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nº 1, Março de 2017

Guia Prático de Atualização


Departamento Científico de Hepatologia

Colestase em lactentes:
Um tema do Pediatra
Departamento Científico de Hepatologia
Presidente: Gilda Porta
Secretária: Sandra Maria Gonçalves Vieira
Conselho Científico: Alexandre Rodrigues Ferreira, Cibele Dantas Ferreira Marques, Elisa de Carvalho,
Irene Kazue Miura, Marise Elia de Marsillac, Sandra Lucia Schuler

Introdução nados à colestase neonatal; b) enfatizar a im-


portância do reconhecimento precoce da coles-
Com a evolução dos conhecimentos médi- tase neonatal, pois frequentemente a icterícia
cos, houve a necessidade de criar as áreas de constitui um sinal pouco valorizado em recém-
atuação em Pediatria, para que as crianças e os -nascidos (RN) e lactentes, o que contribui para
adolescentes com doenças de maior complexi- o encaminhamento tardio do paciente colestáti-
dade pudessem receber a assistência adequada. co; c) revisar as etiologias da icterícia do RN e do
Entretanto, não podemos perder a visão de que lactente; d) apresentar as recomendações atuais
“a criança é uma só” e necessita ser avaliada referentes à abordagem diagnóstica da colesta-
com uma visão global, onde o Pediatra tem pa- se em RN e lactentes. Em documentos próximos
pel fundamental. Ademais, os profissionais da serão abordados: atresia biliar, causas infeccio-
atenção básica da saúde, são os responsáveis sas da colestase neonatal, colestases familiares,
pela suspeição diagnóstica de doenças que re- doenças genético-metabólicas que cursam com
querem urgência diagnóstica/terapêutica. Mes- colestase e consequências da colestase (quais
mo que o paciente com, por exemplo, atresia são e como abordar).
biliar, necessite de equipes especializadas para
confirmação do diagnóstico e instituição do tra-
tamento, quem faz a suspeição da colestase ne- O lactente ictérico
onatal é o Pediatra, e ele deve continuar acom-
panhando o paciente simultaneamente com o A icterícia é um sinal comumente observa-
especialista. Assim, este tema é da Pediatria, e a do nos primeiros dias de vida da criança. Está
responsabilidade de diagnosticar precocemente presente, na primeira semana de vida, em cer-
é do Pediatra! ca de 60% a 80% dos RN. Na maioria destes,
Este Guia Prático de Atualização tem como trata-se de icterícia fisiológica, decorrente do
objetivos: a) divulgar os conhecimentos relacio- aumento da bilirrubina indireta (BI). Entretan-

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Colestase em lactentes: Um tema do Pediatra

to, em algumas situações, a icterícia pode ser é a biliverdina, que é convertida em bilirrubina
sinal de doenças, como nos casos de colestase pela enzima biliverdina redutase. Essa forma
neonatal, que cursam com aumento da bilirru- de bilirrubina é denominada não conjugada
bina direta (BD) e traduz a presença de doença ou indireta (BI) e é lipossolúvel. A BI liga-se à
hepatocelular ou biliar. Para estes pacientes, albumina, forma pela qual é transportada no
o esclarecimento precoce do diagnóstico etio- plasma. A BI é rapidamente captada pelo hepa-
lógico e a instituição do tratamento adequado tócito e transportada ao retículo endoplasmá-
podem exercer influência decisiva na sobre- tico, por meio de transportadores, onde é con-
vida e na qualidade de vida. Sendo assim, po- vertida pela ação da enzima uridina difosfatase
demos considerar a colestase neonatal uma glicuronosiltransferase (UGT) em compostos
urgência em Gastroenterologia e Hepatologia solúveis em água que são o monoglicuronato
Pediátricas. (15% do total) e o diglicuronato (85% do total)
A icterícia consiste na coloração amarelada de bilirrubina (bilirrubina conjugada ou direta).
da pele, escleróticas e membranas mucosas. É Esses compostos são transportados através da
decorrente da deposição da bilirrubina nestes membrana canalicular para a bile, processo que
tecidos, quando esta se encontra em níveis ele- requer energia, sendo uma das etapas mais sus-
vados no plasma (hiperbilirrubinemia). Torna- ceptíveis de comprometimento na vigência de
-se clinicamente evidente quando a concentra- lesão hepática. Uma vez excretada do hepatóci-
ção sérica de bilirrubina total ultrapassa 2,5 a to para o canalículo biliar, a bilirrubina é trans-
3mg/dL. Como a icterícia é ocasionada por uma portada por meio da bile, pelas vias biliares,
anormalidade no metabolismo da bilirrubina, para o intestino (duodeno).
estabelecer os passos da sua formação e excre- Assim, o metabolismo da bilirrubina envolve
ção é fundamental para a compreensão do seu seis passos importantes: a formação da bilirru-
diagnóstico diferencial. bina indireta nas células do retículo endotelial;
A bilirrubina é o principal produto de de- o transporte da bilirrubina indireta pelo plas-
gradação do heme, cujas fontes no organismo, ma, ligada à albumina; a captação da BI pelo he-
são a hemoglobina, a mioglobina e as hemo- patócito; a conversão da bilirrubina não conju-
proteínas. A principal fonte de bilirrubina é gada em conjugada, no hepatócito; o transporte
a hemoglobina proveniente da destruição de da bilirrubina conjugada pela membrana biliar;
eritrócitos maduros, a qual contribui com cerca e o fluxo da bilirrubina pelo sistema biliar até
de 80% a 85% da produção total. Os restantes o intestino. A alteração em qualquer um destes
15% a 20%, são provenientes da destruição passos pode ocasionar a icterícia.
prematura, na medula óssea ou no baço, de eri- De modo resumido, a icterícia pode ocor-
trócitos recém-formados; e do heme não eri- rer por: aumento da produção da bilirrubina,
troide e de hemoproteínas hepáticas tais como diminuição de sua captação, redução da con-
mioglobina, citocromo e catalases, formados jugação pelos hepatócitos e diminuição da sua
no fígado. secreção. Os três primeiros processos cursam
Em condições fisiológicas, a maioria dos eri- com elevação da BI, enquanto a diminuição da
trócitos normais é sequestrada da circulação secreção biliar apresenta-se com aumento da
após 120 dias de vida, pelas células reticuloen- bilirrubina conjugada (BD). Assim, definir se a
doteliais do baço, do fígado e da medula óssea. icterícia é decorrente do aumento da BI ou da
Nestas células, ocorre a lise dos eritrócitos e a BD ou de ambas é o primeiro passo importante
degradação da hemoglobina. A globina é degra- para o diagnóstico diferencial do paciente icté-
dada, o anel de ferroprotoporfirina é quebrado rico. A Figura 1 ilustra o metabolismo da bilir-
e o ferro parcialmente reutilizado para a sínte- rubina e as principais etapas responsáveis pela
se do heme. O produto tetrapirrólico resultante elevação da bilirrubina.

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Figura 1 – Metabolismo da bilirrubina. A figura demonstra as etapas que mais comumente são responsáveis pela eleva-
ção da bilirrubina (aumento da produção e diminuição da captação, da conjugação e da secreção biliar.

Heme
Células do SRE Sinusóides Biliverdina
Heme
P
Ca Bilirrubina Co
Biliverdina não conjugada
RE
Bilirrubina Bilirrubina

Espaço
de Disse Bilirrubina S
Circulação conjugada
CB
Bilirrubina-albumina
Hepatócito

SRE: sistema reticuloendotelial, RE: retículo endoplasmático, CB: canalículo biliar, P: produção, Ca: captação, Co: conjugação, S: secreção.

Icterícia por aumento de Crigler-Najjar e Gilbert) ou adquiridas (fárma-


da bilirrubina indireta cos, doença hepatocelular e sepse).
A icterícia fisiológica, comumente observada
A icterícia com predomínio da BI pode ser no período pós-natal imediato, é secundária a um
decorrente do aumento de sua produção, dimi- atraso de maturação da UGT, redução na captação
nuição da sua captação e/ou conjugação pelo he- hepática e conjugação da BI, bem como diminui-
patócito. A distinção entre estes processos pode ção da excreção da BD. Em geral, tem início após
ser realizada pelo nível dos reticulócitos, e repre- 24 horas de vida e torna-se visível no segundo ou
senta o segundo passo importante no diagnóstico terceiro dia de vida, com aumento da BI. O pico
diferencial do paciente ictérico. Se estes estão máximo de hiperbilirrubinemia indireta, no RN de
elevados, deve-se avaliar as causas de aumento termo, ocorre entre o quarto e o quinto dias de
de produção, como a hemólise, o cefalohemato- vida, com melhora em torno do final da primeira
ma e o hiperesplenismo. Se os reticulócitos estão semana, podendo permanecer até o final da se-
em níveis normais, a icterícia é ocasionada pela gunda semana. Após este período, não se pode
diminuição da captação (jejum, sepse e uso de mais considerar a icterícia como fisiológica.
fármacos, como a rifampicina) ou da conjugação. Uma segunda causa frequente de icterícia ne-
Os distúrbios da conjugação são associados à onatal, por aumento da hiperbilirrubinemia indi-
atividade diminuída da enzima UGT e podem ser reta, é a icterícia relacionada ao leite materno. Em
decorrentes de doenças hereditárias (síndromes geral, nessa situação, a icterícia inicia-se após o

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Colestase em lactentes: Um tema do Pediatra

quarto dia de vida, atinge o pico máximo na se- da atividade da UGT1 é leve, os níveis de bilirrubi-
gunda semana e permanece até a oitava semana na costumam ser menores que 6mg/dL.
de vida. Entretanto, pode persistir além da décima Em resumo, a atividade da UGT é ausente na
semana nos lactentes em aleitamento materno síndrome de Crigler–Najjar tipo I, muito reduzida
exclusivo. RN e lactentes com icterícia pelo leite na tipo II, e reduzida na síndrome de Gilbert. Des-
materno são, em geral, saudáveis, com ganho de sa forma, a evolução clínica dos pacientes com
peso adequado, coloração de fezes, urina e exa- síndrome Crigler–Najjar tipo II e de Gilbert é fa-
me físico normais. Os níveis séricos totais ou de vorável, enquanto as crianças com Crigler–Najjar
BI raramente excedem 12 mg/dL. Vários compo- tipo I necessitam de uso prolongado de fototera-
nentes do leite materno tais como pregnanodiol, pia e, em última análise, de transplante hepático,
cortisol, estriol, ácidos graxos não esterificados, em vista do grande risco de encefalopatia por
β-glucoronidase e fator de crescimento epidérmi- impregnação do córtex cerebral e dos gânglios da
co têm sido implicados na sua patogênese, além base pela bilirrubina. A síndrome de Crigler–Na-
de mutações da enzima envolvida no primeiro jjar tipo I não responde ao uso de fenobarbital,
passo da conjugação da bilirrubina: a UGT1A1. enquanto a Crigler–Najjar tipo II e a síndrome de
Outras causas menos comuns de hiperbilirru- Gilbert apresentam resposta parcial a este fárma-
binemia indireta resultam de mutações genéticas co. A função do fígado e a histologia hepática es-
no gene da UGT. O fenótipo mais grave é a síndro- tão normais nestas três entidades.
me de Crigler–Najjar, que resulta na glicuronida-
ção ineficiente da bilirrubina. Esta síndrome pode
se apresentar em duas formas, que manifestam Icterícia por aumento
diferentes graus de hiperbilirrubinemia: a tipo de bilirrubina direta
I, com hiperbilirrubinemia grave; e a tipo II, com
formas mais leves. O defeito genético observado De modo diferente da hiperbilirrubinemia
na síndrome de Crigler–Najjar tipo II parece dimi- indireta, que pode ser fisiológica, a elevação da
nuir a glicuronidação da bilirrubina e do fenol, por BD correlaciona-se sempre com estados patoló-
meio da redução da ligação da bilirrubina à UGT1, gicos e traduz a diminuição da secreção biliar por
deixando outras isoformas da UGT codificadas doença hepatocelular ou biliar, ou seja, colestase.
pelo locus do gene UGT não acometidas. O impac- Este é um quadro que representa uma urgência
to dessa mutação não é tão grave, e os pacientes e que deve ser identificado precocemente pelo
são capazes de produzir o monoglicuronídeo de pediatra.
bilirrubina e uma pequena fração de diglicuroní- Colestase é o termo utilizado para descrever,
deo, o que permite um fenótipo hiperbilirrubinê- do ponto de vista fisiopatológico, os estados pa-
mico mais leve. Na tipo I, como existe ausência da tológicos que cursam com a redução da secreção
atividade enzimática da UGT, os níveis séricos de biliar, por alterações anatômicas ou funcionais do
bilirrubina podem ser maiores que 20mg/dL, o sistema biliar. Do ponto de vista clínico, os prin-
que acarreta o risco de Kernicterus e de óbito. Na cipais achados são a icterícia, a hipocolia ou aco-
tipo II, como a diminuição da enzima é moderada, lia fecal, a colúria, o prurido e os xantomas. Em
os níveis séricos de bilirrubina podem ser maio- relação às alterações laboratoriais, o diagnóstico
res que 6mg/dL, mas não ultrapassam 20mg/dL. de colestase é sugerido pelo aumento da BD, das
A síndrome de Gilbert também é causa de hi- enzimas canaliculares [gamaglutamiltransferase
perbilirrubinemia indireta e, embora possa ocor- (GGT) e fosfatase alcalina (FA)], dos ácidos biliares
rer uma mutação na região codificadora do gene e do colesterol. No exame histopatológico, a co-
UGT1, a alteração mais comum ocorre na região lestase apresenta-se com acúmulo de pigmento
reguladora do gene UGT1, na qual a mutação do bilirrubínico nos hepatócitos e canalículos bilia-
elemento TATAA diminui a expressão de transcri- res, além de outros achados relacionados à etio-
ção da UGT1. Como nesta síndrome, a diminuição logia do caso.

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Neste contexto, as síndromes de Dubin-John- A colestase neonatal requer exploração clínica


son e Rotor, distúrbios de transmissão autossômi- e laboratorial urgente, e a terapia deve ser iniciada
cos recessivos, que cursam com bilirrubina sérica o mais rápido possível para minimizar as conse-
total em torno de 2 a 7mg/dL (predomínio de BD), quências da doença em questão e da própria coles-
não caracterizam quadro colestático, pois não tase. Recentemente, as Sociedades Norte America-
existe diminuição da secreção biliar, mas apenas na (NASPGHAN) e Europeia de Gastroenterologia,
uma alteração na excreção da bilirrubina. No caso Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN) determinaram
da síndrome de Dubin-Johnson, por uma mutação que, de acordo com as novas recomendações:
do transportador canalicular multispecific organic
anion transporter (CMOAT). Todo RN ou lactente que apresente
A frequência da colestase neonatal é difícil de BD > 1,0 mg/dl (17umol/L),
ser avaliada, situando por volta de 1:2.500 nasci- merece investigação diagnóstica.
dos vivos. Por ser um evento relativamente raro,
quando comparado à icterícia fisiológica do RN A Figura 2 descreve os passos para o diagnós-
e àquela associada ao aleitamento, tem baixo ní- tico diferencial do lactente ictérico e demonstra
vel de suspeição nos serviços de atenção básica, que com dois exames de baixo custo e boa dis-
o que pode atrasar o diagnóstico e desencadear ponibilidade (dosagem de bilirrubinas e reticuló-
graves consequências para a saúde do bebê en- citos), é possível iniciar a definição do processo
fermo, que poderiam ser, de outra forma, evita- responsável pela icterícia e elaborar o diagnósti-
das, ou, pelo menos, minimizadas. co diferencial do caso em questão.

Figura 2 – Diagnóstico diferencial do lactente com icterícia.

Icterícia

Bilirrubina indireta Bilirrubina direta

Reticulócitos Reticulócitos: N Secreção biliar

Produção Captação Conjugação Colestase

Hemólise Fármacos Fisiológica


Cefalohematoma Leite Materno Doenças hepáticas
Sepses ou das vias biliares
Hiperesplenismo Crigler – Najjar
Gilbert

Fezes e urina de colorações habituais Colúria e acolia fecal

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Colestase em lactentes: Um tema do Pediatra

Figura 3 – A. Fezes de coloração normal.


Colestase neonatal B1 e B2. Fezes acólicas de pacientes
portadores de atresia biliar.
O primeiro passo da abordagem diagnóstica C. Colúria

é identificar a colestase, pela preocupação em mi-


nimizar suas consequências, tanto as relaciona-
das à etiologia, como aquelas consequências que
podem ocorrer em qualquer causa da colestase,
como a hemorragiaintra-craniana, pela deficiên-
cia de vitamina K.
Do ponto de vista clínico, a colestase se mani-
festa por icterícia, hipocolia/acolia fecal, colúria,
prurido e xantomas. Destas manifestações, a ic-
terícia é o sinal que mais chama a atenção do clí-
nico, mas enfatiza-se que avaliar a coloração das
fezes e da urina sempre faz parte da avaliação do
paciente ictérico, pois auxilia no diagnóstico dife-
rencial entre os casos com colestase e os sem co-
lestase. Isto porque como a BI circula firmemente
ligada à albumina, não é filtrada pelos glomérulos
renais e também não é secretada pelos túbulos
renais, não havendo eliminação urinária da BI.
Figura 4 – Escala cromática das cores das fezes, com de-
Nestes casos, o paciente não apresenta colúria e
finição de fezes normais e as suspeitas, em relação à pre-
as fezes são coradas, pois a drenagem da secreção sença de colestase neonatal.
biliar para o intestino não está comprometida. Por
outro lado, quando existe diminuição da secreção
biliar e aumento da BD, uma fração desta não se
liga à albumina, ou o faz de maneira reversível,
sendo filtrada pelos rins e eliminada na urina, o
que altera a coloração da urina, que se torna com
aspecto de chá forte ou de coca-cola (colúria) nas
crianças maiores, ou de cor amarelada nos RN,
que normalmente apresentam urina incolor. Em
relação à cor das fezes, a detecção da hipocolia/
acolia fecal contribui para o diagnóstico precoce
dos pacientes com colestase e, por este motivo,
foi incluída a escala colorimétrica das fezes para
seguimento dos RN e lactentes na caderneta de
saúde da criança. A Figura 3 exemplifica a colúria
e as fezes acólicas de paciente com atresia biliar,
Figura 5 – Xantomas em mãos de criança com colestase.
comparando com fezes de coloração normal de
criança sem morbidades. Na Figura 4 está a carte-
la colorimétrica das fezes, com definição de fezes
normais e suspeitas.
Os xantomas ocorrem pelo acúmulo do co-
lesterol (Figura 5), enquanto a fisiopatologia do
prurido é complexa e ainda não foi totalmente
elucidada.

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Quando o quadro colestático tem como ma- é amplo, englobando doenças com diferentes
nifestação clínica a icterícia, a doença é mais prognósticos.
facilmente reconhecida. Entretanto, em alguns Progressos importantes na descoberta de
lactentes com colestase as consequências da muitas doenças e na elucidação de seus meca-
deficiência das vitaminas lipossolúveis podem nismos fisiopatológicos ocorreram nas últimas
ser os únicos sinais/sintomas da presença de três décadas. Na década de 1970, o diagnós-
colestase. Nestas crianças a hiperbilirrubinemia tico diferencial do RN com aumento da BD se
pode não ser clinicamente evidente e o atraso limitava à atresia biliar, que era responsável
no diagnóstico pode causar graves problemas, por 25% dos casos; às infecções virais, como
como a hemorragia intracraniana decorrente da toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, her-
deficiência de vitamina K. Assim, as coagulopa- pes e outros vírus (3%), e a algumas doenças
tias devem ser investigadas nos lactentes com genético-metabólicas, como galactosemia, ti-
hiperbilirrubinemia direta, e a administração rosinemia, fibrose cística e miscelâneas (7%).
imediata de vitamina K deve ser instituída. Nesta época, a maioria dos pacientes (65%) fi-
Após a identificação da icterícia colestáti- cava como portador de hepatite neonatal idio-
ca, procede-se a investigação do diagnóstico pática, um termo conveniente para definir os
etiológico. Inicialmente, deve-se estabelecer se pacientes com colestase, sem causa específica
a doença é obstrutiva ou não, isto é, se o trata- de diagnóstico etiológico. Nas últimas décadas,
mento será clínico ou cirúrgico. Nos RN e lacten- uma grande mudança deste perfil ocorreu gra-
tes jovens, investigar a possibilidade de atresia ças aos avanços da genética molecular que per-
biliar é muito importante, pois a correção cirúr- mitiu o reconhecimento de muitas doenças que
gica precoce aumenta as chances de drenagem antes eram classificadas como hepatite neona-
biliar bem sucedida após a portoenterostomia. tal idiopática. Os maiores progressos ocorreram
É fundamental identificar as causas tratáveis da no campo dos erros inatos do metabolismo e
colestase. nas alterações genéticas de processos funda-
mentais do metabolismo ou da função excre-
tora hepática, como: alteração da fisiologia da
Diagnóstico diferencial membrana (transporte), biossíntese de ácidos
biliares e disfunção de organelas.
O RN e o lactente apresentam uma reco- Na elucidação do diagnóstico etiológico
nhecida propensão colestática, por imaturidade deve-se ter como prioridade, a identificação de
dos mecanismos relacionados à produção da situações que ameaçam a vida e que têm possi-
bile, especialmente no que se refere ao meta- bilidade de tratamento, como a atresia biliar, as
bolismo dos ácidos biliares. Por este motivo, doenças infecciosas, as metabólicas (galacto-
doenças que não ocasionam colestase no adul- semia, tirosinemia, erro inato do metabolismo
to, o fazem no RN e no lactente, como é o caso dos sais biliares) e as endocrinopatias (hipopi-
da infecção do trato urinário. Assim, no período tuitarismo). O Quadro 1 descreve as principais
neonatal, o diagnóstico diferencial da colestase etiologias da colestase neonatal.

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Colestase em lactentes: Um tema do Pediatra

Quadro 1 – Diagnóstico diferencial da colestase neonatal.

Alterações dos ductos biliares Atresia biliar


extra-hepáticos Cisto de colédoco
Coledocolitíase
Perfuração espontânea das vias biliares extra-hepáticas
Colangite esclerosante neonatal
Doenças hepatocelulares Deficiência de alfa-1-antitripsina
(colestases familiares) Alteração na síntese dos ácidos biliares
Defeito na conjugação dos ácidos biliares
Colestases intra-hepáticas familiares 1, 2, 3, 4 e 5
Colestase neonatal transitória
Doenças multissistêmicas Síndrome de Alagille
Síndrome da artrogripose-disfunção renal
Distúrbio congênito da glicolisação
Fibrose cística
Doença mitocondrial
Síndrome colangite esclerosante neonatal com ictiose
Pan-hipopituitarismo
Trissomia 21
Erros inatos do metabolismo Defeito no ciclo da ureia:
- Deficiência de citrina
- Deficiência de ornitinatranscarbamilase
Alteração no metabolismo de carboidrato:
- Galactosemia
Alteração no metabolismo dos aminoácidos:
- Tirosinemia
Alteração no metabolismo dos lipídeos:
- Niemann-Pick tipo C
- Deficiência da lipase ácida lisossomal (doença de Wolman)
Causas infecciosas Infecção do trato urinário
Sífilis
Toxoplasmose
Rubéola
Citomegalovirus
Herpes vírus
Vírus das hepatites A, B e C

Abordagem diagnóstica menor frequência, poliesplenia, cardiopatia con-


gênita, má-rotação intestinal e situs inversus. Os
Apesar dos avanços nos métodos comple- RN com baixo peso ao nascimento, microcefalia,
mentares diagnósticos, a história clínica comple- púrpura e coriorretinite, devem ser submetidos à
ta e o exame físico minucioso continuam sendo pesquisa de infecções congênitas. Alterações dis-
fundamentais. Os achados variam de apenas icte- mórficas são observadas nas cromossomopatias.
rícia leve, até os sinais de insuficiência hepática A irritabilidade, os vômitos, a letargia, os sinais de
grave. Na atresia biliar a criança, em geral, tem hipoglicemia e a acidose metabólica chamam a
bom peso de nascimento, apresenta-se com icte- atenção para os erros inatos do metabolismo. As
rícia, acolia e colúria, com aspecto “saudável” nos anormalidades neurológicas são observadas nas
primeiros meses de vida. Podem apresentar, em síndrome de Zellweger, nas mitocondriopatias

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e como consequência de complicações como os ocorre nos casos de galactosemia, tirosinemia e


episódios de hipoglicemia, hiperamonemia e he- hemocromatose. Os Quadros 2 e 3 descrevem
morragia intracraniana. dos dados da história clínica e do exame físico,
Embora os transtornos que causam insuficiên- importantes para o raciocínio diagnóstico da co-
cia hepática fulminante sejam incomuns, um alto lestase neonatal; e o Quadro 4 resume as causas
grau de suspeição deve ser mantido, já que o diag- herdadas de colestase neonatal, muito estudadas
nóstico precoce e o início imediato do tratamen- atualmente, com um raciocínio diagnóstico, para
to são a única esperança de sobrevivência, como facilitar na prática clínica (Quadro 5).

Quadro 2 – Dados da história clínica de lactentes colestáticos, que podem ser sugetivos do diagnóstico etiológico.

História familiar

Consanguinidade Aumento do risco de doenças autossômicas recessivas


Colestase neonatal nos Fibrose cística
pais ou irmãos Deficiência de alfa-1-antitripsina
Colestase intrahepática familiar progressiva
Síndrome de Alagille
História de perda fetal Hemocromatose neonatal/doença hepática aloimune da gestação
repetida ou morte Defeito da oxidação de ácidos graxos
precoce Doenças metabólicas
Esferocitose e outras Podem agravar a hiperbilirrubinemia conjugada
doenças hemolíticas

História pré-natal

Achados da Cisto colédoco, que pode ser isolado ou associado com atresia biliar
ultrassonografia Colelitíase
no pré-natal Anomalias intestinais
Suspeita de síndromes
Colestase da gravidez Mutações do gene da PFIC
Alterações mitocondriais
Esteatose hepática Deficiência neonatal da 3-hidroxiacil-coenzima A desidrogenase de
aguda da gravidez cadeia longa (LCHAD)
Infecções maternas Toxoplamamose
Rubéola
Citomegalovírus
Sífilis congênita
Herpes vírus
Oligodramnio Hemocromatose neonatal
Fibrose hepática congênita em forma fetal (neste caso, associado à
hipoplasia pulmonar e fácies de Potter)

História do RN/lactente

Idade gestacional Prematuridade, como fator de risco para colestase neonatal


Hemólise aloimune Risco aumentado de colestase neonatal
Deficiência de G6PD
Hidropsia fetal
continua...

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Colestase em lactentes: Um tema do Pediatra

... continuação

Infecção neonatal Infecção do trato urinário


Sepse
Citomegalovirus
Virus da imunodeficiência humana
Sífilis
Outras
Triagem neonatal Pan-hipopituitarismo
Galactosemia
Defeitos da oxidação dos ácidos graxos
Fibrose cística
Fonte de nutrição: Galactosemia
aleitamento materno, Intolerância hereditária à frutose
fórmula infantil, Checar a presença de galactose/frutose/sacarose/sorbitol na
composição dos composição de alimentos.
alimentos
Nutrição parenteral Doença hepática associada à nutrição parenteral
Medicamentos usados Checar a presença de galactose/frutose/sacarose/sorbitol na
composição dos medicamentos.
Alterações no Doenças genéticas e metabólicas
crescimento
Alterações na visão Displasia septo-óptica
Alterações na audição Infecções Congênitas
PFIC1
PFIC4
Doença mitocondrial
Vómitos Doença metabólica (galactosemia, tirosinemia tipo 1, intolerância
hereditária à frutose)
Obstrução intestinal
Estenose pilórica
Atraso na eliminação de Fibrose cística
mecônio/constipação Pan-hipopituitarismo
Diarreia Infecção
PFIC1
Fibrose cística
Doenças metabólicas (intolerância hereditária à frutose, galactosemia)
Tirosinemia tipo I
Erros da síntese dos sais biliares primários
Hipoacolia/acolia fecal Colestase
Obstrução biliar
Urina (cheiro e cor) Colúria (hiperbilirrubinemia conjugada)
Doença metabólica
Hemorragia Deficiência de vitamina K
(coagulopatia) Tirosinemia tipo 1
Erros do metabolismo dos sais biliares primários (deficiência de
2metilacil-CoA-racemase)
Disposição Doença metabólica
(irritabilidade/letargia) Sepse
Pan-hipopituitarismo

continua...

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... continuação

Cirurgia abdominal Enterocolite necrotisante


Atresia intestinal
Sintomas neurológicos Defeitos do ciclo da Ureia
Peroxissomopatias
Mitocondriopatias
Síndromes dos defeitos de glicosilação (CDGs)
Doenças de depósito
Hipoglicemia Infecção
Insuficiência hepática aguda
Mitocondriopatias
Pan-hipopituitarismo

Seguindo jejum curto, com cetoacidose:


Galactosemia
Tirosinemia tipo 1
Intolerância hereditária à frutose

Seguindo jejum mais longo, sem cetoacidose:


Defeito de oxidação de ácidos graxos

Se no momento da hipoglicemia apresenta insulina normal: dosar


cortisol (desordem glandular).
História de sepse Colestase secundária à sepse
Galactosemia: sepse recorrente por Gram negativo
Hemorragia Insuficiência hepática
gastrointestinal
“Hiato saudável” Ausente: infecção congênita.
(12 a 18 horas iniciais Presente: distúrbios metabólicos por intoxicação (galactosemia,
de vida) tirosinemia tipo 1 e intolerância hereditária à frutose) necessitam de
exposição a substâncias e acumulação de metabólitos tóxicos.

Quadro 3 – Dados do exame físico de lactentes colestáticos, importantes para o diagnóstico etiológico.

Exame físico Sugere

Estado geral Aspecto saudável - suspeitar de atresia biliar.


Aparência de “doente” - suspeitar:
Infecção (sepse, herpes, lues, entre outras).
Intoxicações metabólicas (Galactosemia, Tirosinemia tipo 1,
frutosemia).
Defeitos do ciclo da ureia
Hemocromatose neonatal
Defeitos da cadeia respiratória (depleção do DNA mitocondrial)
Deficiência da fosfomanoseisomerase (CDG 1b)
Niemann-Pick tipo C
Glicogenose tipo IV
Erros da biossíntese de sais biliares
PFIC2
Linfohistiocitose hemofagocítica
Icterícia leve Atresia biliar
continua...

11
Colestase em lactentes: Um tema do Pediatra

... continuação

Exame físico Sugere

Acolia persistente Doença mecânica obstrutiva extra-hepática.


Ictiose, alopécia e Colangiteesclerosante neonatal
hipotricose
Eritrodermia, máculas Linfohistiocitose eritrofagocítica
purpúricas e erupções
Edema, Hidropsia fetal Fibrose cística
Anasarca
Fácies Face triangular, fronte ampla, base nasal larga, olhos profundos,
sugerem síndrome de Alagille.
Dismorfismo Síndrome de Alagille
Doenças dos peroxissomos
Trissomias do 13 e do 18
Embriotoxon posterior Síndrome de Alagille
(exame com lâmpada de fenda)
Catarata Galactosemia
Infecções congênitas
Alterações de visão Doenças de depósito
Sinais/sintomas Defeitos do ciclo da ureia
neurológicos Alterações dos peroxissomos e mitocondriopatias
Defeitos de glicosilação
Doenças genético-metabólicas de depósito
Malformação cardíaca Atresia biliar
Síndrome de Alagille
Cardiomiopatia Glicogenose tipo IV
Defeitos de oxidação de ácidos graxos
Hepatomegalia importante Defeito de glicosilação tipo 1
Glicogenose
Doença de Wolman/Doença de depósito de esteril-éster
Doenças lisossomais (mucopolissacaridoses, mucolipidoses, etc).

Quadro 4 – Causas genéticas da colestase

I- COLESTASES HERDADAS
SÍNDROME DE ALAGILLE
Gene- JAG1 ou NOTCH2
DEFICIÊNCIA DE ALFA-1-AT (A1AT)
Gene- SERPINA 1
CITRULINEMIA TIPO II, COLESTASE INTRAHEPÁTICA NEONATAL DEVIDO À DEFICIÊNCIA DE CITRINA)
Gene- SLC25A13
ARTROGRIPOSE, DISFUNÇÃO RENAL E COLESTASE 1
Gene- VPS33B (15q26.1)
ARTROGRIPOSE, DISFUNÇÃO RENAL E COLESTASE 2
Gene- VIPAS39
DOENÇA POLICÍSTICA RENAL E HEPÁTICA 1 AUTOSSÔMICA RECESSIVA (ARPKD)
Gene- PKHD1
continua...

12
Departamento Científico de Hepatologia • Sociedade Brasileira de Pediatria

... continuação

II - COLESTASES INTRA-HEPÁTICAS PROGRESSIVAS FAMILIARES


PFIC 1 – deficiência de FIC1
Gene- ATP8B1
PFIC2 – deficiência de BSEP
Gene- ABCB11
PFIC3- deficiência de MDR3
Gene- ABCB4
PFIC4
Gene- TJP2
PFIC 5 (disfunção do FXR)
Gene- NR1H4

III - DEFEITOS DA BIOSSÍNTESE DOS SAIS BILIARES


DEFICIÊNCIA DE 3BETA-HIDROXI-C27-ESTEROIDE DESIDROGENASE/ISOMERASE (OXIREDUTASE)
Gene- HSD3B7
DEFICIÊNCIA DE ∆4–3-OXOSTEROIDE 5Β-REDUTASE
Gene- AKR1D1 (SRD5B1)
DEFICIÊNCIA ÁCIDO BILIAR COENZIMA A: AMINOÁCIDO N-ACILTRANSFERASE (GLICINA
N-COLOILTRANSFERASE)
Gene- BAAT

IV - COLANGITE ESCLEROSANTE NEONATAL


ICTIOSE, VACUOLIZAÇÃO DE LEUCÓCITOS, ALOPÉCIA, E COLANGITE ESCLEROSANTE
(ORPHA 59303)
Gene- CLDN1
COLANGITE ESCLEROSANTE NEONATAL POR MUTAÇÃO NO GENE DOUBLECORTIN DOMAIN
CONTAINING PROTEIN 2
Gene- DCDC2

V- DOENÇAS DE DEPÓSITO
LISOSSOMAL
NIEMANN PICK C
Genes - NPC1 e NPC2
DOENÇA DE FARBER
Gene ASAH (8p21.3-p22)
DOENÇA DE GAUCHER TIPO 2
Gene- GBA
DE GLICOGÊNIO
DOENÇA DE ARMAZENAMENTO DE GLICOGÊNIO DE TIPO IV (GSD4, Doença de Andersen, ou
amilopectinose)
Gene- GBE1 (3p12)

VI - ALTERAÇÕES DOS PEROXISSOMOS


Espectro da doença de Zellweger/Síndrome de Zellweger/adrenoleucodistrofia neonatal/
Doença de Refsum neonatal/Síndrome de Heimler (ORPHA79189).
SÍNDROME DE ZELLWEGER (SZ)
Genes-: PEX1, PEX2, PEX5, PEX6, PEX10, PEX12, PEX13, PEX16, e PEX19.
DOENÇA DE REFSUM NEONATAL
Gene- PEX1 e PEX12
DEFICIÊNCIA DE MEVALONATO QUINASE
Gene- MVK
DEFICIÊNCIA DE ALFA-METILACIL-CoA RACEMASE
Gene- AMACR
continua...

13
Colestase em lactentes: Um tema do Pediatra

... continuação

VII - DEFEITOS DA CADEIA RESPIRATÓRIA


DEFICIÊNCIA DO COMPLEXO III
Gene BCS1L
SÍNDROME DE DEPLEÇÃO MITOCONDRIAL
Genes- dGK, POLG, MPV17
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA DE INÍCIO MAIS TARDIO EM CRIANÇAS (SÍNDROME DE ALPERS-
HUTTENLOCKER, SAH)
Gene- POLG.

VIII - OUTRAS
FIBROSE CÍSTICA
Gene- CFTR – mutação ∆F-508 associada à insuficiência pancreática exócrina na doença

ERROS INATOS DO METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS


GALACTOSEMIA – Gene GALT
INTOLERÂNCIA HERDITÁRIA À FRUTOSE – Gene ALDOB

ERROS INATOS DO METABOLISMO DOS AMINOACIDOS


TIROSINEMIA TIPO 1 – Gene FAH

Outras causas raras de colestase neonatal


MUCOLIPIDOSE TIPO II (DOENÇA DE CÉLULA I)
Gene- GNPTA (colestase neonatal muito raramente)
MUCOPOLISSACARIDOSE TIPO VII (PARTE DA SÍNDROME DE SLY)
Gene- GUSB

Quadro 5 – Colestases genéticas: raciocínio diagnóstico

Observação 1 - A investigação genética deve ser preferentemente ampla, pois as manifestações


clínicas podem variar amplamente. Os dados abaixo visam apenas facilitar o direcionamento da
investigação genética.

Observação 2 -Sepse necessita ser descartada sempre. Sepse recorrente pode sugerir distúrbio
metabólico.

Colestase neonatal com GGT normal


PFIC 1 – Gene ATP8B1
PFIC 2 – Gene ABCB11
PFIC 4 – Gene TJP2
PFIC 5 - Gene NR1H4
Artrogripose, disfunção renal e colestase 1 – Gene VPS33B
Artrogripose, disfunção renal e colestase 2 – Gene VIPAS39
Deficiência de 3beta-hidroxi-c27-esteroide desidrogenase/isomerase- Gene HSD3B7
Deficiência ácido biliar coenzima a: aminoácido n-aciltransferase- GeneBAAT

Oligodrâmnio
Doença policística renal e hepática 1 autossômica recessiva (ARPKD) – gene PKHD1

Dismorfismo
Deficiência de mevalonatoquinase- Gene MVK
Síndrome de Zellweger- Genes PEX
Síndrome de Refsum neonatal– Genes PEX1, PEX2
Síndrome de Alagille- genes JAG1, Notch2
continua...

14
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... continuação

Distúrbio neurológico
Síndrome de Zellweger - Genes PEX
Síndrome de Refsum neonatal - Genes PEX1, PEX2
Síndrome de Niemann-pick C - Genes NPC1, NPC2
Síndrome de Gaucher tipo 2- Gene GBA
Deficiência de mevalonatoquinase - Gene MVK
Síndrome de depleção mitocondrial - Genes dGK, POLG, MPV17
Insuficiência hepática de início mais tardio em crianças (síndrome de Alpers-Huttenlocker) - Gene
POLG

Anomalias cerebrais anatômicas


Artrogripose, disfunção renal e colestase 1 - Gene VPS33B
Artrogripose, disfunção renal e colestase 2 - Gene VIPAS39
Síndrome de Zellweger - Genes PEX

Insuficiência hepática aguda (hiperbilirrubinemia conjugada intensa, com ↑ rápido de


aminotransferases, ↑ amônia, coagulopatia não-responsiva à vitamina K grave (INR > 2,0 ou TP >
20 segundos), ou moderada (INR> 1,5 ou TP > 15 segundos), encefalopatia (em bebês com 28 dias
de vida ou mais).

Deficiência de complexo III - Gene BCS1L


Síndrome de depleção mitocondrial- Genes dGK, POLG, MPV17
Insuficiência hepática de início mais tardio em crianças (síndrome de Alpers-Huttenlocker)- Gene
POLG
Glicogenose tipo IV- Gene GBE1
Niemann-Pick tipo C- Genes NPC1, NPC2
Deficiência de δ4–3-oxosteroide 5β-redutase- Gene AKR1D1 (SRD5B1)
PFIC II- ABCB11
Deficiência ácido biliar coenzima a: aminoácido n-aciltransferase- GeneBAAT
Observação 1 - bebês com 28 dias ou mais podem apresentar encefalopatia, secundária
à insuficiência hepática aguda → suspeitar na presença de irritabilidade, crises de choro
inexplicáveis, alteração do ritmo do sono (sono diurno).
Observação 2 - Na vigência de níveis muito elevados de aminotransferases e coagulopatia
grave, deve-se avaliar o tratamento empírico para herpes simples.
Observação 3 - Bebês com coagulopatia grave, não-responsiva à vitamina K, com
aminotransferases normais, que características de hemocromatose neonatal, devem ser triados
através das dosagens séricas de alfafetoproteína e ferritina.

Hipoglicemia
Deficiência de complexo III - Gene BCS1L
Síndrome de depleção mitocondrial - Genes dGK, POLG, MPV17
Observação 1 - A Glicogenose IV não leva à hipoglicemia.
Observação 2 - Além de infecção, suspeitar de infecção insuficiência hepática aguda, ou
distúrbio metabólico (p.ex. galactosemia, tirosinemia tipo 1, intolerância hereditária à frutose),
ou pan-hipopituitarismo.
Observação 3 - Seguindo jejum curto, associada à cetoacidose: sugere também intoxicação
metabólica (galactosemia, tirosinemia tipo 1, intolerância hereditária à frutose).

Acidose lática continuada


Deficiência do complexo III- Gene BCS1L
Síndrome de depleção mitocondrial- Genes dGK, POLG, MPV17
continua...

15
Colestase em lactentes: Um tema do Pediatra

... continuação

Disfunção tubular renal (glicosúria, aminoacidúria, uricosúria, hiperfosfatúria, levando à ↑pH


urinário e acidose metabólica)
Deficiência de complexo III - Gene BCS1L
Artrogripose, disfunção renal e colestase 1 - Gene VPS33B
Artrogripose, disfunção renal e colestase 2 - Gene VIPAS39

Insuficiência renal
Doença policística renal e hepática 1 autossômica recessiva (ARPKD) – gene PKHD1

Rins policísticos
Doença policística renal e hepática 1 autossômica recessiva (ARPKD) – gene PKHD1
Síndrome de Zellweger - Genes PEX

Distúrbio neuromuscular (hipotonia, fraqueza muscular e/ou cardiomiopatia e/ou insuficiência


cardíaca)
Glicogenose tipo IV- Gene GBE1

Pele (Ictiose, alopécia e hipotricose)


Ictiose, vacuolização de leucócitos, alopécia, e colangite esclerosante - GeneCLDN1

Alterações laboratoriais
Citopenia (trombocitopenia, anemia e neutropenia)
Síndrome de Niemann-pick C- Genes NPC1, NPC2
Síndrome de Gaucher tipo 2- Gene GBA

Os exames complementares, de modo geral, estes devem ser solicitados conforme a principal
têm dois objetivos diferentes. O primeiro é ava- suspeita, direcionada pelos achados clínicos. O
liar a presença de colestase e definir a gravida- Quadro 6 ilustra os exames solicitados, nos dife-
de da doença e do acometimento hepático. No rentes níveis de investigação no lactente coles-
seguimento, definida a presença da colestase, os tático, enfatizando a necessidade de individuali-
exames buscam diagnosticar a etiologia da do- zar cada caso, a idade da criança e o estágio da
ença. Como o diagnóstico diferencial é amplo, doença.

Quadro 6 – Métodos complementares diagnósticos

Identificação da colestase neonatal

Exames nível 1
Objetivos: definir gravidade da doença hepática e etiologia da colestase.
Sangue: Hemograma, reticulócitos e plaquetas, eletrólitos, cálcio, fosfato, magnésio, ureia,
creatinina
INR (TAP), TTPA
AST, ALT, FA, GGTP, BTF, proteinograma e glicose.
Alfa-1-antitripsina/fenótipo (Pi)
TSH e T4L
CMV, herpes (simples, zoster, humano tipo 6), hepatite B, rubéola, reovirus tipo 3,
Adeno e enterovirus, parvovirus B19, HIV, toxoplasmose, sífilis.
continua...

16
Departamento Científico de Hepatologia • Sociedade Brasileira de Pediatria

... continuação

Urina: análise de urina, cultura, substâncias redutoras


Considere culturas bacterianas de sangue, urina e outros fluidos, especialmente se a
criança estiver clinicamente “doente”.
Imagem: Ultrassonografia de abdome
Rx de tórax (doença pulmonar e cardíaca)
Rx de coluna: anomalias da coluna vertebral, como vértebras de borboleta
Ecocardiograma
DISIDA: cintilografia de vias biliares (avaliar obstrução das vias biliares extra-hepáticas)
Teste do suor
Avaliação oftalmológica (geral, lâmpada de fenda e fundo de olho)

Exames nível 2

Geral: ácidos biliares séricos, cortisol.


Metabolismo: amônia, lactato, colesterol, galactose-1-fosfato uridiltransferase nas hemácias,
succinilacetona (sangue ou urina) e ácidos orgânicos urina.
Gasometria arterial
Transferrina, ferritina
Colesterol, triglicerídios
Eletroforese de proteínas
Alfafetoproteína (consultar tabelas para faixas etárias)
CK - CKMB
US transfontanelar
Paracentese, se ascite: cultura, bile e bioquímica.
Líquor: bioquímica, lactato, cultura.
Urina: cetonas, glicose, fosfato, cálcio, proteínas.
Considere o exame de urina para o perfil de metabólitos do sal biliar.

Exames nível 3

Genética: avaliação de painel de genes/exoma


Biópsia do fígado (o tempo e a abordagem variam de acordo com a instituição e
especialização)
Dosagens hormonais e de fatores de crescimento: TSH, T4, Cortisol, ACTH, GH, Insulina
Focalização isolelétrica: PI, variantes da GALT, padrões de transferrinasséricas
Eletrólitos no suor (com iontoforese de pilocarpina), mutação se <2kg.
Ensaios enzimáticos em eritrócitos, leucócitos, culturas (fibroblastos da pele, linfócitos,
fígado)
Análise da acilcarnitina no plasma e cultura de fibroblastos: tandem MS(MS/MS), FAB/MS
Oligossacarídios na urina: cromatografia, estudos enzimáticos
Aminoácidos em plasma e urina: cromatografia, HPLC, MS, MS/MS, cromatografia líquida de alta
performance (UPLC) — -MS/MS
SBs (total e individualizados): HPLC, preferencialmente MS.
SBs (defeitos da síntese) e VLCFAs (peroxissomopatias): cromatografia gasosa, espectrometria de
massa (GS — -MS)
Testes genéticos — Affymetrixou PCR

17
Colestase em lactentes: Um tema do Pediatra

Situação no Brasil da Saúde, incluíram o sistema colorido de gradu-


ação das cores das fezes à Caderneta de Saúde da
Uma pesquisa multicêntrica que incluiu 513 Criança, distribuída pelo Ministério da Saúde aos
crianças com atresia biliar, de todas as regiões pais de cada recém-nascido (Figura 6) e lançaram
brasileiras, revelou encaminhamento tardio para uma campanha nacional de “Alerta Amarelo” para
os centros de nacionais de referência indepen- a conscientização dos pais e dos pediatras sobre a
dentemente da região ou da categoria da cidade, importância do diagnóstico precoce nos casos de
fosse capital ou cidade do interior. colestase neonatal. Além disso, foi criando um Gru-
Neste contexto, para mudar a realidade brasi- po de Estudo em Hepatologia Pediátrica (GEHPed)
leira, os hepatologistas pediátricos brasileiros, em do Brasil, que tem como objetivo avaliar, de for-
um esforço nacional, desenvolveram estratégias ma prospectiva, o perfil dos pacientes brasileiros,
colaborativas a fim de melhorar a situação destes identificando seus problemas e sugerindo pos-
pacientes. Esses profissionais, em conjunto com síveis soluções. Por meio destas ações, busca-se
a Sociedade Brasileira de Pediatria e o Ministério uma nova era na condução da colestase no Brasil.

Figura 6 – Cartela colorimétrica das fezes na caderneta de saúde da criança.

18
Departamento Científico de Hepatologia • Sociedade Brasileira de Pediatria

A campanha do alerta amarelo orienta que se criança apresentar aumento de BD, a criança deve
o RN ou lactente apresentar: acolia/hipocolia fe- ser encaminhada para serviços especializados.
cal e colúria (em qualquer idade) ou persistir com Este procedimento simples conseguiu melhorar o
icterícia com idade igual ou maior que 14 dias, prognóstico de pacientes com atresia biliar em vá-
deve ser avaliado do ponto de vista clínico (glo- rios países. A Figura 7 resume a campanha do Aler-
bal e coloração das fezes e urina) e laboratorial ta Amarelo, que deve ser divulgada em todas as
(bilirrubinas). Se as fezes foram “suspeitas” ou a regiões brasileiras, com os centros de referência.

Figura 7 – Cartaz da Campanha Alerta Amarelo

19
Colestase em lactentes: Um tema do Pediatra

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1. de Carvalho E, dos Santos JL, da Silveira TR, colestase neonatal. Material distribuído no 1º
et al. Biliary atresia: the Brazilian experience. J Workshop Internacional de Colestase Neonatal
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for the Evaluation of Cholestatic Jaundice Neonatal. In Silva LR, Ferreira CT, Carvalho
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the North American Society for Pediatric Barueri SP. 2012. 219-262.
Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition
and the European Society for Pediatric 6. Verkade HJ, Bezerra JA, Davenport M, et al.
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J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2017;64(1):154- diseases: Advances and future challenges. J
168. Hepatol. 2016;65(3):631-42.

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Koda YKL. Gastroenterologia e Hepatologia.
Pediatria Instituto da Criança. Hospital das
Clinicas. 1ª ed. São Paulo, Manole; 2011: 80-87.

20
Diretoria
Triênio 2016/2018

PRESIDENTE: COORDENAÇÃO DE ÁREA DE ATUAÇÃO EDITOR REVISTA RESIDÊNCIA PEDIÁTRICA


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EDITORES DA REVISTA SBP CIÊNCIA ACADEMIA BRASILEIRA DE PEDIATRIA
DIRETORIA E COORDENAÇÕES: Joel Alves Lamounier (SP) Presidente:
DIRETORIA DE QUALIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO Altacílio Aparecido Nunes (SP) José Martins Filho (SP)
PROFISSIONAL Paulo Cesar Pinho Pinheiro (MG) Vice-presidente:
Maria Marluce dos Santos Vilela (SP) Flávio Diniz Capanema (MG) Álvaro de Lima Machado (ES)
COORDENAÇÃO DO CEXTEP: EDITOR DO JORNAL DE PEDIATRIA Secretário Geral:
Hélcio Villaça Simões (RJ) Renato Procianoy (RS) Reinaldo de Menezes Martins (RJ)

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