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Série Segurança do Trabalho

FUNDAMENTOS
DE SAÚDE E
SEGURANÇA DO
TRABALHO
VOLUME 2
Série Segurança do Trabalho

FUNDAMENTOS
DE SAÚDE E
SEGURANÇA DO
TRABALHO
VOLUME 2
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série Segurança do Trabalho

FUNDAMENTOS
DE SAÚDE E
SEGURANÇA DO
TRABALHO
VOLUME 2
© 2012. SENAI – Departamento Nacional

© 2012. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ-
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Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de
Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Núcleo de Educação – NED

FICHA CATALOGRÁFICA
__________________________________________________________________
S491f

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Fundamentos de saúde e segurança do trabalho, volume 2 / Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília :
SENAI/DN, 2012.
224
222 p. : il. ; (Série Segurança do Trabalho).

ISBN 978-85-7519-501-7

1. Segurança do trabalho. 2. Segurança do trabalho - Legislação. 3. Higiene


do trabalho. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Regional de Santa Catarina II. Título III. Série.

CDU: 614.8
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Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 - Mineração..........................................................................................................................................................44
Figura 2 - Direitos dos trabalhadores..........................................................................................................................46
Figura 3 - Código de trânsito brasileiro......................................................................................................................49
Figura 4 - Requisitos de um condutor.........................................................................................................................52
Figura 5 - Avaliação quantitativa e qualitativa.........................................................................................................71
Figura 6 - Tipos de ferramentas.....................................................................................................................................76
Figura 7 - Ferramentas manuais....................................................................................................................................77
Figura 8 - Ferramentas portáteis . ................................................................................................................................78
Figura 9 - Prensa.................................................................................................................................................................81
Figura 10 - Caldeiras..........................................................................................................................................................84
Figura 11 - Vaso de pressão esférico............................................................................................................................87
Figura 12 - Correntes de baixa e alta intensidade..................................................................................................96
Figura 13 - Choque estático............................................................................................................................................97
Figura 14 - Efeito de choques elétricos......................................................................................................................99
Figura 16 - Quadro da linha de força do campo e das superfícies equipotenciais em torno de uma
esfera carregada de eletricidade............................................................................................................................... 106
Figura 17 - Trabalho em altura.................................................................................................................................... 109
Figura 18 - Descargas atmosféricas.......................................................................................................................... 113
Figura 19 - Descarga atmosférica direta e indireta............................................................................................. 114
Figura 20 - Detalhe de aterramento......................................................................................................................... 115
Figura 21 - Princípios de proteção contra choques elétricos.......................................................................... 118
Figura 22 - Seccionamento.......................................................................................................................................... 120
Figura 23 - Seccionamento abertura........................................................................................................................ 120
Figura 24 - Seccionamento da rede elétrica.......................................................................................................... 121
Figura 25 - Constatação da ausência de tensão................................................................................................... 121
Figura 26 - Aterramento temporário........................................................................................................................ 122
Figura 27 - Sinalização de impedimento de energização................................................................................. 123
Figura 28 - Exemplo de proteção parcial por ‘colocação fora de alcance’ em uma subestação.......... 124
Figura 29 - Distâncias mínimas................................................................................................................................... 124
Figura 30 - Peça placa-mãe.......................................................................................................................................... 130
Figura 31 - Exemplo de bloqueio e etiquetagem................................................................................................ 145
Figura 32 - Trabalho em alta-tensão......................................................................................................................... 148
Figura 33 - Exemplo de sinalização de segurança............................................................................................... 153
Figura 34 - Diferenças: ventilação comercial e industrial . ................................................................................165
Figura 35 - Finalidades da ventilação....................................................................................................................... 166
Figura 36 - Legenda........................................................................................................................................................ 181
Figura 37 - Dimensão da caligrafia............................................................................................................................ 182
Figura 38 - Projeção de linhas coincidentes.......................................................................................................... 183
Figura 39 - Prioridade de linhas.................................................................................................................................. 184
Figura 40 - Tipos de Linhas........................................................................................................................................... 184
Figura 41 - Aplicação das linhas................................................................................................................................. 185
Figura 42 - Posicionamento do observador, peça e plano de projeção...................................................... 186
Figura 43 - Representação das vistas superior (a) e da lateral (b).................................................................. 186
Figura 44 - Rebatimento............................................................................................................................................... 187
Figura 45 - Projeção........................................................................................................................................................ 187
Figura 46 - Vistas ortográficas (seis vistas).............................................................................................................. 188
Figura 47 - Vistas ortográficas (três vistas padrão).............................................................................................. 188
Figura 48 - Perspectiva.................................................................................................................................................. 189
Figura 49 - Distância das vistas................................................................................................................................... 190
Figura 50 - Distância das margens............................................................................................................................ 190
Figura 51 - Disposição das vistas na folha A4........................................................................................................ 191
Figura 52 - Perspectiva na representação geométrica...................................................................................... 193
Figura 53 - Escalas........................................................................................................................................................... 195
Figura 54 - Escalas .......................................................................................................................................................... 195
Figura 55 - Cortes e seções.......................................................................................................................................... 196
Figura 56 - Tipos de hachuras..................................................................................................................................... 197
Figura 57 - Corte total longitudinal.......................................................................................................................... 199
Figura 58 - Corte total transversal............................................................................................................................. 199
Figura 59 - Corte horizontal e representação........................................................................................................ 200
Figura 60 - Meio corte.................................................................................................................................................... 201
Figura 61 - Corte em desvio......................................................................................................................................... 201
Figura 62 - Corte parcial 1............................................................................................................................................ 202
Figura 63 - Corte parcial 2............................................................................................................................................ 202
Figura 64 - Detalhamento por cotas......................................................................................................................... 203
Figura 65 - Detalhamento por anotações............................................................................................................... 203
Figura 66 - Regras na cotagem................................................................................................................................... 204
Figura 67 - Cota em contornos visíveis.................................................................................................................... 205
Figura 68 - Cotagem 1................................................................................................................................................... 205
Figura 69 - Cotagem 2................................................................................................................................................... 206
Figura 70 - Exemplo de planta baixa 1..................................................................................................................... 207
Figura 71 - Exemplo de planta em 3D...................................................................................................................... 208
Figura 72 - Exemplo de planta baixa 2..................................................................................................................... 208
Figura 73 - Intersecção de arcos................................................................................................................................. 209
Figura 74 - Bissetriz......................................................................................................................................................... 210
Figura 75 - Hexágono..................................................................................................................................................... 210
Figura 76 - Pentágono................................................................................................................................................... 211
Figura 77 - Circunferência inscrita em um quadrado......................................................................................... 211

Quadro 1 - Simbologia das Cores ...............................................................................................................................72


Quadro 2 - Classificação dos Riscos Ambientais.....................................................................................................73
Quadro 3 - resumo dos riscos elétricos e adicionais com suas principais medidas de controle........ 128
Quadro 4 - resumo dos riscos elétricos e adicionais com suas principais medidas de controle........ 132
Tabela 1 - Inspeção em vasos de pressão . ...............................................................................................................89
Tabela 2 - Inspeção em vasos de pressão para empresas que possuam serviços próprios....................89
Tabela 3 - Efeitos dos choques elétricos dependentes da intensidade de corrente..................................98
Tabela 4 - Espaçamento para instalações internas.............................................................................................. 125
Tabela 5 - Espaçamento para instalações externas............................................................................................. 126
Tabela 6 - Distanciamento de segurança................................................................................................................ 127
Tabela 7 - Formato da folha......................................................................................................................................... 175
Tabela 8 - Dimensão das margens............................................................................................................................ 177
Tabela 9 - Dimensão da Folha Padrão A.................................................................................................................. 178
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................12

2 Princípios de Saúde, Meio Ambiente e Segurança do Trabalho....................................................................17


2.1 Histórico e desenvolvimento industrial...............................................................................................18
2.2 Responsabilidade socioambiental.........................................................................................................21
2.3 Qualidade de vida........................................................................................................................................23

3 Terminologia Técnica.....................................................................................................................................................35
3.1 Desvio...............................................................................................................................................................36
3.2 Incidente..........................................................................................................................................................37

4 Acidentes de Trabalho..................................................................................................................................................43
4.1 Definição.........................................................................................................................................................44
4.2 Aspectos sociais e ambientais.................................................................................................................49
4.3 Consequências..............................................................................................................................................50
4.4 Análise de acidentes...................................................................................................................................54
VOLUME 1

4.5 Reabilitação profissional............................................................................................................................58


4.6 Estatísticas – estadual e nacional..........................................................................................................63
4.7 Custos...............................................................................................................................................................83
4.8 Comunicação de acidentes do trabalho..............................................................................................87
4.9 Relatórios.........................................................................................................................................................97

5 A Prevenção de Acidentes de Trabalho............................................................................................................... 105


5.1 Princípios Prevencionistas...................................................................................................................... 106

6 Teoria de Frank Bird, “Pirâmide”.............................................................................................................................. 113


6.1 Conhecendo a teoria de Frank Bird, “Pirâmide”.............................................................................. 114

7 Estudos de J. Reason “Queijo Suíço”...................................................................................................................... 121


7.1 Erro humano no ambiente de trabalho............................................................................................ 122

Referências......................................................................................................................................................................... 129

Minicurrículo dos Autores............................................................................................................................................ 137

Índice................................................................................................................................................................................... 139

8 Legislação e Normas.................................................................................................................................................. 157


8.1 OIT................................................................................................................................................................... 158
VOLUME 2

8.1.1 História........................................................................................................................................ 158


8.1.2 Fundamentos........................................................................................................................... 160
8.1.3 Estrutura..................................................................................................................................... 161
8.2 Constituição Federal................................................................................................................................. 164
8.3 Hierarquia das Leis.................................................................................................................................... 168
8.3.1 Definição.................................................................................................................................... 169

1 Normas Regulamentadoras..................................................................................................................................... 177


9.1 Principais Normas Regulamentadoras.............................................................................................. 178
9.2 Segurança do Trabalho.......................................................................................................................... 184
9.2.1 Rural............................................................................................................................................. 184
9.2.2 Mineração.................................................................................................................................. 188
9.2.3 Trânsito....................................................................................................................................... 192
9.2.4 Construção Civil ..................................................................................................................... 197
9.2.5 Laboratórios . ........................................................................................................................... 205
9.2.6 No lar .......................................................................................................................................... 207

2 Avaliação e Controle de Riscos Ambientais....................................................................................................... 213


10.1 Riscos ambientais................................................................................................................................... 214
10.1.1 O Mapa de Risco .................................................................................................................. 215
10.1.2 Fazendo o Mapa de Riscos ............................................................................................... 216
10.2 Ferramentas manuais e portáteis..................................................................................................... 219
10.2.1 Classificação de Ferramentas .......................................................................................... 219
10.2.2 Medidas Preventivas .......................................................................................................... 220
10.2.3 Ferramentas manuais ....................................................................................................... 221
VOLUME 2

10.2.4 .Ferramentas Portáteis........................................................................................................ 222


10.3 Proteção de máquinas e equipamentos ....................................................................................... 223
10.3.1 Proteção de Equipamentos.............................................................................................. 223
10.3.2 Dispositivos de Segurança . ............................................................................................. 224
10.4 Equipamentos sob pressão................................................................................................................. 227
10.4.1 Operadores............................................................................................................................. 229
10.4.2 Vasos de pressão................................................................................................................... 230

3 Segurança em Eletricidade ..................................................................................................................................... 235


11.1 Riscos........................................................................................................................................................... 236
11.1.1 Choque elétrico..................................................................................................................... 237
11.1.2 Proteção contra efeitos térmicos.................................................................................... 244
11.1.3 Proteção contra queimaduras......................................................................................... 244
11.1.4 Arco elétrico........................................................................................................................... 244
11.1.5 Campos eletromagnéticos................................................................................................ 248
11.1.6 Riscos adicionais – Classificação.................................................................................... 250
11.1.7 Acidentes de origem elétrica........................................................................................... 257
11.2 Métodos de controle............................................................................................................................. 259
11.2.1 Proteção contra choques elétricos................................................................................. 259
11.2.2 Desenergização..................................................................................................................... 261
11.2.3 Instalação da sinalização de impedimento de energização................................. 265
11.2.4 Proteção por separação elétrica...................................................................................... 270
11.3 Eletricidade estática............................................................................................................................... 271
11.4 NR-10 Instalação e serviços de eletricidade.................................................................................. 273
11.4.1 Medidas de proteção coletiva e individual................................................................. 279
11.4.2 Principais equipamentos de proteção coletiva......................................................... 281
11.4.3 Principais Equipamentos de Proteção Individual..................................................... 283
11.4.4 Segurança nas instalações elétricas.............................................................................. 284
11.4.5 Alta-tensão.............................................................................................................................. 289
11.4.6 Sinalização obrigatória de segurança........................................................................... 294
11.4.7 Procedimentos ..................................................................................................................... 295
11.4.8 Situações de emergência.................................................................................................. 296

4 Cores de Segurança e Ventilação........................................................................................................................... 301


12.1 Cores e sinalização.................................................................................................................................. 302
12.2 Ventilação ................................................................................................................................................. 306
12.2.1 Industrial.................................................................................................................................. 307

5 Desenho Técnico.......................................................................................................................................................... 315


13.3 Normas...................................................................................................................................................... 316
13.3.1 NBR 10068 – Folha de desenho layout e dimensões............................................... 317
13.3.2 NBR 10647– Desenho Técnico – Norma Geral........................................................... 317
13.3.3 NBR 13142– Desenho Técnico – Dobramento de cópias....................................... 317
13.3.4 NBR 8402 – Execução de caracteres para escrita em desenhos técnicos......... 318
VOLUME 2

13.3.5 NBR 8993 – Representação convencional de partes roscadas em desenho


técnico................................................................................................................................................... 318
13.4 Formatos do papel................................................................................................................................ 319
13.4.1 NBR 10582 – Apresentação da folha para desenho técnico................................. 319
13.4.2 Margens................................................................................................................................... 319
13.4.3 Espaço para texto................................................................................................................. 320
13.5 13.3 Legenda e tipos de linha............................................................................................................ 322
13.5.1 Legenda .................................................................................................................................. 322
13.5.2 Caligrafia técnica ................................................................................................................. 322
13.5.3 Tipos de linha......................................................................................................................... 323
13.6 Desenho Geométrico............................................................................................................................ 326
13.6.1 Projeções Ortogonais.......................................................................................................... 326
13.7 Perspectiva................................................................................................................................................ 333
13.7.1 Perspectiva Isométrica........................................................................................................ 334
13.8 Escalas......................................................................................................................................................... 335
13.9 Seções projetadas sobre a vista e fora da vista............................................................................ 336
13.9.1 Cortes e seções...................................................................................................................... 337
13.9.2 Hachuras (NBR 12.298)....................................................................................................... 338
13.9.3 Corte Total (DIN-6)............................................................................................................... 339
13.9.4 Meio corte............................................................................................................................... 340
13.9.5 Cortes com desvio................................................................................................................ 341
13.9.6 Corte parcial........................................................................................................................... 342
13.10 Desenhos de detalhes........................................................................................................................ 342
13.10.1 Norma - NBR-5984/80...................................................................................................... 343
13.11 Plantas e leiautes.................................................................................................................................. 346
13.11.1 Planta Baixa.......................................................................................................................... 346
13.12 Geração de elementos geométricos............................................................................................. 348
13.12.1 Arcos que se interseccionarão no centro desejado . ............................................ 349
13.12.2 Divisão de uma reta em duas partes iguais.............................................................. 349
VOLUME 2

13.12.3 Hexágono............................................................................................................................. 350


13.12.4 Pentágono............................................................................................................................ 350
13.12.5 Inscrever uma circunferência em um quadrado..................................................... 350

Referências......................................................................................................................................................................... 353

Minicurrículo dos Autores............................................................................................................................................ 361

Índice................................................................................................................................................................................... 363
Legislação e Normas

Neste capítulo, você vai aprender a hierarquia das leis. Compreenderá que as leis inferiores
dependem das superiores, e todas juntas formam o Direito. Verá ainda, que as leis trabalhistas
normalmente favorecem o trabalhador, mas não excluem os direitos básicos dos empregado-
res.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada com objetivo de amparar os povos
promovendo a justiça federal. Nesse sentido, é importante que você conheça essa organização
para compreender os direitos trabalhistas, e a partir daí, entender as bases de como foram fun-
damentadas nossas leis trabalhistas.
Você ainda irá conhecer a Carta Magna brasileira, pois é dela que emanam todas as leis e
a Constituição, que dá aos trabalhadores direitos e deveres na função exercida, que deve ser
cumprida na íntegra, tanto pelos trabalhadores, como pelos empregadores. Partindo destes
conhecimentos, ao final do capítulo você terá subsídios para:
a) saber quais são as leis que favorecem os trabalhadores;
b) entender quais são os direitos básicos dos empregadores;
c) conhecer a Carta Magna brasileira que emana todas as leis;
d) identificar os tipos de leis e a sua hierarquia;
e) interpretar linguagem jurídica aplicada à saúde e segurança do trabalho;
f) interpretar procedimentos, documentos, normas e legislação de saúde, segurança e meio
ambiente.
Portanto, inicie com dedicação e atenção, fazendo do seu estudo uma oportunidade de re-
fletir sobre suas práticas diárias.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
158

1 tripartismo: 8.1 OIT


Cooperação entre Você sabe qual é a organização que promove os princípios fundamentais e
organizações de
empregadores, de direitos no trabalho?
trabalhadores e dos
governos para a promoção Essa organização é a Organização Internacional do Trabalho (OIT) que tem
da justiça social..
como objetivo: promover melhores oportunidades de emprego/renda para mu-
lheres e homens em condições de livre escolha; evitar a discriminação e incentivar
a dignidade; aumentar a abrangência e a eficácia da proteção social e fortalecer o
2 Equidade: tripartismo1 e o diálogo social.

Reconhecimento de que
os direitos são iguais para
todos. (AULETE, 2008).

SAIBA Para saber mais sobre a OIT, acesse: <http://www.oit.org.


MAIS br/>.

Organização Internacional do Trabalho (20--?)

8.1.1 História

Fundada no ano de 1919, a Organização Internacional do Trabalho foi criada


para promover junto à população a justiça social, isso porque o mundo convivia
com o término da primeira guerra mundial. Nesse sentido, a Conferência de Paz,
com o intuito de proteger os direitos dos trabalhadores criou a OIT – Organização
Internacional do Trabalho. A sua constituição foi elaborada na Parte XIII do Trata-
do de Versalhes, trazendo maior tranqüilidade à população.
8 legislação e normas
159

Com a grande depressão, que chegou em 1944, efeito da segunda guerra


mundial, a OIT esteve ativa e colocou um anexo dentro da sua constituição, a
chamada “Declaração da Filadélfia”.

FIQUE Esta declaração teve forte influência na Carta das Nações


ALERTA Unidas e na Declaração dos Direitos Humanos.

Para você saber mais sobre a Declaração da Filadélfia, reco-


mendamos a seguinte obra:
SÜSSEKIND, Arnaldo. Convenções da OIT. [S.l.], LTR, 1998.
SAIBA
Em sua vigésima sexta sessão a Declaração da Filadélfia ado-
MAIS ta, aos 10 de maio de 1944, a declaração de seus propósitos
quanto aos itens e objetivos da Organização Internacional
do Trabalho e aos princípios que devem inspirar a política
dos seus membros.

VOCÊ Você sabia que após completar 50 anos, a Organização


Internacional do Trabalho recebeu o Prêmio Nobel da
SABIA? Paz? .

Além disso, a Declaração da OIT, em 1998, falando sobre os Direitos e Prin-


cípios Fundamentais no Trabalho e, consequentemente, seu seguimento, foi
considerada universalmente um acordo para respeitar e realizar os princípios das
Convecções fundamentalistas da OIT. E mesmo que os Estados membros não as
tivessem ratificado, deveriam acatar estes princípios.
Perceba que após essa data, o trabalho da OIT visa à consciência do processo
de globalização, por meio de objetivos equilibrados e à eficácia econômica, am-
bos atrelados à equidade2 social.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
160

Microsoft Office (20--?)


8.1.2 Fundamentos

Os principais fundamentos da Organização Internacional do Trabalho são:


a) paz universal e permanente, baseada na justiça social;
b) a sociedade industrial é caracterizada por fortes conquistas sociais;
c) a OIT tem como base uma estrutura internacional, que busca a melhoria
contínua do trabalho no mundo.
Os objetivos estratégicos estão norteados em:
a) supervisionar, por meio de um sistema e de aplicação de algumas normas,
os princípios fundamentais e norteadores do direito no trabalho;
b) melhorar os níveis de empregos, para homens e mulheres, criando oportu-
nidade de livre escolha, dignidade, sem discriminação;
c) promover a eficiência e eficácia na proteção social;
d) engrandecer a confiabilidade entre governo, empregadores e trabalhado-
res e, consequentemente, o diálogo social.
Conforme a Constituição da OIT “se alguma nação não adotar condições hu-
manas de trabalho, esta omissão constitui um obstáculo aos esforços de outras
nações que desejem melhorar as condições dos trabalhadores em seus próprios
países.” (SÜSSEKIND, 1998, p. 550).
8 legislação e normas
161

Photodisc (20--?)
8.1.3 Estrutura

VOCÊ Você sabia que a estrutura da OIT continua a ser a única


SABIA? tripartite da ONU?

Isso porque consegue igualdade entre os três maiores interessados, que são:
os governos, os trabalhadores e os representantes das empresas, nas atividades
dos órgãos da organização.
O conselho administrativo da organização se reúne na cidade de Genebra na
Suíça, em média três vezes ao ano. O conselho formula e controla as políticas e
programas, elege o Diretor Geral da organização e também elabora a proposta do
orçamento e programa bienal. Em junho, ocorre a Conferência Internacional do
Trabalho, em Genebra, que tem como intuito:
a) discutir qualquer tema relevante sobre o trabalho mundial;
b) rever normas de trabalho internacional;
c) discutir as políticas da organização, o orçamento, que normalmente é finan-
ciado pelos Estados-membros.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
162

Agência de Notícias MPT (20--?)


Em Genebra também está situado o escritório central da organização, onde
todas as decisões são tomadas, por meio das comissões e comitês formados. Sua
estrutura é formada por cinco escritórios regionais, um deles no Brasil, além disso,
doze equipes técnicas dão suporte nas decisões, ajudados por onze correspon-
dentes nacionais.

A OIT, no Brasil, está inserida na promoção do tema Traba-


lho Decente, dando suporte técnico aos programas com
causa prioritária. Entre alguns programas desenvolvidos
FIQUE pela OIT brasileira estão: o Plano Nacional que quer erradi-
ALERTA car o trabalho escravo; o Fome Zero; entre outros. Inclusi-
ve alguns deles não são governamentais, tais como: Traba-
lho Infantil; Exploração Sexual de Menores; Discriminação
Racial e vários outros programas sociais.
Campanha pelo Trabalho Decente (20--?)
8 legislação e normas
163

Saiba que alguns projetos desenvolvidos pela OIT brasileira contribuíram para
melhorar a vida dos brasileiros, porque foram discutidos diretamente com os re-
presentantes governamentais. Veja, a seguir, alguns desses projetos.
a) Projeto Monitorando e Avaliando o Progresso no Trabalho Decente (MAP).
b) HIV/AIDS e o Mundo do Trabalho.
c) Projeto Nacional de Trabalho Escravo.
d) IPEC - Programa Internacional para Eliminação de Trabalho Infantil.
e) Projeto Bahia Livre de Trabalho Infantil.
f) Projeto Regional de Cooperação Horizontal Brasil, Equador e Paraguai.
g) Projeto Segurança Alimentar e Crianças Indígenas.
h) Projeto de Cooperação Sul-Sul.
i) Projeto de Inspeção do Trabalho.
j) Programa de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça no Mundo do Traba-
lho e Prevenção e enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
k) Projeto de Seguridade Social.
l) Projeto de Inspeção do Trabalho.

CASOS E RELATOS

Falta de cumprimento das leis


João trabalhou em uma indústria de calçados, na seção de costura, por
quase cinco anos. Sua atividade era sempre a mesma: fazer a costura do
calçado com uso de máquina, entretanto, ele sentia muitas dores durante
este trabalho. Sua empresa nunca esteve preocupada com a questão de
segurança, nem com leis trabalhistas e, muito menos, em oferecer ginás-
tica laboral para seus funcionários.
Porém, certo dia, com a produção em alta e muita cobrança, João es-
quece seu dedo embaixo da máquina de costura e uma agulha muito
grossa perfura o dedo indicador da mão esquerda dele, ocasionando um
acidente muito grave.
Diante do ocorrido, João teve que esperar até o bombeiro da cidade che-
gar, pois a empresa não tinha pessoas capacitadas e treinadas para atu-
arem em situações emergenciais e, por isso, teve agravamento da lesão,
pois a agulha estava presa em seu dedo.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
164

Quando o bombeiro chegou, João foi encaminhado ao hospital, porém,


não foi feito nem mesmo a CAT (Comunicação de Acidente Trabalho) do
ocorrido, nem o seguro acidente criado pela Lei 8212/91 foi acionado, e
nem outros recursos da empresa.

Partindo deste relato é importante lembrar que as leis trabalhistas existem


e devem ser cumpridas, tanto pelo empregador, como pelos empregados, e na
grande maioria das situações, elas favorecem os trabalhadores, ainda mais em
uma situação como esta.
Por isso, diante de acidentes ou situações mais graves é fundamental seguir
todos os procedimentos conforme a lei determina, bem como, os procedimentos
internos de segurança voltados à prevenção, sempre buscando o bem-estar e a
melhoria do ambiente de trabalho.
Aqui, você finaliza essa primeira etapa de estudos. Abuse da autonomia e en-
tusiasmo para que a construção do conhecimento seja significativa e prazerosa.
Vamos lá!

8.2 Constituição Federal

Você sabe o que são os ‘Direitos Trabalhistas’ ou o ‘direito laboral’?


É um conjunto de normas jurídicas que tem o objetivo de reger as relações
existentes entre trabalhadores e empregadores, inclusive os direitos da condição
jurídica dos trabalhadores.
Seu Pimenta (20--?)
8 legislação e normas
165

Este conjunto de leis está agrupado na Consolidação das Leis do Trabalho


(CLT), amparada pela Constituição Federal, e várias outras leis espalhadas no Di-
reito Trabalhista. Perceba que estas leis aparecem para autenticar a expressão do
ser humano, e são uma ferramenta na renovação da sociedade trabalhista.
Veja que a intervenção jurídica entre os empregados e empregadores, tem
como objetivo melhorar os relacionamentos entre os trabalhadores e aqueles
que tiram proveito desse trabalho. Formando assim, uma plataforma de direitos
e deveres básicos.

FIQUE O Direito do Trabalho pode ser conceituado como um con-


junto de leis e princípios que regulamenta as atividades
ALERTA entre trabalhadores e empregadores.

A constituição de 1988 estabelece direitos aos trabalhadores para as condi-


ções de trabalho em qualquer empresa no território nacional, e não pode ser
modificada por Cláusula Pétrea, isto é, não pode receber emenda. Acompanhe, a
seguir, o que estabelece a Constituição Federal de 1988, em seu art. 7.

São direitos dos trabalhadores, entre outros:

XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de


normas de saúde, higiene e segurança;

XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas,


insalubres ou perigosas, na forma da lei;

XXVIII – seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do em-


pregador, sem excluir o direito de indenização a que está
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. (BRASIL, 1988).

Perceba que, de acordo com essas especificações, os empregadores terão que


oferecer condições seguras a seus trabalhadores.
Um local de trabalho seguro seria um ambiente no qual a empresa tomou to-
das as providências para deixá-lo livre de qualquer risco, e as atividades podem
ser desenvolvidas seguramente.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
166

No art. 7 ainda são preservadas quaisquer condições inseguras por excesso de


horas trabalhadas, sendo assim, não podendo reduzir salário, salvo acordo coleti-
vo, pois limita o horário de trabalho diário em 8 horas ou 6 horas ininterruptas e
a jornada semanal de quarenta quatro horas para todo trabalhador em exercício
legal de sua profissão. Ainda conforme o art. 7, são direitos dos trabalhadores:

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção


ou acordo coletivo.

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas


diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compen-
sação de horários e a redução de jornada, mediante acordo ou
convenção co letiva de trabalho;

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos


ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;

XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de


trabalho. (BRASIL, 1988).

VOCÊ Você sabia que 5% a 7% dos acidentes de trabalho são


SABIA? causados por condição insegura?

No entanto, se o ambiente tiver higiene e forem cumpridas legalmente as ho-


ras trabalhadas expressas na Constituição Federal, já serão evitados o sofrimento
humano e os gastos excessivos às empresas e ao país.
Contudo, no Brasil, ainda temos empresas que burlam essas leis e expõe seus
trabalhadores a acidentes que seriam evitados se as empresas tivessem seguido
a constituição e incorporado ao ambiente de trabalho as ações de segurança e
saúde. Assim, várias famílias não estariam dependendo da Previdência Pública.
Quando a Constituição foi promulgada, em 1988, o trabalhador ganhou o di-
reito da Carta Magna, de proteção à sua integridade física e moral, nas suas ativi-
dades. O próprio Art. 7 contempla o trabalhador com seguro contra acidentes de
trabalho, sem excluir o direito à indenização, quando a causa do acidente for por
culpa direta ou indireta do trabalhador.
8 legislação e normas
167

Portanto, as empresas passam a ter responsabilidade civil e todos os seus em-


pregados podem, perante a lei, exigir seus direitos por meio de indenizações pe-
las lesões sofridas.
O Seguro Contra Acidente de Trabalho (SAT), criado pela Lei 8.212/91, obriga
as empresas a recolher, por meio da Guia da Previdência Social (GRPS), todos os
direitos que o trabalhador tem: se exerce sua atividade em ambiente de muito
risco e, se existe a determinação do grau de risco exposto.
A Constituição Federal em seu art. 157, II afirma que, “o empregador deve ins-
truir seus trabalhadores no sentido de observar normas de segurança, utilização
de equipamentos de segurança e precauções para evitar acidentes.” (BRASIL,
1988).

É de responsabilidade da empresa educar seus trabalha-


FIQUE dores sobre a utilização de equipamentos de segurança e
ALERTA oferecer esses equipamentos gratuitamente e de boa qua-
lidade, cobrando o seu uso nas atividades.
Microsoft Office (20--?)

O Estado precisa ser fundamentado para a sua manutenção, e os conflitos de


interesse dos grupos sociais deverão ser pacificados, para formar uma sociedade
justa. É necessário que os indivíduos entrem em acordo e se entendam, pois são
os responsáveis pelo princípio da paz e do diálogo.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
168

3 Antinomia: A Constituição Federal de 1988 faz menção ainda à negociação coletiva em


diversos dispositivos, como:
Um conflito entre duas
ideias, proposições,
atitudes, leis ou normas.
Art. 8º. VI - É obrigatória a participação dos sindicatos nas ne-
gociações coletivas de trabalho.

Art. 114 §1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão


eleger árbitros.

§2º Recusando-se qualquer das partes a negociação ou a arbi-


tragem, é facultado aos respectivos sindicatos ajuizar dissídio
coletivo, podendo a Justiça do Trabalho estabelecer normas e
condições, respeitadas as disposições convencionais e legais
mínimas de proteção ao trabalho. (BRASIL, 1988).

Dessa forma, o Direito Constitucional deve ser reconhecido para evitar discus-
sões entre as normas existentes e o próprio direito.
A Constituição ou Carta Magna não pode ser interpretada isoladamente, mas
sim, com todos os preceitos juntos que compõe o sistema das leis e normas e
princípios legais.
Assim sendo, perceba que a Constituição defende a igualdade digna, sem hie-
rarquia no seu conteúdo. Por isso, não existe uma regra inconstitucional em face
de outra, não existindo antinomias3 entre elas, e o texto constitucional deve ser
levado com harmonia e ponderação.
Aqui você pôde conhecer um pouco sobre os direitos trabalhistas abordados
na Constituição. Então, gostou desse assunto? A construção do conhecimento
não para por aqui. A seguir, você terá a oportunidade de conhecer sobre a hierar-
quia das Leis. Vamos lá!

8.3 Hierarquia das Leis

Você sabe o que é hierarquia? E hierarquia das Leis, você já ouviu falar?
8 legislação e normas
169

8.3.1 Definição

Para Carvalho e Nascimento (1997, p. 229), “a palavra hierarquia significa or-


dem, graduação, organização segundo uma preferência. Hierarquizar quer dizer
pôr em ordem, de acordo com um critério.”

iStockphoto (20--?)

Figura 1 -  Hierarquias

Se formos ordenar a parte jurídica de um Estado, deveremos ter um único sis-


tema de normas que se harmonizam entre elas, formando um conjunto coerente.
Então, a teoria elaborada por Kelsen (2000) do escalonamento das normas, nos
dá a certeza de que o núcleo da unidade de uma ordem jurídica não está todo no
nível do mesmo plano.
Já Bobbio (1999, p. 49), após conhecer os ensinamentos de Kelsen, conceitua
que:

Há normas superiores e normas inferiores. As inferiores depen-


dem das superiores. Subindo das normas inferiores àquelas
que se encontram mais acima, chega-se a uma norma supre-
ma, que não depende de nenhuma outra norma superior, e
sobre a qual repousa a unidade do ordenamento. Essa norma
suprema é a norma fundamental.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
170

O mesmo autor afirma também que, a hierarquia das normas jurídicas, pode
ser escalonada em forma de uma pirâmide, em que na parte de cima encontra-se
a norma fundamental, onde todas as normas existentes dependem dela e a usam
para sua eficácia, seus ensinamentos e validade.
Perceba, então, que a norma fundamental é superior às outras normas, escalo-
nando de cima para baixo até a norma inferior. Ou seja, da norma fundamental da
legitimidade e comando (da qual suas ordens imperativas causam dependência)
ao ordenamento jurídico.

Luiz Meneghel (2011)

Figura 2 -  Ordenamento

Observe que, a norma principal nem sempre é a Constituição do Estado, mas


sim, uma norma superior que lhe dá respaldo e validade.
Para Kelsen (2000, p. 221), a norma fundamental pressuposta é, na verdade,
uma norma formada por hipótese, pois não tem um código específico, não é uma
norma posta, e sim pressuposta e só é aceita quando as autoridades ditam seus
comandos, sendo reconhecida por todos como fato.
Dessa forma, entende-se que a validade da norma pressuposta, se dá não so-
mente por que as autoridades determinam que devam ser obedecidas em um
determinado lugar, em um período de tempo, mas sim, por que devem ser obe-
decidas sem questionamentos.
8 legislação e normas
171

Recorrendo-se ainda aos ensinamentos ditados por Bobbio (1999, p. 58), “dado
o poder constituinte como poder último, devemos pressupor, portanto, uma nor-
ma que atribua ao poder constituinte à faculdade de produzir normas jurídicas:
essa norma é a norma fundamental.”
Já Ráo (1999, p. 305) afirma que:

Leis se classificam, hierarquicamente, segundo a maior ou


menor extensão de sua eficácia e sua maior ou menor intensi-
dade criadora do direito. Sob o primeiro aspecto, nos regimes
políticos baseados na federação, as leis se distinguem em fed-
erais, estaduais e municipais. Sob o segundo aspecto, a classi-
ficação hierárquica se baseia na conformidade das normas in-
feriores às de categoria superior e esta conformidade se traduz
em dois princípios: o da constitucionalidade e o da legalidade.

Sendo assim, se temos um ordenamento jurídico, então existe um sistema se-


guindo uma hierarquia, logo, as normas inferiores estão em conformidade com
as superiores.
Para Ráo (1999, p. 306) existem dois princípios de hierarquia:
a) princípio da constitucionalidade e;
b) princípio da legalidade.
Perceba que, conforme os autores anteriormente citados, existe uma hierar-
quia entre as normas por escalonamento. E estão divididas na seguinte ordem,
acompanhe.
a) Norma Fundamental.
b) Constituição Federal.
c) Lei.
d) Complementar.
e) Ordinária.
f) Delegada.
g) Medida Provisória.
h) Decreto Legislativo.
i) Resolução.
j) Decretos Regulamentados pelo Poder Executivo.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
172

k) Alguns diplomas sem grande expressão de eficácia, e de leve força norma-


tiva.

O direito do Trabalho e sua hierarquia

Embora os critérios de escalonamentos das leis e normas que formam o Di-


reito sejam rígidos, a hierarquia das Leis não é seguida, por mais que exista essa
pirâmide no Direito Trabalhista. Maranhão (1984, p. 158) cita que:

As fontes formais do Direito do Trabalho são: a Constituição, a


Lei, o Regulamento, a Sentença Normativa da Justiça do Tra-
balho, a Convenção Coletiva de Trabalho e o Costume.

Podemos então acrescentar: os Contratos de Trabalho; as Convenções interna-


cionais; os Tratados e os Acordos Coletivos.
Perceba que, levando em consideração o direito do trabalho, e visando a pro-
teção da economia relacionada ao emprego, temos uma hierarquia flexível, nas
normas desse direito.
Alguns princípios norteiam o Direito do Trabalho e constituem o fundamento
da ordem jurídica. Acompanhe a seguir.
a) Princípio da não-renúncia do Direito – Qualquer renúncia ao direito traba-
lhista é legalmente inválida.
b) Princípio da continuidade da relação de emprego – O contrato de trabalho
deverá ser o mais duradouro possível, dando sustento à instabilidade do em-
prego.
c) Princípio da razão – Na relação entre empregado e empregador, deve sem-
pre prevalecer a razão, não devemos cobrar do empregado o que é humana-
mente impossível realizar.
d) Princípio da boa-fé – Os fatos deverão ser, quando houver divergência so-
bre eles, documentados, tanto nos autos, como nos acordos. O que foi acor-
dado entre as partes deverá ser cumprido na íntegra e não poderá ser usado
de má-fé ou de artifícios escusos prejudiciais à outra parte.
e) Princípio Protetor – Divide-se em três regras básicas:
a) regra da interpretação da norma – em caso de dúvida na interpretação
da norma, esta deverá beneficiar o trabalhador;
8 legislação e normas
173

b) regra do benefício da condição – o trabalhador deve exercer suas fun-


ções nas condições concretas acordadas pelo empregador, respeitando-
-se o Status anterior;
c) regra da continuidade da norma que mais favorece o trabalhador.
Escolhe-se aquela norma, entre todas, que mais atende os princípios básicos
do trabalhador. Entende-se então, que as normas brasileiras sempre serão mais
favoráveis aos empregados.
Carvalho e Nascimento (1997, p. 238) afirmam que:

Na pirâmide normativa da hierarquia das normas jurídicas tra-


balhistas, o vértice aponta para a norma que assegurar a me-
lhor condição para o trabalhador, segundo uma dinâmica que
não coincide com a distribuição estática de leis em graus de
hierarquia, do direito comum.

De acordo com as vantagens das normas, o que você acha que deve ser feito?
Devem-se colher as vantagens de todas, ou seguir a mais vantajosa?
Existem duas teorias nesse sentido. Veja.
a) Teoria da Acumulação – Tiramos de cada norma as disposições que mais
vantagem o empregado pode vir a ter. Assim, não temos o conjunto das
normas, mas sim, parte de cada uma delas.
b) Teoria do Conglobamento – Nessa teoria, o conjunto de normas será consi-
derado, não havendo divisão do texto legal.
Os juristas afirmam que não haverá a separação da norma e os estatutos dife-
rentes serão aplicados simultaneamente.
Nesse sentido, várias são as discussões jurídicas no Brasil, mas no entendimen-
to da maioria, a norma favorável está levando vantagem nas decisões judiciais,
colocando-se a teoria do conglobamento em segundo plano. As decisões basea-
das na norma favorável, normalmente favorecem a categoria da função do traba-
lhador, e não apenas ele.
Delgado (2003, p.239) afirma que:

O parâmetro para se proceder à comparação da norma mais


favorável não será o indivíduo, tomado isoladamente, mas a
coletividade interessada ou o trabalhador objetivamente con-
siderado como membro de uma categoria ou segmento, inse-
rido em um quadro de natureza global.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
174

Aqui você finaliza esta etapa de estudo, onde você pôde conhecer sobre a Or-
ganização Internacional do Trabalho; estudou a Constituição Federal e os direitos
trabalhistas e também as hierarquias das Leis. Ainda tem muita coisa interessante
aguardando por você. Portanto, organize bem suas atividades e garanta o suces-
so!

Recapitulando

No decorrer dos seus estudos você pôde perceber que, com a moder-
nidade e a industrialização, a produção e o lucro passam a ter papel im-
portante na vida do empreendedor. Nesse contexto, surge  a pressa, o
cansaço e consequentemente a falta de atenção dos trabalhadores, que
se submetem às horas intermináveis de trabalho, gerando o erro e mui-
tos acidentes.
Você viu também que a desregulamentação não pode e nem deve ser
confundida com flexibilização. Por isso, foi necessário garantir direitos
mínimos à dignidade do trabalhador, direitos esses, inicialmente fun-
damentados pela Carta Magna. Dessa forma, o processo humanista e
democrático, não pode ser complacente com as disparidades e contra a
legislação pertinente.
Continue atento para aprender mais a cada etapa cumprida. Na sequên-
cia, o convite será para aprender sobre normas regulamentadoras. Va-
mos em frente!
8 legislação e normas
175

Anotações:
Normas Regulamentadoras

Neste capítulo, você irá conhecer algumas das principais Normas Regulamentadoras (NRs) e
sua breve descrição. Verá que as Normas Regulamentadoras deverão ser respeitadas e cumpri-
das dentro de todas as funções, em território nacional, porque elas emanam das Leis maiores e
complementam toda a legislação trabalhista.
Também estudará a segurança no trabalho, em várias atividades, para que você possa ter
uma ideia clara da importância da prevenção de acidentes, seja no meio rural; na construção;
no trânsito; na mineração; em laboratórios ou, até mesmo, dentro de sua própria casa.
O trabalhador está exposto a vários fatores de riscos à sua saúde e integridade física, mas
muitos não sabem dos riscos que correm, enquanto outros, não dão importância ao problema.
Os acidentes no meio rural, na construção, no trânsito, mineração, laboratório ou no lar, podem
colocar em risco a vida do trabalhador.
Portanto, o conhecimento das normas de segurança, assim como, a utilização de equipa-
mentos adequados e medidas preventivas (muitas vezes simples), são importantes aliados para
a saúde e segurança do trabalho. Partindo destes conhecimentos, ao final do capítulo você terá
subsídios para:
a) conhecer as Normas Regulamentadoras e os princípios do Direito do Trabalho;
b) reconhecer a importância da aplicação das NRs no exercício da função de técnico de se-
gurança do trabalho;
c) reconhecer riscos e prevenir acidentes no meio rural, mineração, trânsito, construção civil,
laboratório e no lar;
d) conhecer e aplicar a NR-8.
Você agora é convidado a explorar todo o conteúdo apresentado, conduza seu processo
educacional com motivação. Abuse da autonomia e entusiasmo para que a construção do co-
nhecimento seja significativa e prazerosa.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
178

1 Ditame 9.1 Principais Normas Regulamentadoras


Preceito ditado pela razão, As Normas Regulamentadoras disciplinam os artigos de 154 a 201 da CLT e
lei ou consciência.
servem de referência e de parâmetro técnico, tanto para empresas, quanto para
as pessoas, de forma que elas atendam os ditames1 legais.
Atualmente existem 34 NRs e todas elas estão inter-relacionadas visando à
prevenção de acidentes.
2 Iminente
NR - 1. Disposições Gerais: Estabelece a aplicação de todas as normas volta-
Que ameaça cair sobre algo, das à medicina e segurança do trabalho.
está pendente ou está em
via de efetivação imediata,
muito próxima
É dirigida à observância de todas as empresas privadas e públicas e, pelos ór-
gãos dos Poderes Legislativo e Judiciário direta e indiretamente, que tem seus
trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Tem seu em-
basamento legal na Constituição Federal, nos artigos 154 a 159.

FIQUE Todas as NR devem ser lidas para proporcionar um conhe-


cimento mais amplo sobre os direitos e deveres dos traba-
ALERTA lhadores.

NR - 2. Inspeção Prévia: Qualquer estabelecimento novo ao iniciar suas ativi-


dades, terá que ter suas instalações aprovadas pelo Ministério do Trabalho.
NR - 3. Embargo e Interdição: A Delegacia Regional do Trabalho (DRT) ou
Delegacia do Trabalho Marítimo (DTM), depois de laudo técnico do serviço que
comprove grave risco iminente2 para os trabalhadores poderá, a qualquer mo-
mento, interditar a empresa; embargar a obra; o setor de serviço; e as máquinas
e equipamentos.
NR - 4. Serviços Especializados em Eng. de Segurança e em Medicina do
Trabalho: Toda empresa que possuir trabalhadores regidos pela CLT, terão em
seus quadros os serviços voltados à Engenharia de Segurança e Medicina do Tra-
balho, para proteger a saúde do trabalhador, e os riscos iminentes do local de
trabalho.

FIQUE Estes serviços estarão ligados ao risco iminente da produ-


ção da atividade principal e o número de trabalhadores da
ALERTA empresa.
9 normas regulamentadoras
179

NR – 5. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes: Todas as empresas,


privadas, públicas e órgãos governamentais que são regidos pela CLT, terão que
manter ativa, e organizada por setor, a Comissão Interna de Prevenção de Aciden-
tes (CIPA).
NR - 6. Equipamentos de Proteção Individual: Os empregadores terão que
oferecer gratuitamente a seus empregados o Equipamento de Proteção Individu-
al (EPI), para proteger seus trabalhadores dos riscos inerentes à saúde e integri-
dade física.
Para ressaltar a importância da utilização dos equipamentos de proteção indi-
vidual, acompanhe o Casos e Relatos a seguir.

CASOS E RELATOS

Importância dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)


Pedro trabalha em uma indústria, na parte de obras civis. Sua empresa
nunca esteve preocupada com a questão de segurança, e nem forne-
cia todos os EPIs adequados ou aprovados conforme Certificado de
Aprovação (CA).
Um dia, enquanto estava trabalhando, percebeu os riscos a que estava
exposto, então foi em uma distribuidora de EPIs e fez a compra de um
cinto de segurança. Porém, ninguém havia lhe informado que este deve-
ria ter alguma aprovação e, infelizmente, o que lhe foi vendido não pos-
suía Certificado de Aprovação, ou seja, não havia passado por nenhum
teste.
No dia seguinte, em seu trabalho, foi preciso subir em um andaime à
cerca de 4 metros de altura. Pedro colocou o cinto que havia comprado
e foi realizar sua atividade, conforme solicitado. Fixou bem o andaime,
colocou as sapatas, travas, tábuas e guarda–corpo e verificou também,
o melhor ponto de ancoragem acima de sua cabeça. Quando iniciou o
trabalho, uma tábua de madeira veio a quebrar, apesar de o ponto de
ancoragem resistir à queda, o cinto de segurança rompeu, não resistindo
ao impacto, e levando Pedro a cair e sofrer várias fraturas.
Em seguida, foi acionado o resgate da cidade e feita a devida investigação
do acidente, no qual foram constatadas várias irregularidades, como: EPIs
sem aprovação, a espessura da tábua não era adequada e continha várias
trincas, além da falta de treinamento para o trabalhador.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
180

Diante de toda esta situação e da gravidade do acidente, a empresa con-


tratou uma consultoria para fazer um levantamento em todos os seus
pontos de riscos, bem como, relacionar os EPIs adequados para cada
atividade. Pedro se recuperava muito bem e logo voltaria a trabalho e,
provavelmente, ficaria satisfeito ao observar todas as mudanças, voltadas
à prevenção, que a empresa estava fazendo.

NR - 7. Programas de Controle médico de Saúde Ocupacional: As empresas


e instituições serão obrigadas a implementar, a todos os seus trabalhadores, o
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), para preservar a
saúde dos mesmos.
NR - 8. Edificações: Toda empresa que tem trabalhadores em edificações de-
verá obedecer a critérios técnicos, que garantam o conforto e a segurança dos
envolvidos nesse tipo de trabalho.
NR - 9. Programas de Prevenção de Riscos Ambientais: Os empregadores
que tenham empregados expostos a riscos ambientais terão que implementar
o Programa de Riscos Ambientais, após avaliação, reconhecimento e prevenção
dos riscos inerentes ao ambiente.
NR - 10. Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade: As ativida-
des nas quais o risco elétrico faz parte, incluindo os projetos, execução, manu-
tenção e a operação, terão garantias mínimas aos trabalhadores ou terceiros, que
afirmem a sua integridade física.
NR - 11. Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Mate-
riais: A movimentação para operação de guindaste, elevadores, equipamentos
transportadores e máquinas transportadoras terá que obedecer a requisitos de
segurança, para cada material.
NR - 12. Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos: Os proce-
dimentos obrigatórios serão estabelecidos por esta NR, para locais onde transi-
tam os equipamentos e máquinas, e sua proteção, manutenção e operação. Estão
inclusos: as áreas, os pisos de circulação, e os dispositivos para parada e partida.
NR - 13. Caldeiras e Vasos Sob Pressão: As caldeiras e os vasos de pressão
deverão ter critérios seguros nos locais escolhidos para se situarem, inclusive:
projetos, operação e manutenção, e deverão ter inspeção e supervisão, conforme
regulamento vigente no Brasil.
NR - 14. Fornos: Os procedimentos estabelecidos por esta NR visam à cons-
trução de fornos sólidos e revestidos com material refratário, para que o calor seja
9 normas regulamentadoras
181

suportado no ambiente externo, deixando-o seguro e agradável aos trabalhado-


res.
NR - 15. Atividades e Operações Insalubres: Estabelece critérios para os lo-
cais onde existem agentes agressivos, tais como: ruído; calor; radiação; pressões;
frio; umidade; agentes químicos e outros. Por exemplo, se estiverem acima do
nível tolerado estabelecido por Legislação, deverão ser atestados pelos laudos de
inspeção do ambiente de trabalho.

VOCÊ Que as atividades ou operações Insalubres são aquelas


SABIA? em que o local de trabalho possui agentes agressivos?

NR - 16. Atividades e Operações Perigosas: As atividades com produtos quí-


micos como: manuseio e transporte de explosivos; gases; líquidos inflamáveis; só-
lidos inflamáveis; oxidantes; tóxicos; infectantes; radioativos; corrosivos ou outras
substâncias químicas que exponham o trabalhador a risco, deverão ter seus pro-
cedimentos vistoriados e supervisionados, obedecendo a regulamentos jurídicos,
pagando ao trabalhador a insalubridade de 30% sobre o salário vigente.
NR - 17. Ergonomia: As características psicofisiológicas dos trabalhadores no
ambiente de trabalho deverão ser adaptadas para proporcionar conforto, desem-
penho eficiente e muita segurança. Esta norma possui dois anexos que apresen-
tam detalhes para as seguintes atividades:
a) anexo I - Operadores de Checkouts;
b) anexo II – Trabalhadores em Teleatendimento e Telemarketing.
NR - 18. Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Constru-
ção: Os operários que tem, no ambiente de trabalho, riscos inerentes à constru-
ção, demolição e reparos, deverão ter medidas de controle e estudos preventivos
dos riscos e da condição do ambiente.
NR - 19. Explosivos: Estabelece procedimentos rígidos para manusear, arma-
zenar e transportar explosivos, onde a quantidade expõe os trabalhadores a ris-
cos desnecessários.
NR - 20. Líquidos Combustíveis e Inflamáveis: Define como armazenar,
transportar e manusear os líquidos inflamáveis, os combustíveis e o Gás Liquefei-
to de Petróleo, (GLP), sem riscos a sua saúde.
NR - 21. Trabalho a Céu Aberto: Os critérios estabelecidos por essa NR, di-
zem respeito a trabalhadores que exercem suas funções a céu aberto, no qual, a
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
182

legislação exige abrigos (mesmo rústicos), para a proteção dos empregados das
intempéries.
NR - 22. Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração: Esta NR prescreve
a Segurança e Medicina nos locais subterrâneos, como minas, para proporcionar
aos trabalhadores o conforto satisfatório, a segurança da saúde e a diminuição
dos riscos físicos.
NR - 23. Proteção Contra Incêndios: As empresas devem possuir proteção
contra incêndios, saída de emergência e treinamento para o uso correto de equi-
pamentos, em número suficiente para o combate do fogo, preservando a vida
dos trabalhadores.
NR - 24. Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho: Esta-
belece as normas para os aparelhos e gabinetes sanitários, banheiros separados
por sexo, alojamentos, refeitórios, cozinhas e vestiários.
NR - 25. Resíduos Industriais: Mostra os critérios usados para eliminar os resí-
duos industriais do ambiente de trabalho, por equipamentos e métodos adequa-
dos, para evitar os riscos à segurança e saúde dos empregados.
NR - 26. Sinalização de Segurança: O objetivo desta NR é fixar cores para a
prevenção dos trabalhadores em locais de risco, advertindo e delimitando espa-
ço de possíveis riscos iminentes.
NR - 27. Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no
MTB: Os critérios do exercício da profissão de Técnico de Segurança do Trabalho
são estabelecidos por esta NR, e dependem do registro no Ministério do Traba-
lho, com aval do Serviço de Saúde e Segurança do Trabalho (SSST) ou de uma
Delegacia Regional do Trabalho (DRT).
NR - 28. Fiscalização e Penalidades: A fiscalização, embargo ou penalidades
provenientes de denúncias sobre a segurança e saúde dos empregados, só serão
efetuadas, se obedecerem aos Decretos Leis.
NR - 29. Segurança e Saúde no Trabalho Portuário: Regulariza o ambien-
te portuário, impondo a proteção adequada aos trabalhadores em segurança e
saúde, enquanto exerçam suas atividades nas instalações, dentro do porto orga-
nizado.
NR - 30. Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário: A regulamentação
desta norma aplica o que está disposto na Convenção da OIT número 147 – Nor-
mas Mínimas para Marinha Mercante, para proteção de seus trabalhadores em
embarcações de bandeira nacional ou estrangeira, que fazem transporte de car-
gas ou passageiros ou prestam serviços, seja na navegação de cabotagem ou de
longo curso, plataformas marítimas e fluviais ou nos deslocamentos terra-mar ou
vice-versa.
9 normas regulamentadoras
183

NR - 31. Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicul-


tura, Exploração Florestal e Aquicultura: Norma regulamentadora para esta-
belecer todos os preceitos para a organização, planejamento nas atividades de
agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura, visando à se-
gurança e à saúde dos trabalhadores.
NR - 32. Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde:
Os trabalhadores e envolvidos na área de saúde devem ter seu ambiente de tra-
balho protegidos por planejamentos e medidas de segurança para a sua saúde.
NR - 33. Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados: Os em-
pregadores deverão identificar os espaços confinados no ambiente de trabalho,
através de reconhecimento e avaliação. Desta forma, devem monitorando e con-
trolando os riscos para proteger a segurança e a saúde dos trabalhadores que,
direta ou indiretamente, estão expostos a tais riscos.
NR - 34. Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Cons-
trução e Reparação Naval: A proposta de um texto para dar segurança ao meio
ambiente de trabalho na indústria naval, estaleiros e similares e criar uma norma
regulamentadora, está tramitando. Para consulta pública pela Portaria SIT núme-
ro 182 de 30 de abril de 2010, em conformidade com a Portaria GM número 1.127,
de 02 de outubro de 2003.

Para conhecer os textos na íntegra de cada NR, faça uma


SAIBA busca no Portal do Ministério do Trabalho e Emprego. Dispo-
MAIS nível em:<http://portal.mte.gov.br/ >. Acesse o menu ‘Legis-
lação’ e, após, ‘Normas Regulamentadoras’.

Como você pôde perceber, é fundamental conhecer as NRs para nortear as


ações de prevenção, de forma a melhorar as condições de trabalho, baseando-se
nos princípios legislativos.
Aqui finalizamos mais uma etapa, na qual você pôde conhecer algumas das
principais Normas Regulamentadoras. Agora você está convidado a conhecer
alguns princípios da segurança no trabalho nos ambientes: rural; de mineração;
trânsito; construção civil e no lar. Vamos lá!
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
184

9.2 Segurança do Trabalho

9.2.1 Rural

Tanto na agricultura como na pecuária, os trabalhadores rurais são expostos


a muitos riscos, por isso, você irá aprender a identificar e prevenir os acidentes
decorrentes dessas funções.

Medidas Preventivas

O trabalhador rural, como todos os trabalhadores, deverá receber orientações


de um profissional habilitado sobre as boas práticas agrícolas e, dentro de uma
agricultura sustentável. Deve valer-se de técnicas como o Manejo Integrado de
Pragas (MIP), ou seja, produzir alimentos agrícolas de boa qualidade sem com-
prometer o futuro das outras gerações.

FIQUE Os produtos químicos a serem usados, deverão ser contro-


lados e, um profissional habilitado prescreverá a quantida-
ALERTA de e utilidade do produto.

Também deverá colocar na receita agronômica os EPIs que os trabalhadores


deverão usar. A necessidade ou não do produto, normalmente, é feita por meio
de análise do solo, ambiente e o que vai ser plantado.
A falta de cuidado com as embalagens desses produtos também é um agra-
vante para a saúde dos manipuladores além de causar a poluição química do
solo. Os trabalhadores deverão receber treinamento sobre primeiros socorros
para que saibam como socorrer aqueles que se acidentarem e, o que fazer com
as sobras, para não comprometer o meio ambiente.
A NR – 31 sob a competência da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), por
meio do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST) têm a função
de coordenar, definir e implementar a política nacional de segurança no trabalho
rural, principalmente, a identificação de problemas, a melhoria das condições de
trabalho do setor rural, a prevenção de acidentes e suas medidas, levando em
consideração os avanços tecnológicos. (BRASIL, 2011).
Também tem a função de avaliar, periodicamente, os riscos e atos inseguros,
aplicar e implementar as recomendações técnicas do setor, definir máquinas e
9 normas regulamentadoras
185

equipamentos nos quais o uso traz riscos ao trabalhador e, treinar por meio de
instituição credenciada a órgão competente, o transporte de produtos perigosos
regido por legislação pertinente, como o Decreto 96.044/88 e resolução do De-
natran 420/04.
O veículo deverá ter kit de emergência; EPI adequado ao tipo de carga; deverá
portar painéis de segurança; e rótulos de risco, afixados nas laterais, frente e atrás.

Armazenamento

Conforme a NR- 31, a construção deve obedecer algumas regras impostas por
legislação.

31.21.8 As edificações rurais devem:

Proporcionar proteção contra a umidade; ser projetadas


e construídas de modo a evitar insolação excessiva ou
falta de iluminação e; possuir ventilação e iluminação
adequadas às atividades laborais a que se destinam.
Também devem ser submetidas a processo constante
de limpeza e desinfecção, para que se neutralize a ação
nociva de agentes patogênicos e ser dotadas de siste-
ma de saneamento básico (destinado à coleta das águas
servidas na limpeza e na desinfecção, para que se evite a
contaminação do meio ambiente). (BRASIL, 2011).

Ao empregador rural cabe dar uma vida digna ao trabalhador, com higiene e
conforto definidas por legislação. Terá que realizar avaliações técnicas do local de
trabalho, visando à segurança das atividades, e tomar medidas preventivas nos
locais e na manipulação e operação de equipamentos, para proteger a saúde e
integridade física dos trabalhadores.
Deve também criar a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes no Traba-
lho Rural (CIPATR), junto aos trabalhadores e com a participação deles e divulgar
os direitos e deveres dos trabalhadores por meio do Serviço Especializado em
Segurança e Saúde no Trabalho Rural (SESTR).
Segundo a NR-31, o SESTR é um serviço essencial aos trabalhadores rurais e
suas atribuições são:

31.6.2: a) assessorar tecnicamente os empregadores e


trabalhadores; b) promover e desenvolver atividades
educativas em saúde e segurança para todos os traba-
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
186

lhadores; c) identificar e avaliar os riscos para a seguran-


ça e saúde dos trabalhadores em todas as fases do pro-
cesso de produção, com a participação dos envolvidos;
d) indicar medidas de eliminação, controle ou redução
dos riscos, priorizando a proteção coletiva; e) monitorar
periodicamente a eficácia das medidas adotadas; f) ana-
lisar as causas dos agravos relacionados ao trabalho e in-
dicar as medidas corretivas e preventivas pertinentes; g)
participar dos processos de concepção e alterações dos
postos de trabalho, escolha de equipamentos, tecnolo-
gias, métodos de produção e organização do trabalho
para promover a adaptação do trabalho ao homem; h)
intervir imediatamente nas condições de trabalho que
estejam associadas a graves e iminentes riscos para a
segurança e saúde dos trabalhadores; i) estar integrado
com a CIPATR, valendo-se, ao máximo, de suas obser-
vações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la nas suas
necessidades e solicitações; j) manter registros atualiza-
dos referentes a avaliações das condições de trabalho,
indicadores de saúde dos trabalhadores, acidentes e
doenças do trabalho e ações desenvolvidas pelo SESTR.
(BRASIL, 2011).

O estabelecimento rural, que tiver entre 10 e 50 funcioná-


rios, e que o empregador seja capacitado na prevenção de
FIQUE acidentes, está desobrigado a constituir o SESTR. O SESTR
ALERTA é o órgão da empresa, responsável pela implantação, ma-
nutenção e supervisão das medidas de segurança e saúde
do trabalho

Existem 3 modalidades de SESTR que os empregadores podem constituir.


a) Próprio – Com vínculo empregatício;
b) Externo – Com consultoria de especialistas;
c) Coletivo – Coletividade na contratação dos profissionais através de um seg-
mento empresarial.
O SESTR deverá ter em seus quadros, segundo a NR 31, os seguintes profissio-
nais:
9 normas regulamentadoras
187

a) de nível superior: Engenheiro de Segurança do Traba-


lho; Médico do Trabalho; Enfermeiro do Trabalho. b) de
nível médio: Técnico de Segurança do Trabalho, Auxiliar
de Enfermagem do Trabalho. (BRASIL, 2011).

Um equipamento que o trabalhador do campo opera muito é o trator, pois


cada vez mais a agropecuária utiliza-se das tecnologias. Por isso, os operadores
deverão passar por treinamento adequado de primeiros socorros, dirigibilidade
e direção defensiva.
Na área rural, os acidentes normalmente poderiam ser evitados, se as medidas
prevencionistas fossem realmente implantadas, mas o descaso no meio ainda é
grande.

Microsoft Office (20--?)

Felizmente, hoje, a fiscalização está mais atuante, por causa dos desmatamen-
tos que ocorrem, o que tem facilitado a identificação de outras irregularidades
como a falta de atenção no que se refere à saúde e segurança dos trabalhadores
rurais.
Mas, ainda há muito trabalho a fazer, pois, longe dos grandes centros urbanos,
as informações costumam chegar mais lentamente. Entretanto, a chegada dos
celulares, computadores, Internet, etc., tem permitido quebrar estes paradigmas
e melhorar a vida do agricultor.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
188

9.2.2 Mineração

Aqui você conhecerá um pouco sobre mineração, os cuidados a serem toma-


dos e quais os equipamentos, máquinas e ambiente trazem mais perigo à vida do
minerador ou do usuário das minas. Entusiasmado para aprender mais? Vamos
em frente!
As NR 22 e a NR 33 trazem os cuidados para serem tomados pelos trabalhado-
res em ambientes confinados, com o objetivo de prevenir acidentes e preservar a
saúde dos mineiros.

Microsoft Office (20--?)


Figura 3 -  Mineração

Responsabilidade do Empregador

Cabe ao empregador da mina acatar a legislação pertinente, cuidar da segu-


rança dos trabalhadores, dar treinamento e fornecer EPI e EPC e, ter supervisão
permanente de técnico responsável, legalmente habilitado para a função, con-
forme a NR 22. (BRASIL, 2011).

22.3.7 Cabe à empresa ou Permissionário de Lavra Ga-


rimpeira elaborar e implementar o Programa de Geren-
ciamento de Riscos – PGR, contemplando os aspectos
desta Norma, incluindo, no mínimo, os relacionados a:

a) riscos físicos, químicos e biológicos;


b) atmosferas explosivas;
c) deficiências de oxigênio;
9 normas regulamentadoras
189

d) ventilação;
e) proteção respiratória, de acordo com a Instrução Nor-
mativa n.º 1, de 11/04/94, da Secretaria de Segurança e
Saúde no Trabalho;
f) investigação e análise de acidentes do trabalho;
g) ergonomia e organização do trabalho;
h) riscos decorrentes do trabalho em altura, em profun-
didade e em espaços confinados;
i) riscos decorrentes da utilização de energia elétrica,
máquinas, equipamentos, veículos e trabalhos manuais;
j) equipamentos de proteção individual de uso obriga-
tório, observando-se, no mínimo, o constante na Norma
Regulamentadora n.º 6;
l) estabilidade do maciço;
m) plano de emergência e;
n) outros resultantes de modificações e introduções de
novas tecnologias. (BRASIL, 2011).
Além desses procedimentos, deverá ser providenciado o Programa de Geren-
ciamento de Riscos (PGR), no qual deverá conter:
a) mapa de risco, e informações sobre os riscos mais graves; avaliação minu-
ciosa dos fatores de risco aos quais (e por quanto tempo) os trabalhadores
ficaram expostos;
b) cronograma e metas,e prioridades;
c) acompanhamento de todas as medidas implantadas;
d) monitorar e supervisionar, no mínimo por vinte anos, a manutenção de to-
dos os dados dos fatores de riscos;
e) rever conceitos, periodicamente, sobre as medidas preventivas.

Responsabilidades dos Trabalhadores

Aos trabalhadores cabe o cumprimento de alguns requisitos, tais como:


a) zelar por terceiros, sua segurança e integridade física, por qualquer ação
que possa colocar em risco iminente por omissão no trabalho;
b) comunicar, imediatamente, ao empregador ou seus representantes, qual-
quer situação de risco.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
190

Direitos dos trabalhadores

Acompanhe, a seguir, alguns dos direitos dos trabalhadores.

D'Imitre Camargo (2011)


Figura 4 -  Direitos dos trabalhadores

Circulação e Transporte de Pessoas e Materiais

Conforme Ministério do Trabalho e Emprego:

22.7.1 Toda mina deve possuir plano de trânsito esta-


belecendo regras, de preferência, de movimentação e
distâncias mínimas entre máquinas, equipamentos e
veículos compatíveis com a segurança, e velocidades
permitidas, de acordo com as condições das pistas de
rolamento. (BRASIL, 2011).

Operação de Emergência

Conforme NR 22, o plano de emergência deverá ser elaborado e implantado


contendo no mínimo (BRASIL, 2011):
a) a identificação dos riscos mais graves;
9 normas regulamentadoras
191

b) todas as normas de segurança nos procedimentos de:


incêndios;
inundações;
explosões;
desabamentos;
parada do sistema de ventilação por falta de energia;
e outros acidentes maiores.

Lynn Herrmann (20--?)

Vias e Saídas de Emergência

É importante saber que as minas deverão ter, no mínimo, duas saídas para a
superfície, uma é a principal e outra, a de emergência ou alternativa, separadas
entre elas, para que em caso de desmoronamento de uma delas, a outra sirva
para o trânsito e todas as pessoas envolvidas tenham acesso às duas alternativas.
Os locais no subsolo deverão ter plano de evacuação pelas duas vias, sendo de-
terminados: o número de pessoas e o ponto de concentração para imediata saída
do local.
Com essas medidas, a possibilidade de acidentes diminui em grande escala,
preservando a função, a saúde e a segurança do trabalhador e contribuindo para
a exploração de material subterrâneo com segurança.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
192

9.2.3 Trânsito

Você já deve ter conhecimento de que o trânsito no Brasil é regido pelo Códi-
go de Trânsito Brasileiro (CTB) e por suas resoluções. O código obedece a Cons-
tituição do Brasil, e é complementado pelas portarias e decretos dos estados e
municípios que regionalizam a legislação.
Os acordos do MERCOSUL, entre países latino-americanos, hoje em dia, dis-
cutem a possibilidade de integração das legislações para o transporte de cargas.

Microsoft Office (20--?)

Que a legislação do transporte de cargas já exige do tra-


VOCÊ balhador vários cursos de aperfeiçoamento na função?
SABIA? O não acatamento, levará tanto o profissional como os
empregadores, a altíssimas multas.

O treinamento de motoristas profissionais já é uma constante em território


brasileiro, junto com a fiscalização atuante que tem o intuito de punir quem des-
cumpre as Leis e, consequentemente, diminuir o número de acidentes de trânsi-
to, objetivo maior da legislação.

Código de Trânsito Brasileiro

O CTB, promulgado em 1997, com seus 341 artigos, dos quais 17 foram veta-
dos pelo Presidente, foi complementado pelas portarias, decretos e por meio das
9 normas regulamentadoras
193

resoluções. Contudo, seus artigos continuam sendo à base de toda a legislação


de trânsito.

Telmo Teramoto (20--?)

Figura 5 -  Código de trânsito brasileiro

O Brasil é um país rodoviarista, escoando a maior parte de sua produção por


meio de rodovias. Com isso, as leis que regem esse tipo de modal de transporte
devem ser mais fiscalizadas, ou teremos um caos no trânsito e, consequentemen-
te, muitos acidentes no país. Em seu primeiro artigo o CTB já faz menção à segu-
rança:

Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terres-


tres do território nacional, abertas à circulação, rege-se
por este Código.

§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pes-


soas, veículos e animais, isolados ou em grupos, condu-
zidos ou não, para fins de circulação, parada, estaciona-
mento e operação de carga ou descarga.

§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de


todos e dever dos órgãos e entidades componentes do
Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âm-
bito das respectivas competências, adotar as medidas
destinadas a assegurar esse direito.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
194

§ 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema


Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respec-
tivas competências, objetivamente, por danos causados
aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na
execução e manutenção de programas, projetos e ser-
viços que garantam o exercício do direito do trânsito
seguro. (BRASIL, 1997).

Veja que trânsito seguro é um direito de todos e é dever


FIQUE dos órgãos gestores da via garanti-lo e, em caso de ação
ALERTA ou omissão, estes respondem civil e criminalmente por
qualquer ato que possa causar acidentes aos usuários.

As leis de trânsito visam à proteção da vida e do meio ambiente.


O art. 76 do CTB, diz que educação de trânsito é um direito nosso, enquanto se
proíbe propaganda de cigarros e álcool, por exemplo, nada se faz com as propa-
gandas de incentivo à venda de veículos que alcançam velocidades extraordiná-
rias em poucos segundos.
O art. 88 do CTB nos diz que todas as vias só podem ser abertas se estiverem
definitivamente sinalizadas. Sabemos que a malha rodoviária do Brasil é precária,
inclusive é um entrave nas negociações de importação e exportação do país. En-
tão, se a lei não é cumprida, o cidadão terá que ser educado suficientemente para
ele mesmo tomar as medidas de segurança na circulação das vias. (BRASIL, 1997).
Ainda são precárias as campanhas em escolas fundamentais e, com isso, a po-
pulação atrela o veículo a status e o número de acidentes sobe vertiginosamente.

Perceba que a educação ainda é a principal solução para o


FIQUE trânsito no Brasil. Mudar o comportamento dos usuários,
cobrar novas posturas e maior responsabilidade ao dirigir
ALERTA são medidas que devem compor os objetivos dos progra-
mas de educação para o trânsito.

Nessa perspectiva, é dever de todos os condutores e usuários de vias terres-


tres, de acordo com o art. 26. do CTB:

9 normas regulamentadoras
195

I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou


obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de
animais, ou ainda, causar danos a propriedades públicas
ou privadas;

II - abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso,


atirando, depositando ou abandonando na via objetos
ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstácu-
lo. (BRASIL, 1997).

Saiba que todas as leis de trânsito derivam desse dever.

Educação

Você já deve saber que após 18 anos de idade o Código de Trânsito Brasileiro
permite que as pessoas conduzam veículos nas vias públicas, desde que devi-
damente habilitadas. Esta habilitação será fornecida quando o candidato, após
treinamento nos Centros de Formação de Condutores, for aprovado nas provas
escrita e prática, analisadas por especialistas do próprio órgão gestor da região.
Ainda segundo a resolução 168/04, todo o motorista profissional, que se en-
quadrar em uma das categorias a seguir deverá passar por treinamento específico
da função.
a) Motorista que transporta produtos perigosos movimentação de produtos
perigosos (MOPP).
b) Motorista de transporte coletivo.
c) Motorista de transporte escolar.
d) Motorista de veículos de emergência.
e) Motorista de carga indivisível.
f) Mototáxi e motoboy.
Na mesma resolução, os motoristas que cometem multa gravíssima por dirigi-
rem alcoolizados, direção perigosa ou crime no trânsito, deverão passar por curso
de reciclagem.

Acidentes

Os acidentes de trânsito dividem-se em duas categorias.


fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
196

a) Acidente evitável.
b) Acidente inevitável.
Mas, para alguns estudiosos, não existe acidente inevitável, alguém (ou o pró-
prio condutor), em algum lugar, poderia tê-lo evitado. Os condutores respondem
por seus atos no volante, e os proprietários são coautores do acidente.
A direção defensiva aponta que, para ser um condutor experiente, é necessá-
rio desenvolver alguns requisitos:

Waleska Ruschel (2011)


Figura 6 -  Requisitos de um condutor

O acidente não existe com um único erro, normalmente, é a soma de fatores


que faz com que o indivíduo sofra um acidente.

VOCÊ Você sabia que os acidentes de trânsito estão como o


segundo fator que mais mata no Brasil, só perdendo
SABIA? para a desnutrição? (TRANSITOBR, 2011).

Os acidentes de trânsito hoje, com a promulgação do CTB e complementado


pelas novas leis, é crime. Os usuários da via respondem por qualquer ato que fa-
çam contra os outros ou ao meio ambiente. Os crimes podem ser de dois tipos.
Veja.
a) Doloso – Quando o indivíduo tem a intenção de cometer.
b) Culposo – Sem a intenção, apesar da culpa.
9 normas regulamentadoras
197

E então, percebeu a importância de manter a segurança no trânsito? Na se-


quência, você aprenderá sobre segurança na construção civil. Vamos em frente?
Aproveite todos os caminhos que levam ao conhecimento.

9.2.4 Construção Civil

Na construção de casas, edifícios, pontes, barragens, etc., muita mão de obra é


utilizada e, geralmente, esses trabalhadores ficam expostos a riscos. Por isso, per-
ceba que é importante analisar esses riscos para que os trabalhadores possam ter
segurança ao desenvolverem suas funções e o ambiente de trabalho seja seguro
e não ofereça risco à vida dos mesmos.

Levantamento de riscos ambientais e de acidentes

Quando se pensa em construir, qual é uma das primeiras coisas a se fazer? É


o levantamento de riscos ambientais e de acidentes, pois grande parte dos aci-
dentes seria evitando se fosse feito o levantamento e diagnóstico antecipado dos
mesmos.
Já na fase de execução da obra, enquanto se está fazendo o levantamento, o
reconhecimento e a avaliação dos riscos, deve-se colocar em prática toda medida
que possa prevenir acidentes como a proteção individual e coletiva, sendo sem-
pre levantada a prevenção e o risco iminente.
Os dados de acidentes, condições de trabalho e avaliações quantitativas, de-
verão ser catalogados e implementados nas áreas administrativas e médicas para
criação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Na área
mais insegura, deverão ser implantadas medidas de prevenção e monitoramento
das causas do ambiente perigoso.
Também deve ser implementado o Programa de Condições e Meio Ambiente
de Trabalho (PCMAT). Este programa tem o objetivo de prevenir riscos, por meio
de informações dadas aos trabalhadores em treinamentos, o que reduz a chance
de acontecer acidentes ou diminui as consequências, caso ocorram.

NR - 18

18.3.3. A implementação do PCMAT nos estabelecimen-


tos é de responsabilidade do empregador ou condomí-
nio.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
198

18.3.4. Documentos que integram o PCMAT:

Memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho


nas atividades e operações, levando-se em considera-
ção: riscos de acidentes e de doenças do trabalho e suas
respectivas medidas preventivas; projeto de execução
das proteções coletivas em conformidade com as etapas
da execução da obra; especificação técnica das prote-
ções coletivas e individuais a serem utilizadas; cronogra-
ma de implantação das medidas preventivas definidas
no PCMAT; layout inicial do canteiro de obra (contem-
plando, inclusive, previsão de dimensionamento das
áreas de vivência); programa educativo, contemplando
a temática de prevenção de acidentes e doenças do tra-
balho, com sua carga horária. (BRASIL, 2011).

As áreas chamadas de vivência, principalmente no canteiro de obra, devem


dispor conforme NR 18 de: sanitários; vestiários; alojamento; refeições; cozinha;
lavanderia; área de lazer e ambulatório.
Salve Santarem (20--?)

Riscos no ambiente de construção

Dados revelam que ocorrem mais acidentes fatais na área de construção do


que em outros setores ou atividades. Um dos motivos é por ser o ramo que mais
emprega no país e, também, porque muitas obras estão em condições inseguras
de trabalho, além de existir pouca informação e treinamento para os trabalhado-
res desse ramo.
9 normas regulamentadoras
199

Toda aproximação de um perigo ou risco a que se esteja sujeito a dano, que


pode afetar a integridade física dos trabalhadores ou a própria construção. Usan-
do uma forma genérica, e tendo como base a NR 18, os riscos que podem gerar
acidentes são:
a) movimentação de terra;
b) fundação e estruturas;
c) coberturas;
d) fechamento e alvenaria;
e) instalações e acabamentos;
f) máquinas de elevação.
Conforme NR 18, as sinalizações de obra devem seguir normas preestabeleci-
das, que devem ser cumpridas, sob pena de multa.
Sinalização de Segurança - O canteiro de obras deverá ser sinalizado com o
objetivo de:
a) identificar os locais de apoio que compõem o canteiro de obras;
b) indicar as saídas por meio de dizeres ou setas;
c) manter a comunicação por meio de avisos, cartazes ou similares;
d) advertir sobre o perigo de contato ou acionamento acidental com partes
móveis das máquinas ou equipamentos;
e) advertir quanto ao risco de queda;
f) alertar quanto à obrigatoriedade do uso de EPI específico para atividade
executada, com as devidas sinalizações e advertências próximas ao posto
de trabalho;
g) alertar quanto ao isolamento das áreas de transporte e circulação de mate-
riais por grua, guincho e guindaste;
h) identificar acessos, circulação de veículos e equipamentos na obra;
i) advertir contra o risco de passagem de trabalhadores onde o pé-direito for
inferior a 1,80m;
j) identificar locais com substâncias tóxicas, corrosivas, inflamáveis, explosivas
e radioativas;
k) é obrigatório o uso de colete ou tiras refletivas na região do tórax e costas;
l) quando o trabalhador estiver a serviço em vias públicas, sinalizar o acesso ao
canteiro de obras e frentes de serviços ou em movimentação e transporte
vertical de materiais;
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
200

m) a sinalização de segurança em vias públicas deve ser dirigida para alertar os


motoristas, pedestres e, em conformidade com as determinações do órgão
competente. (BRASIL, 2011).

Campos Gerais é Mais (20--?)


Ordem e Limpeza - Todo canteiro de obra deve apresentar-se organizado de-
simpedido e limpo, principalmente, nas passagens de trabalhadores.
Os restos de construção, entulho, devem ser periodicamente coletados e re-
movidos para local adequado. Por ocasião da remoção, deve-se tomar cuidado
com o pó e os riscos na manipulação. Quando o solo for inadequado para remo-
ver manualmente, devem-se usar calhas ou equipamentos mecânicos. (BRASIL,
2011).

FIQUE É terminantemente proibida a queima de lixo no canteiro


ALERTA de obras.

Todo trabalhador de obras deverá receber o EPI básico para a função, determi-
nado pela legislação e adaptado ao solo e condições da obra.

SAIBA Para conhecer mais detalhes sobre a NR 18, acesse: <http://


portal.mte.gov.br/legislacao/norma-regulamentadora-
MAIS -n-18-1.htm>.
9 normas regulamentadoras
201

Edificações

Os trabalhadores de edificações, estradas e laboratórios fazem parte de uma


função que exige muita atenção e responsabilidade com os outros envolvidos. O
ambiente, além de ser perigoso, é propício a acidentes graves, que muitas vezes
não se consegue evitar. Prevenção, estudos quantitativos e qualitativos fazem
parte do trabalho do técnico em segurança, que deve proporcionar treinamento
e passar informações a respeito de saúde e segurança aos trabalhadores envol-
vidos.
Perceba que estar atento também é fundamental neste ambiente, pois aci-
dentes como queda de altura, escorregões, tropeços e intoxicações podem ocor-
rer com frequência.
A norma regulamentadora NR-8 estabelece quais são os requisitos que devem
ser cumpridos no trabalho em edificações (BRASIL, 2011). Como por exemplo, os
que seguem.
a) Todo local de trabalho deverá portar pé-direito, da altura do piso ao teto,
obedecendo às legislações municipais, para atender os requisitos de segu-
rança, conforto e salubridade.
b) A movimentação no local deverá obedecer à legislação em vigor, e não po-
derá ter saliências, depressões que se interpõe entre as pessoas e materiais
em circulação no ambiente.
c) Qualquer abertura, nas paredes ou no chão, deverá ser protegida para evitar
a queda de trabalhadores ou materiais.
d) Toda parte das escadas, rampas e descidas deverão ser resistentes para
aquentar as cargas.
Além desses cuidados a NR – 8 complementa com:

8.3.4. As rampas e as escadas fixas de qualquer tipo de-


vem ser construídas de acordo com as normas técnicas
oficiais e mantidas em perfeito estado de conservação
(alterado pela Portaria SIT n.º 12, de 06 de outubro de
1983).

8.3.5. Nos pisos, escadas, rampas, corredores e passa-


gens dos locais de trabalho, onde houver perigo de es-
corregamento, serão empregados materiais ou proces-
sos antiderrapantes.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
202

8.3.6. Os andares acima do solo devem dispor de prote-


ção adequada contra quedas, de acordo com as normas
técnicas e legislações municipais, atendidas às condi-
ções de segurança e conforto (alterado pela Portaria SIT
n.º 222, de 06 de maio de 2011).

8.4. Proteção contra intempéries.

8.4.1. As partes externas, bem como, todas as que se-


parem unidades autônomas de uma edificação, ainda
que não acompanhem sua estrutura, devem, obrigato-
riamente, observar as normas técnicas oficiais relativas
à resistência ao fogo, isolamento térmico, isolamento e
condicionamento acústico, resistência estrutural e im-
permeabilidade (alterado pela Portaria SIT n.º 12, de 06
de outubro de 1983).

8.4.2. Os pisos e as paredes dos locais de trabalho devem


ser impermeabilizados, sempre que necessário, assim
como protegidos contra a umidade.

8.4.3. As coberturas dos locais de trabalho devem asse-


gurar proteção contra as chuvas (alterado pela Portaria
SIT n.º 12, de 06 de outubro de 1983).

8.4.4. As edificações dos locais de trabalho devem ser


projetadas e construídas de modo a evitar insolação ex-
cessiva ou falta de insolação (alterado pela Portaria SIT
n.º 12, de 06 de outubro de 1983). (BRASIL, 2011).

Construções

Nas construções de estradas existem vários tipos de trabalhadores:


a) cantoneiras de limpeza;
b) jardineiros;
c) motoristas;
9 normas regulamentadoras
203

d) apanhadores de animais e tratadores;


e) pintores;
f) calceteiros e asfaltadores, etc.

Operário em Construção (20--?)

Mas o destaque fica por conta daqueles que tem por função a reparação e con-
sertos das rodovias e sua respectiva sinalização. Os riscos mais perigosos a que
estão expostos são: esmagamento, quedas, problemas oculares e respiratórios,
incêndios, explosões, entorses, etc.
Portanto, esses trabalhadores se expõem diariamente ao ambiente de aciden-
tes, por isso, é necessário cumprir o método de precaução estipulado pela empre-
sa ou órgão contratante.
Trabalhando-se com previsão de acidentes e resguardando o profissional de
doenças causadas por seu trabalho, algumas regras de segurança devem ser se-
guidas, acompanhe.
a) A sinalização na obra deverá ser rigorosa, de acordo com as normas reco-
mendadas.
b) Os meios usados para sinalização deverão estar em bom estado de conser-
vação e limpos.
c) Deverá ser feita uma avaliação periódica nas máquinas e equipamentos usa-
dos.
d) Toda máquina deverá ter sinais de advertência, como: buzina e dispositivo
sonoro de ré.
e) O trabalhador não deverá fazer reparos nas máquinas; deve esperar a che-
gada de pessoal qualificado.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
204

f) Os restos e resíduos deverão ter destino adequado para não poluir o meio
ambiente. Os trabalhadores deverão usar EPI adequado, sinalização refletiva
à luz no vestiário e bota de segurança.

Sinalização da obra

Segundo o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes,


2011g, p. 150), “a sinalização deverá estar sempre adaptada às características da
obra e da rodovia onde será implantada. Deverá apresentar boa legibilidade, visi-
bilidade e credibilidade.”
A sinalização de obra vertical divide-se em duas modalidades:
a) regulamentação;
b) advertência.
Essas sinalizações devem seguir a legislação quanto a cor e a uma distância
compatível e segura para os trabalhadores.

Bruno Marie (20--?)

Posicionamento das placas

O posicionamento das placas de sinalização de obras pode variar conforme


o período de duração das obras, podendo ser em um local específico ou móvel,
como por exemplo, na execução de pintura de faixas de estradas e rodovias.
No caso de obras de longa duração, em um local específico, as placas de
sinalização podem ser instaladas na margem da via, conforme o estabelecido no
Manual de Sinalização Rodoviária do DNIT ou, até mesmo, na própria pista, de-
pendendo da situação.
9 normas regulamentadoras
205

No caso de obras móveis, de reparos de curta duração ou emergências, as


placas de sinalização podem ser colocadas sobre cavaletes ou suportes móveis,
dispostos da maneira mais apropriada para garantir a segurança de usuários, tra-
balhadores e a integridade dos dispositivos.

Renato Cardoso (20--?)

Os trabalhadores em obras deverão receber treinamento novo para reciclar


os conhecimentos toda vez que a legislação mudar, ou for complementada por
outras leis.
Devem-se seguir rigorosamente as normas e regras, impostas pela legislação
em vigor. Os empregadores são responsáveis por qualquer dano causado ao tra-
balhador em virtude de omissão, falta de informação, desleixo ou por negligência.

9.2.5 Laboratórios

Se você vai trabalhar em um laboratório, deverá preocupar-se com sua segu-


rança, pois poderá ficar exposto a riscos graves, inerentes à condição do ambien-
te físico. Há variedade muito grande de substâncias letais (como produtos quími-
cos, biológicos, inflamáveis, fornos, radiações, etc.) que implicam no aumento das
chances de ocorrer um acidente.
Muitas são as causas que levam ao acidente nesse tipo de ambiente, mas a
falta de treinamento e informação, insuficiência de supervisão, mal uso de equi-
pamentos, manipulação de substâncias desconhecidas e outros fatores, são os
principais causadores de acidentes, muitas vezes, fatais. As causas são as mais
diversas possíveis, mas, destacam-se:
a) intoxicação;
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
206

b) queimaduras;
c) choques elétricos;
d) contaminações por bactérias;
e) radiações excessivas;
f) mau uso de produto químico.
Todo laboratório deverá ter extintor de incêndio compatível com a atividade,
chuveiro de fácil acesso, lavador para os olhos, aventais de proteção, luvas de
PVC, óculos de segurança, máscaras e protetores faciais.

Visual Photos (20--?)


Segurança do trabalhador em laboratórios

O trabalhador deverá exercer sua função com seriedade e atenção; planejar


suas atividades e usar sua experiência; ser precavido evitando erros desnecessá-
rios e lembrar sempre de descartar os resíduos corretamente.
Nesse sentido, é importante que o trabalhador fique atento às seguintes reco-
mendações.
a) Só poderá trabalhar com avental, sapato adequado e calça comprida.
b) Seu guarda-pó deverá ser de manga comprida e abotoado por completo.
c) Os cabelos deverão ser amarrados e, ao abrir qualquer recipiente, ter certe-
za do conteúdo ou ler o rótulo. Nunca testar uma substância química pelo
sabor ou cheiro.
d) Virar para o lado oposto ao seu os tubos ou frascos, e tomar o devido cuida-
do com as outras pessoas no local do teste.
9 normas regulamentadoras
207

e) Nunca usar as bancadas e geladeiras para acondicionar alimentos dentro do


ambiente. Não beber ou se alimentar nessas áreas.
f) Cuidar com lentes de contato expostas a produtos e vapores químicos, pois
estes podem lesionar o globo ocular.
g) Usar a pipeta corretamente.
h) Em qualquer tempo, ao menor sinal de anomalia, comunicar aos superiores
o risco. Cuidar ao usar material de vidro, pois os estilhaços podem provocar
ferimentos. Portanto, só manipular com uso de luvas.
i) Nunca jogar o vidro diretamente no lixo. Deve-se colocá-lo em embalagem
adequada.
j) Nas capelas, não se esquecer de ligar o exaustor.
k) Ter cuidado ao operar as estufas, pois essas deverão estar com a temperatu-
ra adequada à operação.
Por fim, é essencial fazer um planejamento e agrupar as informações com as
medidas preventivas e colocar em local visível aos trabalhadores.

9.2.6 No lar

VOCÊ Você sabia que o descuido, a falta de manutenção e a


imprudência são os principais causadores de incêndios
SABIA? em residências?

Os produtos químicos usados, muitos para limpeza, às vezes são deixados em


local de fácil acesso para as crianças, que podem se queimar ou ingerir, causando
doenças graves e comprometendo a sua integridade física.
A cozinha também é um local onde ocorrem vários acidentes. É importante
proteger os locais inseguros, como: panelas quentes, gás, tomadas, aparelhos elé-
tricos ligados, entre outros. Sendo assim, é importante ter atenção com relação a
estes pequenos detalhes, pois os acidentes, às vezes, podem partir de situações
simples do cotidiano.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
208

Alexander Chechetkin (20--?)


As armas de fogo, além de serem proibidas (a não ser que se obtenha a docu-
mentação de porte expedida por órgão responsável), devem ser guardadas em
local seguro, preferivelmente, fechado à chave, ou outro tipo de tranca para evi-
tar que crianças tenham contato.
Quando você liga o fogão a gás de sua residência, normalmente não pensa há
quanto tempo não é feita uma inspeção nas mangueiras, certo? Saiba que fazer a
revisão das mesmas é uma questão de prevenção porque uma mangueira estra-
gada pode causar um vazamento e provocar um acidente de graves proporções.
Deve fazer parte de nossa prática diária efetuar uma avaliação periódica em
todos os elementos causadores de acidentes físicos e comprometedores da saú-
de e segurança.

Agentes de risco no lar

a) Eletricidade – Fios descobertos são causadores de acidentes, um choque


elétrico pode levar à morte, principalmente por infarto. Tomadas com defei-
tos, vários aparelhos ligados no mesmo lugar, são agentes de riscos.
b) Incêndios – Curto circuito, fogões com mangueiras vazando, crianças brin-
cando com fogo.
c) Afogamentos – É comum ocorrer afogamento de crianças nas casas que
tem piscina, por isso, a atenção deve ser redobrada para evitar que as crian-
ças sofram algum acidente. Nesses casos, é importante o uso de rede de
proteção em um nível acima da água.
9 normas regulamentadoras
209

d) Animais Peçonhentos – Em residências perto de matas e florestas é comum


aparecerem animais peçonhentos. Ao perceber a presença desses animais,
tome providências adequadas imediatamente para evitar picadas e mordi-
das que, em certos casos, podem levar à morte.
e) Alturas – Nas residências com mais de um pavimento, deve-se destinar
atenção especial aos corrimões, escadas, janelas, etc., para que os indivíduos
não sofram acidentes de grandes alturas, colocando a saúde e a integridade
física dos mesmos em risco.
f) Sufocação – Alimentos, pequenos brinquedos, entre outros elementos po-
dem levar pessoas ao sufocamento. Nesses casos, os conhecimentos de pri-
meiros socorros são de grande importância.
g) Queimaduras – Podem ocorrer por desatenção, brincadeira, negligência,
imprudência ou imperícia. Quando for diagnosticada uma queimadura gra-
ve a pessoa deve ser encaminhada imediatamente ao hospital, principal-
mente nos casos de queimadura de 2º ou 3º graus.
h) Elevadores – Esses equipamentos de transporte podem parar sem previsão,
por problemas mecânicos ou por falta de energia elétrica. Fique atento às
recomendações do síndico ou responsável. Nunca se deve subir ou se pen-
durar na parte externa do elevador. Sempre tenha certeza de que ele está
parado no andar pretendido antes de tentar sair ou entrar.
i) Banheiros – Por ser um local muito infectado por bactérias, não devemos
deixar roupas, escovas de dente destampadas ou qualquer objeto de uso
pessoal, sem proteção.
j) Armazenamento de Materiais – Dependendo do material usado deve-se
guardar em uma dispensa normalmente fechada a chave para que crianças
não tenham acesso.
k) Trabalhos Domésticos – Deve-se tomar cuidado com os trabalhos domés-
ticos, quanto a riscos de doenças e acidentes e também de postura correta,
principalmente com afazeres pesados e ou de difícil locomoção.
E aqui você finaliza mais uma etapa de estudos. O que achou até agora do que
foi apresentado? Esperamos que tenha sido interessante e de valia para as suas
atividades profissionais.
A seguir, o assunto será avaliação e controle de riscos ambientais, explore essa
oportunidade de aprendizagem e veja quantas descobertas serão possíveis!
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
210

Recapitulando

Você pôde acompanhar nesse capítulo que as NRs foram feitas visando
melhorar a segurança no trabalho. Elas ainda podem ser mudadas, ou
complementadas, mas são soberanas para a prática. O respeito a essas
Normas Regulamentadoras norteiam os ambientes de trabalho no país
inteiro.
Neste capítulo, você pôde conhecer ainda um pouco mais sobre ambi-
entes perigosos. Teve a oportunidade de verificar que tanto no trabalho,
como na vida cotidiana, estamos cercados de elementos nocivos à saúde,
seja na zona rural, na construção, mineração ou estradas.
Dessa forma, você pôde ver a importância de assumir medidas de pre-
venção contra riscos e acidentes, tanto nos diferentes ambientes de tra-
balho, como no lar. Você pôde verificar que, apenas um pequeno descui-
do pode comprometer a saúde e segurança do trabalhador e de outras
pessoas, por isso, a essencialidade de atitudes preventivas.
Esperamos que você tenha ficado satisfeito com os estudos e entusias-
mado para aprender mais. No próximo capítulo, o convite será para con-
hecer a avaliação e controle de riscos ambientais. Continue atento para
aprender mais a cada etapa cumprida!
9 normas regulamentadoras
211

Anotações:
Avaliação e Controle de Riscos
Ambientais

10

Neste capítulo, você irá verificar que avaliar um risco é um estudo de dimensão profunda.
Você irá também aprender a perceber os riscos existentes no ambiente de trabalho e decidir se
esse risco pode ser tolerável ou não. Verá também que a investigação dos locais de riscos para
controlar e eliminar qualquer acidente está baseada em duas modalidades: avaliação qualitati-
va e quantitativa. Partindo destes conhecimentos, ao final do capítulo, você terá subsídios para:
a) identificar os riscos ambientais;
b) conhecer as ferramentas manuais e portáteis e suas funções;
c) aprender sobre proteção de máquinas e equipamentos e sua importância no ambiente
de trabalho;
d) analisar os equipamentos sob pressão.
Você agora é convidado a explorar todas as informações disponíveis sobre o assunto, fazen-
do do seu aprendizado um processo de construção do conhecimento.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
214

1 Motriz 10.1 Riscos ambientais


que imprime movimento,
que faz mover.

VOCÊ Você sabia que os agentes físicos, químicos, ergonômi-


cos e biológicos são causadores de índices elevados de
SABIA? acidentes, afastando o trabalhador de suas atividades?

A intenção não é afirmar que a presença de agentes e produtos nocivos à saú-


de no ambiente de trabalho causam os acidentes. É a combinação de vários fa-
tores que poderá desencadear um acidente. Exemplo: o tempo de exposição à
quantidade de uma substância tóxica a que a pessoa está exposta.
Deve-se perceber que, qualquer risco (grande ou pequeno) deverá ser tratado
como perigoso, e todas as providências deverão ser tomadas, para evitar incômo-
dos desnecessários.

FIQUE A exposição de trabalhadores a qualquer risco sem qual-


quer avaliação tem amparo legal, levando as empresas a
ALERTA custos indenizatórios altíssimos.

As ferramentas vêm para facilitar o desempenho de funções outrora feitas


apenas manualmente. Essas ferramentas funcionam com a força do trabalhador
e são de diversos tipos e múltiplas utilizações. Qualquer ferramenta de aciona-
mento motriz1 e que é usada manualmente, mas tem alimentação pneumática
ou elétrica, permite mais mobilidade ao trabalhador e respostas mais rápidas à
produção.
Os equipamentos que operam sob pressão, devem ter aprovação para a sua
instalação, mesmo sendo novos ou usados. Se for modificada a capacidade do
equipamento, deverá também passar por vistoria rigorosa, e ter sua aprovação
documentada. Veja a seguir os tipos de avaliação de riscos.
10 Avaliação e Controle de Riscos Ambientais
215

Luiz Meneghel (2011)


Figura 7 -  Avaliação quantitativa e qualitativa

Como estudado anteriormente, os riscos ambientais se classificam em: Riscos


Físicos, Químicos, Biológicos, Ergonômicos e riscos de acidentes. Veja a seguir, o
mapa de riscos.

10.1.1 O Mapa de Risco

Você sabe para que é usado o mapa de risco?


O mapa de risco é usado para alertar os trabalhadores dos riscos nos locais
de trabalho. Podendo ser representado por gráficos de avaliação qualitativa, em
círculos de vários tamanhos e cores, permitindo uma visualização rápida.
Sua confecção deve ser participativa, levando em conta a sensibilidade de
cada um. Parte-se do princípio de que quem faz o trabalho, conhece melhor seus
riscos. Todas as informações vêm dos envolvidos no ambiente, e depois com a
participação de todos, discute-se os resultados.

FIQUE O mapa de risco é um instrumento de pesquisa de riscos


e de planejamento para as ações de prevenção que serão
ALERTA implantadas na empresa.

Nessa perspectiva, a adoção do mapa de risco contribui para:


a) rápida identificação dos riscos do ambiente;
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
216

b) conscientização do uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual) e EPC


(Equipamento de Proteção Coletiva);
c) diminuição de gastos com doenças, acidentes, indenização, medicação e
prejuízos patrimoniais;
d) aumento da segurança e, consequentemente, facilidade na gestão de saú-
de;
e) maior lucratividade, menos substituição de trabalhadores, maior organiza-
ção.

10.1.2 Fazendo o Mapa de Riscos

Na confecção do mapa de riscos utilizam-se cores e balões, de vários tama-


nhos, do qual cada tamanho identificará a intensidade dos riscos.

Risco Químico Leve

Simbologia das cores: O mapa de


risco é representado e indicado Risco Químico Médio
por círculos coloridos de três
tamanhos diferentes, como
mostra a seguir:
Risco Químico Elevado

Risco Biológico Leve Risco Ergonômico Leve

Risco Biológico Médio Risco Ergonômico Médio

Risco Biológico Elevado Risco Ergonômico Elevado

Risco Mecânico Leve Risco Físico Leve

Risco Mecânico Médio Risco Físico Médio

Risco Mecânico Elevado Risco Físico Elevado

Quadro 2 - Simbologia das Cores


10 Avaliação e Controle de Riscos Ambientais
217

Riscos Ambientais
Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV Grupo V
Agentes Agentes Agentes Agentes Agentes
Químicos Físicos Biológicos Ergonômicos Mecânicos
Trabalho Arranjo
Poeira Ruído Vírus
Físico Pesado Físico Deficiente
Fumos Posturas Máquinas
Vibração Bactéria
Metálicos Inadequadas sem proteção

Radiação Treinamento Matéria-prima


Névoas ionizante e Protozoários Inadequado ou fora de especifi-
não-ionizante Inexistente cação

Equipamentos
Jornadas
Pressões Inadequados,
Vapores Fungos Prolongadas de
anormais Defeituosos ou
Trabalho
Inexistentes

Ferramentas
Temperaturas Trabalho Inadequadas,
Gases Bacilos
extremas Noturno Defeituosas ou
Inexistentes

Responsabilidade e
Produtos Frio Iluminação
Conflito
químicos Parasitas Deficiente
Tensões
em geral Calor Eletricidade
emocionais
Substâncias, Insetos
compostos Desconforto Incêndio,
ou produtos Umidade Cobras Edificações,
químicos Monotonia Armazenamento
em geral Aranhas,etc

outros outros outros outros outros

VERMELHO VERDE MARROM AMARELO AZUL

Quadro 1 - Classificação dos Riscos Ambientais

Etapas

Acompanhe a seguir, as etapas de elaboração do mapa de riscos.


a) Reconhecer todo o processo das atividades do local.
b) Trabalhadores, sexo, treinamento recebido, jornada de trabalho, reclama-
ções da saúde, número de pessoas.
c) Materiais usados, máquinas, equipamentos e instrumentos.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
218

d) Identificar as atividades exercidas.


e) Reconhecer o ambiente.

Identificar os riscos

Levando-se em consideração a tabela de classificação, devem-se identificar os


riscos no ambiente de trabalho.
a) Identificar a prevenção e suas medidas na eficácia de seus resultados.
b) Higiene e bem-estar: área de lazer, refeitórios, banheiros, vestiários, bebe-
douros, armários.
c) Organização das atividades.
d) Proteção individual e coletiva.

Identificar os indicadores

Aqui, devem ser identificados os indicadores de saúde e segurança.


a) Reclamações de trabalhadores do mesmo local e expostos aos mesmos
agentes de risco.
b) Estatística de acidentes.
c) Diagnóstico de doenças profissionais.
d) Ausência do trabalho por doenças frequentes.

O Mapa de Risco

Deve-se elaborar o Mapa de Risco, usando o layout do local e indicar por meio
de círculos os tipos de riscos existentes no ambiente de acordo com o quadro 1-
Classificação dos Riscos Ambientais.
a) Identificando a que grupo pertence o risco e qual cor usar.
b) Deverá ser anotado dentro círculo: o número de trabalhadores expostos ao
risco, a especialização do agente (o risco).
c) Os círculos mudarão de tamanho pela proporcionalidade dos riscos.
É importante lembrar que a CIPA deverá ajudar os trabalhadores na elabora-
ção, pesquisa das áreas e, consequentemente, na confecção do Mapa de Risco.
10 Avaliação e Controle de Riscos Ambientais
219

CIPA (20--?)
E então, gostou do assunto tratado? Percebeu como é importante o Mapa de
Risco? E esse assunto não para por aqui. A seguir, você conhecerá um pouco so-
bre as medidas preventivas para utilização de ferramentas manuais e portáteis.
Vamos lá!

10.2 Ferramentas manuais e portáteis

Para muitas funções, várias ferramentas são criadas. Porém, no nosso uso di-
ário, devemos tomar cuidado com as medidas preventivas e como classificá-las.

10.2.1 Classificação de Ferramentas

Quais são as ferramentas que você conhece? Você sabe classificá-las? A seguir,
iremos conhecer alguns tipos de ferramentas e suas classificações.

De uso geral
Manuais De corte
De uso e ajuste
específico
Ferramentas De medição
Luiz Meneghel (2011)

Elétrico
Com De informação
acionamento
motriz
Pneumático

Figura 8 -  Tipos de ferramentas


Fonte: Adaptado de FPS 72 - Ferramentas Manuais (2008, p. 1)
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
220

VOCÊ Os riscos mais frequentes no manuseio de ferramentas


são: poeiras, vibrações, ruído, choque, esmagamento,
SABIA? cortes, pancadas, fragmentos atirados, etc.

10.2.2 Medidas Preventivas

As medidas preventivas são realizadas com o objetivo de evitar que as pessoas


se contaminem, sofram acidentes, adoeçam, etc. Tomamos atitudes preventivas
diariamente, tanto em casa, como no trabalho ou na rua. Quando guardamos os
remédios ou produtos de limpeza em armários altos para que crianças pequenas
não tenham acesso fácil aos mesmos, ou quando andamos devagar sobre pisos
escorregadios, estamos tento atitudes preventivas.
Quando colocamos dispositivos de segurança para desligar uma máquina, as-
sim que o operador ultrapassar o limite de segurança, enquanto a máquina esti-
ver em operação, estamos usando medidas preventivas no sentido de evitar que
os acidentes ocorram.
Observe algumas dicas importantes para que os riscos de acidentes diminuam
consideravelmente.
a) As ferramentas devem ser apropriadas à função, resistentes, bem conserva-
das e limpas.
b) Os consertos deverão ser feitos por pessoal treinado.
c) Só podem ser usadas para o fim a que foram criadas.
d) Devem ser guardadas em local seguro.
e) Deve-se respeitar a capacidade de ferramentas ou máquinas.
f) Não improvisar, só usar acessórios recomendados.
g) Deve-se fazer a entrega técnica, mostrando ao trabalhador o funcionamen-
to correto.
h) Deverá ser feita uma análise e, ao encontrar qualquer avaria, principalmente
na proteção do equipamento, o mesmo deverá ser encaminhado à manu-
tenção.
i) A máquina deverá ter superfície de apoio, vistas à segurança do trabalhador.
j) Deverá ter proteção ao arranque rápido, para não causar riscos ao operador.
k) Nunca tirar a proteção do corte, ou qualquer parte.
10 Avaliação e Controle de Riscos Ambientais
221

10.2.3 Ferramentas manuais

As ferramentas manuais estão classificadas em duas modalidades:


uso geral – planas ou fixas, de tubo, etc.;
uso específico – medição, corte, ajustes, etc.

Adaptado de Hemera (20--?)

Figura 9 -  Ferramentas manuais

Riscos no uso de ferramentas manuais

Muitas ferramentas manuais também apresentam riscos de acidentes porque


podem provocar lesão no trabalhador. Por isso, devem-se observar alguns aspec-
tos importantes no manuseio e utilização das mesmas.
a) Não ultrapassar a capacidade da ferramenta.
b) Não fazer remendos ou improvisação.
c) Guardar em local seguro.
d) Quando estiverem sendo utilizadas, deverão ser transportados em cintos;
fabricados para esta finalidade.
e) Proceder à inspeção, por pessoal treinado.
f) Martelos e marretas, não poderão ter rebarba, que podem ferir o trabalha-
dor.
g) A responsabilidade do uso correto deverá ser cobrada do trabalhador.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
222

10.2.4 .Ferramentas Portáteis

As ferramentas portáteis estão dividas em dois grupos:


a) ferramentas elétricas - movidas à eletricidade;
b) ferramentas pneumáticas - movidas a ar comprimido.

Adaptado de iStockphoto (20--?)


Figura 10 -  Ferramentas portáteis

Os riscos com essas ferramentas são grandes. O uso indevido, a falta de chaves
que desligam o equipamento rapidamente e a falta de prevenção são responsá-
veis por um número muito alto de acidentes.

De acordo com a NR 12, as máquinas e os equipamentos


que utilizarem energia elétrica, fornecida por fonte exter-
FIQUE na, devem possuir chave geral, em local de fácil acesso.
ALERTA Além disto, devem ser acondicionadas em caixas que
evitem o seu acionamento acidental e protejam as suas
partes energizadas.

Nesse contexto, para evitar acidentes, deve-se:


a) utilizar material compatível com a atividade;
b) verificar todos os cabos de ligações;
c) não apoiar o equipamento sem estar totalmente imobilizado;
d) verificar a voltagem, antes de ligar, e se certificar que está desligado;
e) nunca molhar um equipamento elétrico, a não ser que tenha sido projetado
para isso;
f) usar o EPI adequado;
g) desligar a ferramenta quando não está em uso.
10 Avaliação e Controle de Riscos Ambientais
223

Equipamento de Proteção recomendado

Os equipamentos de proteção individual recomendados para se realizar tra-


balhos com as ferramentas portáteis são: luvas de proteção, capacete, bota apro-
priada, óculos de proteção, viseira de proteção e máscaras contra poeira, entre
outras.

iStockphoto (20--?)

Aqui finalizamos mais uma etapa de estudos. Percebeu como é importante


conhecer os equipamentos e as formas de proteção recomendadas? Esse assunto
não para por aqui. Na sequência, você conhecerá sobre proteção de máquinas e
equipamentos. Vamos lá!

10.3 Proteção de máquinas e equipamentos

Você conhece alguém ou já ouviu falar de alguém que se machucou em uma


máquina ou usando um equipamento?
Você sabia que esses tipos de ferimentos geralmente não são leves e muitas
vezes levam à morte? Por isso, é importante investir em proteção para as má-
quinas e equipamentos. Essas proteções devem ser vistas como prioridade nas
empresas, pois podem salvar muitas vidas.

10.3.1 Proteção de Equipamentos

Os manuais do equipamento (que devem sempre acompanhar o equipamen-


to ao ser adquirido) devem ser lidos minuciosamente e as ordens técnicas neces-
sárias devem ser cumpridas, de acordo com o determinado.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
224

Local de Proteção

É o local, ou os locais onde o equipamento deve apresentar proteção, de forma


a tornar seguro o seu manuseio. Os locais para proteção de equipamentos, dentre
outros, são:
a) no ponto de operação;
b) nas transmissões de força;
c) em partes móveis;
d) nas partes aquecidas ou resfriadas.

Tipos de Proteção

Proteção fixa – São proteções que estão no equipamento fixadas através de


solda, parafusadas ou por qualquer outro meio no qual seja preciso utilizar ferra-
mentas apropriadas para soltá-las. São exemplos: carenagem, perimetral, porta e
enclausuramento.
Proteção ajustável – Esse tipo de proteção tem versatilidade, pode ser fixa ou
móvel, além de adaptada para vários equipamentos e tamanhos. Um fator que
merece atenção é o ajuste para peças grandes, sendo erroneamente usado em
peças pequenas, o que expõe contato direto com o risco de acidentes.
Proteção móvel – Este tipo de proteção poder ser retirada, aberta no equipa-
mento, normalmente ligada a dobradiças, deslizantes ou basculantes, mas com
sensor de abertura.
Proteção auto ajustável – À medida que a ferramenta vai passando, abre-se
um vão suficiente para trabalhar o material. Logo que a peça acabar de passar, a
proteção volta à posição original.

10.3.2 Dispositivos de Segurança

Os dispositivos de segurança são responsáveis pela interrupção do funciona-


mento de uma máquina ou equipamento, quando houver interferência do ope-
rador.
Cortinas ou Barreira de Luz – Funcionam a partir da aproximação do corpo
humano. Essa proteção é usada com sensores e em pequenas proteções, no local
exato de risco da máquina, como por exemplo: máquinas de fundir, prensas, esta-
ções robotizadas, tornos mecânicos, etc.
10 Avaliação e Controle de Riscos Ambientais
225

Ecomaxxi Comércio e Importação de Máquinas (20--?)

Figura 11 -  Prensa

Sensores de Área – Protegem uma área de risco, através de sensores ou Lazer


Scanners. Configurados para uma área de risco ou advertência. Exemplo: máqui-
nas de fundir, prensas, cortadores automáticos, elevadores, etc.
Chaves de Segurança Mecânicas – As partes móveis das máquinas, normal-
mente, são protegidas por chaves de segurança. Estas chaves impossibilitam a
partida e desligam todo o circuito das máquinas, diminuindo os riscos de aciden-
te. São usadas em: equipamentos similares, prensas, máquinas operadoras, equi-
pamentos de usinagem, chaves mecânicas de segurança com travamento, entre
outras. Protegem os equipamentos e máquinas, impedindo a partida quando
estiverem abertas. Garante que os equipamentos terminem seu funcionamento
para serem abertas. Exemplo: centros de usinagem, etc.
Sensores Magnéticos – Podem ser codificados e monitoram o posiciona-
mento de toda proteção móvel. É constituído por sensor magnético e tem que
ser aplicado junto com o módulo de segurança. Exemplo: máquinas operatrizes,
prensas, equipamentos, centros de usinagem, etc.
Tapetes de segurança à pressão – Servem para detectar pessoas na sua su-
perfície. Estes tapetes são acompanhados também por um conjunto de seguran-
ça. O tapete de segurança não deve ligar enquanto o operador não sair de cima
dele. Somente com a saída do trabalhador de sua superfície é que a máquina
volta a operar.
Batentes de Segurança – Protegem dos riscos de corte e esmagamento.
Comando Bi-Manual – Nesse sistema, o sinal para sair só deve ser gerado com
dois dispositivos de sinal, que devem ser mantidos com um retardo de 0,5s e para
entrada, se mantêm os dois sinais. Conforme NBR – 14152.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
226

Botão de Emergência – Todos os equipamentos devem possuir um botão de


emergência de acionamento de parada da parte móvel. Esse botão deve ter cor
vermelha, e o seu desacionamento por si só, não deve colocar o equipamento em
funcionamento.
A importância das proteções de máquinas e sua obrigatoriedade vão além de
uma questão de segurança, pois elas estão resguardando a vida e o bem-estar de
todos os funcionários. Nesse sentido, acompanhe um exemplo prático no Casos
e Relatos a seguir.

CASOS E RELATOS

Em um abatedouro de aves, certo dia, ocorreu um problema na parada


de emergência de um equipamento, porém, com a produção bastante
atrasada, a supervisão resolveu continuar com a produção mesmo assim.
Tomando como providência, avisar os funcionários da situação de risco
presente. Um cordão de emergência foi solicitado, mas só chegaria no
outro dia.
O trabalho durante aquele dia corria normalmente, até que o gerente de
produção resolveu entrar na fábrica para verificar como estava o anda-
mento do processo. No momento em que entrou, percebeu que havia
uma ave no chão, e que esta já havia passado por todo o processo. Sendo
assim, pegou-a, lavou-a e, no momento em que foi colocar a mesma na
nórea giratória, prendeu um dedo no gancho. Tentando retirar puxan-
do com força, este prendeu ainda mais e como estava sem parada de
emergência, a máquina continuou ativa. Percebendo que estava che-
gando próximo a roldana maior e que esta poderia cortar a sua mão, ele
puxou com muita força e acabou amputando seu dedo.
Diante do ocorrido, verificou que nenhuma máquina ou equipamento
pode ficar sem proteção, sensores ou cordão de emergência.

Aqui, você finaliza mais uma etapa. Explore todas as informações disponíveis.
Lembre-se: que dedicação e comprometimento são essenciais para o processo
de aprendizagem. Vamos em frente!
10 Avaliação e Controle de Riscos Ambientais
227

10.4 Equipamentos sob pressão

Os equipamentos que trabalham sob pressão ou a vácuo constituem pontos


críticos da infraestrutura do processo de produção nas indústrias químicas, petro-
químicas, de papel e celulose, entre outras.

VOCÊ Que a fim de evitar paradas não programadas e aciden-


tes, é importante realizar periodicamente a inspeção de
SABIA? manutenção nos equipamentos sob pressão?

As inspeções periódicas de caldeiras e vasos de pressão são baseadas na Nor-


ma Reguladora NR-13 do Ministério do Trabalho e Emprego, e outras normas ou
recomendações nacionais e internacionais aplicáveis a cada tipo de equipamen-
to.
Para poder operar esse equipamento à base de pressão, deve-se fazer um cur-
so específico. O mais comum é o curso de segurança na operação de caldeiras,
que tem seu escopo definido pela NR 13, conforme segue:

NR13 - Segurança na Operação de Caldeiras

O objetivo geral do curso NR 13

Apresentar subsídios teóricos e práticos para que o tra-


balhador opere a caldeira de forma segura e preventiva.

Objetivos específicos

• Identificar os tipos de caldeiras, seus componentes


e instrumentos, bem como, sua função e aplicação.
• Entender o procedimento de operação e manuten-
ção de caldeiras e também os riscos envolvidos e as
medidas de segurança adotadas.
• Conhecer a legislação e as normas relacionadas à
operação de caldeiras.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
228

Benjamin Earwicker (20--?)


Figura 12 -  Caldeiras

Caldeiras a vapor são equipamentos destinados a pro-


duzir e acumular vapor sob pressão superior à atmosfé-
rica, utilizando qualquer fonte de energia, excetuando-
-se os refervedores e equipamentos similares utilizados
em unidades de processo.

O vapor da caldeira deverá ser projetado para as condi-


ções de Pressão Máxima de Trabalho Admissível (PMTA).

O projeto de implantação de uma caldeira deverá ser


feito por técnico especializado, depois de avaliações do
setor a ser escolhido e todos os cuidados à segurança
dos trabalhadores e de todos os envolvidos.

A casa de caldeiras deve ser entendida como um local


com paredes sólidas ou removíveis, coberta em toda a
sua extensão. (BRASIL, 2006).

É importante ressaltar também, que todos os instrumentos devem ser aferidos


e calibrados visando à segurança dos operadores.
A utilização de dispositivos, chamados de jumps, que neutralizam a segurança
e controle, deve ser considerada como ambiente com risco grave. Nesse sentido
a atitude a ser tomada é interditar a caldeira. Nesse caso, um estudo dos riscos
deverá ser feito, com acompanhamento de todos os trabalhadores do ambiente.
10 Avaliação e Controle de Riscos Ambientais
229

A qualidade da água determina quanto tempo de vida ela vai ter. A NR não faz
menção à qualidade de água, mas nos diz que:

A qualidade da água deve ser controlada e tra­tamentos


devem ser implementados, quando ne­cessários, para
compatibilizar suas propriedades físico-químicas com
os parâmetros de operação da caldeira. (BRASIL, 2006,
p. 37).

10.4.1 Operadores

Veja que todo operador, só poderá exercer sua função, se os requisitos obriga-
tórios da NR – 13 forem cumpridos. O operador deverá ter um certificado de trei-
namento de segurança na operação de caldeiras ou possuir experiência de 3 anos
nessa atividade, até 08 de maio de 1984. O treinamento deverá ser desenvolvido
por um especialista, e deverá ter obrigatoriamente estágio de:
a) caldeira categoria A – 80 horas;
b) caldeira categoria B – 60 horas;
c) caldeira categoria C – 40 horas.
Sempre que possível, os operadores deverão passar por reciclagens, por meio
de palestras, informações e debates.
David De Lossy (20--?)

Os operadores deverão adotar postura de segurança, usar o EPI, em todas as


operações, prevenir acidentes por meio de uma análise contínua, relatar qualquer
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
230

risco para os supervisores e, parar e desligar o equipamento ao menor sinal de


perigo.

10.4.2 Vasos de pressão

Você sabe o que são vasos de pressão?


Vasos de pressão são estruturas seladas que contêm gases e líquidos sob pres-
são. Como por exemplo: tubos, tanques, ambiente pressurizado (como cabine de
veículos espaciais e aviões), entre outros. Com relação aos vasos sob pressão, a
NR-13 traz que,

Todo vaso de pressão enquadrado nas categorias “I” ou


“II” deve possuir manual de operação próprio ou instru-
ções de operação contidas no manual de operação de
unidade onde estiver instalado, em língua portuguesa
e de fácil acesso aos operadores, contendo no mínimo:
procedimentos de partidas e paradas; procedimentos e
parâmetros operacionais de rotina; procedimentos para
situações de emergência. (BRASIL, 1994). Luiz Meneghel (2011)

Figura 13 -  Vaso de pressão esférico


Fonte: Adaptado de Gere (2003)

Para saber mais sobre a classificação e as categorias dos va-


SAIBA sos sob pressão, consulte a NR-13. Disponível no seguinte
MAIS endereço: <http://www.mte.gov.br/seg_sau/ManualTecnico-
Caldeiras_2006.pdf>.
10 Avaliação e Controle de Riscos Ambientais
231

Lembre-se, considera-se risco grave qualquer operação que não esteja previs-
ta no manual de operação.
Conforme a NR-13, os instrumentos e controles de vasos de pressão devem
ser mantidos calibrados e em boas condições operacionais. Constitui condição de
risco grave e iminente: o emprego de artifícios que neutralizem seus sistemas de
controle e segurança. O item 13.8.3 da NR-13 diz que:

A operação de unidades que possuam vasos de pressão


de categorias ‘I’ ou ‘II’ deve ser efetuada por profissional
com ‘Treinamento de Segurança na Operação de Unida-
des de Processo’, sendo que o não-atendimento à esta
exigência, caracteriza condição de risco grave e iminen-
te. (BRASIL, 2006).

Qualquer operador de vaso sob pressão deverá passar por treinamento espe-
cífico, ter certificado válido e o treinamento deverá ser ministrado por profissional
habilitado. A reciclagem deverá ser periódica, contínua e em qualquer situação
de mudança no ambiente.
Todo o ambiente deve ser supervisionado, os trabalhadores e usuários do lo-
cal deverão portar EPI ou EPC, conforme o caso.
Veja que a reciclagem e a capacitação dos operadores devem ser permanen-
tes, por meio de constantes informações das condições físicas e operacionais dos
equipamentos; atualização técnica; informações de segurança; participação em
cursos, palestras e eventos pertinentes.
Hemera (20--?)
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
232

2 Teste hidrostático Qualquer soldagem feita no vaso deverá passar por um teste hidrostático2, re-
alizado por pessoal treinado, visando à segurança do vaso. Segundo o ministério
Teste de pressurização do
equipamento, utilizando do Trabalho e Emprego (2006), todo vaso novo, deverá ser inspecionado inicial-
fluído de teste, capaz de
constatar a ocorrência de mente, periodicamente e extraordinariamente.
vazamentos ou rupturas.
A inspeção de segurança periódica, constituída por exa-
me externo, interno e teste hidrostático, deve obedecer
aos seguintes prazos máximos estabelecidos a seguir:

a) para estabelecimentos que não possuam “Serviço


Próprio de Inspeção de Equipamentos”, conforme cita-
do no Anexo II:

Tabela 1 - Inspeção em vasos de pressão

Categoria Exame Exame Teste


do vaso Externo Interno Hidrostático

I 1 ano 3 anos 6 anos

II 2 anos 4 anos 8 anos

III 3 anos 6 anos 12 anos

IV 4 anos 8 anos 16 anos

V 5 anos 10 anos 20 anos


Fonte: Adaptado de Gere (2003, p. 8)

b) para estabelecimentos que possuam “Serviço Próprio


de Inspeção de Equipamentos”, conforme citado no
Anexo II:

Tabela 2 - Inspeção em vasos de pressão para empresas que possuam serviços próprios

Categoria do
Exame Externo Exame Interno Teste Hidrostático
vaso

I 3 anos 6 anos 12 anos

II 4 anos 8 anos 16 anos

III 5 anos 10 anos A critério

IV 6 anos 12 anos A critério

V 7 anos A critério A critério


Fonte: Adaptado de Gere (2003, p. 8)
10 Avaliação e Controle de Riscos Ambientais
233

E aqui, você finaliza mais uma etapa de estudos. Explore todas as informações
disponíveis, dedique-se ao estudo, lembrando que determinação e comprometi-
mento são fundamentais para uma aprendizagem significativa e prazerosa.

Recapitulando

Nesse capitulo, você pôde verificar que quando se manipulam algumas


ferramentas, pode-se estar arriscando a integridade física, mesmo na uti-
lização de ferramentas manuais. Aprendeu também que é fundamental
ter a consciência e o conhecimento de como evitar e prevenir os aciden-
tes dos trabalhadores ao entrar em contato com máquinas, ferramentas
e equipamentos, seja em trabalho desenvolvido em uma caldeira, em um
vaso de  pressão ou no manuseio de equipamentos como ferramentas
portáteis.
Aqui, você pôde entender porque acontecem os acidentes, além de
aprender um pouco sobre as ferramentas, caldeiras e vasos sob pressão.
Ficou satisfeito com o estudo? Com esses conhecimentos e habilidades
você terá condições de deixar os ambientes de trabalho mais seguros e
confortáveis para os trabalhadores. Preparado para o próximo capítulo?
O foco do estudo será segurança em eletricidade. Vamos lá?
Segurança em Eletricidade

11

Neste capítulo1, você estará conhecendo na íntegra as diretrizes da NR-10, os principais ris-
cos da atividade e os métodos de controle existentes. Você já levou um choque elétrico? Se já
levou, deve ter percebido que não é uma sensação agradável, não é mesmo? Sobreviver a um
choque depende de muitos fatores, por isso devemos evitar esse tipo de acidente.
Lembre-se que um choque elétrico pode provocar a morte do trabalhador. Sendo assim,
neste capítulo você terá a oportunidade de conhecer os riscos inerentes às atividades laborais,
quais são as medidas de controle, o que é e como evitar a eletricidade estática, bem como,
quais são as regras de segurança para a instalação de máquinas e equipamentos e também
como realizar serviços onde a eletricidade está presente. Partindo destes conhecimentos, ao
final do capítulo, você terá subsídios para:
a) interpretar a linguagem jurídica aplicada à saúde e segurança do trabalho;
b) interpretar procedimentos; documentos; normas e legislação de saúde, segurança e meio
ambiente;
c) utilizar terminologia técnica de segurança, meio ambiente e saúde.
Sinta-se convidado para conhecer mais sobre segurança em eletricidade. Por isso, dedique-
-se ao estudo lembrando que, determinação e comprometimento são fundamentais para uma
aprendizagem significativa e prazerosa.

1 Este capítulo foi adaptado do livro: SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUS-


TRIAL. Departamento Nacional. Curso básico de segurança em instalações e serviços em
eletricidade: riscos elétricos. Brasília: SENAI/DN, 2005.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
236

11.1 Riscos

Uma forma brusca, porém verdadeira, de iniciar um estudo sobre segurança


em eletricidade é informar que eletricidade mata. Sempre que trabalhar com
equipamentos elétricos, ferramentas manuais ou com instalações elétricas, você
estará exposto aos riscos da eletricidade. Isso ocorre no trabalho, em casa e em
qualquer outro lugar, afinal, você está cercado por redes elétricas em todos os
lugares.
No trabalho, os riscos são bem maiores, afinal existe uma grande concentração
de máquinas, motores, painéis, quadros de distribuição, subestações transforma-
doras e, talvez, até redes aéreas e subterrâneas expostas ao tempo.
Para completar, mesmo os que não trabalham diretamente com os circuitos,
também se expõem aos efeitos nocivos da eletricidade, ao utilizar ferramentas
elétricas manuais ou ao executar tarefas simples – como acionar circuitos e equi-
pamentos, se os dispositivos de acionamento e proteção não estiverem adequa-
damente projetados e mantidos.
Todos estão sujeitos aos riscos da eletricidade, mas, se você trabalha direta-
mente com equipamentos e instalações elétricas ou apenas próximo a elas, é im-
portante ter cuidado redobrado.

O contato com partes energizadas da instalação pode fa-


FIQUE zer com que a corrente elétrica passe pelo corpo humano.
ALERTA Os resultados podem ser choques elétricos e queimaduras
externas e internas.

As consequências dos acidentes com eletricidade são muito graves, provocam


lesões físicas e traumas psicológicos e, muitas vezes, são fatais. Os incêndios ori-
ginados por falhas ou desgaste das instalações elétricas são outro viés negativo.
11 Segurança em Eletricidade
237

Hemera (20--?)

Saiba que existem diferentes tipos de riscos elétricos, devido aos efeitos da
eletricidade no ser humano e no meio ambiente. Os principais são: o choque
elétrico, o arco elétrico, a exposição aos campos eletromagnéticos e o incêndio.
Neste capítulo, você vai descobrir como a eletricidade pode causar tantos males.
Vamos em frente!

11.1.1 Choque elétrico

É o principal e mais grave risco elétrico derivado das redes de energia elétrica.
O choque elétrico decorre da corrente elétrica, ou seja, o fluxo de elétrons que
circula quando existe um caminho denominado circuito elétrico. Este é estabe-
lecido entre dois pontos com potenciais elétricos diferentes, como um condutor
energizado e a terra. Se você encostar-se a ambos, simultaneamente, formará o
circuito elétrico e permitirá que a corrente circule através do seu corpo.
Atualmente, os condutores energizados perfazem milhões de quilômetros,
sendo assim, o defeito (ruptura ou fissura da isolação) aparecerá aleatoriamente
em algum lugar, produzindo um potencial de risco ao choque elétrico.
Em termos de riscos fatais, o choque elétrico pode ser analisado sob dois as-
pectos. Acompanhe!
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
238

1 Capacitivo

Capacidade de um corpo
ou objeto de armazenar
energia elétrica.

Luiz Meneghel (2011)


Figura 14 -  Correntes de baixa e alta intensidade

Os efeitos do choque elétrico variam e dependem dos fatores a seguir.


a) Percurso da corrente elétrica pelo corpo humano.
b) Intensidade da corrente elétrica.
c) Tempo de duração.
d) Área de contato.
e) Frequência da corrente elétrica.
f) Tensão elétrica.
g) Condições da pele do indivíduo.
h) Constituição física do indivíduo.
i) Estado de saúde do indivíduo.

Tipos de choques elétricos

O corpo humano, com sua resistência orgânica à passagem da corrente, é uma


impedância elétrica composta por uma resistência elétrica, associada a um com-
ponente com comportamento levemente capacitivo1. O choque elétrico pode ser
dividido em duas categorias: estático e dinâmico. Saiba mais sobre elas!
a) Choque estático - Ocorre devido à descarga eletrostática ou pela descarga
de um capacitor. Vale lembrar que “descarga eletrostática” é o efeito capacitivo
presente nos mais diferentes materiais e equipamentos com os quais o homem
convive. Um exemplo típico é o que acontece em veículos que se movem em
climas secos. Com o movimento, o atrito com o ar gera cargas elétricas que se
acumulam ao longo da estrutura externa do veículo. Portanto, entre o veículo e
o solo, passa a existir uma diferença de potencial. Dependendo do acúmulo das
11 Segurança em Eletricidade
239

cargas, poderá haver o perigo de faiscamentos ou de choque elétrico, no instante


em que uma pessoa desce ou toca no veículo.

Luiz Meneghel (2011)


Figura 15 -  Choque estático

b) Choque dinâmico - É o que ocorre quando se faz contato com um elemen-


to energizado. Este tipo de choque acontece em duas ocasiões:
a) toque acidental na parte metálica do condutor denominada “parte viva”;
b) toque em partes condutoras próximas aos equipamentos e instalações,
que ficaram energizadas acidentalmente por defeito, fissura ou rachadu-
ra na isolação.
Luiz Meneghel (2011)

Figura 16 -  Choque dinâmico


fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
240

Que o choque dinâmico é o choque mais perigoso? Isso


VOCÊ por que a rede de energia elétrica mantém a pessoa
SABIA? energizada, ou seja, a corrente de choque persiste con-
tinuadamente.

O corpo humano é um organismo resistente, que suporta bem o choque elé-


trico nos primeiros instantes, mas, com a persistência da corrente atravessando o
corpo, os órgãos internos sofrem consequências gradativas, como as destacadas
a seguir.
a) Elevação da temperatura dos órgãos devido ao aquecimento produzido
pela corrente de choque.
b) Tetanização (rigidez) dos músculos.
c) Superposição da corrente do choque com as correntes neurotransmissoras
que comandam o organismo humano, ocasionando movimentos bruscos e
involuntários.
d) Comprometimento do coração quanto ao ritmo de batimento cardíaco e à
possibilidade de fibrilação ventricular.
e) Efeito de eletrólise, mudando a qualidade do sangue.
f) Comprometimento da respiração.
g) Prolapso, isto é, deslocamento dos músculos e órgãos internos da sua de-
vida posição.
h) Comprometimento de outros órgãos, como rins, cérebro, vasos, órgãos ge-
nitais e reprodutores.

Tabela 3 - Efeitos dos choques elétricos dependentes da intensidade de corrente.

Faixa de
Reações fisiológicas habituais
corrente

0,1 a 0,5mA Leve percepção superficial; habitualmente nenhum efeito.

Ligeira paralisia nos músculos do braço, com início de tetanização; habitual-


0,5 a 10mA
mente nenhum efeito perigoso.

10 a 30mA Nenhum efeito perigoso se houver interrupção em, no máximo, 200ms.

Paralisia estendida aos músculos do tórax, com sensação de falta de ar e


30 a 500mA tontura; possibilidade de fibrilação ventricular se a descarga elétrica se
manifestar na fase crítica do ciclo cardíaco e por tempo superior a 200ms.

Acima de Traumas cardíacos persistentes; nesse caso o efeito é letal, salvo intervenção
500mA imediata de pessoal especializado com equipamento adequado.

Fonte: Adaptado de Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2005)


11 Segurança em Eletricidade
241

Efeitos de choques elétricos em função do tempo de contato


e intensidade de corrente

A relação entre o tempo de contato e a intensidade de corrente é extrema-


mente relevante nos acidentes por choque elétrico. Como se observa no gráfico,
a norma NBR 6533, da ABNT, define cinco zonas de efeitos para correntes alter-
nadas de 15 a 100Hz, admitindo a circulação entre as extremidades do corpo em
pessoas com 50kg de peso.

Luiz Meneghel (2011)

Figura 17 -  Efeito de choques elétricos


Fonte: Adaptado de Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2005)

Zona 1 – habitualmente nenhuma reação.


Zona 2 – habitualmente nenhum efeito patofisiológico perigoso.
Zona 3 – habitualmente nenhum risco de fibrilação.
Zona 4 – fibrilação possível (probabilidade de até 50%).
Zona 5 – risco de fibrilação (probabilidade superior a 50%).
O efeito da corrente do choque se dá de maneira diferenciada no corpo hu-
mano. Desse modo, os efeitos térmicos são mais intensos nas regiões de alta den-
sidade de corrente, podendo produzir queimaduras de alto risco. Já na área de
baixa densidade de corrente, o calor produzido é pequeno. Em virtude da área
da região do tórax ser maior, a densidade de corrente é pequena, diminuindo os
efeitos térmicos de contração e fibrilação no coração. Isso é positivo do ponto de
vista da segurança humana. Veja que isto pode ocorrer de duas formas: macro-
choque ou microchoque.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
242

2 Baixa Tensão (BT) O macrochoque é definido quando a corrente do choque entra no corpo hu-
mano pelo lado externo. A corrente entra pela pele, invade o corpo e sai nova-
Tensão superior a 50 volts
em corrente alternada mente pela pele. O valor da corrente elétrica não depende somente do nível da
ou 120 volts em corrente diferença de potencial do choque. Para uma mesma tensão, a corrente vai depen-
contínua e igual ou inferior
a 1.000 volts em corrente der do estado da pele.
alternada ou 1.500 volts em
corrente contínua, entre
fases ou entre fase e terra.

Que o macrochoque é o choque comum, sentido pelas


VOCÊ pessoas? Qualquer pessoa ao encostar-se a um local
SABIA? energizado, ou num equipamento elétrico com defeito
na sua isolação, ficará à mercê do macrochoque.

Já o microchoque é o choque elétrico que ocorre no interior do corpo huma-


no. É o tipo de choque que ocorre por defeito em equipamento médico-hospi-
talar.

FIQUE Qualquer equipamento invasivo, usado para analisar, diag-


nosticar ou monitorar qualquer órgão humano, poderá
ALERTA produzir microchoque.

Este choque poderá ocorrer entre um condutor interno e a pele, ou entre dois
condutores internos no corpo. A resistência elétrica nestas condições é muito
baixa, aumentando muito o perigo do choque.

Efeitos do choque no indivíduo

Perceba que o choque elétrico provoca os efeitos relacionados a seguir.


a) Parada respiratória – inibição dos centros nervosos, inclusive dos que co-
mandam a respiração.
b) Parada cardíaca – alteração no ritmo cardíaco, podendo produzir fibrilação
e uma consequente parada.
c) Necrose – resultado de queimaduras profundas produzidas no tecido.
d) Alteração no sangue – provocada por efeitos térmicos e eletrolíticos da cor-
rente elétrica.
e) Perturbação do sistema nervoso.
f) Sequelas em vários órgãos do corpo humano.
11 Segurança em Eletricidade
243

Você sabe as diferenças entre parada cardíaca e fibrilação ventricular?


a) Parada cardíaca - é a falta total de funcionamento do coração. Quando ele
está efetivamente parado, o sangue não é mais bombeado, a pressão cai a zero
e a pessoa perde os sentidos. Nesse estado, as fibras musculares estão inativas,
interrompendo o batimento cardíaco.
b) Fibrilação ventricular - no coração humano, é um fenômeno diferente da
parada cardíaca, mas com consequências idênticas. Na fibrilação ventricular, as fi-
bras musculares do coração ficam tremulando desordenadamente, havendo, em
consequência, uma total ineficiência no bombeamento do sangue.
A Queimadura, devido ao choque elétrico, ocorre quando uma corrente elé-
trica passa através de uma resistência elétrica e é liberada uma energia térmica.
Este fenômeno é denominado efeito Joule.
O calor liberado, aumenta a temperatura da parte atingida do corpo humano,
podendo produzir vários efeitos e sintomas, que podem ser os seguintes:
a) queimaduras de 1º, 2º ou 3º graus nos músculos do corpo.
b) aquecimento do sangue, com a sua consequente dilatação.
c) aquecimento, podendo provocar o derretimento dos ossos e cartilagens.
d) queima das terminações nervosas e sensoriais da região atingida.
e) queima das camadas adiposas ao longo da derme, tornando-se gelatinosas.
Essas condições não acontecem isoladamente, mas sim associadas, gerando,
em conseqüência, outras causas e efeitos nos demais órgãos. O choque de alta
tensão queima, danifica, fazendo buracos na pele nos pontos de entrada e saída
da corrente pelo corpo humano. As vítimas do choque de alta-tensão morrem,
principalmente, devido às queimaduras. E as que sobrevivem ficam com seque-
las, como, por exemplo:
a) perda de massa muscular;
b) perda parcial de ossos;
c) diminuição e atrofia muscular;
d) perda da coordenação motora;
e) cicatrizes, entre outras.
Choques elétricos em baixa tensão1, por outro lado, têm pouco poder térmico.
O problema maior é o tempo de duração, que, se persistir, pode levar à morte,
geralmente por fibrilação ventricular do coração. A queimadura também é pro-
vocada de modo indireto, isto é, devido ao mau contato ou a falhas internas no
aparelho elétrico. Neste caso, a corrente provoca aquecimentos internos, elevan-
do a temperatura a níveis perigosos.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
244

11.1.2 Proteção contra efeitos térmicos

Veja que, tanto as pessoas quanto os componentes fixos de uma instalação


elétrica e os materiais fixos próximos devem ser protegidos contra os efeitos pre-
judiciais do calor ou da irradiação térmica produzidos pelos equipamentos elétri-
cos. Isso vale particularmente nos seguintes casos.
a) Riscos de queimaduras.
b) Prejuízos no funcionamento seguro de componentes da instalação.
c) Combustão ou deterioração de materiais.

11.1.3 Proteção contra queimaduras

As partes acessíveis de equipamentos elétricos situados na zona de alcance


normal não devem atingir temperaturas que possam causar queimaduras em
pessoas. Devem também atender aos limites de temperaturas, ainda que por cur-
tos períodos, determinados pela NBR 14039 e devem ser protegidas contra qual-
quer contato acidental.

11.1.4 .Arco elétrico

Toda vez que ocorre a passagem de corrente elétrica pelo ar ou por outro meio
isolante (óleo, por exemplo) está ocorrendo um arco elétrico.

Os arcos elétricos, também chamados de arcos voltai-


VOCÊ cos, são uma ocorrência de curtíssima duração (menor
SABIA? que 0,5 segundos). Muitos são tão rápidos, que o olho
humano não chega a perceber.

Os arcos elétricos são extremamente quentes. Próximos ao “laser”, eles são a


mais intensa fonte de calor na Terra. Sua temperatura pode alcançar 20.000°C.
Pessoas que estejam no raio de alguns metros de um arco podem sofrer severas
queimaduras. Os arcos elétricos são eventos de múltipla energia. Forte explosão e
energia acústica acompanham a intensa energia térmica. Em determinadas situa-
ções, uma onda de pressão também pode se formar, sendo capaz de atingir quem
estiver próximo ao local da ocorrência.
11 Segurança em Eletricidade
245

Consequências de arcos elétricos (queimaduras e quedas)

Se houver centelha ou arco, a temperatura deste é tão alta que destrói os te-
cidos do corpo. Todo cuidado é pouco, para evitar a abertura de arco através do
trabalhador. Também podem desprender-se partículas incandescentes, perigo-
sas aos olhos.
O arco pode ser causado por fatores relacionados a equipamentos, ao ambien-
te ou a pessoas.
Podem ocorrer, por exemplo, quando trabalhadores movimentam-se de for-
ma insegura ou manejam ferramentas, instrumentos ou materiais condutores
próximos de instalações energizadas.
Outras causas podem estar relacionadas a equipamentos e incluem falhas em
partes condutoras que integram, ou não, os circuitos elétricos.
Causas relacionadas ao ambiente incluem a contaminação por sujeira ou água,
presença de insetos e pequenos animais (gatos ou ratos que provocam curtos-
-circuitos em barramentos de painéis e subestações).
A severidade da lesão para as pessoas, na área onde ocorre a falha, depende da
energia liberada pelo arco, da distância que separa as pessoas do local e do tipo
de roupa que utilizam. As mais sérias queimaduras por arco voltaico envolvem a
queima da roupa da vítima pelo calor do arco elétrico. Tempos relativamente lon-
gos (30 a 60 segundos, por exemplo) de queima contínua de uma roupa comum,
aumentam tanto o grau da queimadura, quanto a área total atingida no corpo.
Isso afeta diretamente a gravidade da lesão e a própria sobrevivência da vítima.
A proteção para evitar danos ocasionados pelo arco depende do cálculo da
energia que pode ser liberada no caso de um curto-circuito. As vestimentas de
proteção adequadas devem cobrir todas as áreas que possam estar expostas à
ação das energias oriundas do arco elétrico. Portanto, muitas vezes, além da co-
bertura completa do corpo, elas devem incluir capuzes.
O que agora parece óbvio, nem sempre foi observado. Em determinadas situ-
ações, uma análise de risco bem feita indica a necessidade de uma vestimenta de
proteção contra o arco elétrico, conforme demonstra na figura a seguir.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
246

Leal Indústria e Comércio (20--?)


Essa vestimenta deve incluir: proteção para o rosto, pescoço, cabelos, enfim,
as partes da cabeça que também possam sofrer danos se expostas a uma energia
térmica muito intensa.
Além dos riscos de exposição aos efeitos térmicos do arco elétrico, também
está presente o risco de ferimentos e quedas decorrentes das ondas de pressão
que podem se formar pela expansão do ar.
Na ocorrência de um arco elétrico, uma onda de pressão pode empurrar e der-
rubar o trabalhador que está próximo da origem do acidente. Essa queda pode
resultar em lesões mais graves se o trabalho estiver sendo realizado em alturas, o
que é comum em diversos tipos de instalações.
Existem algumas medidas para garantir a proteção contra os perigos resultan-
tes de faltas por arco. Acompanhe!
a) Utilização de um ou mais dos seguintes meios: dispositivos de abertura sob
carga; chave de aterramento resistente ao curto-circuito presumido; siste-
mas de intertravamento; fechaduras com chave não intercambiáveis.
b) Corredores operacionais tão curtos, altos e largos quanto possível.
c) Coberturas sólidas ou barreiras ao invés de coberturas ou telas.
d) Equipamentos ensaiados para resistir aos arcos internos.
e) Emprego de dispositivos limitadores de corrente.
f) Seleção de tempos de interrupção muito curtos, o que pode ser obtido atra-
vés de relés instantâneos ou através de dispositivos sensíveis a pressão, luz
ou calor, atuando em dispositivos de interrupção rápidos.
g) Operação da instalação.
11 Segurança em Eletricidade
247

CASOS E RELATOS

João era prestador de serviço de uma empresa terceirizada que foi con-
tratada para fazer manutenção de uma indústria de alimentos. O traba-
lho, juntamente com sua equipe de mais três funcionários, seria realizado
em todos os painéis elétricos da indústria.
João era o supervisor de sua equipe. E nesta, todos sempre foram mui-
to preocupados com a segurança:, utilizando todos os EPIs, as roupas e
os equipamentos aprovados; desligando todos os painéis, antes de fa-
zer qualquer trabalho e fazendo todos os bloqueios necessários para que
ninguém pudesse ligá-los por engano.
Naquele dia, parecia tudo normal no andamento dos trabalhos e eles
já estavam nas últimas montagens de painéis, mas, o prazo do início da
produção também estava no limite, por isso, eles tentaram fazer o mais
depressa possível.
Pedro estava mexendo no painel 9, que estava desligado, e João (Super-
visor) estava no painel 10, também desligado.
Logo após terminar a montagem do painel 9, que ficava em uma sala
mais distante de onde se encontravam os outros colegas, Pedro foi até a
central e ligou o painel, o qual entrou em funcionamento sem problemas
(380 v). Neste momento, percebendo que deu tudo certo e constatando
que estava com muita fome, foi almoçar e deixou o painel energizado e
sem o devido bloqueio.
João chegou até o painel 9 e não viu seu colega de trabalho, porém ven-
do que o painel não estava bloqueado, pensou que este estivesse desli-
gado, foi quando abriu o mesmo para verificar e colocou sua mão direita
direto no barramento, pois identificou que um fio estava mal colocado. O
que ele não sabia era que tudo estava energizado e ligado e, desta forma,
no momento que sua mão encostou no barramento, ele levou um grande
choque com consequências muito graves. Seus colegas escutaram um
estouro e foram correndo para ver o que era. Chegando lá, encontraram
João preso a uma descarga de (380v) e, imediatamente, desligaram o pai-
nel central e iniciaram os procedimentos de resgate, mas a situação era
grave.
Diante deste ocorrido, pode-se perceber a importância de ser capacitado,
treinado, fazer uso de todos os EPIs e EPCs, bem como, o principal: fazer
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
248

o Bloqueio/Etiquetagem em painéis e máquinas que alguém possa a vir


ligar involuntariamente.

11.1.5 Campos eletromagnéticos

O termo “campo” indica que em um determinado espaço existe uma força que
pode ser responsável pelo movimento de corpos nele inseridos. O campo gravi-
tacional da lua, que determina a subida da maré, é um exemplo do conceito de
campo. Além do campo gravitacional, temos o campo elétrico, o magnético e
eletromagnético.
a) O campo elétrico caracteriza-se pela presença de corpos eletrizados, ou
seja, ao redor de corpos eletrizados existe uma região que irá exercer força elétri-
ca em outros corpos inseridos na mesma região. O valor do campo depende da
distância em relação ao corpo eletrizado é e medido em Volts/metro.

Diego Fernandes (2011)

Figura 18 -  Quadro da linha de força do campo e das superfícies equipotenciais em torno de uma esfera carregada de eletrici-
dade
Fonte: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2005)

b) O campo magnético caracteriza-se pela presença de um fluxo magnético,


provocado por ímãs ou eletroímãs, em uma determina região. O fluxo magnético
consegue magnetizar corpos metálicos nele inseridos, determinando o apareci-
11 Segurança em Eletricidade
249

mento de forças de origem magnética. O fluxo magnético ou campo magnético é


medido em Tesla ou em Gauss.

Ángel Franco García (20--?)

c) O campo eletromagnético é um fenômeno importante da eletricidade e


está associado a campos magnéticos variáveis. Eles criam campos elétricos va-
riáveis. O inverso também ocorre, dando origem aos campos eletromagnéticos.
A queda de um raio é um bom exemplo de formação de campos eletromag-
néticos na atmosfera. Como a corrente do raio sofre variação no tempo, ela cria
campos elétricos e magnéticos no espaço ao redor do canal de corrente, entre a
nuvem e o solo.
Microsoft Office (20--?)

Você sabia que ocorrem efeitos nos seres humanos a partir dos campos eletro-
magnéticos? O campo elétrico provoca a formação de uma carga sobre a super-
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
250

fície da pele e o campo magnético causa fluxo de correntes circulando em todo


corpo.
Normalmente, estes efeitos não são prejudiciais ao seres humanos, mas, quan-
do muito intensos, decorrentes de campos muito intensos, podem ocorrer dis-
funções em implantes eletrônicos (marca passo e dosadores de insulina), além da
circulação de correntes em próteses metálicas, a ponto de provocar aquecimen-
to. Também merece atenção a indução elétrica. Esse fenômeno, pode ser parti-
cularmente importante quando há diferentes circuitos próximos uns aos outros.

11.1.6 Riscos adicionais – Classificação

a) Altura - Em trabalhos com energia elétrica feitos em alturas, é importante


cumprir as instruções relativas à segurança, a seguir.
É obrigatório o uso do cinto de segurança e do capacete com jugular.
Os equipamentos do item anterior devem ser inspecionados pelo traba-
lhador antes do seu uso, no que concerne a defeito nas costuras, rebites, argo-
las, mosquetões, molas e travas, bem como, quanto à integridade da carneira
e da jugular.
Ferramentas, peças e equipamentos devem ser levados para o alto apenas
em bolsas especiais, evitando o seu arremesso. Quando for imprescindível o
uso de andaimes tubulares, em locais próximos à rede elétrica, eles devem
cumprir os requisitos a seguir:
a) respeitar as distâncias de segurança, principalmente durante as opera-
ções de montagem e desmontagem;
b) estar aterrados;
c) ter as tábuas da(s) plataforma(s) com, no mínimo, uma polegada de es-
pessura, travadas e que nunca ultrapassem o andaime;
d) ter base com sapatas;
e) ter guarda-corpo de noventa centímetros de altura em todo o perímetro
com vãos máximos de trinta centímetros;
f) ter cinturão de segurança tipo para-quedista para alturas iguais ou supe-
riores a 2 metros;
g) ter pedestais a partir de 3 metros e a cada 5 metros de altura.
11 Segurança em Eletricidade
251

Eletrobras - Distribuição Alagoas (20--?)


Figura 19 -  Trabalho em altura

b) Manuseio de escada simples e de extensão - Veja as instruções de segu-


rança no uso de escadas.
Inspecione visualmente a escada antes de usá-la, a fim de verificar se apre-
senta rachaduras, degraus com jogo ou soltos, corda desajustada, montantes
descolados, etc.
Se houver qualquer irregularidade, deve ser entregue ao superior imediato
para reparo ou troca.
Deve ser manuseada sempre com luvas.
Limpe sempre a sola do calçado antes de subir.
Ao transportar em veículos, coloque a escada com cuidado nas gavetas ou
nos ganchos-suportes, devidamente amarrada.
Ao subir ou descer, conserve-se de frente para ela, segurando firmemente
os montantes.
Trabalhe somente depois de a escada estar firmemente amarrada, utilizan-
do o cinto de segurança, e com os pés apoiados sobre os seus degraus.
A escada deve ser conservada com verniz ou óleo de linhaça.
Cuidado ao atravessar as vias públicas, observando que ela deverá ser con-
duzida paralelamente ao meio-fio.
Ao instalar a escada, observe que a distância entre o suporte e o pé da es-
cada seja de aproximadamente ¼ do seu comprimento.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
252

Antes de subir ou descer, exija um companheiro ao pé da escada para se-


gurá-la. Somente o dispense depois de amarrar a escada.
Instalar a escada usando o pé-direto para o apoio e a mão fechando por
cima do degrau, verificando o travamento da extensão.
Não podendo amarrar a escada (como em uma fachada de prédio), mante-
nha o companheiro no pé dela, segurando-a.
As instalações elétricas em ambientes explosivos e os serviços de eletricidade
devem ser projetados, executados, operados, mantidos, reformados e ampliados
de forma que permitam: a adequada distribuição de energia e isolamento; a cor-
reta proteção contra fugas de corrente, curtos-circuitos, choques elétricos; entre
outros riscos.
Os cabos e condutores de alimentação elétrica utilizados devem ser certifi-
cados por um organismo de certificação, credenciado pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro.

Brands of the World (20--?)

c) Condições atmosféricas
Umidade: Deve-se considerar que todo trabalho em equipamentos energiza-
dos só deve ser iniciado com boas condições meteorológicas. Não são permitidos
trabalhos sob chuva, neblina densa ou ventos. É possível determinar a condição
de umidade, favorável ou não, com a utilização do termo-higrômetro. Na falta
deste, há a opção de umedecer com um pano a superfície de um bastão de mano-
bra e, aguardar aproximadamente cinco minutos para verificar se, ao desaparecer
a película de umidade, há condições seguras para execução dos serviços.
11 Segurança em Eletricidade
253

Josepi Borra (20--?)

Como você pôde acompanhar anteriormente, sabe-se que a existência de


umidade propicia a diminuição da capacidade disruptiva do ar, aumentando as-
sim, o risco de acidentes elétricos. Deve-se levar em consideração, também, que
os equipamentos isolados a óleo não devem ser abertos em condições de umida-
de elevada, pois, o óleo isolante pode absorver a umidade do ar, comprometen-
do, assim, suas características isolantes.
Descargas atmosféricas (raios): Devido a longos períodos de estiagem, as
chuvas que começam a cair são normalmente acompanhadas de tempestades,
sendo estas originadas pelo encontro de uma massa de ar frio com uma massa de
ar quente ou a partir do aquecimento do solo pelos raios solares e consequente
subida do ar quente, carregado de partículas de vapor de água.
O raio é um fenômeno de natureza elétrica, sendo produzido por nuvens do
tipo cumulus nimbus, que têm formato parecido com uma bigorna e chegam a ter
12 quilômetros de altura e vários quilômetros de diâmetro. As tempestades com
trovoadas verificam-se quando certas condições particulares (temperatura, pres-
são, umidade do ar, velocidade do vento, etc.) fazem com que determinado tipo
de nuvem se torne eletricamente carregada devido à fricção entre as partículas
de água decorrentes da condensação do vapor de água.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
254

Hemera (20--?)
O mecanismo de autoprodução de cargas elétricas vai aumentando de tal
modo, que dá origem a uma descarga elétrica (raio), que partirá da base da nu-
vem em direção ao solo, definindo uma trajetória ramificada e aleatória. Esta pri-
meira descarga é denominada “líder”, que define sua posição de queda entre 20 a
100 metros do solo. A partir deste estágio, o raio deixou um canal ionizado entre a
nuvem e o solo que, dessa forma, permitirá a passagem de uma avalanche de car-
gas com corrente de pico em torno de 20.000 ampères passando pelo ar. O aque-
cimento deste meio chega a 30.000°C, provocando a expansão do ar (trovão).
As descargas atmosféricas podem ser ascendentes (da terra para a nuvem) ou
descendentes (da nuvem para a terra), ou ainda entre nuvens. Ao cair na terra, o
raio pode provocar grande destruição, devido ao alto valor de sua corrente elétri-
ca, que gera intensos campos eletromagnéticos e calor.
Além dos danos causados diretamente pela corrente elétrica e pelo intenso
calor, o raio pode provocar sobretensões em redes de energia elétrica, em redes
de telecomunicações, de TV a cabo, antenas parabólicas, redes de transmissão de
dados, etc.
Com a intenção de evitar falsas expectativas ao sistema de proteção contra
descargas atmosféricas, é importante esclarecer três pontos. Acompanhe!
11 Segurança em Eletricidade
255

D’Imitre Camargo (2011)

Figura 20 -  Descargas atmosféricas

Sobretensões transitórias: Você já ouviu falar ou sabe quando ocorrem so-


bretensões transitórias? Sempre que a tensão elétrica em um circuito elétrico so-
fre um aumento por determinado período, fica caracterizada uma sobretensão
transitória. Partidas de motores de alta potência, manobras de cargas, curtos-cir-
cuitos e descargas elétricas atmosféricas (raios ou relâmpagos) podem provocar
sobretensões transitórias.
As sobretensões transitórias podem chegar até as instalações elétricas internas
ou de telefonia, de TV a cabo ou de qualquer unidade consumidora. Os seus pos-
síveis efeitos, além de causar danos a pessoas e animais, podem ser os seguintes:
a) provocar a queima total ou parcial de equipamentos elétricos ou danos à
própria instalação elétrica interna e telefônica, entre outras;
b) reduzir a vida útil dos equipamentos;
c) provocar enormes perdas econômicas, com a parada de equipamentos.
Saiba que as correntes transitórias originadas de descargas atmosféricas po-
dem ocorrer de dois modos.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
256

D'Imitre Camargo (2011)


Figura 21 -  Descarga atmosférica direta e indireta

Essa sobretensão induzida acontece quando uma parte da energia do raio é


transferida através de um acoplamento eletromagnético com uma rede elétrica.
A grande maioria das sobretensões transitórias de origem atmosférica, que cau-
sam danos a equipamentos, provoca a ruptura das isolações e dos arcos elétricos.
Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA): Toda empre-
sa deve possuir um sistema de proteção contra descarga atmosférica que leve em
consideração o especificado na NBR 5419 (proteção de estruturas contra descar-
gas atmosféricas), mas que esteja definido em um projeto assinado por profissio-
nal habilitado.
O projeto de SPDA, nas empresas, faz parte do Programa de Prevenção e Com-
bate a Incêndios (PPCI), e deve ser executado e mantido nas condições de proje-
to, uma vez que é considerado uma proteção coletiva. O projetista de SPDAs deve
verificar as possíveis interferências do subsistema de aterramento do SPDA nos
demais sistemas de aterramento existentes em uma empresa, como os sistemas
de aterramento funcionais e de proteção.
11 Segurança em Eletricidade
257

D'Imitre Camargo (2011)


Figura 22 -  Detalhe de aterramento

As descargas atmosféricas também causam sérias perturbações nas redes aé-


reas de transmissão e distribuição de energia elétrica, além de provocarem danos
materiais nas construções atingidas por elas. Estes fenômenos induzem surtos de
tensão que chegam a centenas de quilo volts.

11.1.7 Acidentes de origem elétrica

A segurança no trabalho, ou o conjunto de normas que visam garantir a saúde


e evitar acidentes no ambiente de trabalho, é um item obrigatório em todas as
profissões. É possível classificar acidentes de trabalho relacionando-os com fato-
res humanos (atos inseguros) e com o ambiente (condições inseguras).
Essas causas são apontadas como responsáveis pela maioria dos acidentes. No
entanto, deve-se levar em conta que, às vezes, os acidentes são provocados pela
presença de condições inseguras e atos inseguros ao mesmo tempo.
Podemos classificar o contato e a falha de isolamento como causas diretas de
acidentes elétricos, podendo estas ainda serem classificadas quanto ao tipo de
contato físico.
a) Contatos diretos – consistem no contato com partes metálicas normal-
mente sob tensão (partes vivas).
b) Contatos indiretos – consistem no contato com partes metálicas, normal-
mente não energizadas (massas), mas que podem ficar energizadas devido
a uma falha de isolamento.
O acidente mais comum a que estão submetidas às pessoas, principalmente
aquelas que trabalham em processos industriais ou desempenham tarefas de ma-
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
258

nutenção e operação de sistemas industriais, é o toque acidental em partes me-


tálicas energizadas, ficando o corpo ligado eletricamente sob tensão entre fase e
terra.
Classificam-se como causas indiretas de acidentes elétricos as originadas por
descargas atmosféricas, tensões induzidas eletromagnéticas e tensões estáticas.
As declarações pessoais dos trabalhadores do Curso Básico previsto na NR 10
e ministrado pelo SENAI corroboram que a prevenção, conforme prescrito na nor-
ma é fundamental para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores.
Inúmeros acidentes de trabalho acontecem diariamente, e muitos, como os
citados a seguir, devem servir de justificativas para as empresas, profissionais e
trabalhadores adotarem ações preventivas.
a) Choques elétricos entre cabeça e mãos, seguidos de desfalecimento.
b) Queimaduras por arco elétrico decorrentes de curtos-circuitos provocados
por queda de ferramentas de trabalho durante serviços com circuitos ener-
gizados.
c) Quedas, pela ausência do cinto de segurança, depois de choques elétricos.
d) Energizações acidentais com trabalhadores que realizam trabalhos nas re-
des elétricas.
e) Desligamentos incorretos de circuitos por falta de informação (diagramas,
plantas) e de testes para comprovação da desenergização.
f) Casos de falecimento por choque elétrico durante o serviço em ambientes
úmidos com o trabalhador molhado.
g) Desmaio em ambiente confinado, devido à remoção do EPI.
h) Princípios de incêndio a partir da eletricidade estática.
i) Enfrentamento de cobra, abelhas e animais peçonhentos.
j) Arco elétrico provocado por cavaco oriundo de máquina operatriz em ope-
ração na zona controlada.
k) Choques elétricos em linhas aéreas decorrentes de tensões induzidas por
descargas atmosféricas.
l) Eliminação dos DRs por impossibilitada detecção dos pontos de fuga à terra.
m) Alterações nas instalações elétricas sem a devida correção das plantas e
dos diagramas elétricos.
n) Realização de trabalhos em alta tensão sem procedimentos e análise preli-
minar de riscos.
11 Segurança em Eletricidade
259

o) Surgimento de tensões de toque e choque elétrico em pessoas que moram


em um andar de um prédio de apartamento em função de falhas de isola-
mento, fuga de corrente e utilização da ferragem estrutural do prédio, como
terra em andares superiores.
p) Casos fatais decorrentes de quedas de telhado.
Aqui finalizamos mais uma etapa de estudos. Ainda tem muita coisa interes-
sante aguardando por você. A seguir, o assunto será: métodos de controle. Pre-
parado para seguir adiante?

11.2 Métodos de controle

Você sabia que a expressão “métodos de controle” abrange o conjunto de ati-


vidades que permitem avaliar um risco?
Os métodos de controle permitem avaliar um risco, desde a sua identificação,
o entendimento de como se manifesta, a sua detecção, o seu monitoramento, os
seus efeitos e as ações que devem ser implementadas para evitar que acidentes
decorrentes do risco ocorram ou para administrar os seus efeitos, quando se ma-
nifestarem.
Em relação aos riscos elétricos e adicionais, as medidas de controle começam
a ser definidas na fase de projeto das instalações elétricas e terminam nos proce-
dimentos para situações de emergência.
Prever instalações à prova de explosão em ambientes explosivos, utilizar equi-
pamentos à prova de explosão certificados e ter profissionais treinados para a
realização dos serviços de manutenção e preparados para resgate, primeiros so-
corros e operação de equipamentos de combate a incêndio, são exemplos de
medidas de controle.
Acompanhe, a seguir as, medidas de controle do risco elétrico!

11.2.1 Proteção contra choques elétricos

O princípio que fundamenta as medidas de proteção contra choques elétricos,


conforme a NBR 5410:2004, pode ser resumido em dois tópicos.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
260

D'Imitre Camargo (2011)


Figura 23 -  Princípios de proteção contra choques elétricos

No caso 1, o choque elétrico acontece quando se toca inadvertidamente a par-


te viva do circuito de instalação de energia elétrica. O choque acontece somente
quando duas ou mais partes do corpo tocam simultaneamente duas fases ou uma
fase e, também, a massa aterrada do equipamento elétrico.
Nesse caso, a corrente elétrica do choque é atenuada pelos seguintes fatores:
a) resistência elétrica do corpo humano;
b) resistência do calçado;
c) resistência do contato do calçado com o solo;
d) resistência da terra no local dos pés no solo;
e) resistência do aterramento da instalação elétrica no ponto de alimentação
de energia.
Assim, devem ser tomadas medidas de proteção básicas que visem impedir
o contato com partes vivas perigosas em condições normais, como as seguintes:
a) isolação básica ou separação básica;
b) uso de barreira ou invólucro;
c) limitação de tensão.
Já no caso 2, o choque ocorre quando regiões neutras ficam com diferença de
potencial devido a um curto-circuito na instalação ou nos equipamentos. Deve-
-se notar que, neste tipo de choque, a pessoa está tocando ou pisando regiões ou
elementos não-energizados da instalação.
Porém, durante o curto-circuito, estas áreas neutras ficam com diferença de
potencial, advindo daí, o choque elétrico.
11 Segurança em Eletricidade
261

Sandra (20--?)
Nesse caso, devem-se prover medidas de proteção supletivas que visem suprir
a proteção contra choques em caso de falha da proteção básica, como os seguin-
tes exemplos:
a) equipotencialização e seccionamento automático da alimentação;
b) isolação suplementar;
c) separação elétrica.

11.2.2 Desenergização

Você sabe o que é desenergização? Acompanhe, a seguir, o conceito.


Desenergização é o conjunto de procedimentos visando à segurança pessoal
dos envolvidos, ou não, em sistemas elétricos. É realizada por no mínimo duas
pessoas. Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas li-
beradas para trabalho, mediante os procedimentos descritos a seguir.
Seccionamento - É a ação da interrupção da alimentação elétrica em um equi-
pamento ou circuito. A interrupção é executada com a manobra local ou remota
do respectivo dispositivo de manobra, geralmente o disjuntor alimentador do
equipamento ou o circuito a ser isolado.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
262

Waleska Ruschel (2011)


Figura 24 -  Seccionamento

Sempre que for tecnicamente possível, deve-se promover o corte visível dos
circuitos, provendo afastamentos adequados que garantam condições de segu-
rança específica, impedindo assim, a energização acidental do equipamento ou
circuito.
O seccionamento tem maior eficácia quando há a constatação visual da sepa-
ração dos contatos (abertura de seccionadora, retirada de fusíveis, etc.).

Waleska Ruschel (2011)

Figura 25 -  Seccionamento abertura

A abertura da seccionadora deverá ser efetuada após o desligamento do cir-


cuito ou do equipamento a ser seccionado, evitando-se, assim, a formação de
arco elétrico.
11 Segurança em Eletricidade
263

Microsoft Office (20--?)


Figura 26 -  Seccionamento da rede elétrica

Impedimento de reenergização - É o processo pelo qual se impede o religa-


mento acidental do circuito desenergizado. Esse impedimento pode ser feito por
meio de bloqueio mecânico, como os exemplos a seguir.
a) Em seccionadora de alta tensão, utilizando cadeados que impeçam a mano-
bra de religamento, por meio do travamento da haste de manobra.
b) Retirada dos fusíveis de alimentação do local.
c) Travamento da manopla dos disjuntores por cadeado ou lacre.
d) Extração do disjuntor quando possível.
Constatação de ausência da tensão - Usualmente, se constata a ausência de
tensão, por meio de sinalização luminosa ou de voltímetro instalado no próprio
painel. É importante verificar a existência de tensão em todas as fases do circuito.
Waleska Ruschel (2011)

Figura 27 -  Constatação da ausência de tensão


fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
264

Aterramento temporário - A instalação de aterramento temporário tem


como finalidade a equipotencialização dos circuitos desenergizados (condutores
ou equipamento), ou seja, ligar-se eletricamente ao mesmo potencial (no caso ao
potencial de terra), interligando-se os condutores ou os equipamentos à malha
de aterramento por meio de dispositivos apropriados ao nível de tensão nominal
do circuito.

Waleska Ruschel (2011)


Figura 28 -  Aterramento temporário

Perceba que, para a execução do aterramento, deve-se atender às seguintes


etapas.
a) Solicitar e obter autorização formal.
b) Afastar as pessoas não envolvidas na execução do aterramento e verificar a
desenergização.
c) Delimitar a área de trabalho, sinalizando-a.
d) Confirmar a desenergização do circuito a ser aterrado temporariamente.
e) Inspecionar todos os dispositivos utilizados no aterramento temporário, an-
tes de sua utilização.
f) Ligar o grampo de terra do conjunto de aterramento temporário com firme-
za à malha de terra e, em seguida, a outra extremidade aos condutores ou
equipamentos que serão ligados a terra, utilizando equipamentos de isola-
ção e proteção apropriados para a execução da tarefa.
g) Obedecer aos procedimentos específicos de cada empresa.
h) Na rede de distribuição deve-se trabalhar, no mínimo, entre dois aterramen-
tos.
11 Segurança em Eletricidade
265

11.2.3 Instalação da sinalização de impedimento de energização

Esse tipo de sinalização é utilizado para diferenciar os equipamentos energi-


zados dos não-energizados, afixando-se, no dispositivo de comando do equipa-
mento principal, um aviso de que ele está impedido de ser energizado.

Waleska Ruschel (2011)

Figura 29 -  Sinalização de impedimento de energização

Perceba que a instalação da sinalização de impedimento de energização deve


ser executada em todos os pontos possíveis de alimentação do equipamento ou
circuito a ser desenergizado.

Proteção parcial por colocação fora de alcance

A colocação fora de alcance destina-se somente a impedir os contatos invo-


luntários com as partes vivas.
Quando há o espaçamento, este deve ser suficiente para que se evite que pes-
soas circulando nas proximidades das partes vivas possam entrar em contato, seja
diretamente ou por intermédio de objetos que elas manipulem ou transportem.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
266

Microsoft Office (20--?)


Figura 30 -  Exemplo de proteção parcial por ‘colocação fora de alcance’ em uma subestação

Distâncias mínimas em locais sem proteção

As distâncias mínimas aplicáveis a locais desprovidos de qualquer meio de


proteção contra contatos diretos estão indicadas nas figuras e tabelas apresen-
tadas a seguir.

D’Imitre Camargo (2011)

Figura 31 -  Distâncias mínimas


11 Segurança em Eletricidade
267

Tabela 4 - Espaçamento para instalações internas

ESPAÇAMENTOS PARA INSTALAÇÕES INTERNAS (NBR 14039)

Dimensões mínimas - mm

300 até 24,2KV


D Distância entre a parte viva e um anteparo vertical.
400 para 36,2KV

A - Valores de distâncias mínimas da tabela.

R 1200 Locais de manobra.

B 2700 Altura mínima de uma parte viva com circulação.

K 2000 Altura mínima de um anteparo horizontal.

F 1700 Altura mínima de um anteparo vertical.

J E + 300 Altura mínima de uma parte viva sem circulação.

Dimensões máximas - mm

Distância máxima entre a parte inferior de um anteparo


E 300
e o piso

M 1200 Altura dos punhos de acionamento manual

Malha 20 Abertura de malha


fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
268

Tabela 5 - Espaçamento para instalações externas

ESPAÇAMENTOS PARA INSTALAÇÕES INTERNAS (NBR 14039)

Dimensões mínimas - mm

A - Valores de distâncias mínimas da tabela.

G 1500 Distância mínima entre a parte viva e a proteção externa.

B 4000 Altura mínima de uma parte viva na área de circulação.

R 1500 Locais de manobra.

D 500 Distância mínima entre a parte viva e um anteparo vertical.

F 2000 Altura mínima de um anteparo vertical.

6000 Em ruas, avenidas e entradas de prédios e demais locais com trânsito de veículos.
5000 Em local com trânsito de pedestres, somente.
H
9000 Em ferrovias.
7000 Em ferrovias.

J 800 Altura mínima de uma parte viva na área de circulação proibida.

K 2200 Altura mínima de um anteparo horizontal.

L 2000 Altura mínima da proteção externa.

C 2000 Circulação.

Dimensões máximas - mm

E 600 Distância máxima entre a parte inferior de um anteparo e o piso.

M 1200 Altura dos punhos de acionamento manual.

Malha 20 Abertura das malhas dos anteparos.


11 Segurança em Eletricidade
269

Tabela 6 - Distanciamento de segurança

TABELA DE RAIOS DE DELIMITAÇÃO DE ZONAS DE RISCO, CONTROLADA E


LIVRE

PR – Raio de delimitação RC – Raio de delimitação


Faixa de tensão nominal da
entre zona de risco e con- entre zona controlada e livre
instalação elétrica em KV
trolada em metros em metros

<1 0,20 0,70

≥1e<3 0,22 1,22

≥3e<6 0,25 1,25

≥ 6 e < 10 0,35 1,35

≥ 10 e < 15 0,36 1,38

≥ 15 e < 20 0,40 1,40

≥ 20 e < 30 0,56 1,56

≥ 30 e < 36 0,58 1,58

≥ 36 e < 45 0,63 1,63

≥ 45 e < 60 0,83 1,83

≥ 60 e < 70 0,90 1,90

≥ 70 e < 110 1,00 2,00

≥ 110 e < 132 1,10 3,10

≥ 132 e < 150 1,20 3,20

≥ 150 e < 220 1,60 3,60

≥ 220 e < 275 1,80 3,80

≥ 275 e < 380 2,50 4,50

≥ 380 e < 480 3,20 5,20

≥ 480 e < 700 5,20 7,20


fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
270

11.2.4 Proteção por separação elétrica

Tratada na NBR 5410:2004, este tipo de proteção consiste em separar o circui-


to, de tal forma que, suas partes vivas não devam ser conectadas, em nenhum
ponto, a um outro circuito, a terra ou a um condutor de proteção. A proteção por
separação elétrica pode ser realizada por dois meios. Confira!
Transformador de separação de segurança.
Grupo motor-gerador com enrolamentos que forneçam uma separação equi-
valente à de um transformador.
Circuitos eletricamente separados podem alimentar um único ou vários equi-
pamentos. A situação ideal é aquela em que se tem um único equipamento co-
nectado ao circuito. Sua massa não deve ser aterrada. Com vários equipamentos
alimentados pelo mesmo circuito, estes devem ser ligados entre si por conduto-
res de equipotencialidade, e não aterrados.

Risco elétrico Principais medidas de controle

Desenergização, tensão de segurança, barreiras, invólu-


Choque elétrico
cros, luvas, bota de segurança, capacete.

Arco elétrico Protetor facial e vestimenta.

Não possuir implantes eletrônicos no corpo e/ou próteses


Campos eletromagnéticos
metálicas, blindagens.

Riscos adicionais Principais medidas de controle

Trabalho em altura Cinto de segurança com trava-queda e linha de vida.

Ambiente confinado Treinamento específico.

Área classificada Treinamento específico.


Instalação elétrica em ambiente
Projeto e materiais certificados.
explosivo
Sobretensões transitórias Dispositivos contra surtos (DPS).

Descargas atmosféricas SPDA e interrupção dos trabalhos a céu aberto.

Eliminação a partir do uso de ionizadores, aterradores e


Eletricidade estática
mantas dissipadoras.

Umidade Desumidificação.

Remoção, considerando os critérios de preservação do


Flora
meio ambiente.
Impedimento da circulação ou entrada nas instalações
Fauna
elétricas e controle das pragas.

Quadro 3 - resumo dos riscos elétricos e adicionais com suas principais medidas de controle
11 Segurança em Eletricidade
271

Aqui você termina mais uma etapa. Nesta parte do estudo, você conheceu as
várias medidas de controle do risco elétrico, suas particularidades e aplicações.
Na sequência, o assunto será eletricidade estática. Preparado para seguir adiante?

11.3 Eletricidade estática

Conforme Ferreira (2004, p. 54) “a electricidade estática é o fenômeno de acu-


mulação de cargas elétricas em um material qualquer, condutor, semicondutor
ou isolante.”
No material isolante, este efeito é facilmente detectado devido à dificuldade
de deslocamento de cargas quando o material isolante é eletrizado, ou seja, de
alguma forma sofre um desequilíbrio entre cargas positivas e negativas.
A natureza tende a restabelecer o equilíbrio, mas isso leva algum tempo, e du-
rante esse intervalo, o material é capaz de atrair ou repelir outros isolantes devido
à força columbiana. Ferreira (2004, p. 55) cita que:

Nos condutores, o desequilíbrio de cargas altera o potencial


elétrico do material, isso faz com que surja uma diferença de
potencial entre o material condutor electricamente carre-
gado e a terra, cujo potencial é considerado absoluto (V = 0).
Em consequência dessa diferença de potencial, podem ocor-
rer descargas eléctricas, a fim de restabelecer o equilíbrio, só
que nesse caso, o deslocamento de cargas ocorre num tempo
muito curto, podendo causar choques, faíscas, ruídos e outros
fenómenos físicos capazes de provocar acidentes. Caminhões
de produtos químicos precisam geralmente deselectrizar a
carroçaria com o auxílio de uma corrente jogada no chão, para
que não ocorram acidentes devidos à electricidade estática.

Em semicondutores, as cargas acumuladas em um corpo podem alterar


abruptamente a condutividade do material; em dispositivos semicondutores,
esse efeito pode causar a queima do componente. Esse fato era muito comum,
antigamente, nos componentes CMOS (Complementary Metal Oxide Semicon-
ductor ), mas esse problema já foi contornado. Na aviação, a eletricidade estática
é fator relevante à segurança das aeronaves. Um avião, por exemplo, após aterris-
sar, necessita ser descarregado estaticamente, pois a tensão desenvolvida pode
facilmente ultrapassar 250.000 volts.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
272

D-S-N’s Name Card (20--?)


Ainda conforme Ferreira (2004), há relatos de acidentes com incêndios em
postos de abastecimento causados por faíscas devidas a descargas eletrostáticas
durante o manuseio da bomba de combustível. Em eletrônica, a eletricidade está-
tica é objeto de estudo e pesquisa, pois muitos são os danos causados pela carga
dos corpos e sua consequente descarga em equipamentos e componentes sen-
síveis, como por exemplo, placas-mãe de computadores e módulos de memória.

Alfonso Diaz (20--?)

Figura 32 -  Peça placa-mãe

Os processos ou equipamentos suscetíveis de gerar ou acumular ele­tricidade


estática devem dispor de proteção específica e dispositivos de descarga elétrica.
11 Segurança em Eletricidade
273

A eletricidade estática é uma carga elétrica em repouso. Ela é gerada, princi-


palmente, por um desbalanceamento de elétrons localizados sob uma superfície
ou no ar do ambiente. O desbalanceamento de elétrons (em todos os casos, ge-
rado pela falta ou pelo excesso de elétrons), gera um campo elétrico capaz de
influen­ciar outros objetos que se encontram a uma determinada distância. O ní-
vel de carga é afetado pelo tipo de material, pela velocidade de con­tato e pela
separação dos corpos, da umidade e de diversos fatores.
A eletricidade estática pode ser gerada por atrito de correias de máquinas, pe-
ças em movimentos repetidos, movimentação de fluidos e produtos pulverizados
em tubulações e silos, sólidos em suspensão na atmosfera, etc.
A tensão elétrica acumulada pode produzir descargas elétricas que, em pre-
sença de baixa umidade do ar, gases inflamáveis, fibras e/ou poeiras inflamáveis,
podem causar explosões e incêndios de grandes proporções. Existem vários mé-
todos para dissipar a eletricidade estática, como o uso de ionizadores, mantas dis-
sipadoras ou dissipativas, pulseiras antiestáticas e sistemas compostos por cabos
e hastes de cobre.
Todas as instalações, carcaças, invólucros, blindagens ou peças condutoras
que possam armazenar energia estática (com possibilidade de gerar fagulhas ou
centelhas) devem ser aterradas. As malhas, os pontos de aterramento e os para-
-raios devem ser revisados periodicamente, com resultados registrados.
E aqui, você finaliza mais uma etapa de estudos. Ainda tem muita coisa interes-
sante aguardando por você. Na sequência, o assunto será NR-10, que trata sobre
Instalação e Serviços de Eletricidade. Vamos em frente!

11.4 NR-10 Instalação e serviços de eletricidade

Você sabe por que a Norma Regulamentadora 10 é importante?


A eletricidade é um agente de risco causador de muitos acidentes que geram
também prejuízos materiais, além dos danos e perdas com trabalhadores e usuá-
rios de energia elétrica.
Nem todas as pessoas sabem que muitos destes riscos podem ser identifica-
dos por meio de uma rápida observação, como o risco de queda em um trabalho
em altura, o risco devido ao vazamento de gases tóxicos ou combustíveis, perce-
bidos pelo olfato.
No entanto, em condutores ou dispositivos energizados, o risco só pode ser
constatado por meio de instrumentos específicos.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
274

CASOS E RELATOS

Nos Estados Unidos, o contato com a eletricidade é a causa de 5% dos


acidentes fatais que ocorrem no trabalho. Em números absolutos, isso
significa que, 290 pessoas morrem por ano, devido a acidentes com ener-
gia elétrica no trabalho. Esses dados reunidos entre 1997 e 2002 corres-
pondem a informações divulgadas pelo Ministério do Trabalho norte-
-americano.
O Sistema Elétrico de Potência (SEP) do Brasil (que reúne as empresas de
geração, transmissão e distribuição de energia elétrica), em 2002, con-
tabilizou 86 acidentes fatais com empregados das empreiteiras. A esse
número, entretanto, somam-se 330 mortes que ocorreram no mesmo
ano com pessoas que tiveram contato com as instalações pertencentes
ao SEP sem as devidas precauções.

Observe que, estes números apresentados no Casos e Relatos são motivo


suficiente para fomentar a necessidade de que trabalhos em eletricidade sejam
executados com a utilização de procedimentos específicos de segurança, aliados
a um intenso programa de treinamento, em conformidade com uma assumida
política de segurança do trabalho nas empresas, e tudo isso dentro dos critérios
estipulados pela NR-10.
Essa atualização traz alguns pontos fortes, como você pode perceber a seguir.
a) A obrigatoriedade de existência do memorial técnico de instalações exis-
tentes (Prontuário de Instalações Elétricas).
b) A necessidade de antecipação de uma filosofia de segurança ainda na fase
de projeto (tornando obrigatória a existência do manual descritivo dos itens
de segurança nas instalações).
c) O estabelecimento de procedimentos de segurança nas diversas atividades
da área elétrica, como construção, montagem, operação e manutenção (cir-
cuitos energizados ou não e alta-tensão).
d) O detalhamento do perfil do empregado habilitado, qualificado, capacitado
e autorizado (estabelecendo a necessidade de cursos básicos e complemen-
tares de segurança do trabalho para o funcionário autorizado).
e) A definição do conceito de “Zona de Risco” e “Zona Controlada” (em relação
à distância de trabalho de equipamentos energizados).
11 Segurança em Eletricidade
275

f) O reconhecimento da responsabilidade solidária da empresa, contratadas


e trabalhadores, quanto ao exercício da política de segurança do trabalho.

Microsoft Office (20--?)

Na sequência, você vai conhecer o texto da NR 10 que discorre sobre seus ob-
jetivos, aplicações e medidas de controle. Porém, para um entendimento comple-
to, conheça o significado dos itens a seguir.

Áreas classificadas – Local com potencialidade de


ocorrência de atmosfera explosiva.

Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) - Dispositi-


vo, sistema, ou meio, fixo ou móvel de abrangência cole-
tiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde
dos trabalhadores, usuários e terceiros.

Isolação elétrica (isolamento elétrico) - Processo des-


tinado a impedir a passagem de corrente elétrica por in-
terposição de materiais isolantes.

Risco - Capacidade de uma grandeza com potencial


para causar lesões ou danos à saúde das pessoas.

Riscos adicionais - Todos os demais grupos ou fatores


de risco, além dos elétricos, específicos de cada ambien-
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
276

te ou processos de trabalho que, direta ou indiretamen-


te, possam afetar a segurança e a saúde no trabalho.

Prontuário - Sistema organizado de forma a conter uma


memória dinâmica de informações pertinentes às insta-
lações e aos trabalhadores.

Sistema Elétrico de Potência (SEP) - Conjunto das ins-


talações e equipamentos destinados à geração, trans-
missão e distribuição de energia elétrica até a medição.
(BRASIL, 2011, p. 8).

Agora, conheça mais detalhadamente a NR 10 e acompanhe alguns comentá-


rios sobre esta norma.

10.1 Objetivo e campo de aplicação

10.1.1 Esta Norma Regulamentadora (NR) estabelece os


requisitos e condições mínimas que objetivam a imple-
mentação de medidas de controle e sistemas preven-
tivos, de forma a garantir a segurança e saúde dos tra-
balhadores que, direta ou indiretamente, interajam em
instalações elétricas e serviços com eletricidade.

10.1.2 Esta NR se aplica a todas as fases de geração, trans-


missão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de
projeto, construção, montagem, operação, manutenção
das instalações elétricas, e quaisquer trabalhos realiza-
dos nas suas proximidades, observando-se as normas
técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competen-
tes e, na ausência ou omissão destas, as normas interna-
cionais cabíveis.

10.2 Medidas de controle

10.2.1 Em todas as intervenções em instalações elétricas


devem ser adotadas medidas preventivas de controle
do “risco” elétrico e de outros “riscos adicionais”, me-
11 Segurança em Eletricidade
277

diante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a


segurança e saúde no trabalho. (BRASIL, 2011, p. 1).

Note que, não só os riscos referentes à área elétrica são considerados, mas tam-
bém os chamados riscos adicionais, como o risco de queda (trabalho em altura),
exposição a produtos químicos, acidentes com ferramentas, etc. O item 10.2.1, ao
referir-se a medidas preventivas de controle de risco, descreve o que se entende
por atitude pró-ativa quando o assunto é Segurança do Trabalho.
A atitude pró-ativa em segurança do trabalho é formada por meio de cons-
cientização, treinamento adequado e técnicas de análise de riscos (ferramentas
gráficas), em outras palavras, quando se procura: identificar o risco; avaliar o risco;
e implementar medidas de controle.
Assim, define-se o propósito do trabalho de um profissional da área de segu-
rança: “garantir a saúde e a integridade física do trabalhador.” Sendo que este,
por meio de treinamento adequado, deve ser também o propósito de todos os
trabalhadores, não só em relação a si mesmos, como também em relação aos seus
companheiros de trabalho.

“10.2.2 As medidas de controle adotadas devem inte-


grar-se às demais iniciativas da empresa, no âmbito da
preservação da segurança, saúde e do meio ambiente
do trabalho”. (BRASIL, 2011, p. 1).

O item 10.2.2 refere-se à gestão integrada de saúde, segurança e meio am-


biente mencionadas como política obrigatória das empresas.
A NR 10, no sentido de implementar as medidas de controle de riscos nos tra-
balhos com eletricidade, estabelece a obrigação de existência de documentação
técnica, como diagramas unifilares (em que três fios de um sistema trifásico são
representados por apenas um fio em diagramas elétricos) para todas as empre-
sas (item 10.2.3). Estabelece obrigação também da criação do prontuário técnico
para as empresas com carga instalada acima de 75kW (item 10.2.4).

10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada supe-


rior a 75kW devem constituir e manter o “Prontuário de
Instalações Elétricas”, contendo além do disposto no
item 10.2.3, no mínimo: a) conjunto de procedimentos
e instruções técnicas e administrativas de segurança e
saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e a descri-
ção das medidas de controle existentes; b) documenta-
ção das inspeções e medições do sistema de proteção
contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos;
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
278

c) especificação dos “Equipamentos de Proteção Coleti-


va”, “Individual” e “Ferramental”, aplicáveis, conforme
determina esta NR. (BRASIL, 2011, p. 1).

O que você entende quando lê o termo “ferramental”?


Em atividades elétricas, as ferramentas de mão, como alicates e chaves de fen-
da, têm sua empunhadura isolada para evitar choques elétricos. Quando nos refe-
rimos a ferramentas elétricas manuais (furadeiras, serras, etc.), a sua especificação
deve contemplar o requisito isolação dupla ou reforçada, dando um maior grau
de segurança à separação de suas partes energizadas das suas partes metálicas e,
prevendo ainda, recursos para aterramento.
O item 10.2.4c garante a necessidade da correta especificação (principalmente
quanto ao nível de tensão) para estes e outros equipamentos usados para ativi-
dades em instalações elétricas, como “Caminhões Munck com cesta aérea”, para
trabalhos em redes de média tensão (linha viva), escadas duplas extensíveis, va-
ras de manobra, coberturas isolantes flexíveis para condutores. Esta necessidade
aplica-se também com relação aos EPC e EPI.

10.2.4 (...) d) documentação comprobatória da qualifica-


ção, habilitação, capacitação, autorização dos trabalha-
dores e dos treinamentos realizados; e) resultados dos
testes de “Isolação Elétrica” realizados em equipamen-
tos de proteção individual e coletiva; f) certificações dos
equipamentos e materiais elétricos aplicados em “áreas
classificadas”; e g) relatório técnico das inspeções atua-
lizadas com recomendações, cronogramas de adequa-
ções, contemplando as alíneas de “a” a “f”. (BRASIL, 2011,
p. 1).

O Prontuário de Instalações Elétricas é uma das mais importantes inovações


da NR 10, em vista da homogeneização do conjunto de documentos técnicos
obrigatórios nas empresas, como procedimentos de segurança, relatórios de ins-
peções e testes de equipamentos, cadastro de pessoal autorizado, especificação
de “equipamentos de proteção individual e coletivo” (EPI e EPC), certificações de
equipamentos e dispositivos aplicados em áreas classificadas.
Alterações nas instalações, substituições de equipamentos, novos procedi-
mentos de segurança, implementação de novas atividades nas proximidades de
Sistemas Elétricos de Potência, e mudanças no cadastro de trabalhadores obri-
garão os responsáveis a atualizar o Prontuário de Instalações Elétricas. (BRASIL,
2011a, p. 1).
11 Segurança em Eletricidade
279

Uma importante inovação pode ser constatada no item 10.2.5: diz respeito a
empresas que exerçam atividades nas proximidades de Sistemas Elétricos de Po-
tência (SEP). Estas estarão obrigadas a possuir, além do Prontuário de Instalações
Elétricas, um Plano de Emergência e Certificados de Aprovação dos Equipamen-
tos de Proteção Coletiva e Individual.

10.2.6 O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser


organizado e mantido atualizado pelo empregador ou
pessoa formalmente designada pela empresa, devendo
permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos
nas instalações e serviços em eletricidade.

10.2.7 Os documentos técnicos previstos no Prontuário


de Instalações Elétricas devem ser elaborados por pro-
fissional legalmente habilitado. (BRASIL, 2011, p. 1).

Desta forma, fica claro que somente um profissional habilitado (que tenha re-
gistro no CREA) pode desenvolver, registrar e assinar esses documentos.

11.4.1 Medidas de proteção coletiva e individual

Para um melhor entendimento destes trechos da NR 10, é recomendável que


você confira as definições dos seguintes termos.

Barreiras – Dispositivos que impedem qualquer conta-


to com partes energizadas das instalações elétricas.

Instalações Elétricas - Conjunto das partes elétricas e


não-elétricas associadas e com características coorde-
nadas entre si, que são necessárias ao funcionamento
de uma parte determinada de um sistema elétrico. -Cir-
cuito ou circuitos elétricos inter-relacionados destina-
dos a atingir um determinado objetivo.

Obstáculos - Elementos que impedem o contato aci-


dental, mas não impedem o contato direto por ação
deliberada.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
280

Procedimentos - Sequência de operações a serem de-


senvolvidas para realização de um determinado traba-
lho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, me-
didas de segurança e circunstâncias que impossibilitem
sua realização. (BRASIL, 2011, p. 8).

As medidas de Proteção Coletiva visam à proteção, não só de trabalhadores


envolvidos com a atividade principal, que será executada e que gerou o risco,
mas também à proteção de outros funcionários que possam executar atividades
paralelas nos arredores, ou até passantes, cuja proximidade de percurso pode
levá-los à exposição ao risco.
Inicialmente, para trabalhos em instalações elétricas, o passo mais importante
é a “desenergização” dos circuitos ou equipamentos energizados. Porém, caso
não seja possível a desenergização dos circuitos ou equipamentos, outros pro-
cedimentos e medidas de segurança deverão ser utilizados, como os seguintes:
Emprego de tensão de segurança, em que tensões abaixo de 50V (extrabai-
xa) são utilizadas. Muitas ferramentas manuais podem ser encontradas para a
tensão de 24V, para trabalhos em locais úmidos, pois, com a umidade, a resistên-
cia do corpo humano diminui, e o poder de isolamento dos equipamentos fica
comprometido.
Isolação das partes vivas, o que, por meio da utilização de materiais isolan-
tes, evita o risco de contato acidental com condutores ou peças metálicas energi-
zadas e consequente eletrocussão dos trabalhadores envolvidos. Como exemplo,
podemos citar a capa plástica de isolamento em condutores.
Obstáculos e barreiras, representados por cercas de madeira, cercas de redes
plásticas, cavaletes, cones, fitas vermelhas ou zebradas, com sinalização reflexiva,
cercas metálicas, etc. Pela definição, obstáculos impedem o contato acidental,
mas não o contato intencional, e barreiras impedem todo e qualquer contato.
Sinalização, nas quais placas e cartazes alertam sobre: “perigo de vida”, “ho-
mens trabalhando no equipamento”, “não ligue esta chave”, “alta-tensão”, etc.
Os trabalhos de manutenção em linhas elétricas aéreas ou subterrâneas exigem
a utilização de barreiras e sinalizações devido ao grande movimento de transeun-
tes e veículos nas imediações.
Seccionamento automático da alimentação, inexistente em algumas ins-
talações mais antigas, permite a manobra de dispositivos de seccionamento
(disjuntores, chaves seccionadoras para carga ou não) automática e remotamen-
te, desenergizando os circuitos ou instalações com mais segurança, para fins de
manutenção. O seccionamento automático, comandado por meio de relês de
proteção de diversos tipos, também protege as instalações e funcionários pre-
sentes em diversas condições inesperadas de falha.
11 Segurança em Eletricidade
281

Bloqueio do religamento automático, para evitar reenergização do circuito


em manutenção e risco de eletrocussão nos funcionários envolvidos.
Aterramento das instalações elétricas, cuja função é escoar para a terra as
cargas elétricas indesejáveis, que podem ser decorrentes da falta de fase-massa,
indução eletromagnética, eletricidades estáticas e descargas atmosféricas.
A falta fase-massa decorre de contato acidental de condutores energizados
com materiais metálicos condutores, mas que não pertencem à instalação, como
a caixa metálica que protege um eletrodoméstico.
O campo eletromagnético produzido por um circuito elétrico pode, por meio
do fenômeno da indução eletromagnética, produzir uma tensão elétrica em ou-
tro circuito desenergizado. Um exemplo, é o aparecimento de tensões em redes
desligadas devido à existência de outra rede ou linhas de transmissão próximas.
A eletricidade estática é gerada por meio do atrito, podendo causar cente-
lhamento e incêndio ou explosão em áreas classificadas.
Um sistema de aterramento é formado por condutores, eletrodos e malha de
terra, se necessário. O princípio funcional é criar um caminho facilitado para o
escoamento dessas cargas elétricas a terra, por meio de um circuito de baixa im-
pedância. Isso protegerá os funcionários ou pessoas que possam vir a ter contato
(indireto) com essas estruturas indevidamente energizadas. No caso de descar-
gas atmosféricas, temos ainda o captador: conjunto de pequenas hastes pon-
tiagudas, no alto dos prédios (para-raios tipo Franklin), e ligado ao condutor de
descida.

11.4.2 Principais equipamentos de proteção coletiva

a) Coletes reflexivos.
b) Fitas de demarcação, reflexivas.
c) Coberturas isolantes.
d) Cones de sinalização (75cm, com fitas reflexivas).
e) Conjuntos para aterramento temporário.
f) Detectores de tensão para BT e AT, imprescindíveis em: procedimentos de
segurança com teste de circuitos ou equipamentos que devam estar efetiva-
mente desenergizados para início do trabalho com segurança.
As medidas de Proteção Coletiva serão prioritárias em vista de sua abran-
gência. Caso não sejam suficientes, utiliza-se então a proteção individual, item
10.2.9.1.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
282

A norma de segurança que trata dos equipamentos de proteção individual


(EPI) é a NR 6, e pode ser resumida da seguinte forma: todo EPI deve possuir CA
(Certificado de Aprovação).

Obrigações do empregador quanto ao EPI

a) Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade.


b) Exigir seu uso.
c) Fornecer ao trabalhador somente o EPI aprovado pelo órgão nacional com-
petente em matéria de segurança e saúde no trabalho.
d) Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conserva-
ção.
e) Substituir, imediatamente, quando danificado ou extraviado.
f) Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica.
g) Comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

Obrigações do empregado quanto ao EPI

a) Utilizá-lo apenas para a finalidade a que se destina.


b) Responsabilizar-se pela sua guarda e conservação.
c) Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para
uso.
d) Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

10.2.9.2 As vestimentas de trabalho devem ser adequa-


das às atividades, devendo contemplar a condutibilida-
de, inflamabilidade e influências eletromagnéticas.

10.2.9.3 É vedado o uso de adornos pessoais nos traba-


lhos com instalações elétricas ou em suas proximidades.
(BRASIL, 2011, p. 2).

Os uniformes de trabalho devem ser fornecidos pela empresa, não permitindo


a utilização de outras vestimentas que possam introduzir riscos, como condutibi-
lidade do próprio tecido ou por meio de peças metálicas (fechos, tachas, rebites,
11 Segurança em Eletricidade
283

etc.) e também não devem ser de materiais facilmente inflamáveis (como alguns
tipos de materiais sintéticos).

Sanasa Campinas (20--?)

O item 10.2.9.3 enfatiza a proibição de uso de adornos pessoais em instalações


elétricas, como colares, anéis, pulseiras e relógios que podem causar acidentes,
por contatos com partes energizadas.

11.4.3 Principais Equipamentos de Proteção Individual

a) Cintos de segurança para eletricista, com talabarte.


b) Capacetes classe “B”, aba total (uso geral e trabalhos com energia elétrica,
testados a 30.000 V).
c) Botas com proteção contra choques elétricos, bidensidade, sem partes me-
tálicas.
d) Óculos de segurança para proteção contra impacto de partículas volantes,
intensos raios luminosos ou poeiras, com proteção lateral.
e) Protetores faciais contra impacto de partículas volantes, intensos raios lumi-
nosos ou poeiras.
f) Braçadeiras ou mangas de segurança para proteção do braço e antebraço
contra choques elétricos, e coberturas isolantes.
g) Luvas de borracha com as classes de isolamento.
h) Luvas de cobertura para proteção das luvas de borracha.
i) Bolsas para içamento de ferramentas.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
284

Hemera (20--?)
11.4.4 Segurança nas instalações elétricas

Lembre-se que todo e qualquer equipamento ou rotina de operação, que ve-


nha a incrementar a segurança intrínseca das instalações, deverá ser implemen-
tada, desde que dentro de critérios racionais. Assim, devem ser previstos os que-
sitos a seguir.
a) Dispositivos de desligamento de circuitos (disjuntores) com dispositivos de
impedimento de reenergização (relês de bloqueio que impedem a reenergi-
zação, a menos que sejam operados manualmente) que vão eliminar o risco
de eletrocussão de trabalhadores em trabalhos de manutenção em circui-
tos desenergizados. Assim como, sinalização de advertência e de condições
operacionais (ex.: dispositivo aberto ou fechado, painéis mímicos, telas do
sistema em computadores), evitando acidentes devido à falta de informa-
ções sobre o real estado do sistema.
b) A previsão do distanciamento e espaços seguros nas instalações impede
contatos acidentais com partes energizadas, em atividades de manutenção,
além da preocupação ergonômica com as posições de trabalho.
c) Aterramento de todas as partes condutoras que não façam parte dos circui-
tos elétricos, o que neutraliza a possibilidade de choque elétrico por contato
(indireto) com essas partes que podem ser energizadas por indução elétrica
ou contato acidental de outros condutores.
d) Previsão de incorporação de dispositivos de seccionamento com recursos
fixos de equipotencialização e aterramento ao circuito seccionado, e tam-
bém condições para a execução de aterramento temporário, como proteção
do trabalhador contra reenergização de circuitos já desenergizados.
11 Segurança em Eletricidade
285

O principal foco desta norma é o risco elétrico, mas muitos riscos adicionais
devem ser controlados ou neutralizados, pois trabalhos de manutenção costu-
mam apresentar situações de extrema gravidade.

10.4 Segurança na construção, montagem, operação e


manutenção.

10.4.1 As instalações elétricas devem ser construídas,


montadas, operadas, reformadas, ampliadas, reparadas
e inspecionadas de forma a garantir a segurança e a saú-
de dos trabalhadores e dos usuários, e serem supervisio-
nadas por profissional autorizado, conforme dispõe esta
NR.

10.4.2 Nos trabalhos e nas atividades referidas, devem


ser adotadas medidas preventivas destinadas ao contro-
le dos riscos adicionais, especialmente quanto à altura,
confinamento, campos elétricos e magnéticos, explosi-
vidade, umidade, poeira, fauna e flora e outros agravan-
tes, adotando-se a sinalização de segurança. (BRASIL,
2011, p. 3).

a) Trabalho em altura em redes elétricas ou torres, com risco de quedas, deve


ser encarado com muita seriedade e treinamento específico. Em determi-
nadas situações, é importante a utilização de cinto de segurança tipo para-
-quedista, dois talabartes, contando sempre com uma rígida inspeção do
equipamento de proteção contra quedas.
b) Espaços confinados, com risco de asfixia; exposição a contaminantes; afo-
gamento; explosão e incêndio; dificuldade de resgate, necessitando equipa-
mentos para resgate; operação de ventilação para remover gases ou vapores
explosivos ou contaminantes; máscaras contra produtos químicos; roupas
especiais; instrumentação de teste de explosividade e nível de oxigênio (at-
mosfera respirável com nível correto de O2).
c) Campos elétricos e magnéticos, que possam induzir tensões em circuitos
desenergizados ou, simplesmente, interferir nos aparelhos de comunicação,
instrumentos de medição e comandos remotos.
d) Umidade, que potencializa os riscos, propiciando choques elétricos e arcos
voltaicos.
e) Poeira, que além de contaminante também pode ser explosiva.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
286

f) Fauna, como cobras, aranhas, escorpiões, sempre presentes em cubículos,


caixas de passagem, interior de armários, painéis e bandejas de cabos.
g) Flora, em que há presença de riscos biológicos, como bactérias e fungos.
Perceba que todos esses riscos adicionais listados, além da possibilidade de
produzir acidentes, podem afetar a saúde do trabalhador.
Além dos EPI e EPC, para cada atividade, devem ser realizadas as análises de
risco, autorizações de serviço, permissões de trabalho, liberações de área e segui-
dos os procedimentos de segurança adequados.
A NR 10, como descrito no item 10.4.4.1, proíbe que funcionários guardem
pertences pessoais e ferramentas dentro de compartimentos, invólucros de equi-
pamentos e painéis elétricos, pois podem ocorrer acidentes de trabalho devido
a curtos-circuitos e choques elétricos com graves consequências devido a essa
prática de risco.
No item 10.4.5 da norma:

10.4.5 Para atividades em instalações elétricas, deve ser


garantida ao trabalhador: iluminação adequada e uma
posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 –
Ergonomia, de forma a permitir que ele disponha dos
membros superiores livres para a realização das tarefas.
(BRASIL, 2011, p. 3).

Você sabe o que significa ergonomia?


Ergonomia significa, de forma simplificada, o estudo da adaptação do trabalho
ao ser humano. “Ergos” em grego significa trabalho, e “nomos” significa regras.
Alguns de seus focos de estudos são os posicionamentos de trabalho, condições
visuais, controles e ferramentas, entre outros.
O emprego da ergonomia tem como objetivo evitar acidentes e doenças ocu-
pacionais, devido ao mau posicionamento ou manejo incorreto de máquinas e
ferramentas, ou falta de percepção visual.
Dentro dos preceitos que regem a segurança do trabalho, existem procedi-
mentos específicos para cada atividade. Em manutenção elétrica é bastante utili-
zado um procedimento de segurança denominado “travamento” (ou bloqueio) e
“etiquetagem” (ou sinalização).
Esse procedimento visa controlar os riscos do trabalho com eletricidade, pro-
tegendo o trabalhador de exposição ao risco de contato com partes energizadas
e consequente eletrocussão. Este procedimento é também aplicado quando se
necessita controlar outras formas de energia de risco, como, por exemplo, ener-
gia pneumática, hidráulica, química, etc.
11 Segurança em Eletricidade
287

Márcio Martins (20--?)


Mecalux Logismarket (20--?)
Márcio Martins (20--?)

Figura 33 -  Exemplo de bloqueio e etiquetagem

As instalações elétricas só serão consideradas desenergizadas e seguras para


trabalhos, após os procedimentos de “travamento e sinalização”, como listados
no item 10.5.1 da norma.
Seccionamento - onde chaves, seccionadoras, ou outros dispositivos de isola-
mento são acionados para a desenergização dos circuitos;
Impedimento de reenergização – onde, por meio de bloqueios mecânicos,
cadeados ou outros equipamentos, é garantida a impossibilidade de reenergiza-
ção dos circuitos, o que fica facultado apenas ao responsável pelo bloqueio;
Constatação da ausência de tensão – onde, por meio de dispositivos de “de-
tecção de tensão”, é garantida a desenergização dos circuitos;
Instalação de aterramento temporário e equipotencialização de condu-
tores trifásicos, curto-circuitados na mesma ligação de aterramento tempo-
rário – garantem a proteção completa do trabalhador em situações outras de
energização dos circuitos já seccionados, provocados por indução, contatos aci-
dentais com outros condutores energizados, etc.;
Proteção dos elementos energizados existentes na “zona controlada”
- significa a colocação de barreiras e obstáculos que visem a proteger o traba-
lhador contra contatos acidentais com outros circuitos energizados presentes na
“zona controlada”;
Instalação da sinalização de impedimento de energização - com etiquetas
ou placas contendo avisos de proibição de religamento, como: “homens traba-
lhando no equipamento”, “não ligue esta chave”.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
288

3 Extrabaixa Tensão Após a finalização dos trabalhos, assim que for emitida a autorização para re-
(EBT)
energização, os procedimentos descritos da letra “a” até a letra “e” do item 10.5.2
Tensão não superior a 50 devem ser seguidos e respeitados até a religação dos dispositivos de secciona-
volts em corrente alternada
ou 120 volts em corrente mento.
contínua, entre fases ou
entre fase e terra. É importante ressaltar que a retirada de todos os equipamentos e ferramentas
do local de trabalho evita a possibilidade de acidentes causados por curtos-circui-
tos após a reenergização; e da mesma forma, todos os trabalhadores presentes
na zona controlada que não estejam envolvidos no processo de reenergização
devem ser retirados do local, para sua própria segurança.
Já no item 10.6, Segurança em instalações elétricas energizadas você pode
acompanhar os subitens a seguir:

10.6.1 As intervenções em instalações elétricas com ten-


são igual ou superior a 50V, em corrente alternada ou
superior a 120V ou em corrente contínua somente po-
dem ser realizadas por trabalhadores que atendam ao
que estabelece o item 10.8 desta norma.

10.6.1.1 Os trabalhadores de que trata o item anterior


devem receber treinamento de segurança para traba-
lhos com instalações elétricas energizadas, com currícu-
lo mínimo, carga horária e demais determinações esta-
belecidas no Anexo II desta NR. (BRASIL, 2011, p. 4).

Instalações elétricas desligadas, mas com possibilidade de serem energizadas


passam a ser tratadas como “Instalações Elétricas Energizadas”. Instalações elétri-
cas energizadas são aquelas com tensão superior à tensão de segurança Extrabai-
xa Tensão3 (EBT), ou seja, 50 VCA (Volts em Corrente Alternada) ou 120 VCC (Volts
em Corrente Contínua). O trabalho nessas condições só poderá ser realizado por
profissionais autorizados.
Qualquer pessoa não treinada em eletricidade pode realizar operações ele-
mentares de ligar ou desligar circuitos elétricos em baixa tensão (a baixa tensão
vai de 50VCA até 1.000VCA ou 120VCC até 1.500VCC), desde que se encontrem
em perfeitas condições de operação (item 10.6.1.2).

10.6.1.2 As operações elementares como ligar e desligar


circuitos elétricos, realizadas em “baixa tensão”, com
materiais e equipamentos elétricos em perfeito estado
de conservação, adequados para operação, podem ser
realizadas por qualquer “pessoa não advertida”. (BRASIL,
2011, p. 4).
11 Segurança em Eletricidade
289

O item 10.6.4 alerta para entrada em operação e testes de novos equipamen-


tos, com nova tecnologia ou modificação de instalações existentes.
Nessa fase de testes, de correções e ajustes é mais provável a ocorrência de
acidentes. Antes dessas atividades, é necessária a elaboração de análises de risco
e procedimentos de segurança específicos ao momento, e desenvolvidos com os
circuitos desenergizados.
Antes de qualquer nova atividade, é necessária a identificação dos riscos ine-
rentes. Depende desses riscos a utilização de um determinado procedimento, de
tipos diferenciados de EPI e de EPC, e de diferentes acessórios de trabalho. A esse
procedimento dá-se o nome de “Análise de Risco”.
No entanto, outros riscos não previstos podem surgir, como: inundações, tem-
pestades, raios, ou quaisquer outros cuja neutralização não seja possível. Nesse
caso, o responsável pela atividade deve suspender as atividades.

11.4.5 Alta-tensão

Continuaremos a estudar o texto da NR 10 na íntegra e, para ajudá-lo a com-


preender este conteúdo, vale a pena conhecer antes as definições de alguns ter-
mos.
Alta-tensão - Tensão superior a 1.000 volts em corrente alternada ou 1.500
volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.
Zona de risco – Entorno de parte condutora energizada, não segregada, aces-
sível inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o ní-
vel de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados e com
a adoção de técnicas e instrumentos apropriados ao trabalho.
Zona controlada – Entorno de parte condutora energizada, não segregada,
acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja
aproximação só é permitida a profissionais autorizados.
Trabalho em Proximidade – Trabalho durante o qual o trabalhador pode en-
trar na zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou extensões
condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que ma-
nipule. (BRASIL, 2011, p. 8).

10.7 Trabalhos envolvendo alta-tensão (AT).

10.7.1 Os trabalhadores que intervenham em instala-


ções elétricas energizadas com “Alta-Tensão” que exer-
çam suas atividades dentro dos limites estabelecidos
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
290

como “Zonas Controladas e de Risco”, conforme Anexo


I, devem atender ao disposto no item 10.8 desta NR.

10.7.2 Os trabalhadores de que trata o item 10.7.1 de-


vem receber treinamento de segurança, específico em
segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP) e em
suas “Proximidades”, com currículo mínimo, carga ho-
rária e demais determinações estabelecidas no Anexo II
desta NR. (BRASIL, 2011, p. 4).

Trabalhos em alta-tensão envolvem um grande risco de acidentes, não ape-


nas pela possibilidade de choque elétrico, por contatos diretos ou indiretos, mas
principalmente, pela formação de arcos voltaicos, que são o resultado do rompi-
mento do dielétrico (capacidade de isolamento) do ar, com grande dissipação de
energia, liberando luminosidade, calor, e partículas metálicas em fusão.

iStockphoto (20--?)

Figura 34 -  Trabalho em alta-tensão

Esse tipo de acidente provoca graves queimaduras em todos que estiverem


situados dentro do seu raio de ação. Daí a definição de “Zona de Risco” e “Zona
Controlada”, importante para o perfeito posicionamento do trabalhador em seus
limites, e dos procedimentos e equipamentos (EPI, EPC), necessários à execução
de atividades dentro dos princípios da segurança do trabalho. Alta-tensão é a ten-
são definida como tendo valores acima de 1.000V em Corrente Alternada (CA) e
1.500V em Corrente Contínua (CC), entre fases ou entre fases e terra.
Os trabalhadores devem estar em condições de saúde compatíveis com as ati-
vidades a serem executadas, de acordo com o “Programa de Controle Médico de
11 Segurança em Eletricidade
291

Saúde Ocupacional” (PCMSO) e tendo recebido todo o treinamento necessário,


principalmente o específico de “Segurança em Sistemas Elétricos de Potência”
(SEP).
Todo e qualquer trabalho realizado em instalações elétricas em “Alta=Tensão”
(AT) ou em “Sistema Elétrico de Potência” (SEP) deve ser totalmente controlado
por meio de ordens de serviço, assinadas pelo superior responsável (item 10.7.4).

10.7.4 Todo trabalho em instalações elétricas energi-


zadas em AT, bem como, aquelas que interajam com
o SEP, somente pode ser realizado mediante ordem de
serviço específica para data e local, assinada por supe-
rior responsável pela área. (BRASIL, 2011, p. 5).

É importante observar que, a norma prevê necessidade de realização de testes


elétricos nos elementos de isolamento de ferramentas e equipamentos a serem
utilizados em trabalhos em AT ou no SEP.
As atividades exercidas em instalações elétricas envolvem a exposição ao ris-
co elétrico, causador de muitos e graves acidentes. A perfeita identificação deste
risco; assim como o conhecimento de procedimentos de segurança no trabalho;
equipamentos de proteção individual e coletiva e, principalmente, o simples re-
conhecimento de que os acidentes não acontecem apenas com os outros, dimi-
nuirá em muito o índice de acidentes do trabalho em atividades elétricas.
Isso nos conduz ao reconhecimento da necessidade de um programa de in-
tenso treinamento na área elétrica, associado a um treinamento de segurança do
trabalho em instalações elétricas.
iStockphoto (20--?)
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
292

Conhecidos os conceitos de trabalho em alta-tensão, zonas de risco e zonas


controladas, chega o momento de estudar os requisitos de qualificação para o
trabalhador do sistema elétrico. Nesse sentido, o profissional qualificado que
completa com êxito seu curso de formação na área elétrica, reconhecido pelo
“Sistema Oficial de Ensino”, torna-se habilitado assim que se registrar no seu
“Conselho de Classe”. Se por acaso, o trabalhador for treinado por profissional
habilitado e autorizado e trabalhar sob a responsabilidade de quem o capacitou,
a sua capacitação só terá valor na empresa em que trabalha. Contudo, com a anu-
ência formal da empresa em que trabalha e devidamente identificado em seus
registros, ele estará autorizado a exercer atividades em instalações elétricas.

10.8.4 São considerados autorizados os trabalhadores


qualificados ou capacitados e os profissionais habilita-
dos, com anuência formal da empresa.

10.8.5 A empresa deve estabelecer sistema de identifi-


cação que permita a qualquer tempo conhecer a abran-
gência da autorização de cada trabalhador, conforme o
item 10.8.4.

10.8.6 Os trabalhadores autorizados a trabalhar em ins-


talações elétricas devem ter essa condição consignada
no sistema de registro de empregado da empresa.

10.8.7 Os trabalhadores autorizados a intervir em instala-


ções elétricas devem ser submetidos a exames de saúde
compatíveis com as atividades a serem desenvolvidas,
realizados em conformidade com a NR 7 e registrados
em seu prontuário médico. (BRASIL, 2011, p. 5).

É necessário ainda, passar por exames de saúde que lhes permitam trabalhar
em instalações elétricas, conforme definido pela NR 7 – Programa de Controle
Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

Para conhecer detalhes sobre a NR 7 e outras Normas Regu-


SAIBA lamentadoras, leis, decretos, portarias, resoluções e outras
MAIS regras e recomendações do Ministério do Trabalho e Empre-
go, acesse: <http://portal.mte.gov.br/legislacao/>.
11 Segurança em Eletricidade
293

A autorização para trabalhadores capacitados, ou qualificados e habilitados


será dada pela empresa, aos que tiverem acompanhado com aproveitamento os
cursos previstos no Anexo III desta Norma (treinamento específico sobre os riscos
das atividades elétricas e medidas de prevenção de acidentes em instalações elé-
tricas).
a) Curso Básico – Segurança em Instalações e Serviços de Eletricidade; e
b) Curso Complementar – Segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP) e
em suas Proximidades.
A novidade desta norma é prever treinamentos de reciclagem, treinamento de
riscos relacionados a áreas classificadas, além do treinamento de trabalhadores
de outras áreas que não a elétrica. Visando à identificação de riscos, assim como
formas de prevenção de acidentes do trabalho, que porventura, venham a exer-
cer atividades na zona livre ou proximidade de zona controlada.
Dando continuidade aos estudos, você vai poder acompanhar, a seguir, além
dos comentários nos textos da NR 10, as classes de fogo (definidas na NR 23) e o
conceito de “áreas classificadas”. Vamos em frente!

10.9 Proteção contra incêndio e explosão

10.9.1 As áreas onde houver instalações ou equipamen-


tos elétricos devem ser dotadas de proteção contra in-
cêndio e explosão, conforme dispõe a NR 23 – Proteção
Contra Incêndios.

10.9.2 Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e


sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas
de ambientes com “Atmosferas Potencialmente Explo-
sivas” devem ser avaliados quanto à sua conformidade,
no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação. (BRASIL,
2011, p. 6).

Em atmosferas explosivas, a fonte de ignição pode ser algum dispositivo, aces-


sório ou equipamento elétrico que possa produzir centelhamento. Normas nacio-
nais e internacionais especificam equipamentos elétricos para serem utilizados
com segurança em áreas classificadas e à prova de acidentes por centelhamento.
São ditos: à prova de explosões; pressurizados; imersos em óleo; em areia; em
resina; de segurança aumentada; herméticos; especial e de segurança intrínseca.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
294

A tensão elétrica acumulada pode produzir descargas elétricas, as quais, na


presença de baixa umidade do ar, gases inflamáveis, fibras e/ou poeiras inflamá-
veis podem vir a causar explosões e incêndios de grandes proporções.
Existem vários métodos para dissipar a eletricidade estática (item 10.9.3), como
o uso de ionizadores, mantas dissipadoras ou dissipativas, pulseiras antiestáticas
e sistemas compostos por cabos e hastes de cobre.
As permissões de trabalho são autorizações por escrito para trabalhos diver-
sos de manutenção, montagem ou outros que envolvam riscos à integridade do
pessoal, das instalações, meio ambiente, ou continuidade operacional. Essas per-
missões descrevem ainda o trabalho, os riscos envolvidos, pessoal, EPI, EPC e pre-
cauções de segurança a serem seguidas.

11.4.6 Sinalização obrigatória de segurança

Sobre sinalização obrigatória de segurança a norma menciona que:

10.10 Sinalização de segurança

10.10.1 Nas instalações e serviços em eletricidade deve


ser adotada sinalização adequada de segurança, des-
tinada à advertência e à identificação, obedecendo ao
disposto na NR.

26 – Sinalização de Segurança, de forma a atender, entre


outras, as situações a seguir:

a) identificação de circuitos elétricos;

b) travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas


de manobra e comandos;

c) restrições e impedimentos de acesso;

d) delimitações de áreas;
11 Segurança em Eletricidade
295

e) sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de


veículos e de movimentação de cargas;

f ) sinalização de impedimento de energização; e

g) identificação de equipamento ou circuito impedido.


(BRASIL, 2011, p. 6).

O item 10.10.1 também se refere à NR 26, que dispõe sobre sinalização de se-
gurança e orienta a utilização das cores como meios identificadores de equipa-
mentos de segurança, delimitando áreas e identificando riscos. As cores especí-
ficas também aparecem em associação com frases, desenhos e símbolos, com o
objetivo de prevenção dos acidentes do trabalho.
D'Imitre Camargo (2011)

Figura 35 -  Exemplo de sinalização de segurança

11.4.7 Procedimentos

São o detalhamento das atividades intermediárias, operações necessárias e


padronizadas para se realizar um trabalho, levando-se em conta as necessidades
materiais e humanas, e a certeza de que o resultado final será alcançado respei-
tando as regras de qualidade e de segurança desejadas.

10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem conter,


no mínimo: objetivo, campo de aplicação, base técnica,
competências e responsabilidades, disposições gerais,
medidas de controle e orientações finais. (BRASIL, 2011,
p. 6).
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
296

Os trabalhos só podem ter início, ou existência real, se precedidos por uma


ordem de serviço, que garanta as responsabilidades e procedimentos necessá-
rios. A assinatura de aprovação só terá validade se pertencer a um trabalhador
autorizado.

11.4.8 Situações de emergência

Existem várias formas de sinistros, como vazamento de gases tóxicos ou infla-


máveis, vazamentos de líquidos voláteis, vazamentos de produtos tóxicos, incên-
dios, explosões, alagamentos, choques elétricos, etc. Acidentes em instalações
elétricas, normalmente causam incêndios, queimaduras, paradas cardiorrespira-
tórias, e muitas vezes, é necessário o resgate de acidentados em altura (torres,
postes) ou no interior de locais com dificuldade de acesso. Com relação a este
tema, as NRs definem:

10.12 Situação de emergência

10.12.1 As ações de emergência que envolvam as insta-


lações ou serviços com eletricidade devem constar do
plano de emergência da empresa. (BRASIL, 2011, p. 7).

O Plano de Emergência é uma ferramenta preventiva e


FIQUE prática que permite desencadear ações (de emergência)
rápidas e eficazes, visando controlar e minimizar as conse-
ALERTA quências de eventos que colocam em risco as instalações
industriais, meio ambiente, funcionários e a comunidade.

Com relação ao item “10.13 – Responsabilidades”, a norma atualizada mos-


trou-se bem mais detalhada com relação ao envolvimento de todos (empresa
contratante, contratadas, e trabalhadores) no cumprimento dos artigos da nor-
ma. O termo “solidárias” significa que todos os mencionados poderão responder
juridicamente pelo não cumprimento dos artigos desta norma (item 10.13.1).

10.13 Responsabilidades

10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento


desta NR são solidárias aos contratantes e contratados
envolvidos.
11 Segurança em Eletricidade
297

10.13.2 É de responsabilidade dos contratantes manter


os trabalhadores informados sobre os riscos a que estão
expostos, instruindo-os quanto aos procedimentos e
medidas de controle contra os riscos elétricos a serem
adotados.

10.13.3 Cabe à empresa, na ocorrência de acidentes de


trabalho envolvendo instalações e serviços em eletrici-
dade, propor e adotar medidas preventivas e corretivas.

10.13.4 Cabe aos trabalhadores:

a) zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas


que possam ser afetadas por suas ações ou omissões no
trabalho;

b) responsabilizar-se com a empresa pelo cumprimen-


to das disposições legais e regulamentares, inclusive,
quanto aos procedimentos internos de segurança e saú-
de; e

c) comunicar, de imediato, ao responsável pela execu-


ção do serviço às situações que considerar de risco para
sua segurança e saúde e a de outras pessoas. (BRASIL,
2011, p. 7).

O item 10.14.1 acrescenta um tópico importantíssimo à norma, pois exercen-


do o “direito de recusa” o trabalhador pode interromper sua atividade sempre
que for constatada a condição de “risco grave e iminente” com relação a si ou a
outras pessoas.

10.14 Disposições finais

10.14.1 Os trabalhadores devem interromper suas tare-


fas exercendo o “Direito de Recusa”, sempre que consta-
tarem evidências de riscos graves e iminentes para sua
segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunican-
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
298

do imediatamente o fato a seu superior hierárquico, que


diligenciará as medidas cabíveis.

10.14.2 As empresas devem promover ações de controle


de riscos originados por outrem em suas instalações elé-
tricas e oferecer, de imediato, quando cabível, denúncia
aos órgãos competentes.

10.14.3 Na ocorrência do não cumprimento das normas


constantes nesta NR, o MTE adotará as providências es-
tabelecidas na NR 3. (BRASIL, 2011, p. 7).

A Norma Regulamentadora nº 3 (Embargo ou Interdição) também é mencio-


nada no item 10.14.3, no qual o Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE), por
meio do Auditor Fiscal do Trabalho, pode embargar ou interditar total ou parcial-
mente qualquer instalação, ou parte de instalação que não esteja de acordo com
a NR 10.

10.14.4 A documentação prevista nesta NR deve estar,


permanentemente, à disposição dos trabalhadores que
atuam em serviços e instalações elétricas, respeitadas as
abrangências, limitações e interferências nas tarefas.

10.14.5 A documentação prevista nesta NR deve estar,


permanentemente, à disposição das autoridades com-
petentes.

10.14.6 Esta NR não é aplicável a instalações elétricas ali-


mentadas por “Extrabaixa Tensão”. (BRASIL, 2011, p. 8).

Como você pôde observar, além de ter os registros adequados, é preciso que
eles estejam à disposição dos trabalhadores e também às autoridades.
Aqui finalizamos a última etapa de estudos deste capítulo. O capítulo a seguir
vai tratar de cores e sinalizações de segurança. Preparado para seguir adiante?
11 Segurança em Eletricidade
299

Recapitulando

Você acaba de encerrar o capítulo Segurança em Eletricidade. A intenção


desta etapa de estudos foi destacar a importância sobre riscos, métodos
de controle, eletricidade estática e Norma NR 10 como força de combate
aos acidentes e, consequentemente, como auxílio na saúde do trabalho
em instalações e serviços em eletricidade.
No decorrer dos estudos, você conheceu todo o texto da norma e seus
comentários, passando por objetivos, campo de aplicação, medidas de
controle, segurança em projetos e em instalações elétricas, alta-tensão,
habilitação de trabalhadores, proteção contra incêndio, sinalização, pro-
cedimentos de trabalho, situações de emergência e divisão de responsa-
bilidades.
Esse conteúdo é abrangente como a própria NR 10, contudo, nos próxi-
mos capítulos, você estudará estes conceitos de forma mais aplicada. Va-
mos lá!
Cores de Segurança e Ventilação

12

Neste capítulo, você terá a oportunidade de tomar conhecimento de quais são as principais
normas existentes, que devem ser seguidas na utilização das cores utilizadas para sinalização
no ambiente de trabalho.
Você já observou que algumas cores chamam mais atenção do que outras?
A legislação estabelece que as cores sejam usadas de maneira padronizada, para que as pes-
soas não se confundam e acabem provocando acidentes. Você conhecerá também o sistema
de ventilação industrial, que contempla a ventilação natural, geral e exaustora.
Você ainda vai poder verificar que não adianta apenas fazer a renovação do ar para torná-lo
salubre1 e, por isso, existem alguns aspectos que precisam ser observados. No setor comercial,
o sistema de ventilação tem por objetivo eliminar alguns odores, porém, no setor industrial
existem vários contaminantes que precisam ser eliminados, visando à segurança e saúde do
trabalhador. Partindo destes conhecimentos, ao final do capítulo, você terá subsídios para:
a) conhecer as formas de ventilação e exaustão existentes e de que forma elas impactam no
dia a dia da indústria;
b) interpretar procedimentos, documentos, normas e legislação de saúde, segurança e meio
ambiente;
c) utilizar terminologia técnica de segurança, meio ambiente e saúde.
Você agora é convidado a explorar todo o conteúdo apresentado, conduza seu processo
educacional com motivação. Abuse da autonomia e entusiasmo para que a construção do co-
nhecimento seja significativa e prazerosa. Vamos lá!
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
302

1 salubre 12.1 cores e sinalização


Saudável, que contribui A NR-26 trata sobre as cores de segurança para a área industrial como uma
para a saúde.
forma de ilustrar e alertar todos os trabalhadores que interagem com máquinas
e equipamentos. Esta NR estabelece, também, regras para a classificação, rotula-
gem preventiva e ficha com dados de segurança de produtos químicos.

26.1 Cor na segurança do trabalho

26.1.1 Devem ser adotadas cores para segurança em es-


tabelecimentos ou locais de trabalho, a fim de indicar e
advertir acerca dos riscos existentes.

26.1.2 As cores utilizadas nos locais de trabalho para


identificar os equipamentos de segurança, delimitar áre-
as, identificar tubulações empregadas para a condução
de líquidos e gases e advertir contra riscos, devem aten-
der ao disposto nas normas técnicas oficiais.

26.1.3 A utilização de cores não dispensa o emprego de


outras formas de prevenção de acidentes.

26.1.4 O uso de cores deve ser o mais reduzido possível,


a fim de não ocasionar distração, confusão e fadiga ao
trabalhador. (Brasil, 2011).

Algumas cores são definidas por normas técnicas específicas. No entanto, para
entendimento geral de sua utilização, apresentamos a seguir as mais comuns e
suas aplicações conforme a norma NBR 7195:1995. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1995).
De acordo com a NBR 7195:1995, quanto às cores a serem utilizadas para a
sinalização:
Vermelha - É a cor empregada para identificar e distinguir equipamentos
de proteção e combate a incêndio e a localização dos mesmos, inclusive portas
de saída de emergência. Os acessórios destes equipamentos, como válvulas, re-
gistros, filtros, etc., devem ser identificados na cor amarela (item 3.1.1.1 da NBR
7195:1995).
12 Cores de Segurança e Ventilação
303

Para um melhor aprofundamento da sinalização de se-


gurança contra incêndio e pânico se faz necessário o co-
nhecimento da NBR 13434:2005 (ABNT, 2005), que trata
FIQUE especificamente deste assunto. Ainda, é fundamental que
ALERTA o Técnico de Segurança esteja atualizado a respeito da
Legislação contra incêndio de sua região, geralmente es-
tabelecida pelo Estado, por meio do Corpo de Bombeiros
Militar.

Microsoft Office (20--?)

Alaranjada - É a cor empregada para indicar “perigo”. É utilizada, por exem-


plo, em partes móveis e perigosas de máquinas e equipamentos.
Amarela - É a cor usada para indicar “cuidado”. É utilizada, por exemplo, em
corrimãos, parapeitos, pisos e paredes inferiores de escadas que apresentem ris-
cos.
Michael Lorenzo (20--?)

Verde - É a cor utilizada para caracterizar “segurança”. É empregada, por exem-


plo, para identificar chuveiros, lava-olhos e emblemas de segurança.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
304

Azul - É a cor empregada para indicar uma ação obrigatória como, por exem-
plo, determinar o uso do EPI.
Púrpura - É a cor usada para indicar os perigos provenientes das radiações
eletromagnéticas penetrantes e as partículas nucleares.
Branca - É a cor empregada em faixas para demarcar passadiços, passarelas e
corredores pelos quais circulam exclusivamente pessoas, por exemplo.
Preta - É a cor empregada para identificar coletores de resíduos, exceto os de
origem de serviços de saúde.
A NBR 7195:1995 traz, ainda, a tabela de recomendação de cores de contraste;
especificação das cores de acordo com o padrão Munsell e as tolerâncias (peque-
nas variações) admissíveis.

SAIBA Para saber mais sobre as Normas Brasileiras, você pode pes-
quisar e consultar diretamente o site da ABNT, no seguinte
MAIS endereço: <www.abnt.org.br>.

Produtos químicos

No Brasil, a identificação e o armazenamento de substâncias perigosas (corro-


sivas, tóxicas, radioativas ou oxidantes) segue os padrões internacionais.
O Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da NR 26, determina que a clas-
sificação, rotulagem preventiva e a ficha de dados de segurança dos produtos
químicos devem seguir as especificações definidas pelo “Sistema Globalmente
Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos – GHS” (Glo-
bally Harmonized System), da Organização das Nações Unidas. (BRASIL, 2011b).

26.2 Classificação, Rotulagem Preventiva e Ficha


com Dados de Segurança de Produto Químico

26.2.1 O produto químico utilizado no local de traba-


lho deve ser classificado quanto aos perigos para a se-
gurança e à saúde dos trabalhadores, de acordo com
os critérios estabelecidos pelo “Sistema Globalmente
Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos
Químicos” (GHS), da Organização das Nações Unidas.
12 Cores de Segurança e Ventilação
305

26.2.1.2 A classificação de substâncias perigosas deve


ser baseada em lista de classificação harmonizada ou
com a realização de ensaios exigidos pelo processo de
classificação.

26.2.1.2.1 Na ausência de lista nacional de classificação


harmonizada de substâncias perigosas, pode ser utiliza-
da lista internacional.

26.2.1.3 Os aspectos relativos à classificação devem


atender ao disposto em norma técnica oficial vigente.
(Brasil, 2011).

A norma de referência no Brasil quanto à gestão segura de produtos químicos


é a ABNT NBR 14725:2009, Versão Corrigida 2010. Esta Norma, intitulada Produ-
tos Químicos, apresenta informações sobre segurança, saúde e meio ambiente e
divide-se em quatro partes, a seguir identificadas.
a) Parte 1 – Terminologia.
b) Parte 2 – Sistema de classificação de perigo.
c) Parte 3 – Rotulagem.
d) Parte 4 – Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos.
A ABNT-NBR 14725 define um modelo para a elaboração e pre-
enchimento de uma “Ficha de Informações de Segurança de Produ-
tos Químicos” (FISPQ), como também, as informações de seguran-
ça a serem incluídas na rotulagem de um produto químico perigoso.
A elaboração de uma FISPQ e de um rótulo de produto químico perigoso exige a
adoção de um sistema de classificação de perigo.
A leitura e o entendimento to da NBR 14725 são obrigatórios ao Técnico de
Segurança, que irá desenvolver atividades que envolvam o uso e a manipulação
de produtos químicos.
Diferentemente das outras normas, que precisam ser compradas, a ABNT NBR
14725 poderá ser adquirida de forma gratuita, devido à ABNT e ABIQUIM terem
firmado um convênio, visando o fornecimento de informações: sobre produtos
químicos perigosos e relativas à segurança, à saúde e ao meio ambiente. Bastan-
do, para tanto, um cadastro no site de ABNT.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
306

A Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM),


com o objetivo de fornecer orientações sobre a comu-
VOCÊ nicação de perigos dos produtos químicos e implemen-
SABIA? tação do GHS no Brasil, publicou um manual sobre o
Sistema Harmonizado para Classificação e Rotulagem
de Produtos Químicos, relacionados ao GHS.

Neste manual, é possível tirar dúvidas sobre o GHS, tais como: “O que é?”;
“Como e quando deve ser implantado?”; “Quais são os seus benefícios?”, entre
outras.

Outras referências importantes sobre o assunto e o manual


SAIBA sobre o Sistema Harmonizado para Classificação, desenvol-
MAIS vido pela ABIQUIM, podem ser encontrados no site<www.
abiquim.org.br>.

Aqui, você pode verificar que a NR 26 deixa muito claro como deve ser feita a
identificação correta, para permitir a gestão adequada dos riscos existentes nos
locais de trabalho, sejam eles, em máquinas, instalações ou no uso de produtos
químicos. As indicações deverão informar sobre os riscos relacionados ao manu-
seio de uso habitual ou razoavelmente previsível do produto.
Nesse sentido, as medidas preventivas têm por finalidade estabelecer outras
medidas a serem tomadas para evitar lesões ou danos decorrentes de riscos. Des-
ta forma, os primeiros socorros são medidas específicas que podem ser tomadas
antes da chegada do médico.

FIQUE Então, lembre-se que existem regras bem claras para ro-
tular os produtos perigosos. Observe atentamente estas
ALERTA regras para evitar que acidentes gravíssimos ocorram.

E aqui você finaliza mais um capítulo onde estudou as cores e sinalização em


segurança do trabalho. Ainda tem muita coisa interessante aguardando por você.

12.2 Ventilação

Você sabe como deixar o ar de um recinto salubre?


12 Cores de Segurança e Ventilação
307

“A simples renovação de ar em um recinto não significa que este se tornará


salubre, é necessário que o ar seja distribuído de tal forma que a taxa de contami-
nante seja a mesma em todos os pontos.” (LISBOA, 2007).

12.2.1 Industrial

Existe uma diferença sensível de objetivos entre a ventilação industrial e a co-


mercial. Veja a seguir.

Na ventilação comercial o objetivo


Ventilação
principal é a eliminação de fumo,
comercial
odores e calor;

Na ventilação industrial o objetivo é


primeiro o controle da concentração
Ventilação de vários contaminantes, tais como:
D'Imitre Camargo (2011)

industrial pó, fumaça, fuligem, vapores, gases


e outras impurezas químicas, bem
como, remoção de calor industrial.

Figura 36 -  Diferenças: ventilação comercial e industrial

De forma geral, os contaminantes são substâncias indesejáveis no ambiente.


Os efeitos destes agentes tóxicos no organismo podem resultar em doen-
ças ocupacionais por inalação ou, até mesmo, a absorção pela pele.

Fatores de toxidez

O indivíduo quando exposto a um agente tóxico acima do “Limite de


Tolerância”, pode ser intoxicado (dependendo do contato e tempo de expo-
sição) e, em muitos casos, pode chegar a óbito. Em outras situações, o simples
contato, sem a devida proteção, pode gerar coceiras ou até mesmo a escamação
da pele.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
308

2 Insuflamento Concentrações limites


Ato de introduzir um gás O ser humano quando exposto a um determinado agente químico pode rea-
ou vapor em um corpo ou
ambiente. gir conforme o seu organismo de defesa. Isso também vai depender da compo-
sição deste agente, ou seja, se a concentração é baixa, e o ambiente bem venti-
lado, a probabilidade de contaminação é quase nula. Sempre quando falamos
em concentrações limites, estamos falando do LT (Limite de Tolerância), e seus
parâmetros são expostos na NR-15 da Lei 6.514/78.

Classificação dos Sistemas de Ventilação

A classificação do sistema de ventilação vai depender exclusivamente dos se-


guintes fatores:

a) Ventilação para a manutenção do conforto térmico - ela restabelece as


condições atmosféricas num ambiente alterado pela presença do homem,
refrigera o ambiente no verão e aquece o ambiente no inverno;

b) Ventilação para a manutenção da saúde e segurança do homem - reduz


concentrações no ar de: gases, vapores, aerodispersóides em geral,
nocivos ao homem, até que baixe a níveis compatíveis com a saúde;
mantém concentrações de gases, vapores e poeiras, inflamáveis ou
explosivos fora das faixas de inflamabilidade ou explosividade;

D'Imitre Camargo (2011)

c) Ventilação para a conservação de materiais e equipamentos - reduz


o aquecimento de motores elétricos, máquinas, armazéns
ventilados, evitando deterioração.

Figura 37 -  Finalidades da ventilação

Tipos de Ventilação

Os tipos de sistemas de ventilação que vão atender os fatores acima des-


critos são: ventilação natural (para conforto térmico), ventilação geral (por in-
suflamento2 e diluidora) e ventilação local exaustora. Na sequência, você irá
conhecer um pouco mais sobre cada tipo de ventilação. Vamos lá!
12 Cores de Segurança e Ventilação
309

Natural

Você sabia que a ventilação natural é o movimento de ar num ambiente pro-


vocado pelos agentes físicos, pressão dinâmica e/ou temperatura, podendo ser
controlado por meio de aberturas no teto, nas laterais e no piso?

FIQUE Ventilação natural não é infiltração. Infiltração é um movi-


mento de ar provocado pelos mesmos agentes físicos, mas
ALERTA não é controlado.

Conforme Oliveira (2009, p. 10) o fluxo de ar que entra ou sai de um edifício,


por ventilação natural ou infiltração, depende da diferença de pressão entre as
partes internas e externas e da resistência ao fluxo, fornecido pelas aberturas.
Lavinia Marin (20--?)

Segundo Oliveira (2009, p.10), “o efeito da diferença de densidade, conhecido


como ’efeito de chaminé’ é, frequentemente, o principal fator. Quando a tem-
peratura no interior de um determinado ambiente é maior que a temperatura
externa.”
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
310

Geral

Ainda conforme Oliveira (2009, p. 12):

O homem é um ser tropical por excelência, possuindo uma ca-


pacidade bastante desenvolvida de transpiração. Um grande
número de indivíduos fica parte do tempo, exposto a tempera-
turas mais altas que a temperatura ambiente, principalmente
em seu ambiente de trabalho, onde uma série de fatores
climáticos, e não climáticos, conduzem a um ganho ou a uma
menor dissipação de calor pelo organismo. A esse estímulo, o
organismo responde fisiologicamente, refletindo a severidade
da exposição ao calor.

Para o equacionamento do equilíbrio térmico do indivíduo


se faz necessário medir quantitativamente a ação do calor,
bem como, a resposta do organismo, correlacionando-as.
Essa é uma tarefa difícil em função de vários parâmetros
intervenientes, tais como:

a temperatura do ar;

a umidade relativa;

o calor radiante;

a velocidade do ar;

o tipo de trabalho exercido;

a roupa utilizada; entre outros.


12 Cores de Segurança e Ventilação
311

Creatas (20--?)
VOCÊ Que é necessário estabelecer parâmetros que possam
limitar a exposição do trabalhador ao calor em diversas
SABIA? situações apresentadas, durante suas atividades?

Oliveira (2009, p. 13) relata que, os critérios assim desenvolvidos devem levar
em conta não só a resposta fisiológica, mas, também, a psicológica, a produtivi-
dade e a ocorrência de desordens devido ao calor. Algumas medidas podem ser
adotadas para se minimizar a exposição dos trabalhadores a ambientes de alta
temperatura, por exemplo: EPIs adequados (como luvas térmicas) ou até o EPC,
que protege diversos trabalhadores ao mesmo tempo, em um mesmo ambiente.

Exaustão

Segundo Oliveira (2009, p. 18):

Um sistema de ventilação local exaustora deve ser projetado


dentro dos princípios de engenharia, ou seja, de maneira a se
obter maior eficiência com menor custo possível.

Você deve lembrar sempre que, o objetivo desse sistema é a


proteção da saúde do homem. Assim, este fator deve ser con-
siderado em primeiro lugar, e todos os demais devem estar
condicionados a ele.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
312

Muitas vezes, a instalação de um sistema de ventilação local


exaustora, embora bem dimensionada, pode apresentar fa-
lhas que a torne inoperante, pela não observância de regras
básicas na captação de poluentes na fonte.

O enclausuramento de operações ou processos, a direção do


fluxo de ar, entre outros fatores, são condições básicas para
uma boa captação e exaustão dos poluentes.

A instalação e manutenção de sistemas de condicionamento de ar, incluindo


os diferentes tipos de ventilação, devem atender também a diversas normas es-
pecíficas. Algumas referências importantes para este tema são listadas a seguir,
conforme instruções e referências normativas da NBR 14679:2001 (ABNT, 2001),
acompanhe.
a) NBR 6401:1980 - Instalações centrais de ar-condicionado para conforto: Pa-
râmetros de projeto.
b) NBR 13971:1997 - Sistemas de refrigeração, condicionamento de ar e venti-
lação: Manutenção programada.
c) Portaria nº 3.214 de 1978, do Ministério do Trabalho - Normas regulamenta-
doras de segurança e saúde no trabalho. NR 7: Programa de Controle Médico
de Saúde Operacional. NR 9: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.
d) Resolução nº 218 de 28/06/73, do Conselho Federal de Engenharia, Arquite-
tura e Agronomia (CONFEA).
e) Portaria 3.523 de 28/08/1998, do Ministério da Saúde.
f) Resolução RE 176 de 24/10/2000, da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitá-
ria do Ministério da Saúde.
g) SBCC - RN 005:1997 - Teste em áreas limpas.
Aqui você finaliza mais um capítulo de estudos. E então, gostou do assunto até
aqui abordado? Percebeu como é importante conhecer as formas de ventilação
existentes? Esperamos que tenha sido de valia para sua atividade profissional.
12 Cores de Segurança e Ventilação
313

Recapitulando

Neste capítulo, você conheceu a importância das cores de segurança


para a indústria e a sinalização a ser adotada para identificação de riscos.
Agora, você já sabe como é importante usar todas as cores de segurança
para deixar o ambiente de trabalho cada vez mais seguro.
Conheceu a importância de um sistema de ventilação eficaz, que faz toda
a diferença para se ter um ambiente de trabalho cada vez mais salubre.
Aqui, você teve a oportunidade de conhecer a diferença entre os siste-
mas de ventilação comercial e o industrial e quais são suas diferenças.
Você pode observar que existem três sistemas de ventilação capazes de
reduzir os contaminantes do ar que são: o natural, o gel e o de exaustão.
Você deve analisar com critério todos os ambientes que estão sujeitos a
contaminantes e sugerir medidas efetivas para sua redução a fim de ga-
rantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores.
Então, preparado para o próximo capítulo? O foco do estudo será o dese-
nho técnico. Você será convidado a discutir e refletir sobre esses assuntos
tão importantes para sua profissão. Até lá!
Desenho Técnico

13

Nas indústrias em geral, o desenho é uma ferramenta de grande importância. O desenho


técnico difere do desenho artístico, pois há normas e critérios que devem ser seguidos. No de-
senho técnico, as formas são variadas e não requerem um traço rigoroso, porém, o desenhista
deve ter uma visão espacial, criatividade e raciocínio lógico. O resultado de um desenho é per-
mitir a visualização de imagens e peças sem a necessidade da presença física da mesma, para
que ela possa ser fabricada exatamente em sua forma e proporção.
O desenho técnico é utilizado em diversas áreas para mostrar um objeto qualquer, seja na
área mecânica, civil ou até artística. Cada ramo de atuação possui suas normas e regras que
devem ser seguidas para uma boa compreensão do objeto, de forma que não haja dúvidas.
Na área de segurança do trabalho, é importante seu conhecimento, para criar mapas de ris-
cos, identificar layouts, arranjos físicos e peças que podem causar acidentes. No decorrer deste
capítulo, você terá informações técnicas na área de desenho, dando uma visão geral sobre o
assunto. Partindo destes conhecimentos, ao final do capítulo, você terá subsídios para:
a) interpretar desenhos, especificações, simbologias e projetos segundo a legislação de saú-
de e segurança do trabalho;
b) conhecer os conceitos básicos para a elaboração de um desenho, como: formatos padrão,
legendas, vistas ortográficas, dimensionamento, tipos de cortes e linhas.
Agora, você é convidado a explorar todas as informações disponíveis sobre o assunto, fazen-
do de seu aprendizado um processo de construção do conhecimento.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
316

13.3 Normas

Como em todos os outros países, existe no Brasil uma organização que esta-
belece, fundamenta e recomenda as normas do Desenho Técnico. É a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Os procedimentos para execução de de-
senhos técnicos aparecem tanto em normas nacionais, quanto em normas inter-
nacionais, e definem desde a denominação e classificação dos desenhos até as
formas de representação gráfica.
As normas ISO (International Organization for Standardization) foram criadas
com objetivo de promover, no mundo, o desenvolvimento da normalização e de
atividades relacionadas e têm a intenção de facilitar o intercâmbio internacional
de bens e de serviços e desenvolver a cooperação nas esferas: intelectual, cientí-
fica, tecnológica e de atividade econômica.

Kisspolo (20--?)

Já as normas DIN (Deutsche Normen, ou Deutsche Industrie Normen) foram to-


madas como referência para a criação da norma ISO. Foram editadas pelo Deuts-
che Institutfur Normung (DIN) – Instituto Alemão para Normalização. São repre-
sentadas, no Brasil, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a qual
possui sede no Rio de Janeiro e na Delegacia de São Paulo. Nestes locais, é possí-
vel encontrar as coleções completas e as últimas versões de todas as normas DIN.
Outras normas contribuem na elaboração do desenho técnico, são elas:
a) American National Standards Institute (ANSI);
b) American Petroleum Institute (API); entre outras.
Conheça agora, algumas das Normas da ABNT específicas para desenho téc-
nico:
13 Desenho Técnico
317

13.3.1 NBR 10068 – Folha de desenho layout e dimensões

Padroniza as dimensões das folhas utilizadas na execução de desenhos téc-


nicos e define seu layout, com suas respectivas margens e legenda. Sua padro-
nização tem por finalidade facilitar a leitura, a reprodução e o arquivamento do
desenho. Na tabela a seguir, são apresentadas as dimensões da série “A”, desde as
suas principais dimensões, até a espessura das linhas da margem.

Tabela 7 - Formato da folha

MARGEM ESPESSURA
COMPRIMENTO
FORMATO DIMENSÕES LINHAS DAS
DA LEGENDA
ESQUERDA OUTRAS MARGENS

A0 841 X 1189 25 10 175 1,4

A1 594 X 841 25 10 175 1,0

A2 420 X 594 25 7 178 0,7

A3 297 X 420 25 7 178 0,5

A4 210 X 297 25 7 178 0,5


Fonte: Adaptado de ABNT (1987, p.3)

13.3.2 NBR 10647 – Desenho Técnico – Norma Geral

Tem o objetivo de definir os termos empregados em desenho técnico. Define,


entre outros, os tipos de desenho quanto ao:
a) aspecto geométrico (desenho projetivo e não-projetivo);
b) grau de elaboração (esboço, desenho preliminar e definitivo);
c) grau de detalhamento (desenho de detalhes e conjuntos);
d) técnica de execução (a mão livre ou utilizando computador).

13.3.3 NBR 13142 – Desenho Técnico – Dobramento de cópias

Fixa a forma de dobramento de todos os formatos de folhas de desenho, para


facilitar a fixação em pastas. Eles são dobrados até as dimensões do formato A4.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
318

13.3.4 NBR 8402 – Execução de caracteres para escrita em


desenhos técnicos

Fixa as condições exigíveis para a escrita usada em desenhos técnicos e docu-


mentos semelhantes, visando à uniformidade e à legibilidade, evitando prejuízos
na clareza do desenho e a possibilidade de interpretações erradas.

13.3.5 NBR 8993 – Representação convencional de partes


roscadas em desenho técnico

Fixa as condições exigíveis do método convencional de representação simpli-


ficada de partes roscadas em desenhos técnicos. Este método independe do tipo
de rosca ao qual se aplica.
Existem, ainda, outras normas que regulam a elaboração dos desenhos com a
finalidade de atender a uma determinada modalidade de engenharia. Como, por
exemplo:
a) a NBR 6409, que normaliza a execução dos desenhos em Engenharia Elétri-
ca;
b) a NBR 7191 que normaliza desenhos para obras de concreto simples ou ar-
mado;
c) a NBR 11534, que normaliza a representação de engrenagens em Desenho
Técnico Mecânico;
d) a NBR 10067 que normaliza os princípios gerais de representação de dese-
nho técnico. (SENAI, 2006, p.10).
Durante seus estudos, você encontrará essas e outras normas regulamentadas
pela ABNT. No entanto, é bom ficar atento às mudanças e às atualizações constan-
tes que sofrem tais normas, sempre as consultando ao executar suas atividades.

É sempre bom termos as normas por perto, para que sejam


SAIBA consultadas quando surgir qualquer dúvida. Para um melhor
MAIS entendimento sobre as normas acesse <http://www.eel.usp.
br/na_apostila/pdf/capitulo1.pdf>.

O assunto não para por aqui. Vamos em frente? Aproveite todos os caminhos
que levam ao conhecimento.
13 Desenho Técnico
319

13.4 Formatos do papel

13.4.1 NBR 10582 – Apresentação da folha para desenho técnico

Normaliza a distribuição do espaço da folha de desenho, definindo a área para


texto, o espaço para desenho e o espaço para legenda. A regra geral é organizar
os desenhos distribuídos na folha, de modo a ocupar toda a área e organizar os
textos acima da legenda, junto à margem direita e/ou à esquerda da legenda,
acima da margem inferior.
Para uma boa disposição do desenho, é necessário que se obedeçam às regras
de organização na folha. Nesse tópico, serão representadas as disposições mais
convenientes, com relação a alguns aspectos.

13.4.2 Margens

As margens são de uso muito comum e já normalizado. Nas margens, o valor


de y é de 10mm para os formatos de A0 e A1 e 7mm para A2 a A4. Outro aspecto
importante a ser considerado, é respeitar as margens do desenho, principalmen-
te, para a obtenção do dobramento, facilitando, assim, o seu arquivamento.

Tabela 8 - Dimensão das margens

Margem Margem
Formato
esquerda direita

A0 25 10

A1 25 10

A2 25 7

A3 25 7

A4 25 7

Fonte: Adaptado de ABNT (1987, p.3)

As margens definem o espaço a ser utilizado pelo desenhista para representa-


ção da peça. Caso haja alguma vista preferencial para o desenho da peça, essa é
colocada na parte superior esquerda do espaço para desenho.
Os desenhos estão sempre dispostos nas formas horizontal e vertical, o que
vai depender das características da peça representada, dentro dos conceitos de
representação por vistas, cortes e seções.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
320

Tabela 9 - Dimensão da Folha Padrão A

Designação Dimensões (mm)

A0 841 x 1.189

A1 594 x 841

A2 420 x 594

A3 297 x 420

A4 210 x 297

Fonte: Adaptado de ABNT (1987, p.2)

13.4.3 Espaço para texto

Perceba que o espaço para texto é destinado para informações que não pude-
ram ser colocadas no espaço para desenho. No espaço para texto devem conter,
genericamente, algumas informações.
a) Explanação - Símbolos especiais, designação, abreviaturas e tipos de dimen-
sões.
b) Instrução - Acabamento superficial para a(s) peça(s) que não está (ão)
especificada(s) no desenho; material (tipo de liga, código e componentes
químicos); quantidade(s); e até informações sobre o funcionamento do equi-
pamento e as suas características, como: faixas de rotação, pressões e tem-
peraturas.
c) Referências - Informações referentes a outros desenhos e/ou outros docu-
mentos.
d) Localização da Planta de Situação - Planta esquemática com marcação da
área construída.
e) Tábua de Revisão - Número ou letra que determina a sequência da revisão,
quem revisou a aprovação e a data.
Diante disso, um formato A4, por exemplo, representado nessa ilustração, que
mede 297x210mm ficará reduzido na largura a 267mm e na altura a 200 mm.
Dessa forma, a representação de peças em verdadeira grandeza, com dimensões
variando em torno de 100mm, requer cuidado e atenção por parte do desenhista,
para que não torne o desenho de difícil interpretação.
13 Desenho Técnico
321

FIQUE Além das margens da própria folha, devem ser mantidas


ALERTA distâncias entre as informações do desenho e as margens.

Outras normas estabelecem o formato do papel, que deve ser utilizado na exe-
cução de desenhos técnicos, como, por exemplo, os formatos em série “A”.

ToyToy (20--?)

Os formatos da série “A” têm como base o formato A0 (A zero), cujas dimen-
sões guardam entre si a mesma relação que existe entre o lado de um quadrado
e sua diagonal (841√2 = 1189), e que corresponde a um retângulo de área igual
a 1m².
O formato básico do papel, designado por A0, é o retângulo cujos lados me-
dem 841mm e 1.189mm, tendo a área de 1m². Do formato básico, derivam-se os
demais formatos.

FIQUE O formato A4 pode ser utilizado na posição “retrato” ou


“paisagem”, depende do formato da peça. Para o formato
ALERTA “paisagem”, a legenda deve ficar na parte direita inferior.

Aqui você finaliza mais uma etapa. Explore todas as informações disponíveis.
Lembre-se: dedicação e comprometimento são essenciais para o processo de
aprendizagem.
Vamos em frente!
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
322

13.5 13.3 Legenda e tipos de linha

Observe que as legendas são utilizadas para obter informação e identificação


do desenho e as linhas são utilizadas em desenhos técnicos e documentos se-
melhantes para definição clara do formato da peça. Acompanhe a seguir mais
detalhes sobre as legendas e tipos de linhas.

13.5.1 Legenda

A legenda deve ficar no canto inferior direito nos formatos A3, A2, A1 e A0, ou
ao longo da largura da folha de desenho no formato A4.

A legenda pode consistir em outras formas e disposições


desde que esteja em conformidade com as normas que
regem os seus formatos e esteja clara para quem o lê.

A legenda pode ainda conter informações tais como: título do desenho ou


nome, número, escala, empresa, data, descrição dos componentes (quantidade,
denominação de peça, material), normas e dimensões.

Figura 38 - Legenda

13.5.2 Caligrafia técnica

VOCÊ Você sabia que um dos mais importantes requisitos dos


SABIA? desenhos mecânicos é a caligrafia técnica?
13 Desenho Técnico
323

A caligrafia técnica deve ser simples e legível, suas letras e algarismos podem
ser inclinados para a direita, formando um ângulo de 75 graus com a linha hori-
zontal. As proporções são as que seguem.
a) A altura da letra maiúscula e dos números mede h;
b) A altura da minúscula mede 7/10 de h;
c) A distância mínima entre caracteres 2/10 de h;
d) A espessura de qualquer linha e perna de letra ou número mede 1/10 de h;
e) O comprimento de pernas de letras como g, p e q são de ¼ de h, abaixo da
linha onde esse escreve;
f) A distância mínima entre palavras é de 6/10 de h;
g) O ângulo da aresta da letra e a linha horizontal deverão ter uma inclinação
de 75º.

Figura 39 - Dimensão da caligrafia

13.5.3 Tipos de linha

As linhas são utilizadas em desenhos técnicos e documentos semelhantes


para definição clara do formato da peça.
Vários tipos de linhas são utilizados para representar faces e arestas de diver-
sas maneiras em diferentes vistas, devido às linhas serem de fundamental impor-
tância para o entendimento do projeto.
As linhas representam as arestas que, fechadas, representam as faces e, por
sua vez, são classificadas pela sua relação espacial nos planos de projeção. Quan-
do a superfície é inclinada em relação a dois planos de projeção e perpendicular
a um terceiro, costuma-se dizer que a perpendicular é uma auxiliar ou uma face
de projeção acumulada.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
324

Na figura a seguir houve a coincidência da face de projeção acumulada ser a


frontal.

a) Vista frontal b) Vista superior

c) Vista lateral esquerda

Figura 40 - Projeção de linhas coincidentes

As três faces dessa peça facilitam a visualização da sua geometria sem a neces-
sidade de se ver a peça tridimensionalmente. Porém, se a face frontal não fosse
perpendicular a nenhuma das outras faces, ou se, além disso, a sua superfície não
for plana nada poderíamos presumir a respeito do volume.
As linhas variam conforme NBR 8403/1984, principalmente quanto à forma e à
espessura. As espessuras das linhas variam conforme a escala, dimensão e densi-
dade de linhas do desenho. A norma determina o seguinte: escalonamento para
as espessuras: 0.13, 0.18, 0.25, 0.35, 0.50, 0.70, 1.00, 1.40 e 2.00mm.
As cores também representam larguras das linhas. De acordo com a norma,
estão na ordem de escalonamento apresentado: lilás, vermelha, branca, amarela,
marrom, azul, laranja, verde, cinza (normalmente utilizada em software de enge-
nharia).

Aplicação das linhas

No desenho técnico, as coincidências de linhas são evitadas a fim de tornar o


desenho claro e legível para qualquer um. Caso ocorra a coincidência de uma ou
mais linhas, a prioridade segue a seguinte ordem:
13 Desenho Técnico
325

a) Contínua
larga;

b) Contínua
estreita;

c) Tracejada
grossa;

c) Tracejada
fina;

e) Traço e

Diego Fernandes (2011)


ponto;

f ) Traço e
dois pontos.

Figura 41 - Prioridade de linhas

Para finalizar mais esta etapa e dar continuidade aos seus estudos, veja um
exemplo de aplicação das linhas no desenho técnico mecânico.

a)

b)

c)

d)
Diego Fernandes (2011)

e)

f)
Figura 42 - Tipos de Linhas

As linhas devem ser aplicadas rigorosamente conforme os tipos e aplicações.


Seu uso incorreto implicará numa interpretação errada do desenho.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
326

Linha contínua larga


para contornos.

Linha tracejada para


contornos e arestas
não visíveis.

Linha de centro
e simetria.
Linha contínua fina
para cotas, linhas
de chamada.

Figura 43 - Aplicação das linhas

Aqui finalizamos mais uma etapa de estudos. Preparado para seguir adiante?
Explore essa oportunidade de aprendizagem e veja quantas descobertas serão
possíveis!

13.6 Desenho Geométrico

13.6.1 Projeções Ortogonais

As normas americanas usam mais a representação no terceiro diedro, colo-


cando o plano de projeção entre a peça e o observador. No entanto, para fins de
familiarização e entrosamento com as normas brasileiras, trataremos das proje-
ções ortogonais pelo primeiro diedro, onde a peça está entre o observador e a
sua projeção.
Para nossos estudos, utilizaremos inicialmente a geração de desenhos nesse
diedro, onde será usado apenas o plano vertical superior e o horizontal anterior.
Assim, na figura apresentado a seguir, o objeto está entre o observador (leitor) e o
plano vertical (papel), obedecendo à regra para o primeiro diedro.
13 Desenho Técnico
327

ÃO

OJ
E PR
OD
AN
PL

JE TO
OB
OB
SER
VA
DOR
Figura 44 - Posicionamento do observador, peça e plano de projeção

Para a representação da figura citada anteriormente ser completamente en-


tendida, bidimensionalmente, são necessárias mais duas vistas: uma da parte su-
perior e outra de uma das partes laterais.
Isso é devido à intenção de serem representadas corretamente todas as di-
mensões da peça e as suas características, sem quaisquer chances de haverem
equívocos durante a leitura e interpretação do desenho, conforme representação
a seguir:

PLANO VERTICAL

PLANO HORIZONTAL

Figura 45 - Representação das vistas superior (a) e da lateral (b)

Para a representação da mesma figura apresentada anteriormente do objeto


no primeiro diedro, gerando a vista superior (conhecida também como vista em
topo ou em planta), fez-se apenas o chamado rebatimento do que era visto pelo
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
328

observador por cima da peça (conforme figura ‘a’) e do que era visto pelo lado
esquerdo (conforme figura ‘b’) num plano auxiliar, lateral (perfil).
Então, o rebatimento no primeiro diedro seria:

PLANO VERTICAL

PLANO HORIZONTAL

REBATIMENTO

Figura 46 - Rebatimento

Para o caso de rebatimento feito do plano horizontal para o vertical, da mesma


figura tratada anteriormente, foi feita no plano horizontal e rebatida para o ver-
tical. Já para a geração da vista lateral (perfil) deve ser feito o mesmo tipo de re-
batimento, mas com origem num plano perpendicular ao horizontal e o vertical,
simultaneamente. Assim, resultando na figura representada a seguir:

Figura 47 - Projeção
13 Desenho Técnico
329

Com a mesma figura tratada anteriormente, é feito o giro do plano lateral em


relação à reta de intersecção entre ele e o plano vertical, mantendo na projeção
lateral a mesma vista no plano lateral. Dessa forma, o que será visto é o rebati-
mento da projeção lateral no plano vertical.

O desenho de uma peça deve apresentar uma quantidade


FIQUE suficiente de vistas para que sua compreensão seja perfei-
ta. Uma peça, por mais simples que seja, é representada
ALERTA em desenho por suas vistas, que são as imagens obtidas
através de projeções feitas em posições determinadas.

Figura 48 - Vistas ortográficas (seis vistas)

Figura 49 - Vistas ortográficas (três vistas padrão)


fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
330

Devem ser desenhadas as vistas necessárias para a fabricação da peça, por-


tanto, algumas vezes serão realizadas 1 ou 2 vistas, mas, na maioria dos casos,
aplique as três vistas padrões: vista frontal, vista superior e vista lateral esquerda.
As vistas de um desenho técnico podem ser obtidas através do rebatimento
prático. Na indústria, as projeções costumam ficar definidas em desenhos con-
tendo três vistas. Dessa forma, podemos obter essas vistas, de maneira prática,
fazendo as projeções e rebatimentos com giros a 90º da peça. Veja exemplo de
disposição de uma peça em tridimensional no formato A4.

Figura 50 - Perspectiva

Procure exercitar desenhos de perspectivas. Isto lhe dará uma melhor visão
espacial.
Nas larguras dessa figura temos: Largura frontal (elevação) = 60mm, Largu-
ra da lateral = 40mm e uma Distância entre as vistas de 30mm. Diante dessas
medidas sobram 50mm, portanto deve-se deixar na esquerda 25mm e na direita
25mm. Veja exemplo:
13 Desenho Técnico
331

180

130
60 40

25 30 25

Figura 51 - Distância das vistas

Já nessa figura, temos: Altura frontal (elevação) = 105mm, Espessura da planta


(vista superior) = 40mm e Distância entre as vistas de 30 mm. Considerando as
margens superior e inferior, sobraram 60 mm, portanto, foi distribuído e centrali-
zado na parte superior 30mm e na inferior, 30mm. Veja o exemplo:

235
175
40 105

30 30 30

Figura 52 - Distância das margens

Tomando todos os cuidados na distribuição da figura, obtém-se um desenho


bem distribuído e centralizado no formato. Conforme apresentado na figura a
seguir:
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
332

Figura 53 - Disposição das vistas na folha A4

CASOS E RELATOS

Utilização de normas de desenho


A empresa “Manufatura e Usinagem (M.U)” localizada no estado de São
Paulo, produz peças para a empresa “EMT - Equipamentos para Movi-
mentação e Transporte”, localizada no estado de Santa Catarina. Como
as empresas são de cidades distantes, a EMT envia todo mês para a “M.U
Ltda.”, um envelope com os projetos das peças a serem fabricadas.
Um desenhista que estava trabalhando há pouco tempo, ficou respon-
sável em desenhar uma peça, que foi esboçada por um desenhista mais
antigo na empresa, e, após, foi encaminhada à M.U para fabricação.
Dias depois, chegaram as peças. O setor de recebimento verificou as di-
mensões críticas, e aprovou todas elas, com base nas informações dos
desenhos repassados pela engenharia.
As peças foram encaminhadas para o setor de montagem (onde já aguar-
davam as peças da M.U).
Os montadores, ao verificarem as peças, viram que o “eixo do carrinho”
estava duas vezes maior que a dimensão, causando um transtorno na
montagem, pois aguardavam somente esta peça para finalizarem a mon-
tagem. Entraram em contato com a M.U e foram prontamente atendidos.
13 Desenho Técnico
333

Conferiram o número do desenho, datas de revisões, material, quanti-


dade, enfim, uma série de informações que constavam no desenho e na
legenda.
Em reunião com o responsável pela engenharia, verificaram que o erro
havia sido na escala do desenho, ou seja, o desenhista que era novo, de-
senhou a peça na escala 2:1 (duas vezes as dimensões da peça), e come-
teu um erro grave: colocou as dimensões do desenho e não as medidas
reais da peça, a peça original tinha eixo diâmetro 25,4mm. Contudo no
desenhado a peça ficou com a dimensão de 50,8mm. E, ainda na legenda,
ao invés de colocar a escala 2:1, informou que a escala era 1:1.
Em resumo, um erro grotesco que acarretou transtornos e prejuízos para
a empresa, para o profissional que estava iniciando sua carreira e para o
responsável da engenharia que não revisou os desenhos.

Conforme se pôde observar no Casos e Relatos, o emprego da escala é muito


importante na construção de qualquer desenho. Também o uso da norma NBR
8196 que trata deste assunto, explica com detalhes sua execução e aplicação, a
qual depende da complexidade do objeto do elemento a ser representado. A es-
cala selecionada deve ser suficiente para permitir uma interpretação fácil e clara
da informação representada, o que não ficou claro neste caso.
E então, gostou do assunto abordado até aqui? Agora você é convidado a ex-
plorar todas as informações disponíveis sobre perspectiva, fazendo do seu apren-
dizado um processo de construção do conhecimento. Vamos lá!

13.7 Perspectiva

Representar uma peça em forma de desenho técnico é fácil até certo ponto.
Muitas vezes a geometria da peça só fica clara para o leitor do desenho após ele
ver as peças reais, ou seja, físicas.
Essa situação nem sempre é possível, pois, muitas vezes, não se tem acesso ao
local da peça ou à própria peça, quando se trata do projeto de uma inovação. Para
facilitar a interpretação do desenho da peça, usa-se, algumas vezes, a perspecti-
va na representação geométrica. Uma situação dessas é mostrada no desenho a
seguir.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
334

Figura 54 - Perspectiva na representação geométrica

13.7.1 Perspectiva Isométrica

Você já ouviu falar em perspectiva isométrica?


Perspectiva isométrica é uma representação axonométrica ortogonal na qual
qualquer linha de projeção faz três ângulos iguais em relação aos eixos de coor-
denadas.
Para se executar a perspectiva isométrica de uma peça, basta fazê-lo da mes-
ma forma como foi apresentado no desenho, seguindo a ordem:
a) fixação do ponto A;
b) execução das linhas nos três sentidos;
c) acréscimo das medidas do corpo;
d) esboço do corpo básico com retas paralelas;
e) acréscimo das medidas do rebaixo;
f) finalização com a colocação do rebaixo com retas paralelas;
g) apagar as linhas auxiliares.
Na maioria das vezes, quando se fazem desenhos em perspectivas, estes são
feitos em perspectiva isométrica por ser o desenho de mais fácil execução, uma
vez que todas as dimensões estão na mesma escala, que pode ser 1:1.
Aqui finalizamos mais uma etapa de estudos. Preparado para seguir adiante?
Explore essa oportunidade de aprendizagem e veja quantas descobertas serão
possíveis!
13 Desenho Técnico
335

13.8 Escalas

Para uma representação fiel ou detalhamento preciso das peças do projeto, é


necessário um desenho de fácil leitura e interpretação. Dessa forma, o ideal é que
as peças estejam representadas de forma inequívoca nos seus desenhos repre-
sentativos.
Seguindo essa ideia, o que vem à mente é representar a peça completamente,
com todos os seus detalhes bem visíveis, num desenho bem organizado na fo-
lha e bem feito, sem borrões, sem superposição de linhas, sem excesso de vistas
e cortes, numa escala bem escolhida para todo desenho. Mas, às vezes, aquele
detalhe importantíssimo tem uma dimensão bem menor que o conjunto inteiro
representado no desenho. Daí surge a questão:
Como representar esse detalhe no desenho sem desorganizá-lo ou torná-lo
mal representado?
Para essa questão, uma das saídas é a representação em escala ampliada da re-
gião do detalhe, com todo conjunto desenhado numa escala menor. Assim o uso
de escalas, no desenho técnico, ocorre em situações onde se torna inadequada a
representação da peça em verdadeira grandeza (V.G.) também conhecida como:
escala 1:1. O desenho de um elemento de máquina pode estar em três tipos de
escala.
a) Escala Natural (Ex: 1:1).
b) Escala de Redução (Ex: 1:5).
c) Escala de Ampliação (EX: 2:1).
Considere o exemplo a seguir. Ele está informando ao leitor que as dimen-
sões apresentadas estão numa proporção tal onde cada unidade de medida real
que se lê, numa dimensão do desenho, representa cinco unidades na peça física.
Ou seja, se no desenho a dimensão indicada é: 5mm, quando medida em um
escalímetro, escala ou outro instrumento, apresentará 1 mm. Significa que: se o
desenho tem a escala 1:5, cada 1mm no desenho representa 5mm na verdadeira
grandeza (VG).

Medida do desenho

1:5 Medida real da peça

Figura 55 - Escalas
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
336

Perceba que essa forma de usar a escala é conhecida como redução, ou escala
de redução, onde o desenho está reduzido.
No entanto, o inverso pode acontecer. Na representação por meio de dese-
nhos executados em escala de ampliação, as dimensões do desenho aumentam
numa proporção definida em relação às dimensões reais da peça. Na escala 5:1,
significa dizer que 5mm no desenho correspondem a 1mm na peça real. Veja a
seguinte figura:

7
7
13

Esc:1:1

13

Esc:5:1
Figura 56 - Escalas

Você chegou ao final de mais uma etapa de estudos. O que achou até agora
do que foi apresentado? Esperamos que tenha sido interessante e de valia para as
suas atividades profissionais. Preparado para seguir adiante?

13.9 Seções projetadas sobre a vista e fora da vista

Para alguns detalhes importantes da peça, utilizam-se os tipos de cortes para


melhor identificação do detalhe. Estes cortes possuem algumas especificidades,
conforme o que se quer mostrar, ou seja, pode ser um corte total, um meio corte,
um corte parcial ou até mesmo mostrar o perfil da peça, caso ela seja uma viga U,
ou uma cantoneira, ou um perfil L. Enfim, para cada caso, há uma melhor repre-
sentação do detalhe, que pode ser representado diretamente em cima da peça,
ou às vezes, representado em outra vista.
13 Desenho Técnico
337

13.9.1 Cortes e seções

A representação em projeções de uma peça pode não ser suficiente para a ver-
dadeira interpretação do desenho técnico, uma vez que poderão existir detalhes
internos a serem identificados, cotados e especificados.
Dessa forma, é necessário que seja feito outro desenho da peça ou aproveita-
mento de uma das projeções existentes. Essa outra configuração é denominada
corte.

Corte AA

A A

Figura 57 - Cortes e seções

Uma projeção mostrada em corte facilita a leitura de detalhes internos e sim-


plifica a colocação de cotas, além de representar o material empregado na con-
fecção da peça, que é denominado hachura.
Quando se deseja apenas detalhar uma pequena parte da peça, que não pode
ser feita na mesma escala do desenho ou se quer fazer uma representação de suas
características geométricas, o corte é denominado de secção ou detalhes.
De acordo com a peça que se pretende desenhar, existe um tipo de corte. Den-
tre eles, destacam-se:
a) corte total;
b) meio corte;
c) cortes com desvio (corte composto);
d) corte parcial.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
338

13.9.2 Hachuras (NBR 12.298)

Normalmente, a hachura é traçada com inclinação de 45º em relação à base


ou ao eixo da peça. Veja como representar as hachuras referentes aos materiais
utilizados nas indústrias:

Ferro Aço Cobre, bronze,


latão, etc

Chumbo, zinco, Alumínio, magnésio, Borrachas, plásticos


ligas antifricção ligas leves e isolantes

Cortiça, ouro, feltro, Mármore, ardósia, Concreto


fibra, tecidos, etc porcelana, vidro,
material cerâmico

Alvenaria Terra Rocha longitudinal,


madeira

Areia Líquidos Transversal


madeira

Figura 58 - Tipos de hachuras

No caso de ocorrer uma necessidade especial, por exemplo, um desenho de


conjuntos, a representação dos diferentes materiais pode ser feita por meio de
hachuras e, embora não usual, a NBR 12298 contempla ainda o uso de cores.
Na representação de cortes de duas ou mais peças em um conjunto, a sua
superfície é hachurada em posições inversas. Veja o exemplo a seguir sobre incli-
nação das linhas de hachuras em cortes e seções.

Figura 59 - Representação de corte


13 Desenho Técnico
339

13.9.3 Corte Total (DIN-6)

O corte, quando representado em toda a extensão da peça, é considerado cor-


te total. O corte total é representado em três planos, conforme mostrado a seguir.
1. Corte longitudinal
O corte recebe esse nome quando é feito no sentido da maior dimensão da
peça por um plano vertical.
A direção do corte é mostrada nos desenhos por linhas de corte e as setas indi-
cam o sentido em que as peças foram observadas. A expressão corte A-B é escrita
abaixo da vista hachurada, onde as linhas tracejadas poderão ser omitidas, desde
que não dificulte a interpretação.

Indicação do plano
decorte

A A

Corte AA

Representação
do corte
Figura 60 - Corte total longitudinal

2. Corte transversal
O corte também pode ser dito transversal, quando é feito por um plano trans-
versal na região necessária ao corte, como na figura a seguir.

B
Indicação do plano
de corte
Representação do corte

Figura 61 - Corte total transversal


fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
340

3. Corte horizontal
O corte horizontal é feito por um plano horizontal na região necessária ao cor-
te, como na seguinte figura.

Figura 62 - Corte horizontal e representação

13.9.4 Meio corte

O meio corte é empregado no desenho de peças simétricas, onde somente


meia vista aparece em corte.
Lembre-se que esse tipo de corte apresenta a vantagem de indicar, em uma só
vista, a parte interna e a externa da peça.
Na projeção da peça com aplicação de meio corte, as linhas tracejadas devem
ser omitidas na parte não cortada. Em peças com eixos de simetria verticais, o
corte deve ser representado à direita da linha de simetria. Já, nas peças com eixos
de simetria horizontais, o meio corte deve ser representado abaixo da linha de
simetria.
As linhas de cota, utilizadas para dimensionar a configuração interna, devem
ultrapassar alguns milímetros do eixo de simetria e levam seta somente na extre-
midade que toca o contorno ou a linha de chamada (linha auxiliar). A cotagem de
peças cilíndricas com furos internos em meio corte deve ser executada conforme
o desenho a seguir.
13 Desenho Técnico
341

3x45º 33

7
20
4

Ø12

Ø18
Ø8

Ø11
Ø24
Ø34

Ø22
Ø18

3x45º
9 7
27

50
Figura 63 - Meio corte

13.9.5 Cortes com desvio

A direção do corte, normalmente, passa pelo eixo principal da peça, mas pode
também, quando necessário, mudar de direção para atingir detalhes situados
fora do eixo e que devam ser mostrados em corte. Nesse caso, o corte é chamado
de corte com desvio.
A peça é cortada em toda a sua extensão por mais de um plano de corte,
dependendo de sua forma particular e dos detalhes a serem mostrados. Veja o
exemplo:

Figura 64 - Corte em desvio


fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
342

13.9.6 Corte parcial

O corte parcial é representado por meio de uma vista com limites desenhados
a mão, para mostrar algum detalhe da peça, evitando, com isso, o corte total.
Neste caso, apenas uma parte da peça é “cortada”. Este corte é limitado por uma
linha de ruptura.

Figura 65 - Corte parcial 1

Figura 66 - Corte parcial 2

Aqui você finaliza mais uma etapa. Explore todas as informações disponíveis.
Lembre-se: dedicação e comprometimento são essenciais para o processo de
aprendizagem. Vamos em frente!

13.10 Desenhos de detalhes

O desenho de uma peça pode ter a sua dimensão indicada de duas formas:
13 Desenho Técnico
343

a) por cotas, onde são mostradas as dimensões das peças de acordo com as
suas medidas;
Exemplo: informações técnicas (material, acabamento superficial, etc.);

Desenho dimensionado por cotas


(solidworks2003®)

Figura 67 - Detalhamento por cotas

b) por anotações, onde essas mesmas informações são explicadas por meio
de um texto. A forma de cotagem por anotações não é muito aconselhável
por possibilita leituras equivocadas.

Desenho dimensionado por anotações


(Solidworks2003®)

Canal c/ largura de 15,0mm


30
Prof. = 8,0mm
20

Figura 68 - Detalhamento por anotações

13.10.1 Norma - NBR-5984/80

Perceba que algumas regras de desenho devem ser seguidas para que a forma
de representação do desenho seja otimizada tanto para o desenhista como para
quem vai executar ou montar as peças desenhadas.
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
344

Dessa forma, para a cotagem de um desenho são necessários quatro elemen-


tos: ‘linha de chamada ou auxiliar’, a ‘linha auxiliar’, conhecida também como ‘li-
nha de chamada’, deve ser prolongada ligeiramente além da respectiva ‘linha de
cota’. Um pequeno espaço deve ser deixado entre a ‘linha de contorno’ e ‘linha
auxiliar’.
Sugere-se ainda que as linhas auxiliares excedam no máximo 2mm da linha
de cota.
Linha de Cota - A linha de cota deve ter uma distância mínima de 8mm do
desenho e 6mm de outra linha de cota qualquer. As linhas de chamada devem
exceder no máximo 2mm da linha de cota.
Limite da Linha de Cota - A indicação do limite da linha de cota deve ter o
mesmo tamanho num mesmo desenho.
Setas - A seta é desenhada em linhas curtas formando um ângulo de 15º. A
seta pode ser aberta ou fechada preenchida (mais usual).
Valor Numérico - Os números devem ser legíveis e posicionados sempre de
forma que facilitem a sua leitura da base e/ou lado direito do desenho.
Os desenhos devem conter as cotas necessárias de forma a permitir a execu-
ção da peça sem que seja preciso recorrer à medição no desenho.

Limite da linha de cota


Linha de cota
Valor numérico
Linha de extensão
ou auxiliar
3

Figura 69 - Regras na cotagem

A fim de evitar enganos na interpretação do desenho e na apresentação de


forma confusa, a cotagem deve ser feita nos contornos visíveis.
Sem as cotas, o operador não consegue fabricar ou imaginar o tamanho da
peça. Portanto, é importante seguir as regras de aplicação de cotas para uma boa
interpretação.
13 Desenho Técnico
345

Figura 70 - Cota em contornos visíveis

A cotagem de um rebaixo, por exemplo, pode estar bem controlada quando


se faz a cotagem com base nas faces de referência.

50 50
26
20 25
Ø10

Ø10
80
80
70

20
20

40 50

Forma correta Forma incorreta


Figura 71 - Cotagem 1

Referência

Referência

Referência

Figura 72 - Cotagem 2
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
346

Enfim, o tipo de cotagem depende da fabricação, medição ou função. Um de-


senho fica bem representado, se possuir todas as cotas de espessura, largura e
alturas distribuídas em três vistas. Veja, a seguir, os oito tipos de cotagem.
a) Cotagem por elemento de referência.
b) Cotagem em série.
c) Cotagem de diâmetro.
d) Cotagem de raios, cordas e arcos.
e) Cotagem de furos equidistantes.
f) Cotagem de peças cônicas.
g) Cotagem com símbolos.
h) Cotagem de ângulos e chanfros.
E aqui você finaliza mais uma etapa de estudos. Ainda tem muita coisa interes-
sante aguardando por você. A seguir, o assunto será plantas e leiautes. Vamos lá!

13.11 Plantas e leiautes

Quando se quer analisar uma planta ou um leiaute, é necessário ter em mãos


o projeto arquitetônico, para obter as dimensões reais e desenhar a planta baixa.
Com isso, o desenhista poderá analisar a disposição das áreas: produção, escritó-
rio, banheiros, corredores, locais de risco. Enfim, por meio da planta, é possível
visualizar toda uma fábrica.
Algumas vezes, não temos o projeto arquitetônico em mãos e, para analisar
um leiaute, podemos desenhar a planta da fábrica, em escala, para que possa ser
analisado cada espaço, corredor, local em que será colocada uma máquina, por
exemplo. E juntamente com outras pessoas envolvidas, chegarmos a um arranjo
físico mais adequado à situação, em termos de movimentação interna, riscos, sa-
las, banheiros, mesas de escritório e outros.
Uma vez o leiaute definido, servirá também para a manutenção fazer a instala-
ção elétrica e a hidráulica.

13.11.1 Planta Baixa

Imagine o desenho da construção de uma casa, onde, a vista superior seja a


mais ou menos 1,5m de altura, tendo em vista as portas, janelas e outros detalhes
da construção pertinentes ao projeto elétrico. Por meio desta vista, o projetista é
capaz de mensurar os cabos, tomadas, interruptores, lâmpadas e outros.
13 Desenho Técnico
347

Figura 73 - Exemplo de planta baixa 1

Contudo o formato do papel para realização do desenho deverá ser o formato


da série A. Tendo o formato A0, o maior e o formato A4, o menor.

Figura 74 - Exemplo de planta em 3D


fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
348

Figura 75 - Exemplo de planta baixa 2

Agora você é convidado a explorar todas as informações disponíveis sobre ge-


ração de elementos geométricos, fazendo do seu aprendizado um processo de
construção do conhecimento. Vamos lá!

13.12 Geração de elementos geométricos

Existem padrões para construção de elementos geométricos, pois para cons-


truir um hexágono ou pentágono, devemos seguir certas regras. Outros elemen-
tos que não formam necessariamente uma forma geométrica, mas se interseccio-
nam com outros elementos, também são obtidos por meio de técnicas, utilizando
o compasso, como a concordância de arcos e circunferências ou divisão de uma
linha qualquer ao meio.
13 Desenho Técnico
349

13.12.1 Arcos que se interseccionarão no centro desejado

40
O

R120

Figura 76 - Intersecção de arcos

13.12.2 Divisão de uma reta em duas partes iguais

Com o centro do compasso, nas duas extremidades da reta, fazer dois arcos
de mesmo raio, maiores do que a metade da reta e traçar uma linha por meio das
interseções dos arcos.

Figura 77 - Bissetriz
fundamentos de saúde e segurança do trabalho - volume 2
350

13.12.3 Hexágono

Traçar uma circunferência AB. Com o mesmo raio e com o centro em A, traçar
arcos que interceptem a circunferência e ligar os pontos de intersecção.

115

11
5
A B

Figura 78 - Hexágono

13.12.4 Pentágono

Traçar o diâmetro AB e o raio OC que lhe é perpendicular. Secionar OB ao meio.


Com este ponto D, como centro, e raio DC, descrever o arco CE. Com o centro em
C e raio CE, traçar o arco EF. CE é um lado do pentágono. Transportar esta distân-
cia ao redor do círculo com um compasso de pontas secas.

A O B
D

Figura 79 - Pentágono

13.12.5 Inscrever uma circunferência em um quadrado

Sendo dado o quadrado ABCD, traçar diagonais AC e BD, que vão se intercep-
tar no ponto O, o centro D quadrado, que será o centro da circunferência.
13 Desenho Técnico
351

Figura 80 - Circunferência inscrita em um quadrado

Aqui você finaliza a última etapa de estudos desse capítulo. Esperamos que
tenha sido interessante e de valia para as suas atividades profissionais.

Recapitulando

Você viu, de uma forma ampla, nesse capítulo, os conceitos básicos para
elaboração de desenhos técnicos. Pôde acompanhar que cada situação
possui uma particularidade, porém as normas e regras devem ser segui-
das.
Sem um esboço ou desenho definitivo, muitas vezes não conseguimos
visualizar algo. Portanto, para elaboração de um mapa de risco, de uma
peça ou qualquer objeto, tenha sempre em mãos as informações deste
curso, objetivando tirar qualquer dúvida. O mais importante para quem
desenha é ter visão espacial, ou seja, visualizar em sua mente o objeto ou
um leiaute antes de colocá-lo no papel.
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STRAUHS, Faimara do Rocio. Curso técnico em eletrotécnica: desenho técnico, módulo 1, livro 2.
Curitiba: Base Didáticos, 2007. 112 p.
SÜSSEKIND, Arnaldo. Convenções da OIT: constituição da OIT, convenções ratificadas pelo Brasil,
principais convenções não ratificadas, anexo: Declaração universal dos direitos humanos. 2. ed. rev.
aum. São Paulo: LTR, 1998. 623 p.
TRANSITOBR. Acidentes – números. Disponível em: <http://transitobr.com.br/index2.php?id_
conteudo=9>. Acesso em: 19 set. 2011.
MINICURRÍCULO DOS AUTORES
VOLUME 1
Juliano Daniel Marcelino é especialista em Gerenciamento de Projetos e bacharel em Sistemas
de Informação. Atuou como gerente de projetos de implantação de sistemas de informação para
cadeia de suprimentos, sistemas de gerenciamento corporativo, sincronização e integração de
sistemas colaborativos, além de prestar consultoria empresarial com experiência em nível inter-
nacional, em gerenciamento de projetos, análise, mapeamento e gerenciamento de processos e
planejamento estratégico. Ainda no segmento corporativo, teve a oportunidade de realizar inú-
meras apresentações, palestras e cursos sobre gerenciamento de projetos, gestão e riscos, plane-
jamento de auditoria, gestão de alta performance, gestão do conhecimento e desenvolvimento
de equipes de alta performance. Na área acadêmica, atualmente, é professor da academia Cisco
no SENAI/SC em Jaraguá do Sul e conta com experiência nos segmentos de Pós-graduação, Gra-
duação, Técnico e Profissionalizante, além de coordenação e orientação de Trabalhos Acadêmicos
em instituições da região.

Leonardo Sobreira teve sua formação técnica na área de segurança do trabalho, no ano de 2000,
na unidade do SENAI, em Itajaí. Atuou em empresas como o SESI de Itajaí e Blumenau, na Rigesa
Papel e Celulose de Blumenau e, atualmente, exerce suas atividades como Gestor Técnico de Se-
gurança na empresa Klabin S.A. Atua, ainda, como docente nos cursos técnicos de segurança do
trabalho e construção naval na unidade do SENAI de Itajaí. Possui graduação na área de Adminis-
tração e Pós-Graduação em Gestão Organizacional pela Univali.

Osny Edson Pereira é administrador de empresas, Especialista em Formação Sócio Econômica


do Brasil, vários cursos em Segurança no Trabalho, consultor de empresas nas áreas de Logística,
Trânsito e Segurança no Trabalho, trabalhando atualmente no SENAI – Jaraguá do Sul. É profes-
sor de Segurança no Trabalho, no curso Superior de Vestuário, ministrante dos cursos na área de
trânsito, NR-10 e NR 33, equipamentos portuários de grande porte, NR – 29, em várias entidades
e portos de Santa Catarina, também é orientador de TCCs.

Ricardo Rodrigues Misumoto é formado em Segurança do trabalho, tendo atuado como profissio-
nal de segurança nos últimos 12 anos em diversos segmentos da indústria. Ainda no segmento
corporativo, teve a oportunidade de realizar inúmeras apresentações, palestras e cursos voltados
ao segmento de Saúde e Segurança, Meio Ambiente e Gestão de Pessoas. Na área acadêmica,
atualmente é professor das disciplinas de Saúde e Segurança do Trabalho, Ética Cidadania e Meio
Ambiente, Organização e Preparação para o Trabalho, Gestão Ambientas e Gestão da Qualidade.
VOLUME 2
Leonardo Sobreira teve sua formação técnica na área de segurança do trabalho, no ano de 2000,
na unidade do SENAI, em Itajaí. Atuou em empresas como o SESI de Itajaí e Blumenau, na Rigesa
Papel e Celulose de Blumenau e, atualmente, exerce suas atividades como Gestor Técnico de Se-
gurança na empresa Klabin S.A. Atua, ainda, como docente nos cursos técnicos de segurança do
trabalho e construção naval na unidade do SENAI de Itajaí. Possui graduação na área de Adminis-
tração e Pós-Graduação em Gestão Organizacional pela Univali.

Morgana Machado Tezza é graduada em Ciências da Computação (UNISUL), Administração com


habilitação em marketing (UNERJ) e Licenciatura plena (UNISUL). Pós-graduada em Gerencia-
mento de Marketing (INPG). Cursando, atualmente, mestrado em Administração com ênfase em
educação a distância (UNIVALI). Atuou como docente nos cursos superiores de tecnologia, téc-
nicos e aprendizagem industrial no SENAI. Atualmente, coordena a área de educação a distância
da instituição.

Osny Edson Pereira é administrador de empresas, Especialista em Formação Sócio Econômica


do Brasil, vários cursos em Segurança no Trabalho, consultor de empresas nas áreas de Logística,
Trânsito e Segurança no Trabalho, trabalhando atualmente no SENAI – Jaraguá do Sul. É profes-
sor de Segurança no Trabalho, no curso Superior de Vestuário, ministrante dos cursos na área de
trânsito, NR-10 e NR 33, equipamentos portuários de grande porte, NR – 29, em várias entidades
e portos de Santa Catarina, também é orientador de TCCs.

Reginaldo Motta é graduado em Administração de Empresas pela UNERJ Jaraguá do Sul e Pós-
-graduado em Engenharia de Produção pela Fundação Uni­versitária de Blumenau (FURB). É gra-
duando em Tecnólogo em Fabricação Mecânica pelo IFSC Jaraguá do Sul. Possui formação téc-
nica em Mecânica, Desenhos e Projetos pela Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de
Santa Catarina (SATC). Atua na área de metal mecânica, em engenharia de processos, desenvolvi-
mento de produtos, projetos mecânicos, metrologia, melhoria contínua, controle da qualidade e
controle estatístico de processo (CEP).

Ronaldo Scoz Duarte é graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade do Estado de San-
ta Catarina (UDESC) e pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Trabalha na área de treinamentos em segurança, com
ênfase nas normas regulamentadoras NR-10, Básico e Complementar, e em NR-33 para Vigias e
Trabalhadores. É professor de Segurança em Procedimentos de Manutenção do Curso de Pós-
-Graduação em Engenharia de Manutenção Industrial pela Faculdade de Tecnologia SENAI e tam-
bém ministra aulas de Eletrônica Industrial do Curso Superior de Tecnologia em Mecatrônica, pela
Faculdade de Tecnologia SENAI.
Índice

VOLUME 1

A
Advento 18
Ano civil 64
Antracose 46, 47

B
Baixa tensão 129, 131

C
Check-list 36

D
Deflagradas 18
Doenças ocupacionais 21, 27, 47, 48, 74, 80

E
Eficácia 110
Eficiência 18, 83, 110, 111
Emissão 18, 19, 48, 65, 90, 92, 96
Etário 70
Evacuação 20

I
Imperícia 48, 51, 52, 70, 105
Imprudência 48, 50, 51, 52, 70, 123
In loco 48
Inventário 38

N
Negligência 48, 51, 52, 70, 88, 105, 123
Nexo 64, 88

P
Parâmetros 20, 22
Patologias 26, 61, 127
Permear 22, 23
Prevencionista 13, 26, 27, 48, 70, 76, 107
Probabilidade 20, 38, 39, 71, 80

S
Salvaguarda 124, 127
Segurado especial 68, 90, 91, 93

VOLUME 2

B
Baixa Tensão 242, 243, 288, 298, 299, 353, 356

E
Extrabaixa Tensão 288, 298, 299

I
Instalação elétrica 244, 255, 260, 269, 270, 346

R
Receita agronômica 184

T
Travamento 225, 246, 252, 263, 286, 287, 294
SENAI - DN
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI - Departamento Regional de Santa Catarina

Simone Moraes Raszl


Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Caroline Batista Nunes Silva


Morgana Machado Tezza
Coordenação do Projeto

Juliano Daniel Marcelino


Leonardo Sobreira
Osny Edson Pereira
Ricardo Rodrigues Misumoto
Elaboração Volume 1

Leonardo Sobreira
Morgana Machado Tezza
Osny Edson Pereira
Reginaldo Motta
Ronaldo Scoz Duarte
Elaboração Volume 2

Guilherme Augusto Girardi


Revisão Técnica

Beth Schirmer
Coordenação do Núcleo de Desenvolvimento

Gisele Umbelino
Coordenação de Desenvolvimento de Recursos Didáticos
Daiana Silva
Design Educacional Volume 1

Michele Antunes Corrêa


Design Educacional Volume 2

D’imitre Camargo Martins


Diego Fernandes
Julia Farias
Luiz Eduardo Meneghel
Waleska Knecht Rusche
Ilustrações e Tratamento de Imagens

Carlos Filip Lehmkuhl Loccioni


Priscila da Costa
Diagramação

Juliana Vieira de Lima


Revisão e Fechamento de Arquivos

Patrícia Correa Ciciliano - CRB-14/752


Bibliotecária - Ficha Catalográfica

DNA Tecnologia Ltda.


Sidiane Kayser dos Santos Schwinzer
Revisão Ortográfica e Gramatical

DNA Tecnologia Ltda.


Sidiane Kayser dos Santos Schwinzer
Normalização

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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