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Info 819 stf1 PDF
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Processo excluído deste informativo esquematizado por não ter sido concluído em virtude de suspensão: HC 126545/RJ
ÍNDICE
DIREITO CONSTITUCIONAL
TRIBUNAL DE CONTAS
Auditoria do TCU e desnecessidade de participação do servidor indiretamente afetado.
DIREITO ADMINISTRATIVO
RESPONSABILIDADE CIVIL
Responsabilidade civil do Estado em caso de morte de detento.
DIREITO PENAL
LEI DE DROGAS
Valoração negativa da natureza e quantidade da droga autoriza a fixação de regime inicial de pena mais gravoso.
COMPETÊNCIA
O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não atrai a competência da justiça federal.
HABEAS CORPUS
Inviabilidade de HC para se discutir se houve dolo eventual ou culpa consciente em homicídio praticado na direção
de veículo automotor.
DIREITO TRIBUTÁRIO
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS
Constitucionalidade da cobrança de alíquotas diferenciadas para instituições financeiras (art. 22, § 1º da Lei nº
8.212/91).
Em auditoria realizada pelo TCU para apurar a gestão administrativa do Poder Legislativo, os
servidores indiretamente afetados pelas determinações do Tribunal não possuem direito de
serem ouvidos no processo fiscalizatório.
Não existe, no caso, desrespeito ao devido processo legal.
A atuação do TCU ficaria inviabilizada se, nas auditorias realizadas, fosse necessário intimar,
para integrar o processo administrativo de controle, qualquer um que pudesse ser alcançado,
embora de forma indireta, pela decisão da Corte.
STF. 1ª Turma. MS 32540/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
Em auditoria realizada pelo TCU para apurar a gestão administrativa do Poder Legislativo, os servidores
indiretamente afetados pelas determinações do Tribunal não possuem direito de serem ouvidos no
processo fiscalizatório.
Não existe, no caso, desrespeito ao devido processo legal.
A atuação do TCU ficaria inviabilizada se, nas auditorias realizadas, fosse necessário intimar, para
integrar o processo administrativo de controle, qualquer um que pudesse ser alcançado, embora de
forma indireta, pela decisão da Corte.
STF. 1ª Turma. MS 32540/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
DIREITO ADMINISTRATIVO
RESPONSABILIDADE CIVIL
Responsabilidade civil do Estado em caso de morte de detento
Importante!!!
Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX,
da CF/88, o Estado é responsável pela morte de detento.
STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/3/2016 (repercussão geral) (Info 819).
Se você reparar bem o § 6º acima, verá que não está escrito expressamente que a responsabilidade é
objetiva. A doutrina e a jurisprudência, no entanto, de forma pacífica assim entendem por um motivo: o
dispositivo exige dolo ou culpa para que o agente público responda regressivamente, mas não faz esta
mesma exigência para que o Estado tenha que indenizar. Logo, interpreta-se que a exigência de dolo ou
culpa é unicamente para a ação regressiva.
Requisitos para que haja a responsabilidade civil do Estado
Quando se fala que a responsabilidade do Estado é objetiva, isso significa que a pessoa que sofreu um
dano causado por um agente público terá que provar apenas três elementos:
a) conduta praticada por um agente público, nesta qualidade;
b) dano;
c) nexo de causalidade (demonstração de que o dano foi causado pela conduta).
Diógenes Gasparini explicava com peculiar didática em que consistia a teoria do risco integral:
"Por teoria do risco integral entende-se a que obriga o Estado a indenizar todo e qualquer dano, desde que
envolvido no respectivo evento. Não se indaga, portanto, a respeito da culpa da vítima na produção do
evento danoso, nem se permite qualquer prova visando elidir essa responsabilidade. Basta, para
caracterizar a obrigação de indenizar, o simples envolvimento do Estado no evento. Assim, ter-se-ia de
indenizar a família da vítima de alguém que, desejando suicidar-se, viesse a se atirar sob as rodas de um
veículo, coletor de lixo, de propriedade da Administração Pública, ou se atirasse de um prédio sobre a via
pública. Nos dois exemplos, por essa teoria, o Estado, que foi simplesmente envolvido no evento por ser o
proprietário do caminhão coletor de lixo e da via pública, teria de indenizar. Em ambos os casos os danos
não foram causados por agentes do Estado. A vítima os procurou, e o Estado, mesmo assim, teria de
indenizar." (Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 16ª Ed., 2011, p. 1.114).
Qual é o tipo de responsabilidade civil aplicável nos casos de omissão do Estado? Se a Administração
Pública causa um dano ao particular em virtude de uma conduta omissa, a responsabilidade nesta
hipótese também será objetiva?
Existe intensa divergência sobre o tema:
Doutrina tradicional e STJ Jurisprudência do STF
Na doutrina, ainda hoje, a posição majoritária é a Na jurisprudência do STF, contudo, tem ganhado
de que a responsabilidade civil do Estado em caso força nos últimos anos o entendimento de que a
de atos omissivos é SUBJETIVA, baseada na teoria responsabilidade civil nestes casos também é
da culpa administrativa (culpa anônima). OBJETIVA. Isso porque o art. 37, § 6º da CF/88
determina a responsabilidade objetiva do Estado
Assim, em caso de danos causados por omissão, o sem fazer distinção se a conduta é comissiva
particular, para ser indenizado, deveria provar: (ação) ou omissiva.
a) a omissão estatal; Não cabe ao intérprete estabelecer distinções
b) o dano; onde o texto constitucional não o fez.
c) o nexo causal; Se a CF/88 previu a responsabilidade objetiva do
d) a culpa administrativa (o serviço público não Estado, não pode o intérprete dizer que essa regra
funcionou, funcionou de forma tardia ou ineficiente). não vale para os casos de omissão.
Dessa forma, a responsabilidade objetiva do Estado
Esta é a posição que você encontra na maioria dos engloba tanto os atos comissivos como os omissivos,
Manuais de Direito Administrativo. desde que demonstrado o nexo causal entre o dano
e a omissão específica do Poder Público.
O STJ ainda possui entendimento majoritário no
sentido de que a responsabilidade seria subjetiva. (...) A jurisprudência da Corte firmou-se no sentido
Vide: STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1345620/RS, de que as pessoas jurídicas de direito público
Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em respondem objetivamente pelos danos que
24/11/2015. causarem a terceiros, com fundamento no art. 37, §
6º, da Constituição Federal, tanto por atos
comissivos quanto por atos omissivos, desde que
demonstrado o nexo causal entre o dano e a
omissão do Poder Público. (...)
STF. 2ª Turma. ARE 897890 AgR, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 22/09/2015.
Deve-se fazer, no entanto, uma advertência: para o STF, o Estado responde de forma objetiva pelas suas
omissões. No entanto, o nexo de causalidade entre essas omissões e os danos sofridos pelos particulares
só restará caracterizado quando o Poder Público tinha o dever legal específico de agir para impedir o
evento danoso e mesmo assim não cumpriu essa obrigação legal.
Assim, o Estado responde de forma objetiva pelas suas omissões, desde que ele tivesse obrigação legal
específica de agir para impedir que o resultado danoso ocorresse. A isso se chama de "omissão específica"
do Estado.
Dessa forma, para que haja responsabilidade civil no caso de omissão, deverá haver uma omissão específica do
Poder Público (STF. Plenário. RE 677139 AgR-EDv-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 22/10/2015).
Logo, o Poder Público poderá ser condenado a indenizar pelos danos que o preso venha a sofrer. Esta
responsabilidade é objetiva.
Assim, a morte de detento gera responsabilidade civil objetiva para o Estado em decorrência da sua
omissão específica em cumprir o dever especial de proteção que lhe é imposto pelo art. 5º, XLIX, da CF/88.
Vale ressaltar, no entanto, que a responsabilidade civil neste caso, apesar de ser objetiva, é regrada pela
teoria do risco administrativo. Desse modo, o Estado poderá ser dispensado de indenizar se ficar
demonstrado que ele não tinha a efetiva possibilidade de evitar a ocorrência do dano. Nas exatas palavras
do Min. Luiz Fux: "(...) sendo inviável a atuação estatal para evitar a morte do preso, é imperioso
reconhecer que se rompe o nexo de causalidade entre essa omissão e o dano. Entendimento em sentido
contrário implicaria a adoção da teoria do risco integral, não acolhida pelo texto constitucional (...)".
Em suma:
Em regra: o Estado é objetivamente responsável pela morte de detento. Isso porque houve
inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88.
Exceção: o Estado poderá ser dispensado de indenizar se ele conseguir provar que a morte do detento
não podia ser evitada. Neste caso, rompe-se o nexo de causalidade entre o resultado morte e a
omissão estatal.
Exemplo:
Imagine que um detento está doente e precisa de tratamento médico. Ocorre que este não lhe é oferecido
de forma adequada pela administração penitenciária. Há claramente uma violação ao art. 14 da LEP. Neste
caso, se o preso falecer, o Estado deverá ser responsabilizado, considerando que houve uma omissão
específica e o óbito era plenamente previsível.
Suponha, no entanto, que o preso estivesse bem e saudável e, sem qualquer sinal anterior, sofre um mal
súbito no coração e cai morto instantaneamente no pátio do presídio. Nesta segunda hipótese, o Poder
Público não deverá ser responsabilizado por essa morte, já que não houve omissão estatal e este óbito
teria acontecido mesmo que o preso estivesse em liberdade.
O Estado pode ser responsabilizado pela morte do detento mesmo que ele se suicide?
SIM. Existem precedentes do STF e do STJ nesse sentido: STF. 2ª Turma. ARE 700927 AgR, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 28/08/2012.
No entanto, aqui também, como se adota a teoria do risco administrativo, o Estado poderá provar alguma
causa excludente de responsabilidade. Assim, nem sempre que houver um suicídio, haverá
responsabilidade civil do Poder Público.
O Min. Luiz Fux exemplifica seu raciocínio com duas situações:
Se o detento que praticou o suicídio já vinha apresentando indícios de que poderia agir assim, então,
neste caso, o Estado deverá ser condenado a indenizar seus familiares. Isso porque o evento era
previsível e o Poder Público deveria ter adotado medidas para evitar que acontecesse.
Vale ressaltar que é a Administração Pública que tem o ônus de provar a causa excludente de
responsabilidade.
Obs: durante os debates, o Min. Marco Aurélio defendeu que a responsabilidade do Estado em caso de
violações a direitos dos detentos seria baseada no risco integral. Trata-se, contudo, de posicionamento
minoritário.
SERVIDORES PÚBLICOS
Revogação de lei que concedeu aumento sem que tenham se iniciado seus efeitos financeiros
Lei estadual de 2007 fixou aumento na remuneração dos servidores públicos estaduais. A Lei
entrou em vigor na data de sua publicação, mas estabeleceu que os efeitos financeiros desse
aumento seriam contados somente a partir do primeiro dia do ano seguinte.
Ocorre que, antes que chegasse a data prevista como início do reajuste, a referida Lei foi
revogada por uma outra.
O STF entendeu que esta Lei revogadora é inconstitucional por violar o direito adquirido (art.
5º, XXXVI, da CF/88) e o princípio da irredutibilidade dos vencimentos (art. 37, XV).
A Lei que concedeu o reajuste entrou em vigor na data de sua publicação. Apenas os efeitos
financeiros é que foram postergados para o dia 1º/1/2008.
No momento em que a Lei entrou em vigor, os servidores passaram a ter direito adquirido ao
reajuste, ainda que os efeitos financeiros somente fossem em data futura.
STF. Plenário. ADI 4013/TO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 31/3/2016 (Info 819).
Art. 37. (...) XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis,
ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
Assim, a melhoria concedida na remuneração foi incorporada ao patrimônio jurídico dos servidores
públicos desde a entrada em vigor da lei que concedeu o reajuste, ou seja, desde a sua publicação (julho
de 2007). Em outras palavras, no momento em que a Lei entrou em vigor, os servidores passaram a ter
direito adquirido ao reajuste.
O fato de a Lei ter previsto o dia 1º/1/2008 como termo inicial para os efeitos financeiros não significa que
o direito ao reajuste somente fosse nascer naquela data. O direito, repito, já existia desde a data em que a
Lei entrou em vigor (data de sua publicação). Apenas o exercício do direito é que ficou suspenso.
O art. 116, II, da Lei nº 6.880/80 (Estatuto dos Militares) prevê que, se o oficial tiver menos que
5 anos de oficialato e pedir seu desligamento das Forças Armadas, ele deverá indenizar as
despesas feitas pela União com a sua preparação e formação.
Se o praça, logo após completar o período de Escola Naval, e poucos dias antes de se tornar
oficial, pede o seu desligamento das Forças Armadas, deverá pagar à União a indenização de
que trata o art. 116, II, da Lei nº 6.880/80 (Estatuto dos Militares).
É certo que o inciso II do art. 116 faz referência expressa ao oficialato, mas isso não impede
que se reconheça o dever do ex-militar de indenizar a União, com base no princípio que veda o
enriquecimento ilícito.
Neste caso, a situação em tela evidencia que o ex-militar se utilizou de comportamento
estratégico com o objetivo de evitar o pagamento da indenização, em desrespeito aos
investimentos realizados às custas do erário.
STF. 1ª Turma. RMS 27072/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
Desse modo, o plano de João foi a seguinte: como não sou oficial ainda, o que irá acontecer em poucos
dias, vou logo requerer o licenciamento e, assim, ficar livre da indenização devida. Isso porque o art. 116
do Estatuto só fala em oficial, e não em praça.
A estratégia de João deu certo? Ele ficou livre de ter que pagar a indenização para a União?
NÃO.
Se o praça, logo após completar o período de Escola Naval, e poucos dias antes de se tornar oficial, pede
o seu desligamento das Forças Armadas, deverá pagar à União a indenização de que trata o art. 116, II,
da Lei nº 6.880/80 (Estatuto dos Militares).
É certo que o inciso II do art. 116 faz referência expressa ao oficialato, mas isso não impede que se reconheça
o dever do ex-militar de indenizar a União, com base no princípio que veda o enriquecimento ilícito.
STF. 1ª Turma. RMS 27072/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
A situação em tela evidencia que o ex-militar se utilizou de comportamento estratégico com o objetivo de
evitar o pagamento da indenização, em desrespeito aos investimentos realizados às custas do erário.
A segurança jurídica obriga que as pessoas que mantêm relações jurídicas com a Administração Pública
atuem com lealdade e sem frustrar as legítimas expectativas criadas a partir das condutas.
DIREITO PENAL
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA
Investigação preliminar antes da constituição definitiva do crédito tributário
Os crimes dos incisos I a IV do art. 1º da Lei nº 8.137/90 são materiais. Assim, para que se configurem, é
indispensável a constituição definitiva do crédito tributário, nos termos da SV 24-STF:
Súmula vinculante 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no artigo 1º,
incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.
Imagine que determinada empresa deixou de pagar tributos, fraudando a fiscalização tributária (inciso
II do art. 1º da Lei nº 8.137/90). Ocorre que o Fisco ainda não terminou o processo administrativo-fiscal
instaurado para apurar o fato. É possível que seja instaurado inquérito policial para apurar o crime
mesmo não tendo havido ainda a constituição definitiva do crédito tributário?
SIM. A 1ª Turma do STF decidiu que:
Nos crimes de sonegação tributária, apesar de a jurisprudência do STF condicionar a persecução penal à
existência do lançamento tributário definitivo, o mesmo não ocorre quanto à investigação preliminar.
Em outras palavras, mesmo não tendo havido ainda a constituição definitiva do crédito tributário, já é
possível o início da investigação criminal para apurar o fato.
STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
O argumento utilizado pelo STF foi o de que, mesmo antes da constituição definitiva, já teria havido o
início da execução e, portanto, seria possível a investigação. Veja as exatas palavras:
"Os crimes contra a ordem tributária ou de outra modalidade delitiva podem ser tentados e consumados e
jamais se entendeu pela impossibilidade da investigação preliminar durante a execução de um crime e
mesmo antes da consumação.
(...)
A validade da investigação não está condicionada ao resultado, mas sim à observância do devido processo
legal."
Obs: a decisão acima é polêmica e se mostra contrária a alguns precedentes anteriores do STJ. Será
necessário aguardar para ver se irá se consolidar. Por enquanto, fique atento(a) porque poderá ser
cobrada em concursos no sentido do que foi decidido.
Regimes prisionais
Existem três regimes penitenciários:
FECHADO SEMIABERTO ABERTO
Pena cumprida em Pena cumprida em colônia Pena cumprida em casa de
estabelecimento de segurança agrícola, industrial ou albergado ou estabelecimento
máxima ou média. estabelecimento similar. adequado.
FECHADO: nunca
DETENÇÃO
SEMIABERTO: se a pena foi maior que 4 anos.
O regime inicial
pode ser:
ABERTO: se a pena foi de até 4 anos.
Se o condenado for reincidente, o regime inicial é o semiaberto.
Imagine que o réu foi condenado a 3 anos de reclusão por tráfico de drogas (art. 33 da LD). O juiz fixou o
regime inicial semiaberto sob o argumento de que foi muito grande a quantidade de droga
comercializada e que se tratava de crack, substância entorpecente cuja natureza é altamente viciante.
Agiu corretamente o magistrado? Ele poderia ter feito isso?
SIM.
Segundo entendeu o STF, a decisão respeitou o disposto no art. 33, § 2º, “b”, e § 3º, do CP c/c o art. 42 da
Lei nº 11.343/2006:
CP/Art. 33 (...)
§ 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do
condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais
rigoroso:
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá,
desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
(...)
§ 3º A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios
previstos no art. 59 deste Código.
LD/Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do
Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social
do agente.
Dessa forma, conjugando o § 3º do art. 33 do CP com o art. 42 da LD, é possível fixar o regime inicial mais
gravoso, no caso de tráfico, com base na natureza e quantidade da droga.
Mas esta situação (3 anos de reclusão + réu primário) não se amolda nos quadros acima transcritos...
É verdade. Os quadros acima transcritos representam as regras gerais previstas no art. 33 do CP. Ocorre
que, segundo o STF, tais regras podem ser relativizadas e o magistrado fixar um regime inicial mais gravoso
com base nas circunstâncias judiciais (art. 59 do CP) do caso concreto:
(...) A valoração negativa da quantidade, natureza e diversidade do entorpecente apreendido representa
fator suficiente para a fixação de regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade mais
gravoso e para obstar a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. (...)
STF. 2ª Turma. HC 131761, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 02/02/2016.
(...) A determinação do regime inicial de cumprimento da pena deve levar em conta dois fatores: (a) o
quantum da reprimenda imposta (CP, art. 33, § 2º); e (b) as condições pessoais do condenado
estabelecidas na primeira etapa da dosimetria (CP, art. 59 c/c art. 33 § 3º). Nesse contexto, não há
ilegalidade na decisão que, mediante fundamentação jurídica adequada, estabelece o regime inicial mais
grave, como medida necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime. (...)
STF. 2ª Turma. RHC 129811, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 24/11/2015.
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
Denúncia anônima
As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a propositura de ação
penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de
investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem
constituir fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas
pelos órgãos do Poder Judiciário.
Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”:
1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”;
2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência,
instaura-se inquérito policial;
3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a
interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os
investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser
requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado.
STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
É possível decretar medida de busca e apreensão com base unicamente em “denúncia anônima”?
NÃO. A medida de busca e apreensão representa uma restrição ao direito à intimidade. Logo, para ser
decretada, é necessário que haja indícios mais robustos que uma simples notícia anônima.
Desse modo, a doutrina defende que a interceptação telefônica deverá ser considerada a ultima ratio, ou
seja, trata-se de prova subsidiária.
Tendo como fundamento esse dispositivo legal, a jurisprudência pacífica do STF e do STJ entende que é
ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base em “denúncia anônima”. Veja:
(...) 4. A jurisprudência desta Corte tem prestigiado a utilização de notícia anônima como elemento
desencadeador de procedimentos preliminares de averiguação, repelindo-a, contudo, como fundamento
propulsor à imediata instauração de inquérito policial ou à autorização de medida de interceptação telefônica.
5. Com efeito, uma forma de ponderar e tornar harmônicos valores constitucionais de tamanha
envergadura, a saber, a proteção contra o anonimato e a supremacia do interesse e segurança pública, é
admitir a denúncia anônima em tema de persecução penal, desde que com reservas, ou seja, tomadas
medidas efetivas e prévias pelos órgãos de investigação no sentido de se colherem elementos e
informações que confirmem a plausibilidade das acusações.
6. Na versão dos autos, algumas pessoas - não se sabe quantas ou quais - compareceram perante
investigadores de uma Delegacia de Polícia e, pedindo para que seus nomes não fossem identificados,
passaram a narrar o suposto envolvimento de alguém em crime de lavagem de dinheiro. Sem indicarem,
sequer, o nome do delatado, os noticiantes limitaram-se a apontar o número de um celular.
7. A partir daí, sem qualquer outra diligência, autorizou-se a interceptação da linha telefônica.
8. Desse modo, a medida restritiva do direito fundamental à inviolabilidade das comunicações telefônicas
encontra-se maculada de nulidade absoluta desde a sua origem, visto que partiu unicamente de notícia
anônima.
9. A Lei nº 9.296/96, em consonância com a Constituição Federal, é precisa ao admitir a interceptação
telefônica, por decisão judicial, nas hipóteses em que houver indícios razoáveis de autoria criminosa.
Singela delação não pode gerar, só por si, a quebra do sigilo das comunicações. Adoção da medida mais
gravosa sem suficiente juízo de necessidade. (...)
STJ. 6ª Turma. HC 204.778/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 04/10/2012.
Logo, se a autoridade policial ou o Ministério Público recebe uma “denúncia anônima” (“delação apócrifa”)
contra determinada pessoa, não é possível que seja requerida, de imediato, a interceptação telefônica do
suspeito. Isso seria uma grave interferência na esfera privada da pessoa, sem que houvesse justificativa
idônea para isso.
É possível a propositura de ação penal com base unicamente em “denúncia anônima”?
NÃO. A propositura de ação penal exige indícios de autoria e prova de materialidade. Logo, não é possível
oferecimento de denúncia com base apenas em "denúncia anônima".
Informativo 819-STF (07/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13
É possível instaurar investigação criminal (inquérito policial, investigação pelo MP etc.) com base em
“denúncia anônima”?
SIM, mas a jurisprudência afirma que, antes, a autoridade deverá realizar uma investigação prévia para
confirmar se a "denúncia anônima" possui um mínimo de plausibilidade. Veja o que diz Renato Brasileiro:
"Diante de uma denúncia anônima, deve a autoridade policial, antes de instaurar o inquérito policial, verificar a
procedência e veracidade das informações por ela veiculadas. Recomenda-se, pois, que a autoridade policial,
de proceder à instauração formal do inquérito policial, realize uma investigação preliminar a fim de constatar a
plausibilidade da denúncia anônima. Afigura-se impossível a instauração de procedimento criminal baseado
única e exclusivamente em denúncia anônima, haja vista a vedação constitucional do anonimato e a
necessidade de haver parâmetros próprios à responsabilidade, nos campos cível e penal." (LIMA, Renato
Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 129).
Confira julgado recente que espelha este entendimento:
(...) As autoridades públicas não podem iniciar qualquer medida de persecução (penal ou disciplinar),
apoiando-se, unicamente, para tal fim, em peças apócrifas ou em escritos anônimos. É por essa razão que
o escrito anônimo não autoriza, desde que isoladamente considerado, a imediata instauração de
“persecutio criminis”.
– Nada impede que o Poder Público, provocado por delação anônima (“disque-denúncia”, p. ex.), adote
medidas informais destinadas a apurar, previamente, em averiguação sumária, “com prudência e
discrição”, a possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com o objetivo
de conferir a verossimilhança dos fatos nela denunciados, em ordem a promover, então, em caso positivo,
a formal instauração da “persecutio criminis”, mantendo-se, assim, completa desvinculação desse
procedimento estatal em relação às peças apócrifas.
– Diligências prévias, promovidas por agentes policiais, reveladoras da preocupação da Polícia Judiciária
em observar, com cautela e discrição, notadamente em matéria de produção probatória, as diretrizes
jurisprudenciais estabelecidas, em tema de delação anônima, pelo STF e pelo STJ. (...)
(STF. 2ª Turma. RHC 117988, Relator p/ Acórdão Min. Celso de Mello, julgado em 16/12/2014)
Segundo o STF, não é possível desprezar a utilidade da "denúncia anônima". Isso porque em um mundo no
qual o crime torna-se cada vez mais complexo e organizado, é natural que a pessoa comum tenha receio
de se expor ao comunicar a ocorrência de delito. Daí a admissibilidade de notícias crimes anônimas.
Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”:
1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”;
2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui credibilidade (aparência mínima de procedência),
instaura-se inquérito policial;
3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a
interceptação telefônica (como visto, esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os
investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a
quebra do sigilo telefônico ao magistrado.
Resumindo:
As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a propositura de ação penal ou
mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, como
interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de informação e
de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário.
STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
Importante!!!
O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não atrai a
competência da justiça federal.
STF. 1ª Turma. HC 105461/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
Vale ressaltar, no entanto, que é necessário que sejam cumpridas as condições previstas no § 2º do art. 7º:
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.
Pelo fato de o crime ter sido cometido no exterior, a competência para julgá-lo é da Justiça Federal?
NÃO. Nada a ver.
O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não atrai a competência da
justiça federal.
STF. 1ª Turma. HC 105461/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016 (Info 819)
O crime só pode ser julgado pela Justiça Federal caso se amolde a uma das hipóteses previstas no art. 109
da CF/88.
No caso, o delito não foi praticado em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas
entidades autárquicas ou empresas públicas (inciso IV).
De igual modo, não se aplica o inciso V: "os crimes previstos em tratado ou convenção internacional,
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente". Isso porque no Brasil houve a prática de atos meramente preparatórios. O ato criminoso
Informativo 819-STF (07/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 15
fora inteiramente cometido no exterior, a afastar a incidência da mencionada regra constitucional, cuja
interpretação há de ser estrita.
Os demais incisos do art. 109 nem de longe geram dúvida e não se aplicam ao caso concreto.
Dessa forma, não sendo hipótese de incidência da Justiça Federal, a competência para julgar o delito em
questão é da Justiça Estadual, que tem caráter residual.
E de quem será a competência territorial? Qual é a comarca competente para julgar o crime?
Uma das varas do Tribunal do Júri de São Paulo (SP) porque esta é a capital do Estado que foi o último
domicílio do réu no país, conforme prevê o art. 88 do CPP:
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital
do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será
competente o juízo da Capital da República.
Durante a investigação, conduzida em 1ª instância, de crimes praticados por pessoas sem foro
privativo, caso surja indício de delito cometido por uma autoridade com foro no STF, o juiz
deverá paralisar os atos de investigação e remeter todo o procedimento para o Supremo. O
juiz não pode decidir separar os procedimentos e remeter ao Tribunal apenas os elementos
colhidos contra a autoridade, permanecendo com o restante.
Chegando ao STF, compete a este decidir se deverá haver o desmembramento ou se o Tribunal
irá julgar todos os suspeitos, incluindo as pessoas que não têm foro privativo.
Em suma, cabe apenas ao STF decidir sobre a necessidade de desmembramento de
investigações que envolvam autoridades com prerrogativa de foro.
De igual forma, se surgem diálogos envolvendo autoridade com foro no STF, o juiz que havia
autorizado a interceptação não poderá levantar o sigilo do processo e permitir o acesso às
conversas porque a decisão quanto a isso é também do STF.
STF. Plenário. Rcl 23457 Referendo-MC/PR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 31/3/2016 (Info 819).
NOÇÕES GERAIS SOBRE PLURALIDADE DE INVESTIGADOS SENDO UM DELES COM FORO PRIVATIVO NO STF
Imagine a seguinte situação adaptada:
Havia uma investigação criminal em curso sendo conduzida pela Polícia Federal, com a supervisão do MPF,
e que envolvia inúmeros suspeitos de terem praticado diversos crimes de competência federal.
O juiz federal que acompanhava o caso já havia deferido diversas medidas cautelares, como interceptação
telefônica e telemática.
No relatório de monitoramento telemático datado de 17/04/2014, a equipe de analistas da Polícia Federal
noticiou que houve trocas de mensagens suspeitas entre um dos investigados e um Deputado Federal.
O Deputado Federal não era alvo das investigações e não tinha seus telefones interceptados, sendo
captado seu diálogo por conta de ter se comunicado com uma pessoa investigada.
Desse modo, houve “encontro fortuito de provas” contra o Parlamentar federal.
Ressalte-se que o Deputado não poderia ser investigado em 1ª instância porque desfruta de foro por
prerrogativa de função, de forma que eventual interceptação ou qualquer ato de investigação contra ele
somente poderia ser autorizado pelo STF (art. 102, I, “b”, da CF/88).
Nesse caso concreto, as diligências investigatórias que ocorreram antes de 17/04/2014 devem ser anuladas?
NÃO. Em princípio, tais diligências são válidas porque os alvos da investigação eram pessoas sem foro por
prerrogativa de função. Houve um encontro fortuito de provas contra o Deputado Federal.
A teoria do encontro fortuito de provas é utilizada quando, no cumprimento de uma diligência para
investigar determinados delitos envolvendo certas pessoas, a autoridade policial casualmente encontra
provas relacionadas com outra infração penal ou com outros alvos que não estavam na linha de
desdobramento normal da investigação.
Se o encontro foi realmente casual (fortuito), a prova será lícita. Por outro lado, a defesa pode tentar provar
que a autoridade policial sabia que iria encontrar aquelas provas e que, de maneira informal, estava
investigando aqueles outros crimes ou pessoas. Nessa segunda hipótese, a “descoberta” seria forjada e a prova
seria reputada como ilícita, devendo ser anulada, considerando que teria havido desvio de finalidade.
HABEAS CORPUS
Inviabilidade de HC para se discutir se houve dolo eventual ou culpa consciente
em homicídio praticado na direção de veículo automotor
DIREITO TRIBUTÁRIO
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS
Constitucionalidade da cobrança de alíquotas diferenciadas
para instituições financeiras (art. 22, § 1º da Lei nº 8.212/91)
Contribuição previdenciária
A contribuição previdenciária é uma espécie de tributo cujo montante arrecadado é destinado ao
pagamento dos benefícios do RGPS (aposentadoria, auxílio-doença, pensão por morte etc.).
Existem duas espécies de contribuição previdenciária:
1ª) Paga pelo trabalhador e demais segurados do RGPS (art. 195, II);
2ª) Paga pelo empregador, empresa ou entidade equiparada (art. 195, I).
EC 20/98
Vale ressaltar que a redação atual do inciso I do art. 195 da CF/88 foi dada pela EC 20/98. Veja:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos
da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela EC 20/98);
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela EC 20/98)
c) o lucro; (Incluído pela EC 20/98)
Lei nº 8.212/91
A Lei nº 8.212/91 trata sobre o custeio da Previdência Social e, no seu art. 22, regulamenta o art. 195, I, da
CF/88:
Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de:
I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante
o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir
o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de
utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente
prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do
contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.
Não compete ao Poder Judiciário substituir o legislador na escolha das atividades que terão alíquotas
diferenciadas relativamente à contribuição social. Em outros termos, a CF/88 autorizou que as alíquotas
pudessem ser diferenciadas e a escolha de quais empresas se enquadram nesta situação cabe ao
legislador, que o fez na Lei nº 8.212/91. A escolha legislativa em onerar as instituições financeiras e
entidades equiparáveis, com alíquota diferenciada para fins de custeio da seguridade social, é compatível
com a Constituição.
REPERCUSSÃO GERAL
DJe de 21 de março a 1º de abril de 2016
CLIPPING DO D JE
21 de março a 1º de abril 2016
RE N. 592.396-SP
RELATOR: MIN. EDSON FACHIN
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. REAFIRMAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DIREITO TRIBUTÁRIO. OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO
INCENTIVADAS. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA. FUNÇÃO EXTRAFISCAL. SÚMULA 584 DO STF. OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR EM CADA
OPERAÇÃO. APLICAÇÃO RETROATIVA. RE 183.130, DE RELATORIA PARA ACÓRDÃO DO MINISTRO TEORI ZAVASCKI. PRECEDENTE VINCULANTE.
1. No RE 183.130, de relatoria para o acórdão do Ministro Teori Zavascki, o Plenário desta Corte assentou que a utilização do Imposto de Renda
com conotação extrafiscal afasta a incidência da Súmula 584 do STF.
2. O fato gerador se consolida no momento em que ocorre cada operação de exportação incentivada pela redução da alíquota do imposto de renda,
à luz da extrafiscalidade da tributação na espécie.
3. É inconstitucional a aplicação retroativa do art. 1º, I, da Lei 7.988/89, que majorou a alíquota incidente sobre o lucro proveniente de operações
incentivadas ocorridas no passado, ainda que no mesmo ano-base. Precedente: RE 183.130, de relatoria para o acórdão do Ministro Teori Zavascki,
Tribunal Pleno, DJe 14.11.2014.
4. Recurso extraordinário a que se dá provimento, reafirmando a jurisprudência desta Corte, em sede de repercussão geral, para reformar o
acórdão recorrido e declarar a inconstitucionalidade, incidental e com os efeitos da repercussão geral, do art. 1º, I, da Lei 7.988/89, uma vez que a
majoração de alíquota de 6% para 18% a qual se reflete na base de cálculo do Imposto de Renda pessoa jurídica incidente sobre o lucro das
operações incentivadas no ano-base de 1989 ofende os princípios da irretroatividade e da segurança jurídica.
*noticiado no Informativo 810
HC N. 126.536-ES
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI
EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. PROCEDIMENTO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. VARA ESPECIALIZADA
EM INQUÉRITOS POLICIAIS. JUÍZO COMPETENTE PARA O EXAME DAS MEDIDAS CAUTELARES.
1. A Vara de Inquéritos Criminais de que trata o art. 50, I, “e”, da LC 234/2002 do Espírito Santo (Código de Organização Judiciária desse Estado),
antes das modificações determinadas pela LC 788/2014, é competente para decidir sobre medidas cautelares que, na fase inquisitorial, estão
sujeitas à reserva de jurisdição, inclusive a de quebra de sigilo de interceptações telefônicas.
2. Ordem denegada.
*noticiado no Informativo 816
REFERENDO EM MED. CAUT. EM ADI N. 5.341-AC
RELATOR: MIN. EDSON FACHIN
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LIMINAR CONCEDIDA AD REFERENDUM DO PLENÁRIO. PROXIMIDADE DO RECESSO.
IMPOSSIBILIDADE DE SUBMISSÃO AO COLEGIADO. PRESENTES A VEROSSIMILHANÇA DO DIREITO (FUMUS BONI IURIS) PELA POSSÍVEL OFENSA À
COMPETÊNCIA DA UNIÃO E O PERIGO DE DANO PELA DEMORA (PERICULUM IN MORA) PELO IMINENTE PREJUÍZO AO ERÁRIO PÚBLICO. LEI
TRANSCRIÇÕES
Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais
aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham
despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.
Sigilo bancário - Quebra administrativa pelo Fisco - Inadmissibilidade - Exigência de ordem judicial (Transcrições)
(v. Informativo 815)
RE 601314/SP*
RELATOR: Ministro Edson Fachin
VOTO DO MINISTRO CELSO DE MELLO
INOVAÇÕES LEGISLATIVAS
21 de março a 1º de abril 2016
OUTRAS INFORMAÇÕES
21 de março a 1º de abril 2016
CONVOCAÇÃO DE AUDIÊNCIA PÚBLICA – ADI 4.901/DF, ADI 4.902/DF, ADI 4.903/DF e ADI
4.937/DF – Lei 12.651/2012 (Novo Código Florestal) - O Ministro Luiz Fux, relator das ADIs 4.901/DF, 4.902/DF,
4.903/DF e 4.937/DF, ajuizadas em face de diversos dispositivos da Lei 12.651/2012 (Novo Código Florestal),
convocou audiência pública para debater a constitucionalidade do referido Código no ponto em que modificado o
regime jurídico de proteção ambiental da Reserva Legal (RL), da Área de Preservação Permanente (APP), e modificada
a regulação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e da Cota de Reserva Ambiental (CRA). A audiência pública será
realizada em um único dia, na data de 18.4.2016, tendo cada expositor o tempo de dez minutos para sustentar seu ponto
de vista, viabilizada a juntada de memoriais.
Secretaria de Documentação – SDO
Coordenadoria de Jurisprudência Comparada e Divulgação de Julgados – CJCD
CJCD@stf.jus.br