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Grupo: Professor:
Ariana Martins Doutor António Machado e
Diogo Pereira Moura
Junho, 2016
Conteúdo
1 Introdução 2
2 Ligação à Terra 3
2.1 Ligações à terra: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Dimensionamento de Sistemas de Terra: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2.1 Elétrodo Terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2.2 Propriedades do solo: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.3 Condutores de Terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2.4 Sistemas de ligação à terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
6 Conclusão 15
7 Bibliografia 16
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1 Introdução
A importância dos sistemas de ligação à terra é primordial no que diz respeito à garantia de
segurança e correto funcionamento dos sistemas elétricos. No entanto, sendo este artigo desen-
volvido no âmbito da unidade curricular de Técnicas de Alta Tensão, onde o foco incidirá nos
sistemas relacionados com a Alta Tensão, ainda mais imperativa se torna esta questão já que,
devido às elevadas tensões existentes nestes sistemas, os riscos que as mesmas comportam são
exacerbados, tanto para as pessoas como para os materiais. Assim, um sistema de ligação à terra
deve conseguir garantir:
Segurança, no caso das linhas de alta tensão (primordialmente, aéreas), perante acidentes
decorrentes do meio onde se envolvem, tais como incêndios, quedas de árvores, embates, etc.
Posto isto, o planeamento, o cálculo e a montagem dos sistemas de terra merece um estudo
delicado e aprofundado de forma a que estes garantam a sua eficiência durante o tempo de vida
da instalação. Deste modo, o sistema de terra deve ser projetado de forma a possuir a resistência
menor e mais económica possı́vel de forma a conduzir as correntes de fuga diretamente para a
terra, assegurando os nı́veis de potencial previstos pelas normas internacionais.
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2 Ligação à Terra
De acordo com o NEC - National Electrical Code, define-se como terra ”o estabelecimento de
uma ligação condutora, quer propositada, quer acidental, entre um circuito elétrico ou o equipa-
mento e a terra”. Assim, tendo em conta que a ligação à terra é fundamental do ponto de vista de
segurança e fiabilidade da instalação, o planeamento da mesma é o primeiro passo a ser efetuado
no dimensionamento. O objetivo primordial é que a ligação à terra, efetuada no neutro dos trans-
formadores ou nas impedâncias de terra, seja feita de forma a que as correntes de fuga circulem,
de forma máxima, neste elétrodo. Para o correto dimensionamento do elétrodo terra, devem ser
tidas em conta três tipos diferentes de tensões:
Tensão de Contacto: segundo a norma IEEE Std 80-2000, define-se como ”a diferença
de potencial existente entre a elevação do potencial de terra e a superfı́cie onde se encontra
um indivı́duo que tenha um membro em contacto com a superfı́cie em tensão e outro em
contacto com a terra.”
Rc
Vc = (Rch + ).Ich (1)
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sendo:
Tensão de Passo: segundo a norma IEEE Std 80-2000, define-se como ”a diferença de
potencial sentida por um indivı́duo que se encontre a uma distância de um metro da superfı́cie
em contacto, sem ter nenhuma parte do corpo apoiada num objeto ao potencial da terra.”
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Figura 2: Representação esquemática da tensão de passo e respetivo circuito representativo
sendo:
• Rc : resistência de contacto;
• Rch : resistência do corpo humano (≈ 1000 Ω);
• Ich : corrente de choque que atravessa o corpo humano.
Tensão da Malha de Defeito: tensão que surge na malha de defeito - malha que se
estabelece entre as partes ativas e a massa.
A ligação dos sistemas de alta tensão apresenta inúmeras vantagens, tais como:
Em alta tensão, por vezes, ocorrem oscilações a nı́vel das correntes que, preferencialmente,
devem originar curto-circuitos que fluem pelo elétrodo terra, de forma a que não existam
danos nos equipamentos;
Operação rápida face à extinção de defeitos, restringindo-o à sua zona de ocorrência;
Garantia que nos condutores ativos, a tensão de fase nunca é ultrapassada, pelo que, conse-
quentemente, o neutro se encontrará a potencial nulo;
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Atenuação das cargas capacitivas que são bastante evidentes em linhas aéreas (note-se que
as linhas de alta tensão são predominantemente aéreas).
No entanto, a existência de ligação à terra introduz susceptância no caminho até à terra, o que
pode representar inconvenientes, em zonas com ı́ndices ceráunicos elevados.
Corrente de fugas: de acordo com a norma IEEE Standard, é o valor eficaz da corrente
que flui para a terra após a ocorrência de um defeito;
Duração da falha: instante de tempo que decorre desde do inı́cio do defeito até que o
mesmo é extinto;
Nota para o facto da corrente de fugas depender do tipo de ligação do neutro com a terra.
A ligação à terra de um sistema compreende o elétrodo terra, os condutores de terra e os
condutores protegidos com blindagem.
Existem inúmeras formas de aterramento, desde das que recorrem a esferas, placas, fitas
metálicas, até configurações de cablagens. A ligação à terra é constituı́da por três partes dis-
tintas: as conexões que ligam o sistema ao elétrodo, o próprio elétrodo e a terra em volta do
mesmo.
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Para se avaliar a ligação à terra, electricamente, devem ser considerados três parâmetros: a
resistência, a capacidade e a indutância. A indutância permite quantificar a oposição à corrente
que flui, ou tende a fluir, para o solo.
• Em estaca vertical: quando se emprega uma vara condutora que penetra o solo de forma a
encontrar estratos com condutividades diferentes;
A
ρ=R (3)
l
No entanto, há que notar que, no seu estado natural, o solo é um mau condutor elétrico, tanto
pior se o solo se encontrar seco ou gelado. No entanto, as caracterı́sticas posteriormente indicadas
exercem influência no seu comportamento:
• Tipo de solo;
• Humidade;
• Concentração de sais;
• Temperatura;
• Granulometria;
• Estratificação.
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Para que seja possı́vel entender melhor a variação da resistividade com estas caracterı́sticas,
vem que:
Claro está que, a resistividade do solo terá influência direta na tensão de contacto, já indicada
anteriormente. Assim, é possı́vel analisar através de:
Para o estudo dos solos recorre-se a diversas análises tais como cartas geológicas, perfurações,
diagramas sı́smicos e mapas de resistividade.
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2.2.3 Condutores de Terra
Em altas tensões, é comum que os cabos apresentem baı́nhas metálicas ou armaduras em volta
do condutor. Durante a ocorrência de defeitos, são este tipo de cabos que ficam responsáveis por
deixar fluir as correntes de defeito até à terra. O condutor de terra deverá ser um cabo isolado
para não ser afectado pela corrosão ou outro tipo de desagaste que pode comprometer a segurança
do sistema.
• A condução das correntes de fuga não devem ser comprometidas aquando da ocorrência de
um curto-circuito;
Nos sistemas de ligação rı́gida à terra é realizada uma ligação direta entre as três fases e a terra
para que seja, o mais possı́vel, uniformizar o potencial do sistema com a terra.
Note-se que não é adoptada nenhuma configuração especı́fica para evitar a passagem das cor-
rentes pela blindagem, que ao não serem controladas, irão contribuir para o incremento das perdas
Joule. É prudente proceder à ligação das blindagens entre si e às terras numa distância de, apro-
ximadamente, 2 quilómetros caso os nı́veis de tensão em uso se aproximem dos limites de tensão
de rotura da baı́nha.
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Sistema de ligação especial à terra
Estes sistemas são caracterizados pela circulação permanente de corrente pela blindagem, em
regime normal de funcionamento. Para evitar as elevadas perdas, opta-se por se proceder à ligação
das blindagens, promovendo a formação de circuitos fechados. Isto promove a prática do aumento
da distãncia entre fases para diminuição de perdas e diminui a absorção das correntes capacitivas
na linha, por meio da diminuição da secção do condutor.
O neutro e a terra são conectados através de uma resitência. Em sistemas acima dos 11 kV
é utilizada uma LER - Liquid Earthing Resistor. O valor da resistência é arbitrado mediante a
magnitude das correntes de fuga.
Através deste método, utiliza-se uma reatância entre o neutro e a terra. Há apenas uma
condição que deve ser verificada neste tipo de ligação: é recomendado que a corrente de defeito
não deva ser reduzida a menos de 60 % da tensão nominal de forma a evitar a ocorrência de
sobretensões dinâmicas.
Utiliza-se uma reatância entre o neutro e a terra de forma a compensar a fase de da corrente
capacitiva. Este método tem duas grandes vantagens: durante a ocorrência de um defeito fase-
terra, a proliferação de um arco elétrico é suprimida automaticamente sem que haja interrupção
da corrente; para além disso, é possı́vel que a rede continue a operar, apesar da ocorrência do
defeito, na medida em que a capacidade da corrente de defeito à terra é compensada. No entanto,
este tipo de sistema, pode comprometer o funcionamento das fases ”saudáveis”bem como tornar
a localização do defeito mais difı́cil.
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3.1 Impedância de Terra:
3.1.1 Cálculo da resistência de terra no elétrodo terra:
A resistência de um elétrodo hemisférico de raio r, num solo com resistividade ρ é dada por:
ρ
R= (4)
2πr
A resistência de terra varia de tal modo que quando maior e mais complexo for o sistema,
menor deverá ser o seu valor. A não ser que o sistema de terra seja muito extenso ou se situe
num solo com uma resistividade muito baixa, a impedância de série dos condutores de terra é
consideravelmente mais baixa que a resistência de terra.
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Figura 7: Variação da impedância de cadeia com a resistência do apoio (50 Hz)
Note-se que, este parâmetro também apresenta variações significativas caso estejamos a falar
de HVAC ou HVDC (High Voltage AC ou High Voltage DC ).
Deste modo, pode-se concluir que este é mais um dos fatores que poderá contribuir para um
amplo crescimento do transporte de energia, em DC.
3.1.3 Impedância de terra para sistemas com cabos protegidos com baı́nha
No que diz respeito a redes de distribuição urbana, que apresentam valores de alta tensão
baixos, é comum recorrer-se ao uso de cabos com baı́nhas. Este tipo de cabo assume a primoridal
função de ligar as terras das subestações, permitindo, deste modo, a criação de um extenso sistema
de aterramento. Assim, deste modo, surge uma questão que deve ser avaliada, resultante da
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extensão que o cabo terá de percorrer e o seu consequente efeito na magnitude da impedância de
terra.
Nota apenas para o facto de cabos com baı́nhas em plásticos se exceptuarem a este comporta-
mento.
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Figura 10: Circuito representativo do caminho da corrente de defeito
zc − zmp,c
Igr = If (5)
zc + ((ZeA + ZeB )/lAB )
Assim, pode-se concluir que, quando estamos perante circuitos de pequenas dimensões, a mag-
nitude da corrente que regressa pela terra é altamente influenciada pelos valores de impedância
da subestação. Por outro lado, quando estamos perante linhas aéreas, cuja extensão é elevada, a
magnitude das impedâncias de terra das subestações são suficientemente baixas, em comparação
com as impedâncias longitudinais, de forma a que não são criadas interferências na corrente de
distribuição.
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é possı́vel que ocorram situações em que o transporte de energia apresente nı́veis de tensão muito
mais elevados do que os utilizados nas telecomunicações o que, pela mesma base cientı́fica, descrita
para as linhas férras, pode resultar na adulteração do dimensionamento das correntes de defeito.
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6 Conclusão
Dentro da área de electrotecnia, mais concretamente no que diz respeito ao dimensionamento
de sistemas elétricos, o estudo dos sistemas de terra continuará a ser vital, na medida em que
têm, obrigatoriamente, de serem implementados com êxito já que, o seu mau dimensionamento
traz adjacentes inúmeros problemas, quer de segurança para os cidadãos e técnicos, quer para a
integridade do sistema.
Após a elaboração deste trabalho, foi possı́vel concluir que o dimensionamento de um sistema de
terra engloba várias funções complexas que variam consoante inúmeros critérios, desde do local
onde é feita a instalação até ao tipo de instalação que está a ser projetada. Para além do mais,
continuam a ser desenvolvidos trabalhos experimentais que visam a melhoria e o aumento de
eficácia destes sistemas e tentam colmatar todas as falhas que ainda existem.
Apesar do limite imposto à complexidade desta monografia, o tema em questão apresenta muito
mais questões que poderiam ser aprofundadas, sobretudo no que concerne ao atual desenvolvimento
destes sistemas.
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7 Bibliografia
• Beltz, R. and Peacock, I and Vilcheck, W - Application Considerations for High Resistance
Ground Retrofits in Pulp and Paper Mills
• Prasad, D. and Sharma, H.C - Designing and Earthing and Bonding System for High Voltage
Substations
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