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[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

LEITE DE TRANSIÇÃO
ALIMENTAÇÃO E A partir da apojadura e durante a segunda semana de vida,
possui características intermediárias em relação ao
DIARREIA AGUDA colostro e o leite maduro.
LEITE MADURO
ALEITAMENTO MATERNO Após a segunda semana, temos o leite maduro. Suas
principais características são:
DEFINIÇÕES • Apresenta níveis elevados de ácidos graxos
essenciais (linoleico e alfa-linolêico) e de ácidos
O aleitamento materno deve ser exclusivo até o 6º mês de
graxos de cadeia longa;
vida e mantido até os dois anos ou mais.
• Seu principal carboidrato é a lactose
Conforme Organização Mundial da Saúde (OMS) temos: (dissacarídeo), presente em maior quantidade no
• EXCLUSIVO: recebe somente leite materno leite maduro, assim como os lipídios.
diretamente da mama ou leite humano • Há também a presença de proteínas, como
ordenhado e nenhum outro alimento líquido ou lactoferrina (tem efeito bacteriostático, atuando
sólido como um quelante de ferro com efeito muito
• PREDOMINANTE: recebe leite materno, água ou importante na Escherichia coli) e lisozima (tem
bebidas à base de água, como sucos de frutas ou ação sobre bactérias gram positivas,
chás, e não recebe outro tipo de leite principalmente, e algumas gram-negativas).
• COMPLEMENTADO: recebe leite materno + • Tem baixa concentração de ferro, mas é um leite
qualquer alimento sólido ou semissólido com boa biodisponibilidade, sendo bem
• MISTO OU PARCIAL: leite materno + outros tipos absorvido
de leite. • Possui componentes probióticos, como o
Lactobacillus bifidus e o Lactobacillus reuteri, e
FISIOLOGIA prebióticos
Não costuma ser frequente nas provas, quando presente, ☑ Saiba mais: o próprio leite maduro possui fases:
você precisa saber que: • Leite anterior: O leite inicial da mamada. Ele tem
• A manutenção da produção e ejeção do leite muita água e anticorpos, portanto, tem o aspecto
materno depende principalmente da sucção do mais transparente.
bebê e do esvaziamento das mamas; • Leite do meio: Tem maior concentração de
• Grande parte do leite de uma mamada é caseína, por isso seu aspecto é mais
produzido no momento da amamentação, sob o esbranquiçado.
estímulo da PROLACTINA; • Leite posterior: O leite do final das mamadas, por
• A OCITOCINA, por sua vez, tem papel importante conter betacaroteno e gordura, seu aspecto é
no reflexo de ejeção de leite. Ela é liberada pelo amarelado.
estímulo da sucção, principalmente
TÉCNICA DE MAMADA
☒ Cuidado: Usar bombas para esvaziamento não equivale
SEMPRE devemos tentar corrigir a técnica de
à sucção do bebê. Pode ser uma alternativa para as mães
amamentação e orientar exclusividade do aleitamento
que, por algum tempo, não possam amamentar, como as
materno antes de introduzir outros leites, a não ser que o
mães de prematuros que estão na UTI e são imaturos para
bebê apresente sinais clínicos de gravidade, como
sugar o seio
desidratação
TIPOS DE LEITE
COLOSTRO
A principal característica do colostro é que ele é rico em
PROTEÍNAS!! Além disso, tem menos lactose, gorduras e
calorias do que o leite maduro.
É o primeiro leite produzido pelas mamas em pequena
quantidade na primeira semana após o parto, podendo
estender-se até o início da apojadura.
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PRINCIPAIS PONTOS DISCUTIDOS EM PROVA COMPLICAÇÕES MAMÁRIAS

GANHO DE PESO ESPERADO Mastite

A média do ganho ponderal esperado para os lactentes no Processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama.
primeiro trimestre é de 30g/dia Apresenta-se com nódulos mamários sensíveis e
dolorosos, associados a sintomas sistêmicos (febre,
Nos primeiros dias de vida, todo recém-nascido tem uma calafrios...). O tratamento é esvaziamento adequado das
perda fisiológica de peso de cerca de 10%, geralmente até mamas e antibioticoterapia.
o terceiro ou quarto dia. A recuperação do peso de
nascimento acontece entre o sétimo e o décimo dia de Ingurgitamento
vida. As provas exigem esse conhecimento ao perguntarem Causado por aumento da vascularização da mama,
se o aleitamento materno exclusivo está sendo eficaz para gerando edema recorrente e compressão dos ductos
o ganho de peso adequado do bebê. lactíferos, dificultando a saída de leite. Apresenta-se com
LEITE HUMANO X LEITE DE VACA mamas edemaciadas, lustrosas e avermelhadas, sem sinais
sitemicos. O tratamento é ordenha adequada da mama e
Caso o leite de vaca seja necessário, bebês menores de mamadas mais frequentes (drenagem de leite).
quatro meses devem ingeri-lo diluído!
CONTRAINDICAÇÕES A AMAMENTAÇÃO
Ele não é recomendado rotineiramente como alternativa à
impossibilidade do leite materno para crianças abaixo de São pouquíssimas as situações em que o aleitamento
um ano. Apesar disto é sem dúvidas a comparação mais materno está contraindicado. São elas:
feita em provas. Atente-se as diferenças: • Mães infectadas pelo HIV
• Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2
• Criança portadora de galactosemia
• Uso de medicamentos incompatíveis com a
amamentação (radiofármacos, amiodarona,
ciclofosfamida, linezolida, lítio e ergotaminos)
Suspensão temporária
Existem situações especiais em que a amamentação deve
ser suspensa temporariamente ou tem alguma restrição ou
ressalva:
• Infecção herpética: quando há lesão ativa com
vesículas na mama. A amamentação deve ser
mantida na mama com a pele íntegra até a
cicatrização da mama afetada
• Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele
cinco dias antes do parto, ou até dois dias após o
parto, é recomendado seu isolamento até que as
lesões adquiram a forma de crosta. Apesar de não
ALEITAMENTO EM MÃES VEGANAS amamentar nesse momento, a mãe pode
Tema que vem se tornado recorrente. É preciso estar ordenhar o leite para ser ofertado ao recém-
atento para o risco de hipovitaminose relativa a vitaminas nascido.
do complexo B, principalmente B12 OU COBALAMINA, em • Doença de Chagas na fase aguda da doença
crianças amamentadas por mães vegetarianas • Consumo de drogas de abuso: contraindicado,
durante o período da lactação, o uso de drogas de
ARMAZENAMENTO DO LEITE abuso, como anfetaminas, cocaína, heroína,
Podemos orientar a mãe a retirar e armazenar o leite maconha e fenciclidina
adequadamente para que ele seja ofertado no momento • Psicose puerperal grave ou outras doenças
em que ela não estiver com o filho: psiquiátricas que possam oferecer risco ao bebê:
considera- se a amamentação sob supervisão
• Temperatura ambiente: deve ser consumido o
• Vacinas: somente a vacina da febre amarela em
mais rápido possível.
mães que estejam amamentando crianças <6m
• Geladeira: consumido em até doze horas.
tem como recomendação a suspensão do
• Freezer: quinze dias.
aleitamento materno por dez a quatorze dias
• Após descongelado: pode ser mantido em
• Hepatite B: o aleitamento materno não está
geladeira e consumido em até doze horas
contraindicado para filhos de mães com hepatite
B, mas desde que o recém-nascido receba
profilaxia para prevenir a transmissão vertical.
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idade e observamos em que ponto da curva se encontra o


DESNUTRIÇÃO E OBESIDADE paciente. Resumindo, a obesidade é caracterizada por:
• Escore Z > +3 em crianças menores do que cinco
OBESIDADE anos.
FATORES DE RISCO • Escore Z entre > +2 e ≤ +3 em crianças de cinco
anos completos ou mais
Os principais fatores de risco são:
Hipertensão
• obesidade parental pré-gestacional;
• excessivo ganho de peso materno na gestação
• consumo elevado de proteínas nos primeiros mil
dias
• sedentarismo
• privação do sono
CAUSAS Avaliação laboratorial

A principal causa na infância é a obesidade exógena. As Na avaliação laboratorial para triagem de pacientes obesos
outras doenças que causam obesidade secundária temos:
representam menos de 1% dos casos sendo: • Glicemia de jejum;
• HIPERCORTISOLISMO: na síndrome de Cushing, • Triglicérides;
os pacientes apresentam obesidade, hirsutismo, • Colesterol total e frações (HDL e LDL);
hipertensão arterial, estrias vinhosas, face de lua • Enzimas hepáticas
cheia, entre outros. Esse tipo de obesidade cursa TRATAMENTO
com baixa velocidade de crescimento e pode ser
observada baixa estatura os medicamentos NÃO SÃO indicados no tratamento inicial
• HIPOTIREOIDISMO: pode apresentar mixedema, da obesidade em crianças
pele seca, dificuldades escolares, baixa estatura, Medidas gerais
intolerância ao frio, atraso puberal, letargia e
São as mudanças no estilo de vida, que devem priorizar a
constipação intestinal.
abordagem dietética e incentivo à prática de atividades
• DEFICIÊNCIA DE HORMÔNIO DO CRESCIMENTO
físicas.
(GH): observa-se baixa estatura, atraso na idade
óssea e aumento na relação peso/estatura; Tratamento da hipercolesterolemia
• PSEUDO-HIPOPARATIREOIDISMO TIPO 1: é Pode ser indicada acima dos dez anos de idade e é iniciada
também conhecido como síndrome de Albright. se não houver resposta após seis meses de dieta e
Seus sintomas são face redonda, baixa estatura, mudanças comportamentais rigorosas. Quando indicado,
encurtamento do quarto metacarpo, obesidade, é realizado com as estatinas.
calcificações subcutâneas e atraso mental
• síndrome de Prader-Willi: mais comum das causas Hipertrigliceridemia
sindrômicas de obesidade. Ela é consequência de A farmacoterapia para a hipertrigliceridemia pode ser
alterações do cromossomo 15. Ao nascimento, os utilizada quando todas as medidas iniciais não foram bem
pacientes apresentam hipotonia. Pode haver sucedidas e quando o nível sérico de triglicérides é maior
asfixia perinatal, sucção débil e baixo ganho do que 500 mg/dL. Nessa situação, são utilizados os
ponderal. Os pés e mãos são pequenos, o choro é fibratos, como o fenofibrato, ácido fenofíbrico,
fraco e observa-se hipoplasia genital. Durante a benzafibrato e o genfibrozil.
infância, há atraso no desenvolvimento
Redução de peso
neuropsicomotor. A hiperfagia instala-se entre um
e seis anos de idade e associa-se um aumento A única aprovada pelo FDA para controle da obesidade em
progressivo de adiposidade, que se manifesta menores de 16 anos é o orlistate. Essa droga age
como obesidade diminuindo a absorção de gorduras, reduzindo
discretamente o peso, não sendo eficaz em adolescentes
DIAGNÓSTICO
com obesidade grave.

Esse diagnóstico se baseia no cálculo do IMC. Com o valor


de IMC, utilizamos as curvas da OMS de IMC para sexo e
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DESNUTRIÇÃO Formas mistas

FORMAS CLÍNICAS As formas mistas podem ser decorrentes de:

Marasmo • Marasmo inicial que passou a sofrer privação da


oferta de proteínas.
• Kwashiorkor inicial que foi submetido a um déficit
calórico.
CLASSIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICO
Conforme a desnutrição se instala, o primeiro parâmetro a
ser alterado é o peso, depois a estatura.
Classificação de Waterlow

Essa é a forma de desnutrição grave mais comum em nosso


meio e é consequência da BAIXA INGESTÃO DE TODOS OS Leva em conta a estatura para a idade e o peso para a
NUTRIENTES. Ela acomete crianças abaixo dos dois anos estatura. É utilizada para crianças entre dois e dez anos de
de vida e a característica principal dessas crianças é a idade. O comprometimento apenas do peso indica
MAGREZA. A gordura de Bichat, localizada na face, é desnutrição atual, o comprometimento de peso e estatura
absorvida, dando à face um aspecto envelhecido, indica desnutrição crônica e o comprometimento apenas
também denominada de face simiesca. Essas crianças de estatura reflete a desnutrição pregressa.
apresentam braços e pernas finos, abdome saliente e, Classificação de Gomez
podem ser notadas, pregas de pele nos glúteos e nas coxas.
O turgor dessas crianças é geralmente frouxo. Devido à
restrição global de nutrientes, essas crianças apresentam-
se famintas e muito agitadas
Kwashiokor

Permite avaliar o prognóstico de morbimortalidade de


crianças desnutridas e é utilizada para crianças abaixo de
dois anos. Ela leva em conta a variação do peso em relação
ao percentil 50.
✪ Como cai em prova? na presença de edema de origem
nutricional, independentemente do resultado obtido, o
diagnóstico é de desnutrição de terceiro grau
Classificação da OMS

Ocorre devido ao DÉFICIT DE INGESTÃO DE PROTEÍNAS e


acomete usualmente crianças acima dos dois anos de vida.
As principais manifestações clínicas encontradas no
Kwashiorkor são: retardo no crescimento, perda de massa
muscular menos intensa que no marasmo e edema
depressível. A face desses pacientes é arredondada com
aspecto de lua cheia, a hepatomegalia pode ser observada Leva em conta o peso para a estatura, a estatura para a
nessas crianças e é consequência da esteatose hepática. idade, a circunferência do braço e a presença de edema.
Outra característica observada são as alterações de pele Essa é a classificação mais atual e é utilizada para o
como hipopigmentação, rachaduras, descamação e diagnóstico nutricional da desnutrição em crianças.
queratose.
✪ Como cai em prova? Não há critérios considerados
como padrão-ouro para o diagnóstico de desnutrição em
<6 meses.
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AVALIAÇÃO LABORATORIAL ■ FASE DE ESTABILIZAÇÃO INICIAL (PRIMEIROS 7 DIAS)


É recomendável que os seguintes exames sejam indicados Inclui os passos:
em pacientes desnutridos:
• Tratamento da hipoglicemia: caso seja detectada
• Hemograma e esfregaço sanguíneo (avaliar a hipoglicemia, a administração oral da glicose é
presença de anemia e sinais de processo preferida. Se não for possível administrar EV ou
infeccioso); SNE.
• Dosagem de vitaminas, ferro e zinco; • Controle da hipotermia: O diagnóstico da
• Exame sumário de urina e urocultura; hipotermia é feito por meio de temperatura axilar
• Pesquisa de foco infeccioso dirigida (inclui coleta menor que 35° ou temperatura retal < 35,5°C. ode
de culturas); ser evitada por meio da manutenção de
• Radiografia de tórax; temperatura ambiente adequada, agasalhamento
• PPD do paciente e troca frequente de fraldas e roupas
✪ Como cai em prova? O exame de proteínas séricas não de cama;
é considerado útil para o diagnóstico da criança desnutrida • Tratar e prevenir a desidratação: realizar
grave, contudo pode ser útil paraorientar o prognóstico. hidratação com cautela (pelo estado de
desnutrição os pacientes tem maior risco de hiper
TRATAMENTO hidratação), porém em caso de desidratação a
Definição do local de tratamento reposição cuidadosa de líquidos pode ser
indicada. Existe uma solução de hidratação oral
• AMBULATORIAL: edema discreto (+ ou ++), bom para crianças desnutridas denominada RESOMAL,
apetite, clinicamente bem e alerta que é enriquecida de potássio, zinco e cobre e
• INTERNAMENTO: edema severo (+++) OU pode ser utilizada nesses pacientes.
anorexia, estado geral comprometido ou não • Correção de distúrbios hidroeletrolíticos: Os
alerta. principais distúrbios hidroeletrolíticos
Tratamento da desnutrição sem complicações encontrados são HIPOMAGNESEMIA,
HIPOCALEMIA, HIPOFOSFATEMIA e
Devem ser tratados em ambulatórios, mediante um
HIPONATREMIA. Destes o único que NÃO DEVE
programa comunitário de alimentação supervisionado e
ser corrigido é a HIPONATREMIA, pois o sódio
com acompanhamento constante (de 2/2 semanas). Caso
corporal está normal ou até aumentado e, com a
não haja resposta parcial em 2 semanas, deve ser feita uma
recuperação nutricional, a bomba de sódio volta a
reavaliação e ponderar a necessidade de hospitalização.
funcionar, restabelecendo a natremia. A exceção é
Tratamento da desnutrição COM complicações a hiponatremia grave (<120)
• Tratamento da infecção: TODOS DEVEM
RECEBER ANTIBIOTICOTERAPIA EMPÍRICA. Os
melhores esquemas terapêuticos são: Ampicilina
e aminoglicosídeo OU Cefalosporina de 3ª
geração.
• Reposição de micronutrientes: os mais
importantes para serem repostos são Zinco,
Cobre, Ácido fólico, VitA e tiamina. Não devemos
repor o ferro durante a fase de estabilização, pois
pode acarretar intoxicação e maior predisposição
a infecções.
• Alimentação: utilizar fórmula láctea terapêutica
que possui menor teor de proteínas, lipídios,
lactose e sódio. Evitar dieta hipercalórica pois
pode desencadear distúrbios hidroeletrolíticos
graves
■ FASE DE REABILITAÇÃO (SEMANAS 2 A 6)
O paciente já deve apresentar melhora significativa do
Divididos em três fases: edema e retorno do apetite. Nesta fase é esperado um
ganho de peso maior do que 10g/kg/dia, sendo incluso:
• Fase de estabilização inicial;
• Fase de reabilitação; • Oferta de alimentos com maior teor de calorias;
• Fase de acompanhamento ambulatorial; • Introdução do ferro;
• Cuidados com estimulação motora e sensorial
• Orientação de pais e cuidadores
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■ FASE DE ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL (A PARTIR DA Além das manifestações oculares, os pacientes com essa
7ª SEMANA) deficiência vitamínica podem apresentar sintomas gerais
como anemia, insônia, fadiga, déficit de crescimento, pele
É necessário cuidar para que a criança não retorne a sua
seca, acne, entre outras.
condição inicial e apresente recuperação completa do seu
desenvolvimento. Nessa fase as atribuições são: ✪ Como cai em prova? As manchas de Bitot consistem na
deposição na conjuntiva de um material branco e
• Orientação de pais e cuidadores
espumoso decorrente do acúmulo de células epiteliais, de
• Monitoração do crescimento
fosfolipídeos.
• Intensificação e fortalecimento do trabalho da
equipe multiprofissional. Diagnóstico e Tratamento
COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO O diagnóstico da deficiência de vitamina A é
essencialmente clínico e pode ser confirmado pela
Síndrome da realimentação
dosagem de retinol. Seu tratamento consiste na reposição
Essas manifestações surgem após 24 a 48 horas do início da oral da vitamina, em doses escalonadas, de acordo com a
alimentação e o evento mais marcante é a idade e manifestações clínicas.
HIPOFOSFATEMIA.
VITAMINA B1 (TIAMINA)
Pode ocorrer caso uma alimentação de alto valor calórico
Suas principais fontes são carnes, peixe e aves, além do
seja iniciada, precocemente e vigorosamente, em
trigo, aveia e arroz. A tiamina atua na condução nervosa, na
pacientes gravemente desnutridos. Essa condição pode
geração de ácidos nucleicos, acetilcolina e ácido gama-
levar à morte súbita e sintomas de falência cardíaca
aminobutírico (GABA).
Síndrome da recuperação nutricional
Fatores de risco
Pode ocorrer entre o 20º e o 40º dia de tratamento de
Suas principais causas são:
pacientes desnutridos graves, principalmente em
portadores de Kwashiorkor. A causa destas manifestações • Desnutrição;
não é conhecida até o momento. Suas principais • Dieta à base de arroz polido (baixa concentração
manifestações são: de tiamina);
• Alcoolismo crônico (interferência na absorção da
• Hepatomegalia;
tiamina);
• Distensão abdominal e presença de circulação
• Doenças crônicas e neoplasias (maior consumo).
venosa colateral;
• Ascite; Quadro clínico
• Telangiectasias na face. Deficiência vitamínica que cursa com manifestações
neurológicas e cardíacas, que está associada à desnutrição
DEFICIENCIAS VITAMINICAS E ou alcoolismo: PENSAR EM DEFICIÊNCIA DE TIAMINA OU
SUPLEMENTAÇÃO BERIBÉRI.
A deficiência de tiamina é denominada BERIBÉRI, sendo
DEFICIENCIAS VITAMINICAS que os sintomas surgem após 2 a 3 meses da carência de
tiamina. Pode apresentar:
VITAMINA A
• Manifestações neurológicas: queimação,
Tem função importante na visão, pois age nos cones e parestesia, formigamento de pés, perda dos
bastonetes da retina. Além disto outra função muitas vezes reflexos profundos, câimbras nas pernas, ptose,
recordada em provas é seu papel na ação surfactante e atrofia do nervo óptico
desenvolvimento embrionário dos pulmões. • Manifestações cardíacas: falência cardíaca,
Fatores de risco edema de pernas, aumento do intervalo QT, onda
T invertida
Os fatores de risco para sua deficiência são: • Problemas psicológicos;
• Prematuridade; • Manifestações gastrointestinais: dor abdominal,
• Retardo de crescimento intrauterino; constipação intestinal
• Síndrome de má-absorção intestinal: devido ao Diagnóstico e Tratamento
fato de ser uma vitamina lipossolúvel;
• Infecções neonatais. O diagnóstico é baseado em dados clínicos e respaldado
pela presença dos fatores de risco que foram mencionados.
Quadro clínico
O tratamento consiste na reposição de tiamina que pode
É considerada a principal causa de cegueira adquirida em ser por via oral em casos leves ou por via parenteral
crianças em nosso meio, sendo a nictalopia ou cegueira quando ocorrerem distúrbios neurológicos e cardíacos
noturna geralmente o primeiro sintoma. graves
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VITAMINA B2 (RIBOFLAVINA) Diagnóstico e tratamento


Suas principais funções são liberação de energia para as O diagnóstico é baseado no quadro clínico. O tratamento é
células, atuação no metabolismo do ferro e para a realizado por meio de reposição oral da vitamina até a
formação de eritrócitos, neoglicogênese e cicatrização da resolução completa dos sintomas.
pele. VITAMINA B5
Fatores de risco
Sua deficiência é rara devido à ampla disponibilidade
A estocagem da riboflavina em nosso organismo é baixa, desse nutriente entre os alimentos e devido à sua produção
sendo assim, as principais causas de sua deficiência são por bactérias intestinais. As principais manifestações
clínicas envolvidas em sua deficiência são inespecíficas
• Desnutrição
(emagrecimento, irritabilidade, dermatites...)
• anorexia nervosa;
• gastroenterites; VITAMINA B6 (PIRIDOXINA)
• síndromes mal-absortivas;
A piridoxina participa de várias reações metabólicas como
Quadro clínico neoglicogenese, descarboxilação, síntese de moléculas do
heme, dentre outras.
As principais manifestações clínicas mais encontradas são
odinofagia, hiperemia de orofaringe, edema de Fatores de risco
membranas mucosas, queilite, estomatite, glossite,
Sua deficiência é rara, mas pode ser encontrada nas
anemia normocrômica e normocítica (devido à
seguintes situações:
eritropoiese ineficaz) e dermatite.
• Uso de medicamentos que interferem em seu
Diagnóstico e Tratamento
metabolismo: isoniazida, hidralazina,
O diagnóstico é feito por meio da história e exame físico e penicilamina, glicocorticoides, carbamazepina,
o tratamento deve ser realizado com a reposição oral da levodopa, carbidopa, cafeína e cloranfenicol;
riboflavina até a resolução completa dos sintomas • Doenças genéticas e erros inatos do metabolismo;
• Hemodiálise.
VITAMINA B3 (NIACINA)
Quadro clínico
A vitamina B3 participa de reações catabólicas e de reações
anabólicas de oxirredução. Atua na síntese de ácidos A suspeita de deficiência de piridoxina deve ser levantada
graxos e esteroides, e no metabolismo de carboidratos e em todo lactente com convulsões de difícil controle
proteínas. Os principais sinais da deficiência de piridoxina são
Fatores de risco glossite, anemia, dermatite, neuropatia periférica e
convulsões
Pode ser classificada em:
Diagnóstico e tratamento
• Primária: causada pela baixa ingestão de niacina.
É uma condição rara que pode ocorrer em Pode ser confirmada pela dosagem da piridoxina em sua
populações cuja base da dieta é o milho. Ele tem forma ativa. O tratamento baseia-se na reposição oral da
baixa concentração de niacina e elevada vitamina.
concentração de leucina no sorgo, que bloqueia a
VITAMINA B7 (BIOTINA)
síntese de ácido nicotínico
• Secundária: alcoolismo crônico (baixa ingestão e Está ligada ao metabolismo de carboidratos, aminoácidos
má-absorção), uso de isoniazida (ação inibitória e lipídeos. Ela é fundamental para a síntese proteica e
competitiva), doença de Hartnup (condição replicação celular.
hereditária com defeito na absorção do Fatores de risco
triptofano).
A deficiência nutricional da biotina é uma condição rara. A
Quadro clínico principal causa abordada em provas é a deficiência de
A dermatite predomina na pele exposta ao sol, sendo biotinidase, um erro inato do metabolismo de herança
caracterizada por eritema, e vesículas, semelhantes à autossômica recessiva que causa depleção da biotina
queimadura, que sofrem descamação posterior. Os locais endógena devido à incapacidade de reciclagem de biotina.
mais acometidos são os pés, mãos e pescoço Quadro clínico
A deficiência de niacina é denominada pelagra, Os sintomas têm início a partir da sétima semana de vida e
caracterizada pela tríade dos três D: consistem principalmente em manifestações neurológicas
• Dermatite; e cutâneas:
• Demência; • Alopecia, dermatite periorificial, infecções de
• Diarreia. pele;
[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

• Atraso do DNPM, convulsões, ataxia, deficiência VITAMINA C (ÁC. ASCÓRBICO)


auditiva, atraso na fala, letargia, coma,
As principais funções da vitamina C em nosso organismo
dificuldades na alimentação;
são ação antioxidante, síntese de colágeno e atenuação da
• Hepatoesplenomegalia, diarreia;
resposta inflatamatória.
Diagnóstico e tratamento
Fatores de risco
O tratamento tanto da deficiência nutricional como da
É uma condição rara, cuja principal causa é a baixa
deficiência de biotinidase consiste na administração de
ingestão desse elemento, ou pelo uso de dietas exóticas.
biotina na dose de 100mcg/dia;
Quadro clínico
VITAMINA B9 (ÁC. FÓLICO)
A deficiência de vitamina C é denominada ESCORBUTO,
Atuam na síntese de DNA e RNA e na metilação do DNA. A que manifesta-se sobretudo entre os 6 meses e os 2 anos
deficiência faz com que ocorram erros de replicação, de vida e suas principais manifestações decorrem da
podendo sofrer morte por apoptose, que é a base da
insuficiente produção de colágeno. Os achados mais
hematopoiese ineficaz. encontrados são:
Fatores de risco
• Hemorragias perifoliculares;
As principais causas da deficiência de ácido fólico são: • Hiperqueratose;
• Baixa ingestão do nutriente (ATENÇÃO: leite de • Dificuldade na cicatrização de feridas;
cabra é pobre em ácido fólico) • Hemorragias e hematomas gengivais;
• Síndrome de má-absorção: doença celíaca, • Hemorragias subperiostais que causam dor à
doenças inflamatórias intestinais; manipulação de membros e pseudoparalisias;
• Aumento da necessidade do nutriente: psoríase, • Sangramentos subperiostais - apresentam a
anemia falciforme, neoplasias, fases de rápido posição de “rã” devido à dificuldade de
crescimento somático; movimentação dos membros inferiores
• Rosário costal.
Quadro clínico
Diagnóstico e tratamento
A principal consequência da deficiência de ácido fólico é
hematológica e caracteriza-se por anemia megaloblástica O diagnóstico é baseado na história de ingestão deficiente
e hipersegmentação de neutrófilos, baixa contagem de de ácido ascórbico aliado às manifestações clínicas. O
reticulócitos. As manifestações não hematológicas tratamento é realizado através da reposição de ácido
consistem em glossite, baixo ganho ponderal e apatia sem ascórbico por via oral por 3 a 4 semanas.
relação com a anemia VITAMINA E (TOCOFEROL)
Diagnóstico e tratamento O sistema gastrointestinal pode ser afetado e as alterações
As dosagens de ácido fólico e vitamina B12 devem ser mais encontradas são a síndrome do intestino marrom que
solicitadas para que se confirme o diagnóstico. O se caracteriza por pigmentação anormal do intestino,
tratamento consiste na reposição da vitamina deficiente dilatação intestinal e pseudo-obstrução intestinal
até resolução completa dos sintomas clínicos e das Tem ação na eliminação de radicais livres, inibição da
manifestações laboratoriais proliferação celular, agregação plaquetária e adesão de
VITAMINA B12 (CIANOCOBALAMINA) monócitos. Não é uma condição comum e está relacionada
à má-absorção de gorduras que pode ser de causas
Possui funções semelhantes a vitamina B9. pancreáticas, intestinais ou hepáticas. As principais
Fatores de risco manifestações da deficiência de vitamina E se relacionam
a distúrbios neuromusculares e hemólise
A deficiência de vitamina B12 clássica ocorre em indivíduos
que recebem DIETA VEGETARIANA ESTRITA OU VEGANA. Tratamento
Lactentes em aleitamento materno, cujas mães O diagnóstico da deficiência de vitamina E baseia-se em
apresentam deficiência dessa vitamina, também dados clínicos e seu tratamento deve ser realizado com a
apresentam risco de manifestar sintomas dessa deficiência reposição oral dessa vitamina.
Quadro clínico ✪ Como cai em prova? lgumas situações indicam a
O quadro hematológico é semelhante ao apresentado por reposição oral dessa vitamina, mesmo antes do
pacientes com deficiência de folato. Sintomas gerais como surgimento dos sintomas da hipovitaminose, tais como:
palidez cutânea, glossite, diarreia, vômitos e icterícia • Bebês com colestase neonatal;
podem ser encontrados nesses pacientes • Pacientes com fibrose cística;
Tratamento • Pacientes submetidos a grandes ressecções de
intestino delgado.
Conforme explicado para folato, segue com dosagem de
vitamina e reposição ate resolução clinico-laboratorial
[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

VITAMINA K SUPLEMENTAÇÃO DE NUTRIENTES


É necessária para a ativação dos seguintes fatores de Atualmente, o Ministério da Saúde conta com três
coagulação: VII, IX, X e protrombina. Além disso, ela age na programas de suplementação de micronutrientes para
mineralização óssea. crianças. São eles:
Fatores de risco • Fortificação da alimentação infantil com
A deficiência desse micronutriente é comum em neonatos. micronutrientes em pó – NutriSUS.
Em crianças maiores e adultos, sua deficiência é rara e está • Programa Nacional de Suplementação de Ferro
ligada a algumas situações como: (PNSF).
• Programa Nacional de Suplementação de
• Síndrome de má-absorção intestinal: fibrose
Vitamina A (PNSVA).
cística, doença celíaca, doenças inflamatórias
intestinais; NUTRISUS
• Doenças colestáticas; As crianças que estão incluídas na Estratégia NutriSUS NÃO
• Uso de medicamentos: antibióticos que afetam a DEVEM receber a suplementação de ferro concomitante,
flora intestinal e limitam a sua absorção, elevadas tampouco a megadose de vitamina A.
doses de vitamina E.
São fornecidos sachês de 1 grama para uso diário que
Quadro clínico contêm um pó a ser misturado às refeições das crianças,
Os principais sintomas relacionados à deficiência de composto por 15 vitaminas e minerais. Essa recomendação
vitamina K se caracterizam por SANGRAMENTOS EM destina-se a:
MUCOSAS, HEMATOMAS, HEMATÚRIA, MELENA, ENTRE • crianças de 6 a 24 meses acompanhadas na
OUTROS. A desmineralização óssea também pode ser Atenção Primária à Saúde (APS) e que são
encontrada nesses pacientes beneficiárias de programas de transferência de
Diagnóstico e tratamento renda;
• crianças indígenas de 6 a 59 meses assistidas pelo
Em geral, pacientes com deficiência de vitamina K
Subsistema de Atenção à Saúde Indígena
apresentam aumento do TEMPO DE PROTROMBINA E INR
(SasiSUS).
AUMENTADO. O tratamento é realizado por meio da
reposição da vitamina e pode ser realizado por via oral, SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO
endovenosa ou intramuscular. Em relação à suplementação do ferro, existem duas
ZINCO recomendações distintas:
O Zinco é um elemento-traço, isto é, ele é requerido em • Recomendações do Ministério da Saúde (MS)
pequenas concentrações pelo organismo, sendo essencial • Recomendações da Sociedade Brasileira de
para inúmeras funções metabólicas (metabolismo celular Pediatria (SBP) - são as mais cobradas
como função imune, defesa antioxidante, crescimento e Programa da SBP
desenvolvimento)
Fatores de risco
Sua deficiência está ligada a dietas restritas nesse
elemento e quadros de desnutrição energético-proteica. O
aleitamento materno é um fator de proteção contra a
deficiência de Zinco porque o leite materno contém
concentrações adequadas desse elemento.
Quadro clínico
Os sinais e sintomas encontrados na deficiência crônica de As recomendações da SBP independem do regime de
Zinco são anorexia, diarreia, retardo no crescimento, aleitamento, devendo ser mantida até os 2 anos de idade
cicatrização lenta, higonadismo...
A SBP recomenda que os recém-nascidos a termo (RNT),
Diagnóstico e tratamento adequados para idade gestacional (AIG), SEM fatores de
risco, iniciem a suplementação de ferro com 6 meses de
A dosagem sérica de Zinco é o método laboratorial
idade, na dose de 1 mg/kg/dia. Já os RNT, AIG, COM fatores
utilizado para confirmar sua deficiência. O tratamento
de risco, devem iniciar a suplementação aos 3 meses de
desse déficit consiste na reposição oral desse elemento por
4 a 6 semanas até a resolução completa dos sintomas. idade, na mesma dose
[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

Ministério da saúde SBP


A suplementação deve ser realizada por VIA ORAL para
todos os lactentes, independente de amamentação.
A suplementação da vitamina D é recomendada em
crianças e adolescentes, na dose de 400 UI/dia em menores
de 1 ano e 600 UI/dia para maiores de 1 ano, da seguinte
O esquema atualmente recomendado consiste em
forma:
administrar para todos os lactentes nascidos a termo uma
dose diária de 10 a 12,5 mg de ferro elementar, em 2 ciclos • lactentes em aleitamento materno exclusivo:
intermitentes de suplementação no período, ou seja, 3 iniciar logo após o nascimento (após a primeira
meses de suplementação diária seguidos de 3 meses de semana);
intervalo e reinício de novo ciclo, respeitando a idade de 6 • Para os prematuros: iniciar a suplementação
a 24 meses quando o peso atingir 1500g;
• Crianças e adolescentes: quando ingerem menos
✪ Como cai em prova? o PNSF orienta:
de 600 UI de vitamina D/dia na dieta habitual;
• Lactentes em aleitamento materno ou uso de • Crianças e adolescentes: quando não são
fórmula devem iniciar a suplementação aos 6 expostos ao sol regularmente.
meses;
• Lactentes em uso de leite de vaca devem começar DIARREIA AGUDA
com a suplementação a partir dos 4 meses;
• Na presença de anemia, devemos iniciar
tratamento com ferro em dose plena;
CONCEITO
☑ Saiba mais: Recomendações antigas do Ministério da Diarreia é a eliminação de fezes malformadas ou líquidas
Saúde: Suplementação de ferro para lactentes a partir dos (ou seja, de consistência diminuída) com frequência
seis meses de vida com 1mg/kg/dia de ferro até os 2 anos aumentada. Conforme tempo de evolução será classificada
em:
Suplementação em pré-termos ou baixo peso
• Diarreia Aguda: até 2 semanas de duração;
Tanto a SBP como o MS recomendam as mesmas doses, • Diarreia Persistente: entre 2 e 4 semanas de
iniciadas com 30 dias de vida, diferenciadas para bebês duração;
prematuros e recém-nascidos com baixo peso: • Diarreia Crônica: duração superior a 4 semanas;
• RNT < 2.500g ou Prematuro de 2.500g a 1.500g: 2
mg/kg/dia até 1 ano CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA
• Prematuro de 1.500g a 1.000g: 3 mg/kg/dia até 1
DIARREIA SECRETÓRIA
ano
• Prematuro < 1.000g: 4 mg/kg/dia até 1 ano Ocorre devido a: uso de laxativos, cólera, VIPoma, ácidos
biliares e ácidos graxos.
☒ Cuidado: depois de 1 ano, a suplementação continua
como a do RNT/AIG, ou seja: 1 mg/kg/dia até os 2 anos Ocorre devido à secreção excessiva de água e eletrólitos
pela mucosa intestinal, por um distúrbio do transporte
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA A hidroeletrolítico. Principais características:
• Não melhora com o jejum (perdura durante a
noite);
• Grande volume (em geral > 1 L/dia);
A administração é oral e deve ser realizada na UBS (se a • Gap osmolar baixo (< 50 mOsm/L).
criança vomitar, não devemos repetir a dose). A (PNSVA) do
DIARREIA OSMÓTICA
Ministério da Saúde, que preconiza a MEGADOSE DE
VITAMINA A em grupos prioritários: Relacionada a agentes como Vírus e E. coli
enteropatogênica
• Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste: de 6 a 59
meses; Ocorre pela presença de solutos osmoticamente ativos e
• Regiões Sul e Sudeste: 6 a 24 meses; pouco absorvíveis no lúmen intestinal, que levam à
• Municípios indígenas: 6 a 59 meses. retenção osmótica de água, repercutindo em episódios
diarreicos. Principais características:
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D
• Cessa com o jejum (melhora a noite) ou com a
O Ministério da Saúde não orienta a suplementação
suspensão de substancia osmótica
universal de vitamina D de rotina para crianças a termo em
• Gap osmolar alto
nenhum dos documentos relacionados à saúde infantil e
profilaxias vitamínica.
[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

DIARREIA INFLAMATÓRIA Outros vírus


Nas diarreias inflamatórias, há perda de sangue e muco No momento que os casos por rotavírus começaram a
nas fezes, recebendo o nome de DISENTERIA diminuir, outros vírus aumentaram sua incidência:
Nesses casos, a liberação de citocinas e mediadores • Norovírus e Calicivírus: Vistos em surtos
inflamatórios promovem hipersecreção e hipermotilidade esporádicos, relacionados à água ou alimentos
intestinal. Também podemos ter invasão da mucosa e contaminados
doença sistêmica secundária. Principais características: • Adenovírus: Podem causar quadro respiratório
associado a intestinal;
• Disenteria (muco, sangue e pus nas fezes);
• Astrovírus: São os menos prevalentes. Acometem
• Calprotectina e lactoferrina fecal estão
principalmente lactentes e crianças
aumentadas
hospitalizadas.
✱ DICA: Os principais agentes da diarreia infecciosa PRINCIPAIS BACTÉRIAS
inflamatória/invasiva podem ser resumidos pelo acrônimo
E. coli
CE2 S2 Y:
Bactéria gram-negativa sabidamente causadora de
• Campylobacter; diarreia, geralmente por produção de enterotoxinas e/ou
• E. coli enteroinvasiva e entero-hemorrágica citotoxinas. Transmissão principalmente por meio de
• Entamoeba histolytica alimentos e água contaminados com fezes. Apresenta
• Shigella alguns sorotipos:
• Salmonella
• E. coli enterotoxigênica: causa diarreia aquosa,
• Yersinia enterocolítica
patógeno comumente responsável pela “diarreia
DISABSORTIVA dos viajantes”.
• E. coli enteropatogênica: causa diarreia aquosa e
Ocorre devido a: doença celíaca, doença de Crohn, doença afeta principalmente crianças de até 2 anos.
de Whipple, Giardia, estrongiloidíase, linfomas. • E. coli enteroinvasiva: causa disenteria e febre.
Ocorre pela má-absorção de lipídios (gorduras). Os ácidos • E. coli êntero-hemorrágica: seu representante
graxos não absorvidos no lúmen intestinal apresentam mais importante é o subptipo O157:H7,
efeito osmótico. Principais características: produtora de toxina shiga-like, responsável
clássica síndrome hemolítico-urêmica (anemia
• Diarreia explosiva;
hemolítica + insuficiência renal + plaquetopenia).
• Fezes com conteúdo gorduroso;
• E. coli enteroagregativa: grupo mais recente,
• Desnutrição importante associada;
causa diarreia persistente em crianças e
DIARREIA MOTORA pacientes com HIV.

Ocorre devido a: síndrome do intestino irritável, V. cholerae


neuropatia autonômica diabética.
Bacilo gram-negativo. Transmissão por água contaminada.
A absorção e secreção estão normais. O problema nestes São características marcantes:
casos é que não há tempo suficiente de contato com a
• Diarreia aquosa, descrita como líquido cinza,
mucosa para ocorrer uma absorção correta. Principais
ligeiramente turvo, sem bile, com flocos de muco,
características:
odor ligeiramente adocicado e inofensivo (“água
• Diagnóstico de exclusão; utilizada para lavar o arroz”);
• Sem muita relação com alimentação; • Diarreia MUITO volumosa;
• Tendencia a quadro mais brando • DESIDRATAÇÃO rápida e intensa;
• Doença de notificação compulsória
PRINCIPAIS ETIOLOGIAS INFECCIOSAS
Campylobacter
PRINCIPAIS VÍRUS
São bactérias transmitidas através de alimentos como
Os vírus merecem destaque por serem os principais carne crua (principalmente aves), água e contato direto
causadores. com animais infectados. Principais pontos:
Rotavírus • Forte associação com síndrome de Guillain-
Era o mais prevalente, porém com o advento da vacinação Barré.
perdeu um pouco o espaço. Sua incidência é mais comum • Causa dor abdominal importante, sendo inclusive
em meses frios, mas pode ocorrer o ano todo. O quadro diagnóstico diferencial de apendicite;
clássico é de uma diarreia aquosa, associada a vômitos e
febre.
[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

Yersinia • Apendicite;
Suínos e outros animais são considerados hospedeiros • Peritonite, abscesso hepático;
reservatórios das bactérias e a transmissão aos seres • Megacólon tóxico
humanos ocorre por via orofecal, através de água e NEMATELMINTOS
alimentos contaminados. Principais pontos:
• Adenite mesentérica + febre (parece apendicite);

Salmonella
Bastonete gram-negativo. Transmissão por alimentos
contaminados. Salmonella typho é causadora da FEBRE
TIFOIDE. Principais pontos:
• Diarreia aquosa seguida por diarreia
sanguinolenta. ✪ Como cai em prova? Você tem que saber quais parasitas
• Maioria dos casos auto-resolutivos; podem ocasionar a SÍNDROME DE LOEFFLER, isto é, que
• Pode estar associado a quadros de bacteremia; tem ciclo pulmonar. Essa síndrome é caracterizada por
• Associação com crises convulsivas (importante: tosse irritativa, desconforto subesternal, dispneia e
associação MENOS importante que a Shigella) febre. A radiografia de tórax pode mostrar opacidades
• Associação com osteomielite (em paciente ovais migratórias e infiltrados difusos bilaterais. O
falcêmico) tratamento da síndrome de Loeffler é feito com
broncodilatadores que auxiliam na melhora da tosse, e
Shigella corticoide oral. O uso de anti-helmínticos não deve ser
indicado, afinal essas drogas não apresentam atividade
DICA: é bem marcante a associação SHIGELLA +
contra as larvas.
CONVULSÕES (pra ajudar a lembrar: Epilepshigella)
Ascaridíase
Transmitida através de alimentos ou pelo contato
interpessoal. Possui alta infectividade, pois é resistente à Causada por Ascaris lumbricoides. É transmitida por meio
acidez do suco gástrico. Principais pontos: da ingestão de ovos que ficam em alimentos crus mal
lavados ou pela ingestão de água contaminada. A maioria
• Disenteria grave e agressiva; dos casos são assintomáticos, porém, quando há o
• Síndrome Hemolítico Urêmica
aparecimento de sintomas, o paciente pode apresentar:
• Forte associação com quadro neurológico
(crises convulsivas) • Síndrome de Loeffler;
• Complicações intestinais (megacolon toxico, • Suboclusão ou obstrução intestinal na valva
perfuração...). ileocecal.
Ancilostomíase
PROTOZOÁRIOS
Causada por Necator americanos (mais comum no Brasil)
Cryptosporidium ou por Ancylostoma duodenale. É transmitida por meio da
Protozoário transmitido por ingestão de oocistos na água penetração ativa de larvas através da pele íntegra do
e alimentos contaminados. Causa diarreia aquosa que hospedeiro. Clinicamente, o paciente pode apresentar:
pode ser prolongada. • Síndrome de Loeffler;
Giardia lamblia • Desnutrição (anemia e hipoalbuminemia)
Protozoário flagelado. Transmissão por ingestão de cistos Estrongiloidíase
na água ou alimentos contaminados. Causa destruição da Causada por Strongyloides stercoralis. Pode levar a
borda em escova das células intestinais. Características quadros graves e sistêmicos em pacientes
principais: imunocomprometidos. Ela também é transmitida por
• Diarreia disabsortiva com restos alimentares e meio da penetração ativa de larvas pela pele íntegra do
esteatorreia; hospedeiro. Pacientes com essa parasitose podem
• desnutrição, perda ponderal; apresentar:
• Intolerância à lactose. • síndrome de Loeffler
Entamoeba histolytica • dermatite larvária (larva currens)
• infecção disseminada (imunocomprometidos)
Transmissão por ingestão de cistos maduros na água ou
alimentos contaminados. Produz enzimas proteolíticas Enterobíase (oxiuríase)
que ulceram e perfuram a mucosa. Principais Causada por Enterobius vermicularis. Suas principais
características: características são:
• Assintomático ou disenteria; • PRURIDO ANAL;
[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

• Vulvovaginite com prurido vaginal. PLANOS DE TRATAMENTO


• Diagnóstico é feito pelo teste da fita gomada.
Plano A – Paciente SEM desidratação
Tricuríase
Devem receber o tratamento com terapia de reidratação
O que mais é cobrado em provas sobre a tricuríase é que ela oral (TRO) em AMBIENTE DOMICILIAR, e o objetivo dele é
pode levar a um quadro de tenesmo e PROLAPSO RETAL. PREVENIR A DESIDRATAÇÃO. Consiste em manter a
Causada por Trichuris trichiura por meio da ingestão de alimentação habitual da criança e oferecer o soro de
ovos que podem contaminar a água ou os alimentos. reidratação oral (SRO) após cada evacuação diarreica:

Toxocaríase • Menores de 1 ano: 50-100 ml de líquidos após cada


evacuação;
Pode causar um quadro de pneumonia com hepatomegalia • Crianças de 1 a 10 anos: 100-200 mL
e leucocitose com eosinofilia importante • Maiores de 10 anos: a quantidade que aceitarem
também conhecida como larva migrans visceral, é causada Além disto é recomendada a reposição de zinco, que pode
por Toxocara canis ou Toxocara cati, que são nematódeos reduzir a duração do quadro diarreico, assim como
de cães e gatos (homem é um hospedeiro acidental). prevenir a ocorrência de novos episódios por até 3 meses.
PLATELMINTOS A dosagem é de 10mg/dia para os menores de 6 meses e
20mg/dia para crianças entre 6 meses e 5 anos e deve ser
Teníase mantido por 10 a 14 dias.
Causada pelas Taenia solium e Taenia saginata, que Plano B – Paciente COM desidratação
parasitam, respectivamente, o porco e o boi. A transmissão
da teníase ocorre quando o homem ingere carne crua ou A presença de vômitos ocasionais não contraindica o plano
mal-passada de bovinos ou suínos, que contenha o B, e vômitos persistentes indicam a gastróclise (hidratação
cisticerco. Se o homem ingerir o ovo de T. solium, ele pode por sonda nasogástrica)
desenvolver a cisticercose. Realizado para pacientes já com diagnóstico de
desidratação na UNIDADE DE ATENDIMENTO através da
TRATAMENTO administração de solução de reidratação oral (SRO), 50 a
CLASSIFICAÇÃO DO PACIENTE 100 ml/kg de SRO em um período de 4 a 6 horas. Ao final de
4 a 6 horas, há dois caminhos a seguir:
• Se a criança estiver hidratada, ela poderá ser
liberada para casa com o Plano A
• Se a desidratação persistir, está indicada iniciar a
gastróclise. A qualquer momento, se ela evoluir
para desidratação grave, devemos passar para o
plano C.
Plano C – Desidratação GRAVE
É indicado para os pacientes com sinais de DESIDRATAÇÃO
GRAVE e deverá ser executado em AMBIENTE DE
INTERNAÇÃO HOSPITALAR. Possui 3 fases:
• Expansão:
o Menores de 1 ano: 30 ml/kg de SF 0,9% ou
Ringer Lactato, em 1 hora + 70 ml/kg de
Para guiar os profissionais de saúde do país, o Ministério da SF 0,9% ou Ringer Lactato, em 5 horas
Saúde elaborou uma cartilha com orientações quanto ao o Maiores de 1 ano: 30 ml/kg de SF 0,9% ou
manejo do paciente com diarreia aguda. Por intermédio Ringer Lactato, em 30 minutos + 70 ml/kg
dela, preconiza-se o tratamento do doente com diarreia de SF 0,9% ou Ringer Lactato, em 2h e 30
aguda por meio de três planos denominados PLANOS A, B minutos
e C. o Neonatos ou cardiopatas menores de 5
☒ Cuidado: No plano A o paciente NÃO está desidratado. anos: Começar com 10 ml/kg
Muitas questões tentam confundir estes conceitos • Manutenção: manutenção de fluidos por mais 24
utilizando terminologias como “Desidratação leve” ou horas, no mínimo. A principal regra para calculo
“levemente desidratado”. dessa reposição se dá pela regra de Holliday-
Segar. A solução utilizada é uma solução padrão e
✱ DICA: Se o paciente estiver com diminuição do nível de 4:1 de soro glicosado e soro fisiológico 0,9% e
consciência (comatoso, hipotônico, letárgico, acrescenta potássio 10% 2ml a cada 100ml de
inconsciente) ou o examinador usar a palavra “muito”, ele solução. Pela fórmula teremos o volume
só pode estar grave! infundido:
[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

o Até 10 kg: 100x peso há mudança na característica das fezes e a conduta é


o De 10 a 20 kg: 1000 + 50 x peso que excede apenas orientação.
10 quilos
ALERGIA ALIMENTAR
o Maior de 20 kg: 1500 + 20 x peso que
excede 20 quilos Diarreia por mecanismos imunomediados, após exposição
• Reposição: feita durante o internamento do ao alérgeno alimentar. Ela ocorre geralmente em lactentes
paciente, apenas caso ele continue apresentando jovens, alimentados ao seio materno, e pode cursar com
perdas por diarreias ou vômitos. Feita com SORO raias de sangue, irritabilidade, aumento de gases, perda
GLICOSADO 5% + SORO FISIOLÓGICO 0,9% NA ponderoestatural e sintomas sistêmicos de alergia, como
PROPORÇAO 1:1 50 ml/kg/dia em 24 horas. anafilaxia, broncoespasmo, urticária e angioedema. O
tratamento é a exclusão do alimento da dieta.
TRATAMENTOS ACESSÓRIOS
GALACTOSEMIA
Algumas terapias são frequentemente lembradas em
provas, seja por sua indicação ou contraindicação: Doença genética em que o organismo não consegue
metabolizar o açúcar, provocando diarreia osmótica,
Antibióticos
vômito, icterícia e dificuldade de ganho ponderal. A
A maioria das diarreias agudas infecciosas é causada por investigação é feita por meio do teste de triagem neonatal
vírus, de maneira que o uso de antibióticos não deve ser e a pesquisa de substâncias redutoras na urina. O
rotina. Desta forma o antibiótico será recomendado tratamento é a restrição da galactose e da lactose da dieta.
apenas se:
• Comprometimento do estado geral
• Disenteria
• Cólera grave
☑ Saiba mais: Que antibiótico deverá ser utilizado?
• CRIANÇAS ATÉ 30kg (a partir de 3 meses e sem
imunodeficiência): Azitromicina ou Ceftriaxona
• CRIANÇAS COM MAIS DE 30kg, ADOLESCENTES E
ADULTOS: Ciprofloxacino ou Ceftriaxona
Dieta
A dieta deverá ser mantida nos indivíduos com diarreia
aguda, bem como, deve-se seguir com o aleitamento
materno nos lactentes.
☒ Cuidado: Durante a reposição de SRO no plano B a
criança deve ter sua alimentação suspensa.
Antidiarreicos
São contraindicados em qualquer tipo de diarreia aguda
infecciosa
Antiemeticos
Em geral não são recomendados, pois podem causar
sonolência e sedação e, com isso, dificultar a avaliação do
estado geral do paciente, além de atrapalhar a terapia de
reidratação oral. A única exceção é a ondansetrona, que
pode ser utilizada se o paciente que estiver no plano B
apresentar vômitos persistentes

DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS IMPORTANTES


PSEUDODIARREIA
Os lactentes amamentados exclusivamente ao seio
materno apresentam fezes amareladas a esverdeadas,
semilíquidas e um reflexo chamado de gastrocólico, isto é,
aumentam sua motilidade intestinal ao serem
alimentados. Em algumas crianças, esse reflexo é
exacerbado e elas podem evacuar mais de 8 vezes ao dia
fezes explosivas. Não é uma diarreia verdadeira, pois não

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