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Resumo: Aleitamento Materno

Introdução
A alimentação ao seio constitui umas das maiores questões para a saúde humana,
principalmente nos primeiros anos de vida, já que atende às necessidades nutricionais e
metabólicas, além de conferir proteção imunológica ao lactente.
O leite materno é considerado o melhor alimento do ponto de vista nutricional, já que
possui proteínas, lipídeos, carboidratos, minerais e vitaminas; além disso contém 88% de água,
reforça a imunidade do recém-nascido e reforça a ligação binômio mãe e filho.
A necessidade calórica/kg de peso chega a 120 kcal/kg de peso no recém-nascido,
superando em três vezes a do adulto.
No primeiro ano de vida, 40% das calorias ingeridas é utilizada para o crescimento e
desenvolvimento, caindo para 20% no segundo ano, por isso um aporte inadequado nesse
período de alta velocidade de crescimento levará à desnutrição proteica-energética e atraso no
desenvolvimento.
Após a 2ª guerra, com o movimento feminista, as mulheres dos países desenvolvidos
deixaram de amamentar os seus filhos, tendência essa que seguiu para os países em
desenvolvimento; com esse acontecimento viu-se o aumento da incidência da obesidade e
alergias nas crianças dos países desenvolvidos; e de diarréia e desnutrição nos países em
desenvolvimento.

Quando deve ser iniciado?


O aleitamento materno deve ser iniciado imediatamente após o nascimento, de
preferência nas primeiras 4 horas de vida.

Recomendações da OMS e Ministério da Saúde


1. Aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida; portanto não é necessário
oferecer à criança água, chás, sucos ou qualquer outro alimento nesse período. Caso
oferecido outro alimento à criança nesses 6 meses, o processo de desmame terá sido
iniciado.
2. A partir dos 6 meses de vida, o leite materno como único alimento torna-se insuficiente,
e deve ter inicio a introdução de alimentação complementar, não sendo recomendado
nenhum outro tipo de leite.
3. O leite materno deve ser mantido, no mínimo, até os 2 anos de vida.

Tipos de aleitamento materno


Aleitamento materno exclusivo: quando a criança recebe somente leite materno, direto
da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte;
Aleitamento materno predominante: quando a criança recebe, além do leite materno, água
ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas;
Aleitamento materno complementado: quando a criança recebe, além do leite materno,
qualquer alimento sólido ou semi-sólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-
lo. Nessa categoria a criança pode receber, além do leite materno, outro tipo de leite, mas este
não é considerado alimento complementar.
Aleitamento materno misto ou parcial: quando a criança recebe leite materno e outros
tipos de leite.
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Característica do leite humano
O leite humano caracteriza-se por não apresentar uniformidade em sua concentração,
fatores como época da gestação, horário do dia e início e fim da mamada modificam alguns
componentes do leite, por isso a conclusão que melhor que o leite humano é o leite materno
que cada mãe produz em especial para o seu filho.
80-90% do leite materno é sugado nos primeiros 4 minutos da sucção e o conteúdo de
gordura é proporcionalmente maior no final da mamada.

Fatores Específicos
 São representados pelas imunoglobulinas: IgA, IgM e IgG;
 IgA: é encontrada no leite na sua forma dimérica (IgA secretória), que por possuir um
alto peso molecular não é digerida pelas secreções gástrica e intestinal, portanto não é
absorvida; ela reveste a mucosa intestinal do recém-nascido, impedindo a agressão por
bactérias, toxinas ou antígenos estranhos.

Fatores não específicos


 Fator bífido: é um carboidrato nitrogenado, substrato para o crescimento do Lactobacillus
bifidus, que é um bacilo anaeróbio que compõem a flora intestinal predominante de
crianças amamentadas exclusivamente ao peito; constitui uma flora saprófita que impede
a proliferação de microrganismos patogênicos;
 Lisozima: é produzida por neutrófilos e macrófagos e age através da lise da parede
celular de bactérias gram-positivas e negativas;
 Lactoferrina: é uma proteína carreadora de ferro que, por quelação, diminui a
biodisponibilidade do ferro para patógenos como: Staphylococcus sp, E. coli e Candida
sp, e aumenta a biodisponibilidade para o lactente;
 Fator anti-estafilocócico: evita a enterocolite necrotizante;
 Lactoperoxidase - inibe E. coli.

Características Bioquímicas
 Proteínas: a concentração proteica é menor que a do leite de vaca, o que é adequado
para o crescimento normal do lactente e não provoca sobrecarga renal, a qualidade da
proteína também difere entre os dois leites. No leite materno a relação da
albumina/caseína é maior de albumina, fazendo com que o coalho do leite humano seja
mais macio, facilitando a digestão; no leite de vaca a relação da albumina/caseína é
maior de caseína, favorecendo a formação de um coalho mais duro, dificultando a
digestão e aumentando o tempo de esvaziamento gástrico.
 Gorduras: a concentração de gorduras é maior no final da mamada e no final do dia, os
lipídios presente em maior quantidade e de maior importância no leite humano são os de
cadeia longa insaturado e o colesterol; o alto teor de colesterol facilita o desenvolvimento
de sistemas enzimáticos que regulam o seu metabolismo na vida adulta, transformando
o lactente num adulto “bom metabolizador” de colesterol, os ácidos graxos de cadeia
longa (ácido linoleico e alfalinolênico) tem ação primordial no desenvolvimento
neuropsicomotor e na formação da retina.

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 Lactose: é o carboidrato predominante no leite humano, por hidrolise fornece glicose e
galactose, e por ser um açúcar não completamente digerido facilita o amolecimento das
fezes. A galactose é essencial para a formação dos cerebrosídeos.
 Eletrólitos: A menor concentração de sódio no leite humano impede a sobrecarga renal
e diminui o risco de desidratação hipertônica frente a qualquer agravo.
 Ferro: esta em baixa concentração tanto no leite materno como no leite de vaca, porém
enquanto a biodisponibilidade do ferro no leite humano alcança 50%, no leite de vaca
apenas 10% do ferro é absorvido.

Fases da produção láctea


1. Colostro
 Secretado do 3º trimestre de gestação até a 1ª semana de vida;
 Tem menor concentração de gordura, lactose e vitaminas hidrossolúveis;
 Tem maior concentração proteica e salina, destacando-se a alta concentração de IgA e
lactoferrina;
 Possui poder laxativo, facilitando a eliminação do mecônio nos primeiros dias diminuindo
a icterícia e permitindo a proliferação do Lactobacillus bifidus na luz intestinal.

2. Leite de transição
 Período de produção esta entre o 7 dia até a segunda semana do pós-parto;
 A concentração de imunoglobulinas torna-se progressivamente menor, assim como o
teor de vitaminas lipossolúveis;
 Ocorre aumento das vitaminas hidrossolúveis, lipídeos e lactose.

3. Leite maduro
 Produzido a partir da 2ª quinzena pós-parto;
 Tem maior concentração de lipídios e de lactose;
Fases do leite maduro:
 Leite anterior (solução): é ralo e doce, com predomínio de proteína do leite e lactose;
 Meio da mamada (suspenção): a quantidade de caseína é maior;
 Leite posterior (emulsão): a quantidade de gordura é maior, necessária para saciar o
lactente.

Técnica de amamentação
A amamentação é considerado um ato aprendido, o seu inicio deve ocorrer ainda na sala
de parto nas primeiras 4 horas de vida como já foi dito anteriormente, para que o mecanismo
de lactação se desencadeie de forma mais rápida; é importante que seja nesse período porque
o recém-nascido permanece acordado e em alerta por cerca de 6 horas após o nascimento,
após esse período ele entra em sono profundo (sono reparador), por cerca de 12 horas.

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Frequência
O esvaziamento gástrico do recém-nascido varia de 1-4 hrs ao longo do dia, portanto as
necessidades de mamadas variam na mesma proporção, obedecendo o tempo de
esvaziamento gástrico. Por isso, o leite materno deve ser oferecido em livre demanda, ou seja,
sempre que ele tiver fome, devendo o mesmo sugar a mama até esvaziá-la.
O leite materno posterior, fruto da ejeção láctea, é 2-3 vezes mais rico em lipídeos que o
primeiro leite (mamada anterior), o que permite que ele fique mais nutrido, ganhe mais peso e
aumente o intervalo das mamadas, por consequência chorando menos por estar mais saciado.
Com o crescimento da criança, o intervalo das mamadas aumenta, no final da primeira
semana os recém-nascidos estarão tomando um volume de leite de 60-90 ml/mamada e terão
uma frequência média de 6-9 mamadas por dia.
Um bom parâmetro para avaliar a progressão de mamadas, é a baixa perda de peso no
final da primeira semana e o ganho de peso no final da 2ª semana.

Mamas
As duas mamas são oferecidas em todas as mamadas, como a criança suga mais a
primeira mama, termina não esvaziando a segunda mama, dessa forma na próxima mamada
essa mama que não foi completamente esvaziada deve ser oferecida em primeiro lugar, entre
a alternância das mamas deve ser feito uma pausa para a eructação.

Posições
Existem várias posições para amamentar, porém o mais importante é o conforto materno
e a execução da técnica adequada.
Ao oferecer o seio, o recém-nascido deve abocanhar toda aréola, com a boca bem aberta
e o lábio inferior evertido, com o queixo tocando a mama, isso evita o aparecimento de fissuras
e permite o esvaziamento dos seios lactíferos situados sob a aréola.

Padrão de evacuações
O bebê costuma evacuar toda vez que mama, podendo ter fezes líquidas, amareladas,
explosivas ou até esverdeadas que se traduz em um reflexo gastrocólico exacerbado. Em
outros momentos alguns podem ficar de 5 a 7 dias sem evacuar, todas as situações citadas são
normais.

Fisiologia da amamentação
Na gravidez o estrogênio e progesterona atuam para que as glândulas mamarias fiquem
prontas para lactar; a progesterona estimula o crescimento dos alvéolos e o estrogênio a
proliferação dos ductos lactíferos, porém somente após o nascimento com a saída da placenta
que o efeito inibitório desses hormônios sobre a prolactina cessa.
O que vai promover a produção láctea é a sucção do lactente e o esvaziamento regular
das mamas, por dois reflexos:
1. Sucção do mamilo (reflexo da prolactina - hipófise anterior): produção láctea pelos
alvéolos mamários.

2. Reflexo de ejeção: os estímulos de sucção chegam à hipófise posterior que libera


ocitocina que atua sobre as células mioepiteliais dos alvéolos lactíferos promovendo a

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descida do leite; esse reflexo é bloqueado pelo estresse, ansiedade, dor. Essa inibição
é mediada pela adrenalina na célula mioepitelial e pela noradrenalina no eixo hipotálamo-
hipofisário.
3. A ocitocina também produz contração da musculatura lisa uterina (reflexo de Ferguson),
por isso o estimulo do aleitamento materno na sala de parto diminui a incidência de
hemorragias pós-parto.

Sucesso no Aleitamento Materno


 Abordar o assunto na gestação (>exito);
 Preparação das mamas (sol);
 Evitar sabonete;
 Expressão manual;
 Exercícios de Hoffmann(horizontal/vertical).

Dificuldades para aleitamento materno


 Mamilos achatados, pseudo invertidos e invertidos;
 Mamas ingurgitadas e dolorosas;
 Fissuras do mamilo (dolorosos, esvaziar, sangue, uso temporário de protetor)
 Mastite: profilaxia, evitar estase de leite; não mistura leite com a infecção; aleitamento
facilita a cura; antibioticoterapia;
 Hipogalactia - “leite fraco”- pesagem - complementação= desmame;
 Doença do recém-nascido: sucção débil.

Contra indicação ao aleitamento materno


 Doença materna grave: ICC, eclampsia, psicose, Aids (aleitamento cruzado);
 Medicamentos: ciclofosfamida, cloranfenicol, lítio, hormônios tireodianos,
antitireoidianos;
 Fumo e álcool;
 Doença da criança: galactosemia, lactose.

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