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(e) Vícios: temos visto até aqui que a educação supõe o bom hábito,
que é a virtude, para superar a ignorância. A virtude é a disposição do
que é perfeito para o melhor, por perfeito entende-se o que está
disposto segundo o modo de sua natureza [STh.I-II,q71,a1,c]. Três
coisas se encontram em oposição à virtude: o pecado, que se opõe ao
fim bom que a virtude se ordena; a malícia, que se opõe àquilo a que se
ordena a virtude, a bondade e o vício, que se opõe à disposição habitual
da virtude ao bem [STh.I-II,q.71,a1.c]. Vício é a privação de perfeição
da natureza por disposição habitual contrária ao bem da mesma [STh.I-
II,q71,a1,c]. O vício opõe-se à virtude. Ora, a virtude de cada coisa
consiste em que esteja bem disposta segundo o que convém à natureza.
Logo, deve-se chamar vício, em qualquer coisa, o fato de estar em
disposições contrárias ao que convém à sua natureza [STh.I-
II,q71,a2,c]. O hábito é que está no meio entre a potência e o ato. É
evidente que o ato é mais do que a potência, no bem como no mal. Por
isso é melhor agir bem do que poder agir bem e, do mesmo modo, é
pior agir mal do que poder agir mal. Portanto, o ato vicioso é pior do
que o hábito mal ou o vício [STh.I-II,q71,a3,c]. Pois bem, denomina-se
pecado, como já aludimos, o ato vicioso que se opõe: à lei eterna, que é
Deus, ou seja, é a aversão a Deus e a conversão às coisas criadas e à lei
natural da razão, que é a lei da natureza humana. Portanto, em
oposição às virtudes cardeais há os vícios ou pecados capitais, ditos
deste modo, porque são cabeças e dão origem a muitos outros [STh.I-
II,q.84,a4,c]. Os vícios se dividem segundo a oposição às virtudes.
Sendo assim, temos: Vícios capitais: desordem do intelecto e das
potências apetitivas. Com relação à prudência, a reta razão de agir, que
ordena e inclina a razão ao fim último que é Deus, se contrapõe o
vício: soberba: apetite desordenado da própria excelência e início de
todos os vícios [STh.I-II,q84,a2,c]. Com relação à justiça, que ordena e
inclina a vontade dar a cada um o que lhe convém se contrapõem os
vícios: avareza: apetite desordenado das riquezas, de qualquer bem
temporal e corruptíveis [STh.I-II,q84,a1,c] e inveja: apetite
desordenado dos bens alheios que se caracteriza como uma tristeza em
que considera que o bem do outro é um mal pessoal [STh.II-
II,q36,a1,c]. Com relação à fortaleza, que põe firmeza na vontade frente
ao apetite sensitivo irascível se contrapõem os vícios: preguiça: apetite
desordenado que se configura como uma tristeza profunda que produz
no espírito do homem tal depressão que este não tem vontade ou ânimo
de fazer mais nada, e se manifesta como um torpor do espírito que não
pode empreender o bem [STh.II-II,q35,a1,c] e ira: apetite desordenado
que se configura como tristeza e se conflagra no desejo e na esperança
de vingança [STh.I-II,q46,a1,c].Com relação à temperança, que põe
moderação na vontade frente ao apetite sensitivo concupiscível se
contrapõem os vícios: gula: apetite desordenado do desejo e do deleite
de alimentos [STh.II-II,q148] e luxúria: apetite desordenado do desejo
e dos prazeres sexuais [STh.II-II,q153].