públicas de acordo com o interesse de seus gestores. Levando isso em
consideração, a cada mudança de cargo, muda-se as políticas implantadas.

Outra característica está ligada principalmente as políticas sociais e dão preferência para o que é
ofertado sem considerar as necessidades dos beneficiados. Essa situação resulta em problema
ligados a credibilidade governamental, frustração dos cidadãos, desperdícios, etc. Um outro ponto
relevante é a separação de política econômica e política social. Nesse caso a política social assume
um papel secundário. Um outro aspecto importante é a ​focalização e a seletividade​, baseados nos
direitos universais.

Novos Arranjos para as Políticas


Públicas
A partir da década de 90 foram realizadas tentativas para criar políticas públicas universais e
estáveis. Surgiram leis como a ​Lei Maria da Penha​, ​Estatuto da Criança e do Adolescente e o
Estatuto do Idoso​. Além disso, foram introduzidos benefícios sociais como o ​bolsa família e bolsa
escola. Muitas dessas conquistas são resultados de organizações montadas pelos civis através de
referendos, protestos e manifestos. Seria importante que as políticas públicas fossem integradas
para um único propósito. No entanto, o que se vê atualmente é um processo fragmentado.
Apesar dessa situação, nos últimos tempos a administração das políticas públicas se tornaram mais
democráticas, com o Estado desenvolvendo um papel mais próximo da sociedade. Começa a ser
trabalhada uma política menos centralizada em que a população participa com mais empenho e
importância nas políticas públicas brasileiras. Os políticos tentam agora desenvolver métodos para
decisões compartilhadas.

Intersetorialidade
A intersetorialidade busca ultrapassar os resultados das políticas sociais e os problemas enfrentados
pela população para ter acesso aos serviços públicos. Esse caso atribui a ideia de associação e
igualdade dos direitos sociais dos cidadãos.

Descentralização
A descentralização é um dos processos que podem ser identificados após a Constituição Federal de
1988. Nos âmbitos governamentais (União, Estados e Municípios) possuem habilidades e recursos
para instituir novas políticas públicas para a garantia dos direitos dos cidadãos. Ou seja, muitas
vezes, os estados e municípios deliberam decisões através de necessidades próprias.

Tipos de Políticas Públicas

As ​políticas públicas podem ter vários objetivos e

particularidades distintas. São muitos tipos de Políticas Públicas e iremos apresentar os principais
modelos que auxiliam na compreensão dos conceitos relacionados as Políticas Públicas. A princípio,
política pública são as atitudes tomadas ou não pelo governo e os impactos dessas ações e
omissões.

Nesse tipo de política, busca-se compreender o que se quer fazer e o que deixou de ser feito. Além
disso, podem explanar regras para ação e solução de possíveis problemas. Sendo assim, as
políticas públicas podem ser divididas em três tipos:

● Políticas Públicas Distributivas;


● Políticas Públicas Redistributivas;
● Políticas Públicas Regulatórias.

Políticas Públicas Distributivas


As políticas públicas distributivas possuem objetivos pontuais relacionados ao oferecimento de
serviços do estado e equipamentos. Esse caso é financiado pela sociedade por meio de um
orçamento público que beneficia grupos pequenos ou indivíduos de distintas camadas sociais. Esse
tipo de política possui pouca oposição na sociedade, mas não é dada universalmente a todos.

É muito comum no Brasil o uso desse tipo de política e é bastante desenvolvido pelo ​Poder
Legislativo​. Primeiramente porque a camada mais pobre da população brasileira apresenta
necessidades individuais e pertinentes devido a falta de recurso para todos e também porque elas
representam a força daquele político que troca esse assistencialismo por votos.

Exemplos:

- A doação de cadeiras de rodas para deficientes físicos;

- Oferta serviço para pavimentação de ruas.

Entretanto, nem toda política distributiva pode ser considerada assistencialista, mas no Brasil é
muitas vezes usado em época eleitoral. Casos de enchentes, por exemplo, são denominadas
distributivas, mas não podem ser chamadas de assistencialista ou clientelistas.

Passaram a aplicar essas políticas de uma maneira mais igualitária após a criação das ​LOAS – Lei
Orgânica de Assistência Social​, criada em 1988, que dá sustentação legal a assistência social.
Após a criação das LOAS os programas de assistência social devem ser contínuos, os cidadãos
devem ter acesso aos serviços, os cidadãos devem exigir os direitos reservados por lei e dá
autonomia para os usuários.

Políticas Públicas Redistributivas


Esse tipo de política pública visa redistribuir a renda em forma de financiamento em serviços e
equipamentos e na forma de recursos. Nesse caso, as camadas mais altas da sociedade são as
responsáveis por financiar as pessoas rendas menores, os chamados beneficiários.

Exemplos:

- Isenção do IPTU para determinados cidadãos em detrimento ao aumento desse imposto para
pessoas com maior poder aquisitivo;

- Programas habitacionais para população de baixa renda.

As ​políticas redistributivas atingem uma grande parte da população e são vistas como direitos
sociais. Nesses casos as chances de discordância são maiores, pois a parte da população que é
“penalizada”, costuma ser mais organizada politicamente.

Muitos governos realizam a redistribuição desses valores não só na forma financeira, mas também
como serviços disponibilizados pelo governo como forma de reduzir a resistência dessas camadas da
sociedade.

Políticas Públicas Regulatórias


As políticas regulatórias são criadas para avaliar alguns setores no intuito de criar normas ou
implementar serviços e equipamentos. É essa política a responsável pela normatização das ​políticas
distributivas e redistributivas​, ou seja, está mais relacionada à legislação. Esses casos atingem
pequenos grupos da sociedade é não exatamente um grande grupo social. Ou seja, elas incidem de
maneira diferente em cada segmento social. Grande parte da sociedade não tem ciência do que são
as ​políticas regulatórias​ e muitas vezes só reclamam quando são prejudicados de alguma forma.
Exemplo:

-Limitação das vendas de determinados produtos.

Política e Políticas Públicas


A política é exercida há muitos anos pelos homens e em poucos países no mundo existe uma
desigualdade tão grande como a encontrada no Brasil. Onde as pessoas não conseguem exercer
sua cidadania e são diariamente confrontadas com a falta de dinheiro, saúde, moradia e educação. A
princípio grande parte do governo brasileiro surge com soluções gerais e emergenciais para sanar
alguns desses problemas ao invés de implantar políticas públicas no intuito de reduzi-los.

As ​políticas públicas atualmente não são feitas para cuidar dos problemas e necessidades mais
urgentes da população. São usadas como ações imediatas para conquistar o eleitor que não
consegue opinar na divisão orçamentária. Os políticos não pensam em ações que mudam uma
sociedade para sempre e optam pelo caminho mais fácil ao prometer, ainda em campanha, milhares
de resoluções que muitas vezes nem são capazes de cumprir.

A forma despreocupada com que o país é administrado causa descrença na população, pois ela não
vê o orçamento sendo investido no que realmente é necessário. Para a ​esfera pública​, o que é
realizado hoje para as áreas de saúde, educação e moradia é o necessário para o crescimento da
população. Entretanto, muitos municípios sofrem diariamente com a falta de oferta das necessidades
básicas garantidas pela Constituição Federal. A implantação de melhorias nas políticas públicas é
essencial para aumentar a qualidade de vida dos brasileiros e índices como o ​IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano)​.

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