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Universidade Federal da Paraíba

Centro de Tecnologia
Graduação em Engenharia de Alimentos

ESTIMATIVA EMPÍRICA DO CALOR ESPECÍFICO À


PRESSÃO CONSTANTE DE SUCO DE AÇAÍ

João Pessoa, setembro de 2011.


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1. INTRODUÇÃO

Calor específico, também chamado de capacidade mássica, é uma grandeza


física que define a variação térmica de determinada substância ao receber
determinada quantidade de calor. É também qualificado como a quantidade de
energia necessária para elevar, de um grau de temperatura, uma unidade de
massa de uma substância. Suas unidades comumente utilizadas são: cal/g°C.

O calor específico é constante para cada substância em cada estado físico.


Pode-se dizer que ele caracteriza uma substância (em determinado estado físico),
no entanto, o mesmo varia com a temperatura. De um modo geral, o calor específico
dos líquidos é maior que o dos sólidos. Nas indústrias são realizadas medidas dos
calores específicos dos líquidos como controle de qualidade, como por exemplo, no
caso do suco de açaí. Alguns pesquisadores reportam valores de calor específico
para derivados de frutas, como 3,346 kJ/kgºC para o açaí.

Neste experimento será medido o calor específico do suco de açaí, que


dependendo da indústria que fabrica, pode apresentar diferentes valores. Será
utilizado o método comparativo que compara o comportamento térmico da água com
o do suco de açaí, e com os valores indicados na literatura, fornecendo a mesma
quantidade de calor em um diferente intervalo de tempo. Neste caso, as massas da
água e do suco de açaí utilizadas serão iguais.
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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivos Gerais

As experimentações realizadas no Laboratório de operações unitárias


tiveram como objetivo, a estimativa empírica do calor específico à pressão
constante de suco de açaí.

2.2 Objetivos específicos

- Utilizando os dados do calor específico à pressão constante da água,


fazer uma correção desse valor para a determinação de calor específico
do suco de açaí.

- Fazer medidas de tempo de armazenamento de energia por parte dos


líquidos (água e suco de açaí).

- Mensurar o calor específico do suco de açaí, tendo como base o tempo


de absorção de energia por parte dos líquidos em questão para um
determinado intervalo de temperatura (28 – 60°C).
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3. MATERIAL E MÉTODOS

Para realizar a experiência preconizada, utilizamos os seguintes materiais:


- 2 Béqueres de aproximadamente 600 e 500ml;
- 200g de suco de açaí;
- 200g de água destilada;
- suporte universal;
- hastes;
- tela de amianto;
- termômetros de álcool;
- balança Bel Engineering;
- fogão Brastemp.

Adquirimos 2 béqueres e em cada um deles adicionamos 200g de água


e 200g de açaí, pesados anteriormente em uma balança analítica. Na medida
em que pesamos e adicionamos cada um dos componentes, medimos as
suas temperaturas iniciais.

Após esses procedimentos acendemos o fogão e com o termômetro


ainda dentro dos recipientes, esperamos cada um deles atingirem 60°C.
Marcamos o tempo que cada um levou para atingir a temperatura esperada e
então realizamos os cálculos para determinação do calor específico à pressão
constante do açaí.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para atingir a temperatura desejada de 60ºC, a água contemporizou 7 minutos e


28 segundos e o açaí 9 minutos e 21 segundos. Ao medirmos as suas temperaturas
iniciais encontramos valores próximos de 28ºC.

Para realização de tal experimento e desenvolvimento de seus respectivos


resultados utilizamos o calor sensível, aquele que provoca apenas uma variação de
temperatura dos corpos, sem mudar a estrutura física dos mesmos. Os seguintes
cálculos foram feitos:

(1) - q(Água) = M(Água) x Cp(Água) x ∆T

(2) - q(Açaí) = M(Açaí) x Cp(Açaí) x ∆T

Considerando "q" como sendo a taxa de energia, dada em [J/s], e "Q", simplesmente
a quantidade de energia, dada em [J], teremos:

q = (Q/t) = M x Cp x ∆T

Logo,

Q = t x M x Cp x ∆T

Aplicando o mesmo raciocínio para as equações (1) e (2), teremos:

(1a) - Q(Áçaí) = t(Água) x M(Água) x Cp(Água) x ∆T

(2a) - Q(Açaí) = t(Açaí) x M(Açaí) x Cp(Açaí) x ∆T

Igualando as equações (1a) e (2a), e aplicando a elas os resultados encontrados:

Cp(Açaí) = ( t(Água) x Cp(Água) ) / t(Açaí) = (448s x 1 cal/gºC / 561s) =


Cp = 0,798 cal/gºC = 3,34 kj/kg°C

Na medida em que os procedimentos foram sendo realizados, alguns


questionamentos entraram em discussão como: Quais as fontes de erro que
poderiam ser determinantes no processo? Quais componentes e concentrações
contidas no suco afetariam a determinação de seu próprio Cp? Que propriedades
são garantidas através de um alto ou baixo Cp? O método seria seguro ao ponto de
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oferecer resultados confiáveis, iguais aos apresentados pela literatura? O método


aplicado poderia ser aplicado para determinar o Cp de qualquer suco? Para tais
interrogações as respostas foram decididas.

O suco de açaí analisado, assim como a maioria de sucos industrializados,


era composto por aproximadamente 20% de sólidos totais, sendo 14% de
carboidrato, o que tornava 80% de sua composição ser água. Percebemos que para
atingir a temperatura de 60ºC o mesmo demorou mais tempo do que a água para
atingir a mesma temperatura. Isto é justificado pelo fato de que o suco de açaí é
uma composição de água e sólidos, exemplo de carboidratos, proteínas, vitaminas,
entre outros. E tal fato também foi fundamental para determinação e valor do seu
calor específico à pressão constante.

Intuímos então que a concentração de sólidos nos sucos é determinante para


determinar se o mesmo é um bom condutor ou armazenador de calor. Se ele possuir
alta concentração de sólidos ele será um ótimo armazenador de calor e apresentará
um Cp alto. Se em contrapartida os sólidos estiverem em baixa concentração, ele
será um bom condutor de calor e terá um baixo valor de Cp.

Diante do valor de calor específico para o açaí de 3,34 kj/kg°C encontrado,


tem-se que o mesmo se assemelha ao valor designado pela literatura e desta forma,
o processo de determinação e o método utilizado foi competente. No entanto, a
generalização do mesmo não pode ser aplicada a qualquer suco em qualquer
concentração, pois propriedades inerentes aos sólidos, que podem estar em maior
ou menor quantidade, devem afetar tais resultados. E do ponto de vista teórico o
método é aceitável, porém do ponto de vista prático erros como a não
reprodutividade dos experimentos, a não realização deste em um sistema fechado, e
a não consideração dos desvios padrões, podem afetar diretamente os resultados.
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5. CONCLUSÃO

A partir da experiência realizada no laboratório, de questionamentos respondidos


e de seus aceitáveis resultados, podemos concluir que o método aplicado foi
eficiente e que nos garantiu um resultado aproximadamente igual ao apresentado
pela literatura. Sabemos ainda que o método, se mostrou adequado para o suco de
açaí, o que não nos garante uma mesma certeza para outros sucos, já que a
concentração de sólidos neles contido pode afetar diretamente o calor específico
dos mesmos. Portanto, é de fundamental importância que conheçamos a
composição química dos alimentos analisados.

Além disso, sabemos ainda que a teoria dos procedimentos utilizados e o método
escolhido podem ser hábeis. No entanto, tal fato não nos garante uma total
segurança do ponto de vista prático em indústrias ou empresas, afinal a precisão do
mesmo pode ser afetada por falta de uma maior reprodutividade dos procedimentos
e uma consequentemente consideração de erros.
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6. REFERÊNCIAS

Sites utilizados para pesquisa:

 http://www.dfi.ufms.br/flavio/Cursos/Laboratorio%20Fisica%20E/Exp19
%20Caloresp.pdf

 http://www.fisica.ufs.br/egsantana/estadistica/otros/calorimetro/calorime
tro.htm

 http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa/rev41/Art411.pdf

 http://www.infopedia.pt/$calor-especifico

 http://www.infoescola.com/fisica/calor-latente-e-calor-especifico/

 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-
20612006000200019&script=sci_arttext

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