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Desenho Arquitetônico

Material Teórico
Introdução ao Desenho Arquitetônico

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Luiz Boscardin

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Luciene Santos
Introdução ao Desenho Arquitetônico

• Origem e Desenvolvimento do Desenho Técnico;


• Materiais Obrigatórios para o Desenvolvimento
da Disciplina e Execução de Desenhos Arquitetônicos;
• Procedimentos a Serem Seguidos para Estudo
e Execução de Desenhos Arquitetônicos;
• Normas Relacionadas à Produção de Desenhos Técnicos;
• Formatos de Pranchas e Margens;
• Utilizando os Instrumentos de Desenho.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
··Apresentar ao aluno os principais conceitos relacionados à importân-
cia do desenho técnico, instrumentos utilizados, normas que norteiam
sua correta execução, os formatos de pranchas utilizados profissional-
mente e instruções de utilização dos equipamentos de desenho.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Introdução ao Desenho Arquitetônico

Origem e Desenvolvimento
do Desenho Técnico
Dentre os vários tipos de desenho, o desenho técnico é aquele que se caracteriza
pela impessoalidade e normatização (sobretudo pelo seu embasamento na geometria
descritiva), com objetivo de criar representações de objetos em vistas ortogonais, cor-
tes, seções e perspectivas, além da determinação de distâncias, áreas e de volumes.

Desde os primórdios da humanidade, observa-se a prática da representação


de objetos, animais, paisagens, ou mesmo do próprio ser humano por meio de
desenhos. No entanto, a ideia da criação de representações, baseadas em parâ-
metros ou algum tipo de norma, com o objetivo de transmitir por meio destes as
informações de caráter construtivo, torna-se relevante a partir da civilização greco-
-romana, onde é possível considerar como paradigma, o tratado “De Architectu-
ra”, produzido entre os anos 27 e 16 a.C., pelo arquiteto romano Marco Vitrúvio
Polião (Figura 1).

Figura 1 – Capa da edição publicada em 1567 de “De Architectura” e busto de Marco Vitrúvio Polião
Fonte: romanemperorsroute.org

Durante a Idade Média, enfocando a história da civilização ocidental, o conheci-


mento construtivo se restringia a uma pequena camada da população, geralmente
formada por membros das corporações de ofício de construtores. Nesse contexto,
as técnicas construtivas eram passadas diretamente de mestre para aprendiz, e as
resoluções projetuais geralmente eram feitas diretamente no canteiro de obra, sem
a utilização efetiva de desenhos.

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Como exemplo de edifícios construídos no período, podemos citar as grandes
catedrais góticas (Figura 2).

Figura 2 – Catedral de Chartres (1145-1269 d.C.) – França


Fonte: iStock/Getty Images

O uso do desenho, como meio preferencial de representação de projetos ar-


quitetônicos e mecânicos, ganha maior relevância a partir do Renascimento (sécu-
los XIV-XVI). Nesse período, os conhecimentos sobre geometria descritiva ainda
padeciam de uma falta de sistematização, resultando em processos de desenho e
representações significativamente livres e sem nenhuma normatização.

A geometria descritiva  tem como


objetivo representar de forma exa-
ta, objetos tridimensionais em um
plano bidimensional.

Desse período, podemos destacar, entre outros, os trabalhos desenvolvidos pelo


pintor, escultor, arquiteto, engenheiro, cientista e músico Leonardo da Vinci, que
utilizava o desenho como meio de representação gráfica de inúmeros de seus in-
ventos, mostrando vistas diferentes dos objetos, de acordo com o posicionamento
do observador (Figura 3).

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UNIDADE Introdução ao Desenho Arquitetônico

Figura 3 – Desenhos de Leonardo DaVinci


Fonte: iStock/Getty Images

Documentário sobre a vida e obra de Leonardo Da Vinci (ative as legendas no botão locali-
Explor

zado na parte de baixo da tela) https://goo.gl/tqsMnX

O uso do desenho como ferramenta de representação, além de outros fatores


históricos e sociais, possibilitou um significativo desenvolvimento tecnológico que cul-
minou no período conhecido como Revolução Industrial (séculos XVIII-XIX), onde os
projetos mecânicos e de construção civil passaram a exigir um maior rigor e precisão
dos meios de representação gráfica. Como consequência, a partir do  século XIX,
são instituídas as primeiras normas técnicas de representação gráfica, baseadas no
desenvolvimento da geometria descritiva, transformando o desenho técnico em um
recurso tecnológico imprescindível como meio de representação de projetos.
Explor

Documentário sobre a Revolução Industrial https://goo.gl/9zvp1Y

Com o desenvolvimento dos computadores pessoais e de softwares destinados à


execução de desenhos, o uso profissional do desenho técnico, realizado manualmente,
começa a ser substituído pelos feitos em computadores a partir do final do século XX.

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Diante desse panorama, qual a importância, nos dias de hoje, do ensino e apren-
dizado do desenho técnico manual?

O aprendizado do desenho técnico manual é considerado fundamental pelos


seguintes fatores:
• Os métodos de desenho empregados pelos principais softwares utilizados por
designers de interiores (como o AutoCad, SketchUp, entre outros) são com-
pletamente baseados nas técnicas empregadas no desenho manual. Aprender
o desenho técnico utilizando tais programas se mostra bastante ineficiente,
pois o estudante, além de aprender todos os conceitos que envolvem o dese-
nho técnico, precisaria assimilar, ao mesmo tempo, o funcionamento e o cor-
reto uso das ferramentas destes programas. Seria algo parecido como tentar
correr antes de saber andar, ou dirigir uma motocicleta sem nunca ter subido
numa bicicleta antes.
• Além do desenvolvimento de técnicas para sua execução, bem como o reco-
nhecimento e aplicação de simbologias e normas que o tornam uma lingua-
gem de compreensão universal por profissionais ligados ao projeto e cons-
trução, o ensino e prática do desenho técnico manual é fundamental para
o desenvolvimento de outras competências que são muito importantes para
profissionais da área, como senso de organização e planejamento, noção
espacial e, sobretudo, paciência.
• O desenho técnico manual, realizado de maneira instrumentada, proporciona-
rá após algum tempo de prática, uma maior capacidade de desenvolvimento
do desenho a mão livre, embasado, porém, nas técnicas e na linguagem an-
teriormente aprendidas. Este tipo de desenho, conhecido como croqui, é de
grande importância para o arquiteto e urbanista, pois constitui o principal mé-
todo de concepção de projetos, além de um meio bastante ágil para a rápida
transmissão de conceitos e informações para clientes e mão de obra (Figura 4).

Figura 4 – Croqui do estádio Sera Dourada, desenhado pelo autor do projeto, arquiteto Paulo Mendes da Rocha
Fonte: arquiteturaurbanismotodos.org.br

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UNIDADE Introdução ao Desenho Arquitetônico

Materiais Obrigatórios para o


Desenvolvimento da Disciplina
e Execução de Desenhos Arquitetônicos
O desenho arquitetônico é um ramo do desenho técnico, e como tal exige
para sua execução, a utilização dos instrumentos que serão exibidos a seguir. Esses
equipamentos não serão empregados apenas para a realização desta disciplina: eles
constituem grande parte do material de trabalho a ser utilizado durante todo o curso
de arquitetura e urbanismo e são fundamentais para a futura atuação profissional.
Se forem de boa qualidade, utilizados e conservados de maneira correta, a grande
maioria desses equipamentos irá durar por décadas.

Importante! Importante!

Ao citarmos os instrumentos de desenho que deverão ser adquiridos para o correto


desenvolvimento do curso, serão sugeridas algumas marcas de fabricação. A preferência
por estas marcas se dá exclusivamente pela qualidade do material e pela pequena
variedade de fabricantes dos equipamentos em questão, por se tratarem, na maioria
dos casos, de instrumentos de alta precisão.

1. Lapiseiras: são essenciais para desenho técnico (não utilizaremos canetas


esferográficas ou lápis). Com as lapiseiras, será desenhado todo o conteúdo
do curso, como vistas, plantas, cortes, perspectivas, entre outros. As
lapiseiras não podem ser de modelo escolar, pois não fornecem a
precisão necessária que se espera de um desenhista técnico competente.
As lapiseiras devem ser de modelo profissional (Figura 5), que possuam
ponta metálica. Recomendamos as lapiseiras das marcas Pentel ou Pilot,
por terem uma qualidade e durabilidade excelentes. Serão necessárias
duas lapiseiras: uma com espessura 0.5mm e outra com 0.9mm.
Utilizar grafite tipo HB, preferencialmente da marca Pentel.

Figura 5 – Exemplos de lapiseiras profissionais (observar o detalhe da ponta metálica)


Fonte: iStock/Getty Images

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2. Caneta nanquim descartável: utilizaremos a caneta para o desenho de
croquis. Recomendamos uma caneta de nanquim descartável com espessura
0.4 ou 0.5 mm das marcas Sakura, Staedtler ou Uni-Pin (Figura 6).

Figura 6 – Caneta nanquim descartável


Fonte: BOSCARDIN,L. 2017

3. Borracha Plástica: recomendamos as marcas Trident, Staedtler ou Pen-


tel (Figura 7).
4. Caneta Borracha: utilizada para detalhes, sem comprometer o resto do
desenho (Figura 7).

Figura 7 – Borracha plástica e lápis borracha


Fonte: BOSCARDIN,L. 2017

5. Par de Esquadros: no desenho técnico, são utilizados esquadros sem


graduação, para não atrapalhar visualização do desenho. São necessários
dois esquadros, um de 45º e outro de 60º. Recomenda-se o jogo de es-
quadros marca Desetec-Trident, modelos 2532 (esquadro de 45º) e 2632
(esquadro de 60º), ambos com comprimento de 32 cm (Figura 8).

Figura 8 – Jogo de esquadros


Fonte: BOSCARDIN,L. 2017

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UNIDADE Introdução ao Desenho Arquitetônico

6. Escalímetro: instrumento utilizado para converter as medidas reais para


escala do desenho a ser executado. Será utilizado o escalímetro N°1
com 30 cm de comprimento, com as escalas: 1:100, 1:125, 1:50, 1:75,
1:20 e 1:25 (Figura 9). Recomendamos o escalímetro da marca Trident.

Figura 9 – Escalímetro N° 01
Fonte: BOSCARDIN,L. 2017

7. Compasso: os modelos utilizados para desenho técnico precisam ser fir-


mes e precisos, com isso, os modelos escolares não são adequados para a
execução do desenho técnico. Recomendamos o compasso Trident – mo-
delo 9003 (Figura 10).

Figura 10: Compasso profissional


Fonte: BOSCARDIN,L. 2017

8. Papel Manteiga (papel croquis): ao comprar o papel manteiga, tenha


atenção para que este seja específico para desenho: transparente e de tex-
tura áspera. O papel manteiga liso, encontrado nas papelarias mais
simples, não serve para desenhar. Utilizaremos o papel manteiga formato
A2 (594x420mm). Recomendamos o papel manteiga/croquis da marca
Canson (Figura 11).

Observação: não utilizaremos papel vegetal.

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Figura 11 – Bloco de papel manteiga formato A2
Fonte: BOSCARDIN,L. 2017

9. Régua Paralela / Mesa de desenho: para execução de trabalhos que en-


volvam qualquer tipo de desenho profissional, é necessário um ambiente
bem iluminado e uma mesa com superfície lisa e espaço suficiente para
apoiar o papel e os materiais de desenho. Nessa mesa deve ser instalada
uma régua paralela. A régua paralela é imprescindível para a execução
do desenho técnico.

Uma opção para a régua paralela seria a régua T, mas desaconselhamos seu
uso, pois para um resultado satisfatório de utilização, ela necessita de uma mesa
com bordas perfeitamente retas e sem ressaltos para ser apoiada.

O desenhista técnico pode adquirir a régua paralela avulsa e instalá-la em uma


mesa com tampo de madeira, de bordas retas. Caso não seja possível essa opção,
recomendamos a compra da Prancheta portátil A-2 com régua paralela, da marca
Trident - modelo 5002 (Figura 12).

Caso a opção seja adquirir apenas a régua paralela, recomendamos a régua


paralela A2 da marca Desetec-Trident modelo 6306.

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UNIDADE Introdução ao Desenho Arquitetônico

Figura 12 – Prancheta portátil A-2 com régua paralela, da marca Trident - modelo 5002
Fonte: BOSCARDIN,L. 2017

10. Tubo telescópico para transporte do papel (Figura 13): como não se
dobra o papel manteiga, o tubo telescópico é a melhor opção para seu trans-
porte. Existem vários modelos, mas certifique-se que ele aceita o formato A2.

Figura 13 – Tubo telescópico

Procedimentos a Serem Seguidos


para Estudo e Execução
de Desenhos Arquitetônicos
A fim de realizar projetos e obras tecnicamente bem embasados, além de apren-
der a desenhar, é fundamental que o Arquiteto e Urbanista saiba ler e interpretar
projetos realizados por outros profissionais da área. Para isso, sugerimos que o
estudante assuma uma série de rotinas que irão auxiliá-lo no decorrer do curso:

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1. Reservar, pelo menos, uma hora por dia dedicada à produção de desenhos.
2. Providenciar um espaço que seja dedicado a produção dos desenhos.
3. Adquirir, o mais rápido possível, os materiais necessários para a execução
desta disciplina.
4. Criar o hábito de ler (com um olhar que enfoque sempre a prática e
entendimento do desenho) livros, revistas, catálogos de fornecedores
de matérias, sites e blogs da internet que se relacionem com a prática
profissional e o ensino de design de interiores ou arquitetura.
5. Pesquisar e ter a mão a bibliografia básica indicada nesta disciplina.
6. Utilizar como material de apoio sites e vídeos tutoriais (disponíveis em
plataformas como o YouTube) que se relacionem à prática do desenho técnico.
7. Aproveitar ao máximo o seu tempo de estudo e produção para se preparar
para os atendimentos presenciais que serão realizados com o professor.

Normas Relacionadas
à Produção de Desenhos Técnicos
O Desenho técnico não pode sujeitar-se aos gostos e caprichos de cada
desenhista, pois será utilizado por profissionais diversos para chegar à fa-
bricação de um objeto específico: máquina, cadeira ou casa. [...] Apesar da
seriedade com que a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) es-
tuda cada norma, existem aqueles que preferem adotar padrões particulares,
voltando assim, à situação do século passado, quando cada um tinha con-
venções próprias e ninguém se entendia. Enfim, cada cabeça uma sentença
[...]. Contudo, a decisão de criar padrões técnicos individuais no limiar do
século XXI diz muito mal dessa cabeça ou desse cabeçudo. Vamos ser coe-
rentes e adotar as normas; no Brasil, as NBR. (MONTENGRO, G., p.25)

As normas que incidem sobre a produção do desenho técnico têm o objetivo de


otimizar e padronizar sua execução, leitura e classificação. São elas:
• NBR 8196 - Emprego de escalas
• NBR 8403 - Aplicação de linhas em desenhos - Tipos de linhas - Larguras das linhas
• NBR 10067 - Princípios gerais de representação em desenho técnico
• NBR 10068 - Folha de desenho - Leiaute e dimensões
• NBR 10126 - Cotagem de desenho técnico
• NBR 10582 - Apresentação da folha para desenho
• NBR 13142 - Dobramento de cópia

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UNIDADE Introdução ao Desenho Arquitetônico

Todas estas normas são facilmente encontradas com uma simples pesquisa na
internet e estão disponíveis para download. Além das normas citadas acima, é
de grande importância para designers de interiores e arquitetos a NBR 6492 –
Representação de projetos de arquitetura.

Como passo inicial dos trabalhos a serem realizados nesta disciplina, pes-
quise na internet, faça o download das normas, e estude-as, com destaque
para a NBR 6492 – Representação de projetos de arquitetura. O conhecimen-
to dessas normas será de grande valia para o desenvolvimento dos assuntos a
serem abordados nas próximas unidades.

Normas relacionadas ao desenho técnico e arquitetônico:


Explor

• https://goo.gl/7L6qL8
• https://goo.gl/mjyver

Formatos de Pranchas e Margens


O padrão de formato de papéis mais utilizado no mundo, incluindo o Brasil, é o ISO
216. Nos desenhos técnicos, incluindo o arquitetônico, utiliza-se geralmente a série A
desse padrão, onde os formatos são baseados na razão da raiz quadrada de dois (√2).

Nessa série de formatos, quando, por exemplo, se unem duas folhas A4, obtém-
se uma folha A3 com exatamente o dobro da área. A vantagem desse sistema é a
possibilidade de imprimir o conteúdo de uma folha A3 (em escala reduzida) numa
folha A4, sem a perda de proporção.

Partindo de uma folha A0, que possui 1,00 m² de área, podemos dividi-la em
duas folhas A1, que têm exatamente a metade da área, e assim sucessivamente, até
chegarmos no formato A10 (Figura 14).

18
74 mm
148 mm 297 mm 594 mm
1189 mm

A2
420 mm

A0 A1
841 mm

A4
210 mm

A6
A3
105 mm

A8
A5
52 mm

A7

Figura 14 – Formatos e dimensões da série A – ISO 216


Fonte: Wikimedia Commons

Além do formato do papel, outro importante fator a ser considerado é o


dimensionamento das margens. Para isso, utilizaremos os padrões estabelecidos
pela NBR 10068 – Folha de desenho – Leiaute e dimensões.

Segundo a NBR 10068, temos as seguintes definições:


• Margem e quadro: margens são limitadas pelo contorno externo da folha
e quadro. O quadro limita o espaço para o desenho (Figura 03); as margens
esquerda e direita, bem como as larguras das linhas, devem ter as dimensões
constantes na Tabela 1; a margem esquerda serve para ser perfurada e utiliza-
da no arquivamento.

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UNIDADE Introdução ao Desenho Arquitetônico

Tabela 1 – dimensionamento de margens, segundo a NBR 10068


Largura da linha do quadro,
Formato Margem
conforme a NBR 8403
Esquerda Direita
A0 25 10 1,4
A1 25 10 1,0
A2 25 7 0,7
A3 25 7 0,5
A4 25 7 0,5
Unid.: mm

Na nossa disciplina, utilizaremos o


papel manteiga no formato A2 (594
x 420 mm) com a margem esquerda
de 25 mm e as demais (direita, supe-
rior e inferior) com 7mm (Figura 15).

Figura 15 – Papel formato A2 e margens a serem utilizadas


Fonte: BOSCARDIN,L. 2017

Utilizando os Instrumentos de Desenho


O desenhista técnico precisa, além de conhecer as principais normas que
incidem sobre sua atividade, saber como manusear seus instrumentos de trabalho.

A seguir, apresentaremos um roteiro de como manusear os principais instrumentos


de desenho. Preste bem atenção nestas informações, pois todo detalhe conta para
a correta execução de um desenho técnico.

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• Organização da mesa de desenho:

A Figura 16 mostra uma mesa de desenho organizada para a prática das ati-
vidades que iremos realizar na nossa disciplina. Temos a régua paralela instalada,
esquadros de 45º e 60º, lapiseiras 0.5mm e 0.9mm, escalímetro, borracha, e uma
folha de papel manteiga, no formato A2, fixada no centro da mesa.

Figura 16 – Mesa de desenho preparada para o trabalho


Fonte: BOSCARDIN,L. 2018

Tente sempre colocar no tampo da mesa o mínimo possível de objetos, para que
estes não atrapalhem ou sujem sua folha de desenho. Mantenha a sua mesa de desenho
sempre limpa e seca, bem como seus esquadros e réguas, além das suas mãos.
• Fixando o papel à mesa de desenho:

O primeiro item de grande importância é a fixação do papel na mesa: posicione-o


de maneira preliminar no centro da mesa e, depois, com cuidado, o alinhe com a
borda superior da régua paralela (Figura 17 – Detalhe 1). Nunca alinhe o papel
tendo como base as bordas da mesa. O importante é que ele esteja alinhado
horizontalmente com a régua paralela.

Figura 17 – Det.1: Alinhamento do papel com a regua paralela


Fonte: BOSCARDIN,L. 2018

Feito isso, com cuidado para não mover a folha de lugar, deslize um pouco para
baixo a régua paralela e fixe (com durex vegetal ou fita crepe) os quatro cantos da

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UNIDADE Introdução ao Desenho Arquitetônico

folha ao tampo da mesa. Fixe-os bem para eles não se soltarem no decorrer do
desenho (Figura 18 – Detalhe 2).

Figura 18 – Det.2: fixação do papel à mesa de desenho


Fonte: BOSCARDIN,L. 2018

• Utilizando a régua paralela:


Com a folha fixada à mesa, já estamos prontos para começar a desenhar. No
desenho técnico, a maioria dos traços são realizados em ângulos pré-definidos, por
meio dos nossos instrumentos de desenho. Dessa forma, o desenho a mão livre
é condição rara. Para a precisa execução do desenho, utilizamos a régua paralela
para desenhar linhas horizontais (Figura 19) e os esquadros para desenhar linhas
verticais ou inclinadas. No desenho de linhas horizontais, utilize sempre a borda
superior da régua paralela, apoiando aí a ponta metálica da lapiseira.

Importante! Importante!

No desenho técnico, ao se traçar qualquer tipo de linha, deve-se fazê-lo de uma só vez
e de maneira contínua, evitando o máximo possível emendas, nunca passando mais de
uma vez a lapiseira pela extensão do traço. Mantenha sempre a mesma pressão sobre a
lapiseira do começo ao fim do desenho, girando sutilmente a lapiseira em torno de seu
eixo, para que a ponta do grafite se mantenha sempre apontada.

Figura 19 – Régua paralela


Fonte: BOSCARDIN,L. 2018

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• Utilizando os esquadros:

O jogo de esquadros nos permite traçar linhas verticais (90º) ou inclinadas de


45º, 30º ou 60º (Figura 20). Para máxima precisão, sempre utilize os esquadros
apoiando-os firmemente suas bordas na régua paralela (figura 21). Quando o
objetivo for traçar linhas verticais, nunca apoie o esquadro por qualquer uma
de suas pontas na régua paralela, pois dessa maneira você não obtém precisão
alguma (Figura 22).

Figura 20 – Jogo de esquadros


Fonte: BOSCARDIN,L. 2018

Figura 21 – A combinação do uso da régua paralela com o jogo de


esquadros de esquadros permite o traçado de linha em diferentes angulos
Fonte:BOSCARDIN,L. 2018

Figura 22 – Ao traçar linha verticais, nunca apoie o esquadro pelas pontas


Fonte: BOSCARDIN,L. 2018

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UNIDADE Introdução ao Desenho Arquitetônico

• Utilizando o compasso:
Utilizaremos o compasso (Figura 23) para o desenho de arcos ou circunferências
a partir da medida do raio (Figura 24). Para a execução de um arco ou uma cir-
cunferência, marca-se o ponto que será o centro, colocando nesta posição a ponta
seca do compasso. Gira-se então o compasso no sentido horário, executando o tra-
çado (Figura 25). Para se obter precisão, é necessário que a ponta seca e o grafite
estejam nivelados (Figura 23). A ponta de grafite deve estar sempre bem apontada,
em formato diagonal, utilizando para isso uma lixa de unha.

Figura 23 – Compasso
Fonte: BOSCARDIN,L. 2018

24
Figura 24 – Definição do raio a partir da abertura do compasso
Fonte: BOSCARDIN,L. 2018

Figura 24 – Utilizando o compasso


Fonte: BOSCARDIN,L. 2018

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UNIDADE Introdução ao Desenho Arquitetônico

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
Desenho da Cúpula de Santa Maria del Fiore Brunelleschi | National Geographic
https://youtu.be/ZNhdRra1bFY
Lapiseiras recomendadas - Sketch Crás
https://youtu.be/6Pbnfj1yJZA
Canetas nanquim para arte final - Sketch Crás
https://youtu.be/TU9RYqUJOT0
Prancheta A3 para DESENHO TRIDENT, análise - Sketch Crás
https://youtu.be/3x49m6P-d78

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Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492: 1994:
representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1997.

CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. Porto Alegre:


Bookman, 2011.

LITTLEFIELD, D. Manual do arquiteto: planejamento dimensionamento e


projeto. Porto Alegre: Bookman, 2011.

LUPTON, E.; PHILLIPS, J. C. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac


Naify, 2008.

MONTENEGRO, G. A. Desenho arquitetônico. 4. ed. rev. atual. São Paulo:


Edgard Blucher, 2011.

MONTENEGRO, G. A. Geometria descritiva. São Paulo: Edgard Blucher, 2004.

YEE, R. Desenho arquitetônico: um compêndio visual de tipos e métodos. 3. ed.


Rio de Janeiro: LTC, 2012.

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