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21 um anos da Lei de Regulamentação profissional do/a Assistente Social

Não poderíamos deixar passar despercebido, mesmo num momento tão contraditório de
festividades e manifestações contrárias, uma data muito significativa para nós Assistentes Sociais. Em
07 de junho de 1993 foi sancionada pelo então presidente da República Federativa do Brasil, Itamar Franco,
a Lei nº 8.662/93, popularmente conhecida por nós como “Lei de Regulamentação da Profissão”.
Esta lei veio substituir a regulamentação anterior, datada do ano de 1957, de modo que possibilitou
que o papel social da profissão fosse melhor compreendido do ponto de vista técnico-operativo e alterou
substantivamente a sua direção social, tendo como base o processo de redemocratização da sociedade
brasileira naquele período, materializado na Constituição Federal de 1988.
Esta lei, além de regulamentar a profissão em âmbito nacional, também permite acionar as
instâncias de controle, fiscalização e normatização da profissão. Sua existência colocou no centro das
discussões a necessidade de compreender as atribuições e competências profissionais dos/as Assistentes
Sociais, como também, ampliou suas capacidades interventivas.
“Comemorar o aniversário da Lei 8.662/93 é comemorar também a consolidação [do] projeto
profissional numa conjuntura bastante desfavorável aos seus valores e princípios, e isso não é pouca coisa”,
disse Josiane Soares, coordenadora da Comissão de Orientação e Fiscalização Profissional (COFI) do
Conselho Federal de Serviço Social (CFESS).
Hoje, o Serviço Social, como profissão, intervém no âmbito sócio-assistencial, tanto na esfera
pública, como na privada, desenvolvendo atividades de abordagens direta com a população. Podemos dizer
que nós Assistentes Sociais somos um dos poucos profissionais que chegamos mais próximo da realidade
das pessoas, das famílias, dos grupos e das comunidades mais vulneráveis. Somos os/as profissionais que
estamos mais próximo das misérias da vida humana, causadas pela exploração do “homem pelo homem” e
das injustiças sociais.
Deste modo, nós atuamos no processo de reprodução da vida social, interferindo em situações
sociais que afetam as condições concretas em que vive a população em geral e, sobretudo, nos setores
mais empobrecidos da sociedade, objetivando melhorar e/ou eliminar as condições de miserabilidade e de
injustiças sociais, sob múltiplos aspectos.
Trabalhamos no acesso às políticas sociais, aos programas e projetos sociais, nos serviços sociais,
dentre outros espaços sócio-ocupacionais, buscando recursos e bens de serviços para sanar as
desumanidades sociais. Assim como, trabalhamos nas áreas de pesquisa, assessoria e consultoria, nas
atividades técnicas específicas como vistorias, perícias, laudos, informações e pareceres sociais, no
magistério, nos treinamentos, nas associações, núcleos e centros de estudos e em vários outros espaços,
conforme o artigo 5º da Lei que Regulamenta a Profissão.
A Lei 8.662/93 é um importante instrumento legal que, além de regulamentar a profissão, também
é um porto segura para nós Assistentes Sociais no enfrentamento das diversas situações-problemas
contraditórias as prerrogativas e atribuições profissionais, tendo em vista a total precarização das
condições e relações de trabalho e o desconhecimento do que faz o/a Assistentes Sociais, sobretudo,
quando se torna difícil afinar a atuação profissional com os mandos politiqueiros, assistencialistas,
clientelistas e paternalistas.
Ainda, é importante destacar que a lei é um instrumento na defesa das condições de trabalho
dos/as Assistentes Social, de modo a disseminar, junto à categoria profissional, a necessidade de
estratégias coletivas e politizadas de enfrentamento dos problemas que nos aparecem no cotidiano
profissional, de forma individualizada ou sob o “véu mistificado” de uma inoperância de natureza teórico-
metodológica, conforme aponta Josiane Soares.
Assim, juntamo-nos a todos/as Assistentes Sociais do Brasil, e somos muitos/as, para comemorar a
promulgação dessa lei, convidando aqueles/as que não sabem ou não querem saber o que o/a Assistente
Social faz a ler e estudá-la.

Renato Tadeu Veroneze


Assistente Social

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