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DELIMITAÇÃO DO CONCEITO DE “COISA”
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Coisa é todo o bem susceptível de ser objecto de um domínio permanente (aspecto
temporal) e completo (na medida em que versa sobre todas as utilidades que o bem
possa possuir).
O primeiro elemento da noção de coisa é que é incompatível com o conceito ético-
moderno de “pessoa”. Aliás, pode a coisa ser objecto de apropriação exclusiva (os
direitos reais regulam um poder directo e exclusivo), que também é incompatível com
a noção de pessoa.
Portanto, só é “coisa” aquilo que não é pessoa (ou que, pelo menos, não esteja
directamente relacionado com a mesma) e que seja susceptível de constituir um
objecto de apropriação exclusiva:
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NÃO CABEM NA NOÇÃO DE “COISA”:
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▪ As pessoas e bens incidíveis da pessoa;
Por certo, não se ignora que as pessoas constituem bens (bens in persona), que,
sendo irredutíveis a um equivalente pecuniário e, portanto, não patrimoniais, são fonte
de interesse patrimonial, quer para elas, quer para os outros (a lesão ou a morte de
uma
pessoa pode ser causa de danos patrimoniais indirectos). Simplesmente, apesar de a
pessoa poder ser assim objectivada (na medida em que é objecto de direitos e objecto
de protecção), não pode ser coisificada ou reificada ao nível da consciência ético-
jurídica moderna (tal como acontecia nos direitos primitivos com a instituição da
escravidão,
por exemplo).
▪ OS DIREITOS SOBRE AS PESSOAS:
o Direitos de personalidade: há uma atribuição de um poder directo e imediato sobre a
própria pessoa;
o Direitos sobre a pessoa de outrem: estes atribuem ao titular um poder direito e
imediato sobre a pessoa de outrem. Aqui, tanto o titular como o objecto do direito são
pessoas, mas pessoas distintas. Tais direitos visam tutelar a pessoa
objecto do direito em causa enquanto ser em desenvolvimento. São os chamados
“poderes-deveres”, os quais possuem um carácter excepcional, pois não satisfazem o
titular do direito, mas a pessoa objecto desse direito. Não há
uma coisificação da pessoa, porque a pessoa é objecto, mas não titular do direito.
▪ As prestações: são o objecto necessário dos direitos relativos, como os direitos de
crédito. As prestações não são coisas porque são actos indissociáveis da própria
pessoa.
É a pessoa que se obriga a entregar uma coisa e vendê-la. As situações
economicamente não autónomas: são situações que não têm existência
jurídica própria, logo, não podem ser objecto de um domínio, apesar de terem
natureza patrimonial. Por exemplo: a clientela de um estabelecimento comercial.
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A Comunidade Jurídica.