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MERITUS CONCURSOS - TRT 3ª 20/7/2015

REGIÃO - ESTUDO DE CASO

ESTUDOS DE CASOS

CONCURSO TRT/2015
Cargo de Analista Administrativo

Prof. Elisângela Marlière

QUESTÃO 01

O Prefeito Municipal de Dores do Indaiá necessitando nomear uma pessoa


para ocupar o cargo de Secretário da Saúde do Município, convidou seu irmão
para ocupar o referido cargo. Seu argumento é de que seu irmão é médico e
possui um currículo rico em cursos, bem como tem larga experiência em
administração hospitalar. Porém, o STF editou a Súmula Vinculante número 13
que dispõe sobre o nepotismo na Administração Pública.
Considerando o caso acima responda:
a) O nepotismo é vedado no direito administrativo brasileiro? Em quais
casos?
b) Quais os princípios do Direito Administrativo que são ofendidos pelo
nepotismo? Porque?
c) Nesse caso a nomeação do irmão do Prefeito é legal ou ilegal. Porque?

PROFESSORA: Elisângela Marliere 1


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ESPELHO DE CORREÇÃO

À prática de nomear parentes em cargos comissionados dá-se o nome de


nepotismo. Essa conduta é vedada nos casos de nomeação de cônjuge ou parentes
até o 3º, por afinidade ou consanguinidade, em cargos comissionados e funções de
confiança. A Súmula Vinculante nº 13 veda, inclusive, o nepotismo cruzado.
A proibição está fundamentada nos princípios da moralidade e da
impessoalidade porque no nepotismo o Administrador Público escolhe o nomeado
por ser seu parente e não pela competência. À medida que a autoridade nomeante
prioriza a escolha do cônjuge ou parente em detrimento do interesse público, desvia
a finalidade da nomeação, bem como não age com ética, honestidade e boa-fé.
Apesar de ser permitido aos gestores públicos, pela Constituição Federal de 1988, a
possibilidade de criar cargos cuja nomeação independe de concurso público (cargos
comissionados), esses cargos devem ser providos com observância dos princípios
propostos pelo Direito Administrativo e dentre eles encontra-se a moralidade e a
impessoalidade.
Porém, o Supremo Tribunal Federal, excepcionou da proibição do
nepotismo os cargos de Ministro de Estado, Secretário Estadual e Secretário
Municipal por serem cargos de natureza política (Rcl 6650).
Assim, no presente caso, em que pese o nomeado ser parente de 2º grau
do Prefeito (irmão) o ato é legal, porque não existe nepotismo pelo fato da
nomeação ser no cargo de Secretário Municipal que constitui um cargo político.

QUESTÃO 02

Foi submetido ao Supremo Tribunal Federal recurso em que se discutia a


responsabilidade do Estado pela morte de detento em estabelecimento penitenciário.
Nas razões de recurso, o Estado asseverou que inexistiria nexo causal a justificar sua
responsabilização pelo ocorrido, pois a decisão atacada não teria assentado que tivesse
referido detento sido assassinado, considerando-se irrelevante tal fato para sua
condenação. Ressaltou ser necessária “a verificação do nexo de causalidade entre o
alegado fato administrativo ilícito e o dano, o que não ocorreu no caso dos autos”.
Considerando a hipótese descrita responda: Estado é responsável civilmente por
suicídio de detento em estabelecimento prisional? Caso haja responsabilidade, seria
objetiva ou subjetiva?
Responda o questionamento, abordando os seguintes pontos:
a) Qual tipo de responsabilidade está prevista no texto constitucional (art. 37, §6º da
CF/88);
b) Se existe diferença entre a responsabilidade por ato comissivo e ato omissivo;
c) Quais são as excludentes da responsabilidade.
d) Como são pagas as indenizações devidas pelo Poder Público.

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ESPELHO DE CORREÇÃO

O Estado tem o dever de zelar pela incolumidade dos detentos sob sua
custódia, cabendo a ele o ônus de indenizar a quem de direito pela morte de um
custodiado, ainda que decorrente de suicídio. Por essa razão a responsabilidade é
objetiva.
A responsabilidade objetiva, pela Teoria do Risco Administrativo, está
prevista no art. 37, §6º da Constituição Federal do 1988 (CF/88). E essa
responsabilidade objetiva, decorrente de conduta comissiva, ou seja, quando o
agente público causa danos por ação, difere-se da responsabilidade por omissão
que, em regra, gera responsabilidade subjetiva.
Porém, pela Teoria do Risco Administrativo não é sempre que o Estado
será responsabilizado, pois permite a comprovação de situações que excluem a
responsabilidade. As excludentes da responsabilidade são a culpa exclusiva da
vítima, ato ou fato de terceiros e evento da natureza (caso fortuito ou força maior
dependendo do doutrinador).
No caso em tela não é identificada nenhuma das excludentes, pois o
detendo encontra-se sob a tutela do Estado e por essa razão tem o dever de
indenizar. Essa indenização pode ser paga por acordo administrativo ou processo
judicial. No caso de processo judicial, o pagamento será mediante precatório.

QUESTÃO 03

O Município de Bicuri decidiu renovar o mobiliário da Prefeitura. Para tanto,


mediante orçamento, estimou o valor a ser contratado em R$2.000.000,00. Foi
realizada a licitação na modalidade pregão, uma das empresas concorrentes
consagrou-se vencedora do certame, porém notificada para cumprir o
contrato, não compareceu no prazo estabelecido no edital e, ao menos,
justificou sua ausência. Diante do caso concreto, responda
fundamentadamente:
a) Considerando o valor do objeto licitado, é lícita a utilização da modalidade
pregão?
b) Qual o procedimento a Prefeitura deve adotar em relação ao licitante
faltoso?
c) Qual procedimento a Prefeitura deve adotar para efetivar a contratação
pretendida?

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ESPELHO DE CORREÇÃO

O pregão é uma modalidade de licitação para contratação de bens e


serviços comuns que independe do valor.
O procedimento do pregão é regido pela Lei Federal nº 10.520 que prevê
punição para o licitante que convocado dentro do prazo de validade da sua
proposta, não celebrar o contrato. Portanto, por disposição da lei, deverá ser
aplicada ao licitante faltoso a pena de impedimento de licitar e contratar com a
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, com descredenciamento no
sistemas de cadastramento de fornecedores, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem
prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e das demais cominações
legais.
Em relação a efetivação da contratação, referida lei também estabelece
que o pregoeiro examinará as ofertas subsequentes e a qualificação dos licitantes,
na ordem de classificação, e assim sucessivamente, até a apuração de uma que
atenda ao edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor. Caso ninguém
aceite deve fazer nova licitação.
Assim, no caso em tela, a utilização do pregão está correta e para
resolução do problema gerado pelo licitante faltoso, a Administração municipal deve
puni-lo exemplarmente e negociar com os demais licitantes na ordem de
classificação das propostas com vistas à contratação pretendida.

QUESTÃO 04

No início da nova gestão do Governo Federal, a equipe do Governo decidiu


implementar ampla reestruturação na Secretaria da Fazenda, com o objetivo
de aumentar a eficiência na arrecadação tributária e no controle de gastos
públicos. Para tanto, foi contratada uma consultoria técnica especializada, que
identificou a necessidade de alteração de algumas estruturas organizacionais,
realocação de servidores e revisão de processos de trabalho. Segundo
orientação dada pela Empresa contratada, o Presidente deveria editar um
decreto regulamentando toda a parte de organização e funcionamento.
Considerando o caso em tela, responda as seguintes questões:
a) Como o Estado poderá contratar a empresa especializada?
b) O instrumento utilizado pelo Presidente da República para concretizar a
organização e funcionamento dos órgãos envolvidos foi adequado? Porque?

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ESPELHO DE CORREÇÃO

O Governo Federal contratou consultoria especializada para auxílio na


reestruturação da Secretaria da Fazenda.
Para contratação de empresa de consultoria técnica pode ser utilizada
contratação direta, por inexigibilidade de licitação, se a empresa for de notória
especialização e o serviço for singular, pois se trata de serviço técnico especializado
previsto no art. 13 da Lei 8.666/93. Porém, não sendo empresa de notória
especialização e não sendo possível adotar a modalidade concurso, deverá realizar
procedimento licitatório, cuja modalidade deverá ser definida conforme o valor da
contratação. No caso de realização de procedimento licitatório, o tipo de licitação
ideal é o de melhor técnica ou técnica e preço por se tratar de trabalho de natureza
predominantemente intelectual.
No caso em apreço, noticiou-se que a empresa foi contratada e sugeriu
que o governo fizesse a reestruturação por Decreto Presidencial. Segundo dispõe a
Constituição Federal de 1988, Decreto do Chefe do Executivo poderá dispor sobre
organização e funcionamento dos órgãos públicos, desde que não implique em
aumento de despesa, nem estabeleça criação ou extinção de órgãos públicos.
Assim, está correta a orientação dada pela empresa de consultoria e, por
essa razão, poderá ser feita a reestruturação por Decreto desde que não aumente
despesa e não faça criação ou extinção de órgãos.

QUESTÃO 05

Mario da Silva foi aprovado no concurso público para o cargo de analista de


mercado de uma Sociedade de Economia Mista exploradora da atividade
econômica. Posteriormente, fez outro concurso e também foi aprovado para o
cargo de professor em uma universidade pública estadual. Considerando que
o cargo de analista de mercado exige formação em economia, Mario poderá
acumular os cargos? Explique sua resposta.

ESPELHO DE CORREÇÃO:

Trata-se de cargo técnico, ou seja, cargo para qual se exige uma formação
específica com outro cargo de professor. A Constituição Federal permite a
acumulação de dois cargos de professor, um cargo técnico ou científico com outro
de professor ou dois cargos da área da saúde, com profissão regulamentada.
Assim, considerando que essa hipótese é permitida pelo texto constitucional pode
acumular, desde que haja compatibilidade de horário.

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QUESTÃO 06

Determinado servidor público federal, ocupante de cargo efetivo, foi


acometido de doença degenerativa que lhe impôs limitações físicas,
impossibilitando-o de exercer atribuições inerentes ao cargo que ocupa, pois
demanda funções cognitivas e de esforço físico. Diante de sua doença, foi
submetido à inspeção médica que concluiu não estar configurada hipótese de
aposentadoria por invalidez. Nesse caso, à luz da lei 8.112/90, responda:
a) qual o procedimento deve ser adotado pela Administração?
b) explique, resumidamente, todas as formas de provimento previstas na lei
8.112/90.

ESPELHO DE CORREÇÃO

a) O servidor deverá ser readaptado em cargo com atribuições e responsabilidade


compatíveis com a limitação que tenha sofrido, observados os requisitos legais,
entre os quais a equivalência de vencimentos.

b) - Readaptação: provimento de cargo em virtude de perda ou alteração na


capacidade laborativa do servidor,
- Reversão: retorno à atividade do servidor aposentado,
- Recondução: retorno ao cargo de origem de servidor inabilitado em estágio
probatório de novo cargo ou na hipótese reintegração do anterior ocupante da vaga,
- Reintegração: retorno do servidor demitido em virtude de anulação da demissão,
- Promoção: alteração de classes na mesma carreira,
- Aproveitamento: retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á
mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos
compatíveis com o anteriormente ocupado. e
- Nomeação: provimento originário em cargo efetivo ou comissionado.

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QUESTÃO 07

Ana Maria, servidora pública federal, ocupante de cargo efetivo e investida em


função de confiança, recusou-se a assinar certidão de contagem de tempo de
serviço solicitada por outro servidor público por causa de desavenças
pessoais com o mesmo. Nesse caso a servidora cometeu falta funcional
caracterizada por recusar fé a documento público e por essa razão foi punida
mediante a abertura de sindicância. Considerando o caso em tela, responda:
a) qual pena funcional deve ser aplicada à referida servidora?
b) a punição feita por meio de sindicância está correta? Porque?
c) em caso de reincidência na falta qual a punição aplicável à servidora?

ESPELHO DE CORREÇÃO

a) A infração deve ser punida com advertência.

b) As penas de advertência e suspenção até 30 dias podem ser apuradas e


aplicadas por meio de sindicância com garantia de contraditório e ampla defesa.
Porém, demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, destituição de
cargo comissionado ou função de confiança e suspensão acima de 30 dias devem
ser apuradas mediante processo administrativo disciplinar.

c) A reincidência da falta punível com a pena de advertência, gera suspensão.

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QUESTÃO 08

O Município é competente para prestação do serviço público de transporte


coletivo intramunicipal, porém não possui condições de prestá-lo diretamente.
Nesse caso, qual instrumento legal pode valer-se o Município para efetiva
prestação do serviço? Porque?

ESPELHO DE CORREÇÃO:

Poderá delegar a prestação de serviço por meio de concessão ou permissão. A


concessionária ou permissionária prestará o serviço por sua conta e risco,
reservada a titularidade com o poder público municipal.
A delegação por concessão é mais segura, feita por contrato administrativo; já a
permissão feita por contrato de adesão, tem natureza unilateral e é precária,
podendo ser revogada a qualquer tempo pela Administração.

QUESTÃO 09

O Estado pretende construir um novo hospital especializado em tratamento


oncológico, dotá-lo dos equipamentos necessários e, quando do início da
operação do mesmo, transferir à iniciativa privada a prestação de serviços
não clínicos, tais como exames laboratoriais, limpeza e alimentação
hospitalar. Para tanto pretende fazer uma parceria público privada com a
iniciativa privada. Nesse caso:

a) É legal a contratação feita mediante parceria público privada?


b) Quais as modalidades de parceria público privada existente na lei
11.079/2004?
c) Qual ou quais as principais diferenças entre concessão comum e a parceria
público privada?

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ESPELHO DE CORREÇÃO

a) É legal a formalização mediante PPP administrativa, desde que não tenha por
objeto único o fornecimento de mão de obra, execução de obra pública ou
fornecimento e instalação de equipamentos.

b) PPP administrativa e PPP patrocinada


Administrativa: contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública
seja usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento
e instalação de bens;
Patrocinada: concessão de serviços públicos ou de obra de que trata a lei 8.987/95,
quando envolver adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

c) - contraprestação do parceiro público (por aporte de recursos ou remuneração


variável),
- compartilhamento dos ganhos econômicos,
- repartição dos riscos, inclusive, os referentes a caso fortuito, força maior fato do
príncipe e álea econômica extraordinária,
- possibilidade de aplicação de punição à administração pública,
- valor mínimo de 20 milhões,
- prazo mínimo de 5 anos e máximo de 35,
- criação da sociedade de propósitos específicos.

QUESTÃO 10

O Sr. Adelino é proprietário de uma oficina mecânica que está instalada no


mesmo lugar há 20 anos. Há 10 dias foi surpreendido pela fiscalização
ambiental que, sem lhe oportunizar qualquer defesa, interditou seu
estabelecimento sob o fundamento de que o estabelecimento ultrapassava o
limite máximo de emissão de ruídos para o exercício das atividades
desempenhadas no local. Ao entrar em contato com um outro fiscal, ele
informou ao Sr. Adelino que para casos semelhantes, além da interdição, a lei
prevê advertência e/ou concessão de prazo para adequação da emissão dos
ruídos dentro do limite tolerado. Diante do caso concreto, responda:

a) A atuação dos fiscais está fundamentada em qual Poder?


b) A atuação dos fiscais está correta ou existe algum argumento que pode ser
alegado em favor do Sr. Adelino? Fundamente sua resposta.

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ESPELHO DE CORREÇÃO

a) exercício do poder de polícia administrativa, que constitui restrições impostas ao


exercícios de direitos, atividades e bens dos particulares em prol do interesse
público.

b) a atuação dos fiscais foi desproporcional, então poderia ser alegado em favor do
Sr. Adelino, ofensa aos princípios da proporcionalidade e do contraditório e ampla
defesa.

QUESTÃO 11 (TRE/MG – 2015 – cargo técnico – Consulplan)

Menelau é servidor público e é cientificado por sua chefia direta da necessidade de


investigar determinadas pessoas que atuam no seu local de trabalho, servidores e
prestadores de serviço, vez que existe desconfiança quanto à realização de atos
ilícitos. Após a averiguação sumária, são colhidos indícios para abertura de processo
administrativo. Com as conclusões, a autoridade diante das provas colhidas aplica as
sanções previstas na legislação estatutária. Ao aplicar as sanções, comunica os atos
ao Ministério Público que, diante das circunstâncias, entende que existem
responsabilidades e danos a compor para além das sanções administrativas aplicadas.
Houve a constatação de que os servidores públicos receberam bens móveis e imóveis
a título de comissão para garantir a omissão dos agentes públicos com atribuição nas
fiscalizações das compras de bens para utilização pela administração. Por isso,
prejuízos foram causados aos órgãos públicos.
Baseado no caso exposto e de acordo com a lei de improbidade administrativa, quais as
sanções que podem ser decretadas por decisão judicial, em fase liminar e em
sentença?

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ESPELHO DE CORREÇÃO

A Lei aplicável é a denominada Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº


8.429/1992). Segundo o referido diploma, pode o Ministério Público propor ação para
reconhecer a prática dos atos de improbidade com a aplicação das sanções previstas.
Existem medidas de garantia que podem ser decretadas em sede de liminar, outras
que devem constar da sentença e, por fim, efeitos da sentença que somente ocorrem após o
trânsito em julgado. Medidas de garantia estão expressas nos arts. 7º, 16 e parágrafo único
do art. 20 a saber: indisponibilidade dos bens do indiciado, que recairá sobre bens que
assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito; decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha
enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público; o exame e o bloqueio de
bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos
termos da lei e dos tratados internacionais; bem como o afastamento do agente público do
exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se
fizer necessária à instrução processual.
Já as penalidades passíveis de inserção na sentença são as previstas no art. 12 e
devem variar de acordo com a moldura aplicável aos fatos. O enunciado indica a prática de
conduta que se adéqua ao art. 9º, inciso I (enriquecimento ilícito).
Assim, as penas são: perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três
vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos.

QUESTÃO 12

Maurício é proprietário de um imóvel lindeiro a um terreno público de 250 m².


Como o terreno público estava vago e sua filha mais nova decidiu se casar,
Maurício construiu uma casa no terreno público para sua filha. Dez anos após
a construção da casa, local onde a filha de Maurício reside desde o casamento
juntamente com os filhos já nascidos, o Município decidiu tomar providências
para reaver o imóvel. Porém, Maurício e sua filha se recusaram devolver o
imóvel sob o argumento de que já tinham adquirido o terreno por usucapião
urbano, um direito garantido na Constituição Federal.

Diante do caso concreto, responda:


a) Quais são as características dos bens públicos?
b) Nesse caso, existe razão ao Maurício e sua filha? Porque?

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ESPELHO DE CORREÇÃO

a) Impenhorabilidade: os bens público não estão sujeitos à penhora,


- não onerabilidade: os bens públicos não podem ser oferecidos em garantia,
- Imprescritibilidade: os bens públicos não são passíveis de usucapião,
- Inalienabilidade: em princípios os bens públicos não podem ser alienados, porém
essa é uma característica relativa, pois se o bem estiver na condição de bem
dominical, ou seja, estiver desafetado, poderá ser alienado, observadas as
condições previstas na Lei 8.666/93.

b) Ainda que se trata de terreno com até 250 m² não existe razão, uma vez que o
usucapião urbano não se aplica aos bens públicos por determinação expressa do
art. 183, §3º da CF/88)

QUESTÃO 13

Determinada Sociedade de Economia Mista, exploradora de atividade


econômica, recebeu alguns terrenos públicos desocupados em decorrência
de extinção de uma Empresa Pública prestadora de serviços públicos. Ocorre
que essa SEM tinha contra ela vários processos trabalhistas em andamento.
Um desses processos foi julgado procedente e o reclamante indicou para
penhora justamente um desses terrenos recebidos.
Diante do caso concreto, responda: o bem indicado pode ser levado à
penhora no processo trabalhista? Porque?

ESPELHO DE CORREÇÃO:

Sim, porque trata-se de bem pertencente a PJ de direito privado que não está
afetado à prestação de serviço público.

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QUESTÃO 14

José, gerente do setor de fiscalização do Município de Bananau, foi acometido


de um problema de saúde que o impediu de ir trabalhar. Porém, justamente no
dia em que José faltou ao trabalho, finalizava o prazo para liberação de uma
licença que era de sua competência. Como o prazo era de cumprimento
obrigatório e havia previsão na legislação municipal sobre delegação de
competência, Mário, servidor efetivo subordinado a José, a bem do serviço
público decidiu assinar a licença referida. Diante do episódio narrado e em
relação ao ato administrativo expedido por Mário pergunta-se:
a) qual a natureza jurídica da licença?
b) o ato praticado por Mário é legal ou ilegal? Porque?
c) Qual ou quais medidas podem ser adotadas por José quando se deparar
com a licença assinada por Mário?

ESPELHO DE CORREÇÃO

a) A licença constitui ato administrativo vinculado, ou seja, tem todos os seus


elementos definidos em lei e por essa razão gera direito subjetivo para quem
requer, caso cumpra os requisitos legais.

b) O ato é ilegal pois foi praticado com excesso de poder, uma vez que a
competência era de José e não do Mário.

c) Porém, apesar de se tratar de ato ilegal, José poderá anular ou convalidar a


licença expedida uma vez que se trata de competência delegável. A convalidação
voluntária é possível quando existir vício sanável, como na hipótese em tela. Os
vícios são sanáveis quando se tratar de competência delegável e forma acessória.
Se, contudo, a competência for indelegável, como por exemplo, competência
exclusiva, o ato será nulo, não estando sujeito à convalidação.

AP-1321_Meritus_Editora_(Estudo_de_Caso_TRT_3ª_Região)_07/15

PROFESSORA: Elisângela Marliere 13

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