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Código de Ética Médica Comentado À Luz Da Responsabilidade Civil
Código de Ética Médica Comentado À Luz Da Responsabilidade Civil
NOVO
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
1ª Edição - 2010
Conclusão.............................................................................................47
Antonio Ferreira Couto Filho Alex Pereira Souza
RESOLUÇÃO CFM Nº 1931/2009 CONSIDERANDO o decidido pelo Conselho Pleno Nacional reunido em 29
(Publicada no D.O.U. de 24 de setembro de 2009, Seção I, p. 90) de agosto de 2009;
CONSIDERANDO, finalmente, o decidido em sessão plenária de 17 de
Aprova o Código de Ética Médica. setembro de 2009.
RESOLVE:
O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições Art. 1º Aprovar o Código de Ética Médica, anexo a esta Resolução, após sua
conferidas pela Lei n.º 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada revisão e atualização.
pelo Decreto n.º 44.045, de 19 de julho de 1958, modificado pelo Decreto
n.º 6.821, de 14 de abril de 2009 e pela Lei n.º 11.000, de 15 de dezembro Art. 2º O Conselho Federal de Medicina, sempre que necessário, expedirá
de 2004, e, consubstanciado nas Leis n.º 6.828, de 29 de outubro de 1980 Resoluções que complementem este Código de Ética Médica e facilitem sua
e Lei n.º 9.784, de 29 de janeiro de 1999; e aplicação.
CONSIDERANDO que os Conselhos de Medicina são ao mesmo tempo Art. 3º O Código anexo a esta Resolução entra em vigor cento e oitenta dias
julgadores e disciplinadores da classe médica, cabendo-lhes zelar e após a data de sua publicação e, a partir daí, revoga-se o Código de Ética
trabalhar, por todos os meios ao seu alcance, pelo perfeito desempenho Médica aprovado pela Resolução CFM n.º 1.246, publicada no Diário Oficial
ético da Medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a da União, no dia 26 de janeiro de 1988, Seção I, páginas 1574-1579, bem
exerçam legalmente; como as demais disposições em contrário.
CONSIDERANDO que as normas do Código de Ética Médica devem Brasília, 17 de setembro de 2009
submeter-se aos dispositivos constitucionais vigentes; EDSON DE OLIVEIRA ANDRADE
LÍVIA BARROS GARÇÃO
CONSIDERANDO a busca de melhor relacionamento com o paciente e a PresidenteSecretária-Geral
garantia de maior autonomia à sua vontade;
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Capítulo V:
Relação com Pacientes e
Familiares.................................................................................... Pág. 17
Capítulo VI:
Doação e Transplante de Órgãos e
Tecidos........................................................................................ Pág. 20
Capítulo VII:
Relação entre
Médicos....................................................................................... Pág. 20
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Preâmbulo Capítulo I
Princípios Fundamentais
I - O presente Código de Ética Médica contém as normas que devem ser -A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da
seguidas pelos médicos no exercício de sua profissão, inclusive no coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza.
exercício de atividades relativas ao ensino, à pesquisa e à administração
de serviços de saúde, bem como no exercício de quaisquer outras II - O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em
atividades em que se utilize o conhecimento advindo do estudo da benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua
Medicina. capacidade profissional.
II - As organizações de prestação de serviços médicos estão sujeitas às III - Para exercer a Medicina com honra e dignidade, o médico necessita
normas deste Código. ter boas condições de trabalho e ser remunerado de forma justa.
III - Para o exercício da Medicina impõe-se a inscrição no Conselho IV - Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da
Regional do respectivo Estado, Território ou Distrito Federal. Medicina, bem como pelo prestígio e bom conceito da profissão.
IV - A fim de garantir o acatamento e a cabal execução deste Código o V - Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e
médico comunicará ao Conselho Regional de Medicina, com discrição e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente.
fundamento, fatos de que tenha conhecimento e que caracterizem
possível infração do presente Código e das demais Normas que regulam VI - O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará
o exercício da Medicina. sempre em seu benefício Jamais utilizará seus conhecimentos para
causar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano, ou
V - A fiscalização do cumprimento das normas estabelecidas neste para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade.
Código é atribuição dos Conselhos de VII - O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo
Medicina, das Comissões de Ética, das autoridades da área de Saúde e obrigado a prestar serviços que contrariem os ditames de sua
dos médicos em geral. consciência ou a quem não deseje, excetuadas as situações de ausência
de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou quando sua
VI – Este Código de Ética Médica é composto de 25 princípios recusa possa trazer danos à saúde do paciente.
fundamentais do exercício da Medicina, 10normas diceológicas, 118
normas deontológicas e cinco disposições gerais. A transgressão das VIII - O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum
normas deontológicas sujeitará os infratores às penas disciplinares pretexto, renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer
previstas em lei. restrições ou imposições que possam prejudicar a eficácia e correção de
seu trabalho.
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X - O trabalho do médico não pode ser explorado por terceiros com postulados éticos.
objetivos de lucro, finalidade política ou religiosa.
XIX – O médico se responsabilizará, em caráter pessoal e nunca presumido,
XI - O médico guardará sigilo a respeito das informações de que detenha pelos seus atos profissionais, resultantes de relação particular de confiança
conhecimento no desempenho de suas funções, com exceção dos casos e executados com diligência, competência e prudência.
previstos em lei.
XX - A natureza personalíssima da atuação profissional do médico não
XII - O médico empenhar-se-á pela melhor adequação do trabalho ao ser caracteriza relação de consumo.
humano, pela eliminação e controle dos riscos à saúde inerentes às
atividades laborais. XXI – No processo de tomada de decisões profissionais, de acordo com
seus ditames de consciência e as previsões legais, o médico aceitará as
XIII - O médico comunicará às autoridades competentes quaisquer escolhas de seus pacientes, relativas aos procedimentos diagnósticos e
formas de deterioração do ecossistema, prejudiciais à saúde e à vida. terapêuticos por eles expressos, desde que adequados ao caso e
cientificamente reconhecidas.
XIV - O médico empenhar-se-á em melhorar os padrões dos serviços
médicos e em assumir sua responsabilidade em relação à saúde pública, XXII – Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a
à educação sanitária e à legislação referente à saúde. realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e
propiciará aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados paliativos
XV - O médico será solidário com os movimentos de defesa da dignidade apropriados.
profissional, seja por remuneração digna e justa, seja por condições de
trabalho compatíveis com o exercício ético-profissional da Medicina e seu XXIII – Quando envolvido na produção de conhecimento cientifico, o médico
aprimoramento técnico-científico. agirá com isenção e independência, visando ao maior beneficio para os
pacientes e a sociedade.
XVI - Nenhuma disposição estatutária ou regimental de hospital ou de
instituição pública ou privada, limitará a escolha, pelo médico, dos meios XXIV – Sempre que participar de pesquisas envolvendo seres humanos ou
cientificamente reconhecidos a serem praticados para o estabelecimento qualquer animal, o médico respeitará as normas éticas nacionais, bem
do diagnóstico e da execução do tratamento, salvo quando em benefício como protegerá a vulnerabilidade dos sujeitos da pesquisa.
do paciente.
XXV – Na aplicação dos conhecimentos criados pelas tecnologias,
XVII – As relações do médico com os demais profissionais devem basear- considerando-se suas repercussões tanto nas gerações presentes quanto
se no respeito mútuo, na liberdade e na independência de cada um, nas futuras, o médico zelará para que as pessoas não sejam discriminadas
buscando sempre o interesse e o bem-estar do paciente. por nenhuma razão vinculada a herança genética, protegendo-as em sua
dignidade, identidade e integridade.
XVIII - O médico terá, para com os colegas, respeito, consideração e
solidariedade, sem se eximir de denunciar atos que contrariem os
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- Exercer a Medicina sem ser discriminado por questões de religião, VIII – Decidir, em qualquer circunstância, levando em consideração sua
etnia, sexo, nacionalidade, cor ,orientação sexual, idade, condição social, experiência e capacidade profissional, o tempo a ser dedicado ao
opinião política, ou de qualquer outra natureza. paciente, evitando que o acúmulo de encargos ou de consultas venha a
prejudicá-lo.
II - Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas
cientificamente reconhecidas e respeitada a legislação vigente..
IX - Recusar-se a realizar atos médicos que, embora permitidos por lei,
III - Apontar falhas em normas, contratos e práticas internas das sejam contrários aos ditames de sua consciência.
instituições em que trabalhe quando as julgar indignas do exercício da
profissão ou prejudiciais a si mesmo, ao paciente ou a terceiros, devendo X – Estabelecer seus horários de forma justa e digna.
dirigir-se, nesses casos, aos órgãos competentes e, obrigatoriamente, à
Comissão de Ética e ao Conselho Regional de Medicina de sua
jurisdição.
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Parágrafo único: A responsabilidade médica é sempre pessoal e não Art. 10 - Acumpliciar-se com os que exercem ilegalmente a Medicina, ou
pode ser presumida. com profissionais ou instituições médicas que pratiquem atos ilícitos.
Art. 7º - Deixar de atender em setores de urgência e emergência, quando Art. 15 - Descumprir legislação específica nos casos de transplantes de
for de sua obrigação fazê-lo, expondo a risco a vida de pacientes, mesmo órgãos ou tecidos, esterilização, fecundação artificial e abortamento,
respaldado por decisão majoritária da categoria. manipulação ou terapia genética.
Art. 8º - Afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo § 1º No caso de procriação medicamente assistida, a fertilização não deve
temporariamente, sem deixar outro médico encarregado do atendimento conduzir sistematicamente à ocorrência de embriões supranumerários.
de seus pacientes em estado grave.
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§ 2º O médico não deve realizar a procriação medicamente assistida com paciente ou da sociedade.
nenhum dos seguintes objetivos:
Art. 21 - Deixar de colaborar com as autoridades sanitárias ou infringir a
I – criar seres humanos geneticamente modificados; legislação pertinente.
§ 3º Praticar procedimento de procriação medicamente assistida sem que Art. 22 – Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu
os participantes estejam de inteiro acordo e devidamente esclarecidos representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado,
sobre o mesmo. salvo em caso de risco iminente de morte.
Art. 17 - Deixar de cumprir, salvo por justo motivo, as normas emanadas Art. 24 – Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir
dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina e de atender às suas livremente
requisições administrativas, intimações ou notificações, no prazo sobre a sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade
determinado. para limitá-lo .
Art. 18 – Desobedecer aos acórdãos e às resoluções dos Conselhos Art. 25 – Deixar de denunciar prática de tortura ou de procedimentos
Federal e Regionais de Medicina ou desrespeitá-los. degradantes, desumanos ou cruéis, praticá-las, bem como ser conivente
com quem as realize ou fornecer meios, instrumentos, substâncias ou
Art. 19 – Deixar de assegurar, quando investido de cargo ou função de conhecimentos que as facilitem.
direção, os direitos médicos e as demais condições adequadas para o
desempenho ético-profissional da Medicina. Art. 26 - Deixar de respeitar a vontade de qualquer pessoa, considerada
capaz física e mentalmente, em greve de fome, ou alimentá-la
Art. 20 – Permitir que interesses pecuniários, políticos, religiosos ou de compulsoriamente, devendo cientificá-la das prováveis complicações do
quaisquer outras ordens, do seu empregador ou superior hierárquico ou jejum prolongado e, na hipótese de risco iminente de morte, tratá-la.
do financiador público ou privado da assistência à saúde interfiram na
escolha dos melhores meios de prevenção, diagnóstico ou tratamento Art. 27 - Desrespeitar a integridade física e mental do paciente ou utilizar-se
disponíveis e cientificamente reconhecidos no interesse da saúde do de meio que possa alterar a personalidade ou sua consciência em
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investigação policial ou de qualquer outra natureza. riscos e objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa
provocar-lhe dano, devendo, nesse caso, a comunicação a seu responsável
Art. 28 - Desrespeitar o interesse e a integridade de paciente, em legal.
qualquer instituição na qual o mesmo esteja recolhido
independentemente da própria vontade. Art. 35 - Exagerar a gravidade do diagnóstico ou prognóstico, complicar a
Parágrafo Único: Caso ocorram quaisquer atos lesivos à personalidade e terapêutica, ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer
à saúde física ou psíquica dos pacientes confiados ao médico, este outros procedimentos médicos.
estará obrigado a denunciar o fato à autoridade competente e ao
Conselho Regional de Medicina. Art. 36 - Abandonar paciente sob seus cuidados.
Art. 29 – Participar, direta ou indiretamente, da execução de pena de § 1° - Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom
morte. relacionamento com o paciente ou o pleno desempenho profissional, o
médico tem o direito de renunciar ao atendimento, desde que comunique
Art. 30 - Usar da profissão para corromper os costumes, cometer ou previamente ao paciente ou seu representante legal, assegurando-se da
favorecer crime. continuidade dos cuidados e fornecendo
todas as informações necessárias ao médico que lhe suceder.
Art. 31 - Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal Art. 37 - Prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto
de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou do paciente, salvo em casos de urgência ou emergência e impossibilidade
terapêuticas, salvo em caso de iminente riso de morte. comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente
após cessar o impedimento.
Art. 32 - Deixar de usar todos os meios disponíveis de diagnóstico e
tratamento, cientificamente reconhecidos e a seu alcance em favor do Parágrafo único: O atendimento médico a distância, nos moldes da
paciente. telemedicina ou outro método, dar-se-á sob regulamentação do Conselho
Federal de Medicina.
Art. 33 - Deixar de atender paciente que procure seus cuidados
profissionais em casos de urgência ou emergência, quando não haja Art. 38 - Desrespeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados
outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo. profissionais.
Art. 34 - Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os Art. 39 - Opor-se à realização de junta médica ou segunda opinião solicitada
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Parágrafo único: Nos casos de doença incurável e terminal, deve o Art. 44 – Deixar de esclarecer o doador, o receptor ou seus representantes
médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem legais sobre os riscos decorrentes de exames , intervenções cirúrgicas e
empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, outros procedimentos nos casos de transplantes de órgãos.
levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na
sua impossibilidade, a de seu representante legal. Art. 45 - Retirar órgão de doador vivo, quando este for juridicamente
incapaz, mesmo se houver autorização de seu representante legal, exceto
Art. 42 - Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre o nos casos permitidos e regulamentados em lei.
método contraceptivo, devendo sempre esclarecê-lo sobre a indicação,
segurança, reversibilidade e risco de cada método. Art. 46 - Participar direta ou indiretamente da comercialização de órgãos ou
de tecidos humanos.
Capítulo VII
Relações Entre Médicos
É vedado ao médico:
Art. 47 - Usar de sua posição hierárquica para impedir, por motivo de crença
religiosa, convicção filosófica, política, interesse econômico ou qualquer
outro, que não técnico-científico ou ético, que as instalações e os demais
recursos da instituição sob sua direção, sejam utilizados por outros
médicos no exercício da profissão, particularmente se forem os únicos
existentes no local.
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Art. 54 - Deixar de fornecer a outro médico informações sobre o quadro Art. 62 – Subordinar os honorários ao resultado do tratamento ou à cura do
clínico de paciente, desde que autorizado por este ou por seu paciente.
representante legal.
Art. 63 - Explorar o trabalho de outro médico, isoladamente ou em equipe, na
Art. 55 - Deixar de informar ao substituto o quadro clínico dos pacientes condição de proprietário, sócio, dirigente ou gestor de empresas ou
sob sua responsabilidade ao ser substituído ao fim do seu turno de instituições
trabalho. prestadoras de serviços médicos.
Art. 56 - Utilizar-se de sua posição hierárquica para impedir que seus Art. 64 - Agenciar, aliciar ou desviar, por qualquer meio, para clínica
subordinados atuem dentro dos particular ou instituições de qualquer natureza, paciente atendido pelo
princípios éticos. sistema público de saúde ou dele utilizar-se para execução de
procedimentos médicos em sua clínica privada, como forma de obter
Art. 57 – Deixar de denunciar atos que contrariem os postulados éticos à vantagens pessoais.
comissão de ética da instituição em que exerce seu trabalho profissional
e, se necessário, ao Conselho Regional de Medicina. Art. 65 - Cobrar honorários de paciente assistido em instituição que se
destina à prestação de serviços públicos; ou receber remuneração de
paciente como complemento de salário ou de honorários.
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Art. 78 - Deixar de orientar seus auxiliares e alunos a respeitar o sigilo Art. 87 - Deixar de elaborar prontuário legível para cada paciente.
profissional e zelar para que seja por eles mantido.
§ 1º O prontuário deve conter os dados clínicos necessários para a boa
Art. 79 - Deixar de guardar o sigilo profissional na cobrança de condução do caso, sendo preenchido, em cada avaliação, em ordem
honorários por meio judicial ou extrajudicial. cronológica com data, hora, assinatura e número de registro do médico
no Conselho Regional de Medicina.
É vedado ao médico: Art. 88 - Negar, ao paciente, acesso ao seu prontuário, deixar de lhe
oferecer cópia quando solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações
Art. 80 - Expedir documento médico sem ter praticado ato profissional necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao
que o justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade. próprio paciente ou a terceiros.
Art. 81 - Atestar como forma de obter vantagens. Art. 89 – Liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando
autorizado, por escrito, pelo paciente, para atender ordem judicial ou para
Art. 82 - Usar formulários de instituições públicas para prescrever ou sua própria defesa.
atestar fatos verificados na clínica privada.
§ 1º Quando requisitado judicialmente o prontuário será disponibilizado
Art. 83 - Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente, ou ao perito médico nomeado pelo juiz.
quando não tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no último
caso, se o fizer como plantonista, médico substituto, ou em caso de § 2º Quando o prontuário for apresentado em sua própria defesa, o
necropsia e verificação médico-legal. médico deverá solicitar que seja observado o sigilo profissional.
Art. 84 - Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando Art. 90 – Deixar de fornecer cópia do prontuário médico de seu paciente
assistência, exceto quando houver indícios de morte violenta. quando requisitado pelos Conselhos Regionais de Medicina.
Art. 85 – Permitir o manuseio e o conhecimento dos prontuários por Art. 91 – Deixar de atestar atos executados no exercício profissional,
pessoas não obrigadas ao sigilo profissional quando sob sua quando solicitado pelo paciente ou por seu representante legal.
responsabilidade.
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Art. 98- Deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para Art. 103 – Realizar pesquisa em uma comunidade sem antes informá-la e
servir como perito ou como auditor, bem como ultrapassar os limites de esclarecê-la sobre a natureza da investigação e deixar de atender ao
suas atribuições e de sua competência. objetivo de proteção à saúde pública, respeitadas as características locais
e a legislação pertinente.
Parágrafo único: O médico tem direito a justa remuneração pela
realização do exame pericial. Art. 104 – Deixar de manter independência profissional e científica em
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Art. 105 - Realizar pesquisa médica em sujeitos que sejam direta ou É vedado ao médico:
indiretamente dependentes ou subordinados ao pesquisador.
Art. 111 - Permitir que sua participação na divulgação de assuntos médicos,
Art. 106 - Manter vínculo de qualquer natureza com pesquisas médicas, em qualquer meio de comunicação de massa, deixe de ter caráter
envolvendo seres humanos, que usem placebo em seus experimentos, exclusivamente de esclarecimento e educação da sociedade.
quando houver tratamento eficaz e efetivo para a doença pesquisada.
Art. 112 - Divulgar informação sobre o assunto médico de forma
Art. 107 – Publicar em seu nome trabalho científico do qual não tenha sensacionalista, promocional, ou de conteúdo inverídico.
participado; atribuir-se autoria exclusiva de trabalho realizado porseus
subordinados ou outros profissionais, mesmo quando executados sob Art. 113 - Divulgar, fora do meio científico, processo de tratamento ou
sua orientação, bem como omitir do artigo científico o nome de quem dele descoberta cujo valor ainda não esteja expressamente reconhecido por
tenha participado. órgão competente.
Art. 108 – Utilizar dados, informações ou opiniões ainda não publicados, Art. 114 – Consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de
sem referência ao seu autor ou sem sua autorização por escrito. comunicação de massa.
Art. 109 – Deixar de zelar, quando docente ou autor de publicações Art. 115 - Anunciar títulos científicos que não possa comprovar e
científicas, pela veracidade, clareza e imparcialidade das informações especialidade ou área de atuação para a qual não esteja qualificado e
apresentadas bem como deixar de declarar relações com a indústria de registrado no Conselho Regional de Medicina.
medicamentos, órteses, próteses, equipamentos, implantes de qualquer
natureza e outras que possam configurar conflitos de interesses, ainda Art. 116 - Participar de anúncios de empresas comerciais qualquer que seja
que em potencial. sua natureza, valendo-se de sua profissão.
Art. 110 – Praticar a Medicina, no exercício da docência, sem o Art. 117 – Apresentar como originais quaisquer idéias, descobertas ou
consentimento do paciente ou de seu representante legal, sem zelar por ilustrações que na realidade não o sejam.
sua dignidade e privacidade ou discriminando aqueles que negarem o
consentimento solicitado. Art. 138 – Deixar de incluir, em anúncios profissionais de qualquer ordem, o
seu número de inscrição no Conselho Regional de Medicina, do diretor
técnico.
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-O médico portador de doença incapacitante para o exercício Bem, eis o novo Código de Ética Médica. Importante
profissional, apurada pelo Conselho Regional de Medicina em frisar, que não temos a pretensão de esgotar o assunto, tampouco imprimir
procedimento administrativo com perícia médica, terá seu registro nossos comentários como verdade absoluta, valendo dizer que nos
suspenso enquanto perdurar sua incapacidade. ateremos aos pontos que consideramos mais relevantes –
preferencialmente que não possuíam dispositivo correspondente no Código
II - Os médicos que cometerem faltas graves previstas neste Código e anterior – e não comentaremos, portanto, tudo o que foi modificado.
cuja continuidade do exercício profissional constitua risco de danos
irreparáveis ao paciente ou à sociedade poderão ter o exercício Aliás, nessa esteira, vale mesmo dizer que o presente
profissional suspenso mediante procedimento administrativo específico. estudo visa, antes de tudo, proporcionar ao leitor nossa visão sobre as
mudanças, sendo certo que procuraremos apontar as questões que
III – O Conselho Federal de Medicina, ouvidos os Conselhos Regionais entendemos poderão repercutir além da seara administrativa – ou ética –
de Medicina e a categoria médica, promoverá a revisão e a atualização do adentrando na atmosfera jurídica em seu sentido mais amplo, isto é, perante
presente Código, quando necessárias. o Judiciário.
IV - As omissões deste Código serão sanadas pelo Conselho Federal de Dito isso, passaremos agora a ressaltar os dispositivos
Medicina. que já se encontram acima transcritos na ordem do Código e, em seguida,
tecer nossos comentários.
VEJAMOS:
INCISO XX
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isto é, não se consubstancia em relação de consumo. Sobre essa matéria tais situações, por outro lado, porém, há a família e o próprio doente (quando
reportamos o leitor para nossas obras, quais sejam: Instituições de Direito em gozo de suas faculdades mentais e/ou consciente) a continuar, na
Médico e Responsabilidade Civil Médica e Hospitalar, ambas da editora maioria das vezes, acreditando na cura e, por via de consequência,
Lumen Juris. requerendo todos os tratamentos possíveis e disponíveis.
Se por um lado não podemos dizer que com esse Outro dispositivo corajoso que, a exemplo do inciso XX
texto a relação médico-paciente passará, automaticamente, a não ser de dos Princípios Fundamentais, já visto linhas atrás, vai de encontro com o
consumo, por outro é certo que já existe, a partir de agora, um dispositivo que está estabelecido pela doutrina e jurisprudência. Explicaremos:
legal a ser empregado e sustentado, nos tribunais e fora dele, acerca primeiro, ao se falar em responsabilidade pessoal, o que nos parece mais do
desse pensamento. Há muito a se percorrer, especialmente pelo fato da que razoável – para não dizer óbvio – é preciso que se tenha em mente que à
hierarquização das leis e também da jurisprudência sedimentada. luz do judiciário e da doutrina jurídica, existe a figura da responsabilidade
Todavia, a doutrina jurídica tem e deverá exercer esse papel fortemente, solidária e, mais importante, da chamada culpa in eligendo e culpa in
mais do que nunca. vigilando. Trocando em miúdos, é perfeitamente possível que um
profissional médico responda – num caso concreto - ainda que o ato (em
INCISO XXI senso estrito) tenha sido pratico por outro profissional. É o caso do cirurgião
que é visto como o chefe da equipe.
Apenas por uma questão didática, inserimos nesse
momento o referido inciso, sendo certo que dele nos incumbiremos mais Outra questão – e nesse passo não sabemos se o
adiante em conjunto com os outros dispositivos acerca do tema: dever de legislador do Código de Ética na verdade não quis falar em culpa – é o fato
informação. Sendo que o leitor para lá deve se reportar. de que à luz do Código do Consumidor e, especialmente, em razão da
denominada inversão do ônus da prova a favor do consumidor (paciente), a
INCISO XXII culpa do prestador de serviço (médico) é presumida, ou assim poderá ser
encarada na medida em que seja deferida, no processo judicial, a aludida
Aqui, sem a pretensão de adentrarmos inversão probante, devendo esse fazer a prova em contrário do que está
profundamente no tema da bioética e do biodireito, não podemos deixar sendo alegado. Vejamos o que dispõe o Código de Defesa do Consumidor
de destacar que esse dispositivo enfrenta uma situação no mínimo (Lei nº 8.078/90).
dicotômica, pois se por um prisma procura preservar o melhor para o
paciente terminal sem que sejam realizados procedimentos Artigo 6º. São direitos básicos do consumidor:
desnecessários, passando por uma análise financeira como manto de (...)
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VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do Que a informação é fundamental não há dúvidas,
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for tampouco o seu dever por parte do médico. Acontece que não basta
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as informar, é preciso provar que informou. Acreditamos que o emprego nesse
regras ordinárias de experiências. novo dispositivo do termo “Deixar de obter..” quer trazer, sutilmente, a
mensagem de que é importante obtê-lo materialmente, isto é, por escrito,
Se a mens legis foi no sentido de responsabilidade não valendo muito esse consentimento verbal. Não vale aliás, o argumento
mesmo, formamos fileira que a responsabilidade do médico é pessoal de que se o paciente se submeteu ao procedimento é porque consentiu, pois
sim, não podendo ser presumida jamais, porém fazemos as ressalvas a questão da informação se torna relevante não em relação do tratamento
acima, tendo em vista que há muitas filigranas jurídicas que, caso a caso, propriamente dito, mas no que concerne a complicações e riscos quando
aparecem e precisam ser enfrentadas. acontecem.
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médica por não ter ficado provado que houve a informação sobre Embargos Infringentes nº 70016099418 – 3º Grupo de Câmaras Cíveis –
determinado risco e/ou sequela. TJRS
A título exemplificativo, reproduzimos abaixo, “Embargos Infringentes. Responsabilidade Civil. Laqueadura de Trompas.
literalmente, alguns trechos de decisões proferidas em processos que Dever de informação do médico quanto às chances de gravidez, não
tramitaram na justiça, ou ainda tramitam, acerca do dever de informação. obstante a realização do procedimento cirúrgico. Receita de remédio
abortivo. Não há que se falar em responsabilização da médica que realizou
Recurso de Apelação nº 2005.001.44742 – 2ª Câmara Cível – a cirurgia na autora, em razão desta, mesmo após o procedimento cirúrgico,
TJRJ ter engravidado, com posterior aborto, porquanto demonstrado que a ré
informou à demandante sobre a possibilidade de o fato ocorrer (...).”
“Reconhecida a obrigação como de resultado, impunha-se ao recorrido o
dever de informar, adequadamente, a apelante acerca das Apelação Cível nº 0031035-29.2007.8.19.0001 – 20ª Câmara Cível –
consequências da cirurgia, visto que o resultado não foi o esperado.” TJRJ
“(...) atividade que está, porém, submetida aos demais preceitos do Apenas para reforçar o raciocínio, sugerimos a leitura
Código de Defesa do Consumidor. Dever de informar de modo suficiente mais atenta dos artigos 13; 42; 44 e 101 desse Código que, igualmente,
e claro sobre a possibilidade do reaparecimento do sinal. Apelante que falam do dever de informação do médico, sendo que o último (101) ainda
negligentemente não determinou a realização do exame histopatológico menciona a designação “termo de consentimento livre e esclarecido”, sem
(...).” prejuízo de quaisquer outros que a esse dever, ainda que sutilmente, façam
alusão.
Recurso de Apelação Cível nº 70016614604 – 10ª Câmara Cível –
TJRS Para finalizar esse comentário, talvez o mais longo
desse trabalho em razão de sua importância, vale dizer que esses
“(...) Prova técnica que atesta a adequação das cirurgias realizadas com o dispositivos, com essas redações novas, somados aos preceitos – ainda
intuito de baixar a pressão intra-ocular no olho direito do demandante, prevalecentes – do Código do Consumidor, se consubstanciam em grande
que já apresentava baixa visual antes do procedimento. Negligência, fundamentação jurídica para os tribunais se posicionarem mais e mais no
imprudência e imperícia médica não evidenciada, no caso. Tese de que sentido de exigir a prova de que, em última análise, o médico deu a chance
os demandados não cumpriram com o seu dever de informação (...).” (através da informação adequada) para o paciente decidir realizar ou não
determinado procedimento.
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RELAÇÃO COM PACIENTES (CAPITULO V) atitudes, com vistas a valer-se do consentimento informado expresso.
O avanço é sentido e no caminho do cada vez maior Na redação anterior (artigo 62 do Código antigo) não
respeito ao paciente. Notória a maior autonomia do paciente à luz do novo havia o termo “emergência” apenas urgência e, quanto ao término do
Código de Ética Médica. impedimento, preceituava a redação anterior da seguinte forma: “......fazê-lo
imediatamente cessado o impedimento”. Nota-se que foi incluído o advérbio
Esse novo regramento sugere punição para essas “após”, dando a entender uma ideia mais urgente do tempo para se proceder
práticas onerosas e que trazem nenhum ou desprezível ganho de ao exame direto do paciente. Não fosse essa a intenção, não haveria
melhora para o paciente. necessidade de incluir tal advérbio. Portanto, está mais claro do que na
redação antiga, o caráter excepcional de atendimento indireto que, via de
Há um confronto entre o que a tecnologia dispõe e a regra, se dá por telefone. Nesta esteira, não se pode deixar de mencionar o
sua eficácia no diagnóstico ou na terapêutica, tanto no campo parágrafo único deste dispositivo, aí sim, sem dispositivo correspondente no
econômico-financeiro, quanto no campo ético. Código anterior.
O mundo dos negócios, admitido no Brasil pela Podemos entender que o atendimento sem exame
Constituição Federal – portanto, absolutamente legal – está subsumido à direto é excepcional, provisório e incompleto. Pelo que o médico precisará
plena eficácia dos gastos empregados na melhora do paciente, vê-lo.
responsabilizando e punindo médicos que não se comprometem com
essa assertiva. O parágrafo único do artigo em comento, ratifica a
excepcionalidade do atendimento indireto, todavia diz que as exceções –
O novo Código de Ética Médica obra na direção de nos moldes da telemedicina ou outro método – será regulamentado pelo
aumentar o seu rigor, e o médico precisa rever seus conceitos e Conselho Federal de Medicina. (grifo nosso). Logo, é preciso estar muito
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atento a essas eventuais e futuras regulamentações para que o médico Esse regramento nos obriga a entender que gastar
não se insira, em qualquer hipótese, em infração ética. menos e lucrar mais é meta única, exclusiva e saudável de todas as
empresas que atuam no segmento da saúde.
ARTIGO 58 (É vedado ao médico) Este dispositivo, sem dúvida alguma, é reflexo dos
novos tempos, nos quais tem crescido o número de empresas
intermediadoras entre procedimentos médicos (principalmente na área da
Esse dispositivo, cuja redação foi totalmente cirurgia plástica e outros procedimentos estéticos) e os candidatos a eles,
modificada, não nos esquivaremos de comentar, em razão de nos ter ou seja, os pacientes.
chamado a atenção o fato de que na redação anterior (art. 86) nos parecia
mais eficaz – ao menos do ponto de vista literal – do que agora. O texto A nosso ver, trata-se de dispositivo delicado, na medida
atual dá margem a muitas discussões, na medida em que sua em que será preciso estabelecer, com serenidade, o que significa “...vínculo
interpretação encontra-se, de certo modo, com uma carga muito grande de qualquer natureza...”
subjetiva.
A toda evidência que é perfeitamente legal – e direito de
O mercantilismo da saúde, legal e constitucional, qualquer cidadão – se submeter a uma empresa financiadora – instituição
através do regular e correto uso da Saúde Suplementar, é pleno e bancária ou não – a fim de obter recursos para pagar algo que deseje ou
dinâmico, como qualquer outro segmento da economia de mercado da necessite, uma cirurgia por exemplo. Peguemos por hipótese, sem esgotar
iniciativa privada. o tema, o paciente que passou pelo crivo da consulta médica, realizou os
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exames necessários e, na hora “H”, informa ao médico que a empresa “X” recebem “SELIC”, entendendo que um aufere juros de 5% (cinco por cento),
irá pagar os honorários e demais despesas devidas, sendo que o contrato em média, ao ano, e o outro, em média, 9% (nove por cento) ao ano. É o
de tal financiamento foi celebrado entre o paciente e a referida empresa. Brasil.
Pergunta-se: Há vínculo do médico com a empresa? Está vedado ao
médico
SIGILO PROFISSIONAL (CAPÍTULO X)
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O prontuário está, em tese, sempre sob a Há que se ter em mente o ato médico praticado pelo
responsabilidade do médico, vez que a conduta é sua, fazendo valer o esculápio, sob o prisma da eticidade, de tal sorte que lhe seja exigido o que
fato de que o diagnóstico e o tratamento devem ser estabelecidos a partir for verossímil, mas adstrito ao seu campo pessoal e profissional, por óbvio.
de sua
Prontuário legível estará vinculado ao fator tempo e às
condições de trabalho, pois, em emergências, não se pode exigir que o
legível seja confundido com letras desenhadas com tempo e para ser lido
orientação, mas a posse e guarda dioturna do prontuário não está, por todos.
necessariamente, na pessoa do esculápio, portanto, essa regra genérica
e de altíssimo rigor seria aplicável a todos os seres humanos que Por outro lado, codificação de doenças e outras
transitam no nosocômio, e nunca para o médico, mormente pelo fato de codificações determinadas pelos órgãos públicos (TISS, TUSS etc.) são
que, não raro, o médico guarda vínculo empregatício com o nosocômio. frequentes e devem ser toleradas, embora tragam em seu bojo uma
discussão quanto à legitimidade.
Compreendemos o sentido que se pretende dar ao
dispositivo, mas há que se observar o seu sentido estrito, pois, da Uma vez mais fica clara a necessidade de se discutir
maneira como está posto, encerra uma responsabilização acima das caso a caso, pois prontuário legível não é obrigação exclusiva de médicos.
possibilidades humanas. Porém, a interpretação e sua aplicação nos
casos concretos é que deverão fazer os ajustes para se obter a intimidade
entre eticidade e justiça. ARTIGO 89 E SEUS PARÁGRAFOS 1º e 2º (É vedado ao médico)
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Não queremos dizer com isso, que não vale a Frustra-nos não apresentar um trabalho mais amplo e
Instituição ou o médico, diante de uma ordem judicial, argumentar que por voltado para os comentários de todos os artigos, mas, por ora, ficará no
campo dos nossos desejos.
força deste dispositivo, somente entregará se houver perito nomeado.
Porém, respeitando as opiniões em contrário, não nos parece o melhor Consideramos um avanço esse novo Código, vez que
caminho. se compromete na defesa do não enquadramento da atividade médica
como relação de consumo. Aliás, essa atitude foi por nós defendida em livro
CONCLUSÃO no ano de 2001 e só agora adotada pelo CFM, mas os Códigos são lentos e
não acompanham a velocidade dos fatos sociais.
Talvez conclusão não seja o melhor título para essas Imaginamos que um mundo novo poderá surgir nesta
palavras finais. Isso porque em matéria de análise e interpretação de seara, a partir da entrada em vigor do novo Código, pois com esse novo
legislação, não há, ao menos no campo jurídico, por óbvio, ainda que se entendimento, de que o ato médico não é relação de consumo, as entidades
trata, como no caso presente, de legislação ética, como se concluir, isto é, médicas, finalmente, podem começar a trabalhar na direção de solidificar os
de fixar um pensamento absoluto e imutável. Não temos dúvidas que entendimentos que tivemos há mais de uma década, iniciando uma
muito faltou a ser dito neste pequeno trabalho e que, por outro lado, o dito retomada da valorização e do respeito ao profissional médico, fazendo com
poderá ser revisto a todo tempo, pois é assim o Direito, é assim a que seu fórum de responsabilização seja como o dos outros profissionais
Sociedade. autônomos, isto é, regido pelo Código Civil Brasileiro, ficando o Código de
Defesa do Consumidor para ser utilizado quando o poder econômico estiver
É cristalino que os pilares conceituais hão de exercendo seu mister e em todas as áreas, não só no segmento saúde.
prevalecer sim, sem dúvida, e serem vistos até mesmo de forma imutável,
como por exemplo, o dever de informar do médico. O que se quer dizer Inversão do ônus da prova, gratuidade de justiça e
com “não fixar um pensamento absoluto e imutável” é quanto às formas. dano moral descomprometidos com a realidade são rigores estabelecidos
pela lei e contra os médicos, dando origem à chamada “indústria das
Toda legislação tem seu nascedouro nos anseios de indenizações”, mas hoje comemoremos essa verdadeira assertiva
uma classe ou grupo de interesses em especial, e nos da Sociedade em determinada pelo Código de Ética Médica em vigor.
geral, e assim tem que ser, principalmente em matéria de saúde.
Todavia, é inquestionável que os dispositivos vão se amoldando aos Um projeto de Lei para equalizar a relação médico-
casos concretos e, para isso, há a jurisprudência e, nos casos dos paciente é um passo esperável.
Conselhos de Medicina, as Resoluções e Pareceres.
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