Originária do sistema do common law, a teoria do prospective overruling afirma que as
mudanças de orientação jurisprudencial nos Tribunais somente poderão ser aplicadas a casos futuros. Trata-se de uma imposição decorrente do princípio da proteção à confiança e que na opinião de Rafael Carvalho Rezende de Oliveira, aplica-se ao Direito Administrativo quando houver alteração da orientação firmada em precedentes administrativos, hipótese em que o novo entendimento não poderá ser aplicado a casos pretéritos. A aplicabilidade da referida teoria no Direito brasileiro coaduna-se perfeitamente com a regra contida no art. 2º, parágrafo único,XIII, da Lei nº 9.784/99, de acordo com a qual nos processos adminsitrativos deverão ser observados os critérios de: "XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirigem, vedada aplicação retroativa de nova interpretação."
modulação dos efeitos da decisão como forma de preservar o princípio da segurança
jurídica, sugerindo que os efeitos de inconstitucionalidade das normas somente tenham eficácia para processos ajuizados após a decisão do Supremo sobre o tema. i) em primeiro lugar, a adoção da "modulação" dos efeitos das decisões sobre inconstitucionalidade em sede de processos subjetivos (para os processos objetivos, como ADIN e ADPF, a legislação já autoriza essa modulação), o que ratifica a tendência de objetivação do recurso extraordinário; ii) em segundo lugar, a salutar proposta de restringir, no tempo, os efeitos nocivos da mudança de jurisprudência consolidada. Trata-se de postura que prestigia a boa-fé objetiva daqueles que, por décadas, confiaram nos precedentes (jurisprudência pacífica e sumulada) dos tribunais superiores.
A esse fenômeno de limitação temporal dos efeitos da decisão que modifica um
posicionamento jurisprudencial já consolidado a doutrina do "Common Law" chama de "prospective overruling" (a decisão que modifica a jurisprudência, enquanto um precedente, passa a ter efeitos somente para o futuro), pois nos países que se filiam àquela família (muito embora hoje cada vez se atenuem as diferenças entre Common Law e Civil Law) a modificação ou revogação de um precedente (overruling) é um fenômeno com um caráter de excepcionalidade. A evolução jurisprudencial não pode desconsiderar a confiança depositada pelos jurisdicionados e pelos próprios órgãos do Poder Judiciário, durante décadas, no precedente que se pretende modificar.