Loucura em Abadir
Esta é uma aventura introdutória para o acabará fazendo com que o mundo material seja
cenário de Averum. Recomenda-se de 3 a 5
jogadores, com personagens Novatos. Pelo
menos um dos personagens deve possuir
Antecedente Arcano (Magia) e outro deve
possuir Antecedente Arcano (Milagres).
Nova regra de ambientação: em Averum
os Pontos de Poder são chamados de “Pontos de
Mana”. De modo a refletir o caráter decadente e
caótico da magia neste cenário, magos sofrem
choque de retorno ao tirar 1 ou 2 em suas
rolagens de conjuração. Em contrapartida,
magias de dano causam +4 de dano. Já os
sacerdotes, começam com 8 pontos de mana (ao
invés de 10), pois o contato com suas divindades
está enfraquecido.
As pessoas comuns em geral irão reagir
com desconfiança e até medo em relação a magos
declarados. Já os sacerdotes geralmente serão
recebidos com descrença e desdém.
Averum é um mundo que foi devastado
pela Grande Guerra Celestial, que consumiu a
maior parte da mana existente (mana é a energia
mística que os Deuses utilizaram para moldar
todos os elementos e dar vida a suas criações). A
Guerra Celestial foi travada a centenas de ano
atrás pelos Deuses Antigos, incorporados em
seus Avatares terrenos. Dizem as lendas que
Zakanon, o Senhor do Mundo Inferior, uma
divindade ancestral de enorme poder e maldade,
teria sido o causador dessa guerra, pois ele foi o
único a se beneficiar do caos e destruição que se
seguiram. Enquanto os outros Deuses tiveram
seus Avatares destruídos e sua influência
diminuída, Zakanon ganhou mais poder,
corrompendo o pouco mana remanescente e
prosperando em locais onde o mana foi exaurido.
À medida que os Deuses Antigos
perderam poder em Averum, seus cultos foram
perdendo força e se extinguindo aos poucos, pois
as suas preces deixaram de ser atendidas. Por
outro lado, um grupo que era muito pequeno e
costumava cultuar Zakanon em segredo, o
chamado “Culto da Espiral Negra”, passou a
ganhar mais adeptos a cada dia e seus acólitos se
tornaram bastante poderosos. Um dos objetivos
nefastos desse culto é abrir caminhos
permanentes para o Mundo Inferior, o que
totalmente corrompido e se torne parte dos
domínios de Zakanon. E para manter esses
caminhos abertos os cultistas precisam invocar
para o mundo material os Senhores Abissais, que
são poderosos demônios do Mundo Inferior.
A vila de Abadir era um local tranquilo
para se viver durante os tempos turbulentos que
se sucederam à Guerra Celestial. Localizada em
um vale afastado das grandes cidades, gozava
ainda da proteção dos cavaleiros de Lorde
Aradris, um nobre justo e bondoso que
governava as terras locais a partir do Castelo de
Abadir. Parte da sabedoria de Aradris vinha de
seu conselheiro de confiança, o mago Zared.
Apesar de a magia ter se tornado um
poder imprevisível e perigoso, Zared sempre se
dedicou aos seus estudos arcanos, ainda que
longe das vistas da população local. A sua
obsessão pelo misticismo proibido foi o que
acabou se tornando a ruína de Abadir. Cultistas
da Espiral Negra se aproximaram disfarçados de
Zared e lhe ofereceram conhecimentos arcanos
que poderiam torná-lo extremamente poderoso.
Ele sucumbe à tentação e resolve iniciar um
ritual que deveria lhe conferir novos poderes,
além de torná-lo imortal.
Enganado pelos cultistas, Zared percebe
tarde demais que na verdade está realizando um
ritual de conjuração de um portal para invocar
Ulosh, um Senhor Abissal. Zared é então
envolvido por vapores do Mundo Inferior, que
lhe afligem com o Flagelo Negro, uma doença
mística que drena a força de vontade e corrompe
a carne dos infectados, transformando-os
lentamente em Crias do Flagelo, que nada mais
são que servos de Zakanon.
Sob a influência de Zakanon, o mago
acaba trazendo o caos para o Castelo - ele
envenena alimentos e bebidas, fazendo com que
alguns habitantes se suicidem, outros
enlouqueçam e alguns ainda se transformem em
Crias do Flagelo. Aradris, outrora um valoroso
paladino de Mekthor (um dos Deuses Antigos),
resiste parcialmente ao veneno de Zared - o lado
direito de seu corpo acaba desfigurado pelo
flagelo e sua mente se torna entorpecida e
sugestionável.
 Para concluir o ritual de conjuração
serão necessários vários sacrifícios humanos -
Zared convence Aradris de que o portal na
verdade é uma maldição que recaiu sobre
Abadir e que os sacrifícios serão necessários
para pôr um fim na maldição. Aradris,
enlouquecido comanda seus cavaleiros,
transformados em Crias do Flagelo, para, dia
após dia, raptar uma vítima da vila de Abadir e
levá-la até o castelo para suprir o ritual funesto.
Os moradores da vila tentam fugir desse
destino abominável somente para se depararem
com algo ainda mais terrível: o ritual criou ao
redor da região uma espécie de Círculo de
Corrupção, uma faixa de terra, com centenas de
metros de largura, onde toda a vida morreu, e o
solo está negro e fumegante, embora seja
extremamente frio ao contato. Qualquer um que
tente atravessar essa faixa de terra corrompida
começa rapidamente a sentir náuseas, tontura e
fraqueza. Se tentar prosseguir, em poucos
minutos cairá inconsciente e será infectado pelo
Flagelo Negro.
Os personagens acordam todos juntos
dentro de uma jaula, sobre uma carroça. Eles não
se conhecem e tampouco se recordam de como
vieram parar nessa jaula. Estão também com
todos seus pertences, exceto armas. Quem
obtiver sucesso num teste de Espírito -1
conseguirá se lembrar de que estava bebendo
numa taverna quando uma figura encapuzada se
aproximou para conversar e se ofereceu para
pagar uma bebida (na verdade os personagens
foram drogados por cultistas da Espiral Negra,
aprisionados e trazidos para a vila de Abadir,
para servirem como mais vítimas para o ritual).
A jaula não é das mais resistentes - basta
um personagem ser bem sucedido em um teste
de Força para conseguir arrebentar a sua
fechadura. A carroça está na beira de uma
pequena estrada, onde parece ter sido montado
um acampamento, abandonado às pressas. Não
há nada de útil nos restos do acampamento,
porém, se um personagem tiver Rastreamento e
for bem sucedido em um teste perceberá que
alguma coisa foi arrastada para o meio do mato.
Seguindo os rastros descobrirá um baú jogado
dentro de um charco, contendo as armas dos
personagens. Se resolverem seguir pela
estrada, em uma direção ela termina no Círculo
de Corrupção e na outra direção termina na vila
de Abadir.
Os personagens se aproximam da vila já
ao cair da noite. Uma tênue neblina começa a
cobrir a região, trazendo um nauseante odor de
podridão Quando estiverem já avistando
algumas luzes das casas, escutarão o barulho de
vários cavalos se aproximando rapidamente,
vindo aparentemente da direção oposta. Em
poucos minutos se segue o barulho de madeira
sendo arrebentada e gritos agonizantes. Mesmo
que decidam correr na direção da vila, quando
chegarem os misteriosos cavaleiros já terão
partido.
Os habitantes estão totalmente
aterrorizados com os ataques das Crias do
Flagelo e não deixarão os personagens entrarem
em suas casas de maneira alguma. Se tentarem
forçar a entrada em uma casa, serão atacados por
um aldeão enlouquecido pelo medo. A vila está
bem decrépita e parece abandonada, exceto pelas
poucas luzes que se veem por algumas frestas. A
maior parte das casas está vazia, com sinais de
arrombamento e algumas estão até mesmo
incendiadas. A melhor opção é os personagens
dormirem numa estalagem abandonada, na praça
principal, até o nascer do dia.
 Atributos: Agilidade d4, Astúcia d4,
Espírito d4, Força d6, Vigor d6
 Perícias: Lutar d4, Perceber d4
 Carisma: 0, Aparar: 4, Movimentação:
6, Resistência: 5
 Equipamento: Faca For+d4
Durante o dia, os habitantes, embora
bastante assustados, se mostram mais amistosos
e contarão sobre os estranhos rumores da
loucura que assolou o Castelo, seguidos pelos
raptos noturnos e o surgimento do Círculo de
Corrupção que os impede de fugir. Muitos estão
a beira da loucura, pois a comida está acabando
(as plantações definharam) e qualquer esforço
para enfrentar os cavaleiros malditos tem sido
uma maneira mais rápida de encontrar a morte.
Eles descrevem os cavaleiros como uma espécie
de “sombra distorcida do que foram em vida,
com a pele escurecida e ressecada, exalando a
podridão, e um olhar amarelado que transparece
um ódio insano”.
O ancião da vila, Alerius, implorará para
os personagens invadirem o Castelo e tentarem
descobrir e eliminar a fonte de todo esse
infortúnio. Se não tiverem recuperado suas
armas ele oferecerá algumas armas velhas, mas
em bom estado. Caso ainda se mostrem em
dúvida, ele oferecerá toda a riqueza que eles
possuem, algo em torno de $1000 em moedas de
ouro. Se optarem por aguardar na vila a chegada
dos cavaleiros, ao anoitecer 1d4+6 cavaleiros
malditos atacarão a vila em busca de uma nova
vítima.
O castelo fica à cerca de 30 minutos de
caminhada da vila, no alto de um rochedo
escarpado. O único acesso se dá por meio de
uma trilha, que passa por uma frágil ponte, sobre
um penhasco. O portão principal do castelo está
bloqueado. Qualquer tentativa de forçar o portão
atrairá a atenção de uma Cria do Flagelo, que irá
disparar flechas contra os personagens, do alto
da muralha. Contornando o rochedo é possível
achar uma caverna semioculta, escavada na
rocha.
A caverna leva diretamente para as
masmorras, onde Zared está conduzindo o ritual
de invocação, com a ajuda das Crias do Flagelo.
As salas nesta área são feitas de pedras brutas,
são bastante úmidas e aparentam ser mais
antigas que o restante das construções acima.
Por meio de um alçapão é possível alcançar o
pátio do castelo.
O castelo é uma fortificação em estilo
medieval tradicional: possui alojamentos,
estábulos, sala da guarda, arsenal, cozinha, salão
comum, etc. O aspecto em geral é de uma
construção bastante sólida, porém que foi
abandonada a pouco tempo. Andando pelas
construções os personagens encontrarão restos
de comida apodrecida, além de cadáveres de
cavalos e dos antigos habitantes. Ao lado do
castelo, acessível por uma ponte, há uma torre
fortificada, construída de modo a ser o último
ponto de resistência contra uma invasão. Essa
torre é a residência de Lorde Aradris.
A seguir estão listadas as principais
localizações do castelo. Aquelas que não possuem
descrição não contém nada de interesse para os
jogadores e podem ser preenchidas com mobília
e itens comuns.
 Sala do comandante da guarda (1)
 Sala da guarda (2)
 Pátio principal, com estábulos (3)
 Adega (4)
 Arsenal (5)
 Depósito (6)
 Pátio secundário (7)
 Salão de honra (8): ricamente adornado
por tapeçarias, armas e escudos, parece
já ter visto tempos melhores. Há uma
grande mesa de banquetes no centro e
num dos cantos, virada para uma lareira,
há uma luxuosa poltrona, onde se
encontra Aradris.
 Santuário de Mekthor (9): outrora um
pequeno templo, agora é um local
profanado e corrompido. Aqui pode ser
encontrada uma estátua do Deus
Guerreiro Mekthor, parcialmente
destruída. Em meio aos escombros há
um martelo de guerra mágico (Dano+1,
Lutar+1).
 Alojamento dos cavaleiros (10)
 Cozinha (11)
 Salão comum (12)
 Dispensa (13)
 Sala dos cavaleiros (14)
 Estúdio de Zared (15): os itens úteis que
podem ser encontrados aqui são um
pergaminho de Dissipar Magia
(somente pode ser lido por um mago),
um frasco de veneno e uma poção de
Cura Maior.
 Quarto de Aradris (16)
 Biblioteca e sala privativa (17)
 Sala do tesouro (18): trancada com uma
porta de ferro, aqui pode ser encontrado
um baú de tesouro (conteúdo a cargo do
mestre).
 Alojamento (19)
 Quarto de Zared (20)
 Depósito macabro (21): essa pequena
sala exala um terrível odor de
decomposição. É o local onde são
jogados os cadáveres das vítimas do
ritual, que tiveram todo seu sangue
drenado. Quem entrar aqui deve ter
sucesso num teste de Espírito-2 ou
ficará Abalado.
 Sala da guarda da masmorra (22): possui
um alçapão no teto, trancado.
 Sala do ritual (23): esta sala está
trancada magicamente (só pode ser
aberta com um pergaminho que está no
estúdio de Zared). Zared está realizando
o ritual aqui, dentro de um círculo
místico. No centro do círculo há uma
esfera de luz esverdeada (é um proto-
portal para o Mundo Inferior).
Pendurados no teto existem cadáveres
de vítimas, se esvaindo em sangue. Se os
personagens conseguirem matar Zared,
o ritual será interrompido e o Círculo de
Corrupção deixará de ter efeito sobre
quem tentar atravessá-lo.
 Depósito (24)
 Celas (25): em uma das celas há um
esqueleto e na outra um prisioneiro
 infectado pelo Flagelo Negro, em estado
delirante.
 Caverna de entrada (26): essa grande
caverna escavada na rocha está
parcialmente alagada. Se os personagens
não confrontarem os cavaleiros malditos
na vila, eles serão encontrados aqui.
Aqui também estão espalhados as
roupas e pertences das vítimas.

 Atributos: Agilidade d6, Astúcia d4,

Espírito d4, Força d6, Vigor d6
 Perícias: Atirar d6, Intimidar d6, Lutar
d6, Perceber d4
 Carisma: 0, Aparar: 5, Movimentação:
6, Resistência: 8 (3)
 Equipamento: Espada Curta For+d6 ou
Arco 2d6, Corselete +3

☠
 Atributos: Agilidade d6, Astúcia d12,
Espírito d8, Força d6, Vigor d6
 Perícias: Atirar d8, Conhecimento
(Arcano) d10, Conjurar d12, Intimidar
d8, Lutar d6, Perceber d8, Provocar d8
 Carisma: 0, Aparar: 5, Movimentação:
6, Resistência: 5
 Equipamento: Cajado Necromante (ver
página 87 do Compêndio de Fantasia)
 Pontos de Mana: 25
 Poderes: Armadura, Dissipar, Voo,
Raio, Iluminar

☠
 Atributos: Agilidade d8, Astúcia d6,
Espírito d10, Força d10, Vigor d10
 Perícias: Cavalgar d8, Curar d6, Lutar
d8, Perceber d6, Persuadir d8
 Carisma: 0, Aparar: 7, Movimentação:
6, Resistência: 10 (3)
 Equipamento: Espada Longa For+d8,
Corselete +3, Chave da Sala do Tesouro

Aradris não atacará os personagens

quando for confrontado. Apesar de infectado
pelo Flagelo Negro, ele ainda possui parte de sua
antiga consciência. Ele tentará argumentar,
pedindo ajuda para completar o ritual, para
acabar com a maldição de Abadir. Infelizmente
os personagens não conseguirão convencê-lo da
loucura de Zared.