Você está na página 1de 22

SCADA - SISTEMA SUPERVISÓRIO

A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

NA LOGÍSTICA INTEGRADA

MAURÍCIO GOHN
GESTÃO DA INFORMAÇÃO
PROF.: MARCELO SUCENA
2° PERÍODO DE LOGÍSTICA
UNESA – UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
SETEMBRO/2006
1

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 2

OBJETIVO 2

JUSTIFICATIVA 3

LOGÍSTICA INTEGRADA 3

TRANSPORTE DE CARGAS POR DUTOS 5

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 6

SISTEMAS SUPERVISÓRIOS 9

APLICAÇÃO PRÁTICA 15

CONCLUSÃO 18

BIBLIOGRAFIA 19
2

1- INTRODUÇÃO

O cenário em que as empresas atuam nos dias de hoje aumenta em


complexidade, sendo a vantagem competitiva um dos fatores de impacto. Isto
se aplica também ao processo logístico de movimentação física dos produtos e
ao controle de informações. As metas são cada vez mais desafiadoras e para
que a qualidade e a eficiência sejam atingidas, faz-se necessário um apoio
crescente do uso da automação.

Com espaço garantido nas operações logísticas, a automação permite novas


funcionalidades, levando mais eficiência, controle, organização e intercâmbio
de dados às empresas. Não existe progresso ou desenvolvimento na logística
sem automação de processos.

Os Sistemas Supervisórios, uma abordagem da Tecnologia da Informação –


TI voltada a apoiar o processo industrial, também conhecidos como SCADA,
são hoje essenciais às empresas que necessitam de um alto nível de controle
no transporte de suas cargas.

Empresas como a Petrobrás Transportes S.A. – Transpetro, que utilizam o


meio dutoviário para o transporte de suas cargas, vêem no SCADA um
excelente sistema de controle de suas malhas de dutos, algumas espalhadas
por grande parte do território nacional.

2- OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é mostrar como a tecnologia da informação, através


de um Sistema Supervisório aplicado à gestão de transporte de cargas, em
particular de dutos, torna-se uma ferramenta indispensável na logística
integrada de empresas da área petrolífera e de energia em geral.
3

3- JUSTIFICATIVA

As regras básicas de competitividade em um concorrido mercado presumem


o uso eficaz e eficiente de tecnologias da informação. Os Sistemas
Supervisórios, que permitem a otimização da cadeia de valor, podem assumir
papel fundamental na estratégia do negócio de organizações industriais. Sendo
assim, este trabalho ressaltará o uso dos sistemas supervisórios no âmbito
empresarial logístico.

4- LOGÍSTICA INTEGRADA

"Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira


eficiente o fluxo de armazenagem de produtos, bem como os serviços e
informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de
consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor."
(CLM - Council of Logistics Management)

A Logística, apesar de ter se tornado uma palavra da moda no fim do século


passado, é um conceito conhecido e aplicado há centenas de anos. Os
guerreiros medievais usaram a Logística para posicionar tropas de combate em
locais estratégicos e manter seus exércitos abastecidos de suprimentos.

Durante as Grandes Guerras Mundiais, na sua origem, o conceito de


logística estava essencialmente ligado às operações militares. Ao decidir
avançar suas tropas seguindo uma determinada estratégia militar, os generais
precisavam ter sob suas ordens, uma equipe que providenciasse o
deslocamento, na hora certa, de munição, equipamentos e socorro médico
para o campo de batalha.
4

Segundo Marco Aurélio Meda, no final da Segunda Guerra Mundial, a


Logística começou a existir como ciência. No mundo empresarial, ela ganhou
peso como ferramenta estratégica para sobrevivência. Desde então,
apresentou uma evolução continuada, sendo hoje considerada como um dos
elementos-chave na estratégia competitiva das empresas, para não se dizer
sobrevivência. No início era confundida simplesmente com o transporte e
armazenagem de produtos e materiais. Hoje entende-se que a Logística é
muito mais do que isso, é um conceito amplo que cuida de todas interações,
movimentações e distribuição de suprimentos por toda a cadeia produtiva de
forma integrada, chegando à cadeia de distribuição ou abastecimento
propriamente dita, atuando de acordo com o moderno conceito de SCM -
Supply Chain Management (Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos).

Mais recentemente a Logística introduziu um elemento adicional à suas


atividades, a informação. Além de controle e gestão de todo o fluxo de
suprimentos, materiais e produtos por toda a cadeia, a Logística deve monitorar
o fluxo de informações que cercam as atividades e operações envolvidas no
processo de movimentação, armazenagem, distribuição ou transporte.

Para Ballou (1993), a evolução do conceito ao longo dos anos não somente
agregou valores de tempo, qualidade e informação à cadeia produtiva como
também procurou eliminar do processo tudo que não tenha valor para o cliente,
além do foco na otimização de processos e recursos físicos e humanos.

Daí o novo conceito de logística integrada em que se focaliza o consumidor


com um destaque especial, buscando equacionar a cadeia de suprimentos de
forma a atendê-lo na forma por ele desejada, destacando a integração exigida
entre todos os elementos da cadeia, gerando produtos, serviços e informações
que agreguem valor ao processo.
5

Ainda para Ballou (1993), os ganhos potenciais resultantes de se rever a


administração das atividades logísticas está transformando a disciplina numa
área de importância vital para uma grande variedade de empresas.

5- TRANSPORTE DE CARGAS POR DUTOS

Dutos são sistemas constituídos de tubulações ligadas entre si e por


estações de bombeamento, objetivando a movimentação de minérios, gases,
petróleo e seus derivados líquidos. São classificados em relação ao meio que
atravessam, podendo ser de transporte ou de transferência (segundo a ANP –
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

Os oleodutos, sistema de dutos que transportam petróleo e seus derivados


líquidos, estabelecem a ligação entre as jazidas e os portos de embarque.
Posteriormente, o transporte é efetuado por grandes petroleiros até os portos
dos países consumidores, a partir dos quais é conduzido por uma extensa rede
de oleodutos até as áreas de consumo. Quando um oleoduto é utilizado para
transporte de diversos tipos de produtos ele também pode ser chamado de
poliduto.

Os dutos de transporte e transferência são pontos críticos na logística de


toda a indústria petrolífera. Um acidente pode interromper o processo,
causando prejuízos, enormes transtornos operacionais, impactos ambientais e
exposição de pessoas ao risco de contaminações, incêndios e explosões. Este
risco é intensificado quando se considera que os dutos percorrem imensas
distâncias, por áreas onde estão sujeitos às atuações físico-químicas, às
influências do meio, tais como variações térmicas e movimentações do solo,
além da ação de terceiros.

O sistema apresenta elevado custo de implantação (custo fixo) e baixo


custo operacional (custo variável). Opera 24 horas por dia e 7 dias por semana,
6

com restrições durante a troca de produtos transportados e manutenção


(Sucena,2005). Possui pequena flexibilidade, operando apenas entre pontos
fixos, que são as estações de bombeamento. No entanto, esta modalidade de
transporte registra muita competitividade para o transporte em alta velocidade
de grandes quantidades de fluidos, especialmente quando comparado com os
modais rodoviário e ferroviário. Em geral, os oleodutos são considerados o
melhor modo de transporte de óleo, sendo o mais econômico.

Contudo, as áreas de exploração, produção e refino de petróleo,


fundamentais na operação petrolífera, dividem a preocupação das empresas
do ramo, instaladas no Brasil, com a necessidade de transportá-lo do local de
onde ele é extraído até as refinarias e terminais de distribuição, com eficiência
e qualidade.

6- TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

No cenário de competição acirrado em que vivemos, com necessidades de


operações globalizadas e integradas, as empresas estão cada vez mais
buscando a eficiência na gestão de seus recursos, sejam eles humanos,
físicos, financeiros e de tempo.

É impossível imaginarmos hoje uma forma de gestão que não seja suportada
pela Tecnologia da Informação. É notória a necessidade de tais sistemas e
tecnologias para dar suporte às informações para uma perfeita gestão do
negócio.

A tecnologia deve ser utilizada para fazer a informação fluir. Deve-se buscar
as melhores práticas de mercado, adequar processos, otimizar recursos, enfim,
a tecnologia de informação deve possibilitar a criação de um fluxo de
informações confiável, contínuo e rápido entre as diferentes áreas integrantes
da organização. O problema mais comum das empresas é falta de integração
7

entre os departamentos dentro da própria empresa e entre os diversos agentes


fora dela.

6.1 Tecnologia da Informação aplicada à Logística

A Tecnologia da Informação vem ganhando espaço neste ambiente de


competição baseado na otimização do tempo, onde a Logística aparece como
fator primordial em nível estratégico, tático, operacional, e os Sistemas de
Informações Logísticas buscam viabilizar soluções completas e integradas para
a plena gestão da Cadeia Logística.

Como garantir eficiência nos processos de suprimento de produtos e


materiais por toda a Cadeia de Abastecimento, em tempo satisfatório para cada
entidade da cadeia, no menor custo, nas condições de qualidade e
competência esperada? A resposta para esta pergunta está na combinação de
duas ciências: a Logística e a Tecnologia da Informação, segundo M.A. Meda.

A Tecnologia da Informação é essencial para que a logística funcione de


forma otimizada e integrada. Num cenário ideal, fornecedores e clientes devem
acessar um só fluxo de informações, confiável, rápido, contínuo e seguro, onde
as perdas e os custos devem ser minimizados.

Para M.A. Meda, a Tecnologia da Informação pode ser aplicada à Logística


de duas formas: como administradora das necessidades de negócio peculiares
ao ramo logístico, tais como armazenamento de materiais, controle de
estoques, movimentação de material dentro do armazém, otimização de rotas
de entrega, montagem de carga a partir de roteiros otimizados etc. ou como o
elemento que vai administrar a Logística num nível acima, onde a preocupação
é o balanceamento da cadeia produtiva de um bem ou serviço por parte de
todas as empresas do processo.
8

6.2 A importância da otimização de processos

Em geral as empresas investem em tecnologia, mas se esquecem de


otimizar seus processos. A Tecnologia da Informação é uma poderosa aliada,
mas não a solução para todos os problemas.

A melhoria dos processos não deve ser restrita apenas à própria empresa.
Como se trata de uma cadeia de suprimentos, é necessário que a definição dos
processos seja estendida a toda cadeia de suprimentos em que a empresa
está inserida. Isto é, paralelamente ao fluxo de cargas, a TI deve possibilitar um
fluxo de informações dos diferentes integrantes da cadeia quanto ao que está
acontecendo em cada uma das etapas da cadeia.

6.3 Os Sistemas de Informações Logísticas

Para se gerenciar o fluxo de informações logísticas necessárias para o pleno


funcionamento da Cadeia de Suprimentos/ Abastecimento, é preciso que se
tenha qualidade e velocidade de dados suficiente para atender às
necessidades de cada etapa.

As tecnologias e soluções logísticas contemplam uma gama enorme de


ferramentas para dar suporte à toda gestão logística da Cadeia de
Abastecimento, iniciando no nível estratégico de planejamento até o nível
operacional mais baixo.

Neste sentido, podemos classificar as soluções logísticas em cinco grandes


grupos:
 Planejamento
 Operação
 Comunicação
 Monitoramento
 Controle
9

7- SISTEMAS SUPERVISÓRIOS

Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados, mais conhecidos como


SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition) são sistemas que utilizam
software para monitorar e supervisionar as variáveis (tags) e os dispositivos do
sistema de controle conectados através de drivers específicos. Estes sistemas
podem assumir topologias mono-posto, cliente-servidor ou múltiplos servidores-
clientes, dependendo da estrutura e tamanho do cliente.

Esta categoria de sistemas promove a supervisão remota, usando sistemas


de telemetria através de tecnologias sem fios, como celulares, rádios ou
satélites. Através destas tecnologias, os sistemas SCADA têm a capacidade de
controlar processos industriais numa planta de trabalho local, ou
geograficamente espalhada, como malhas dutoviárias. Aplicações de logística
e controle de frotas são um bom exemplo prático, assim como controle de
distribuição de serviços públicos de água, esgoto, gás ou energia.

O objetivo principal dos sistemas SCADA é propiciar uma interface de alto


nível do operador com o processo informando-o em tempo real de todos os
eventos de importância da planta. Sua utilização permite uma série de
vantagens se comparados com os painéis convencionais:
 Redução de gastos com montagem de painéis de controle e projeto;
 Redução de custos da aquisição de instrumentos de painel, pois no
sistema SCADA são virtuais;
 Eliminação de custos com peças de reposição, pois tratam-se de
instrumentos virtuais;
 Redução de espaço necessário para a sala de controle;
 Dados disponíveis em formato eletrônico, facilitando a geração de
relatórios;
 Praticidade da operação, pois os instrumentos são apresentados ao
operador em um simples clique do dispositivo apontador;
 Entre outras.
10

Em contrapartida existe a necessidade de mão-de-obra capacitada para


desenvolver as interfaces homem máquina, dado que os resultados são
apresentados de modo amigável para o operador, porém através de recursos
gráficos elaborados e conteúdo multimídia.

7.1 Componentes físicos e lógicos de um SCADA

Os componentes físicos de um sistema de supervisão podem ser resumidos,


de forma simplificada, em: sensores e atuadores, rede de comunicação,
estações remotas (aquisição/controle) e de monitoração central (sistema
computacional SCADA).

Os sensores são dispositivos conectados aos equipamentos controlados e


monitorados pelos sistemas SCADA, que convertem parâmetros físicos tais
como velocidade, nível de água e temperatura, para sinais analógicos e digitais
legíveis pela estação remota. Os atuadores são utilizados para atuar sobre o
sistema, ligando e desligando determinados equipamentos.

O processo de controle e aquisição de dados se inicia nas estações remotas,


PLCs (Programmable Logic Controllers) e RTUs (Remote Terminal Units), com
a leitura dos valores atuais dos dispositivos que a ele estão associados e seu
respectivo controle.

A rede de comunicação é a plataforma por onde as informações fluem dos


PLCs/RTUs para o sistema SCADA e, levando em consideração os requisitos
do sistema e a distância a cobrir, pode ser implementada através de cabos
Ethernet, fibras ópticas, linhas dial-up, linhas dedicadas, rádio, modems etc.

As estações de monitoração central são as unidades principais dos sistemas


SCADA, sendo responsáveis por recolher a informação gerada pelas estações
remotas e agir em conformidade com os eventos detectados, podendo ser
centralizadas num único computador ou distribuídas por uma rede de
11

computadores, de modo a permitir o compartilhamento das informações


coletadas.

Internamente, os sistemas SCADA geralmente dividem suas principais


tarefas em blocos ou módulos, que vão permitir maior ou menor flexibilidade e
robustez, de acordo com a solução desejada. Em linhas gerais, podemos dividir
essas tarefas em:
 Núcleo de processamento;
 Comunicação com PLCs/RTUs;
 Gerenciamento de Alarmes;
 Históricos e Banco de Dados;
 Lógicas de programação interna (Scripts) ou controle;
 Interface gráfica;
 Relatórios;
 Comunicação com outras estações SCADA;
 Comunicação com Sistemas Externos / Corporativos;
 Outros.

A regra geral para o funcionamento de um sistema SCADA parte dos


processos de comunicação com os equipamentos de campo, cujas
informações são enviadas para o núcleo principal do software. O núcleo é
responsável por distribuir e coordenar o fluxo dessas informações para os
demais módulos, até chegarem na forma esperada para o operador do sistema,
na interface gráfica ou console de operação com o processo, geralmente
acompanhado de gráficos, animações, relatórios etc, de modo a exibir a
evolução do estado dos dispositivos e do processo controlado, permitindo
informar anomalias, sugerir medidas a serem tomadas ou reagir
automaticamente.

As tecnologias computacionais utilizadas para o desenvolvimento dos


sistemas SCADA têm evoluído bastante nos últimos anos, de forma a permitir
que, cada vez mais, aumente sua confiabilidade, flexibilidade e conectividade,
12

além de incluir novas ferramentas que permitem diminuir cada vez mais o
tempo gasto na configuração e adaptação do sistema às necessidades de cada
instalação.

Fonte: Alves (2006)

Hoje os principais sistemas de supervisão oferecem três funções básicas:


 Funções de supervisão:
Inclui todas as funções de monitoramento do processo tais como:
sinóticos animados, gráficos de tendência de variáveis analógicas e
digitais, relatórios em vídeo e impressos etc.

 Funções de operação:
Atualmente os sistemas SCADA substituíram com vantagens as funções
da mesa de controle. As funções de operação incluem: ligar e desligar
equipamentos e seqüência de equipamentos, operação de malhas,
mudança de modo de operação de equipamentos etc.
13

 Funções de controle:
Os PLCs e RTUs são unidades computacionais específicas, utilizadas
nas instalações fabris (ou qualquer outro tipo de instalação que se
deseje monitorar) para a funcionalidade de ler entradas, realizar cálculos
ou controles, e atualizar saídas. A diferença entre os PLCs e as RTUs é
que os primeiros possuem mais flexibilidade na linguagem de
programação e controle de entradas e saídas, enquanto as RTUs
possuem uma arquitetura mais distribuída entre sua unidade de
processamento central e os cartões de entradas e saídas, com maior
precisão e seqüenciamento de eventos.

Janela de controle da base Uberaba (sinótico). Fonte: Alves (2006)

7.2 Modos de comunicação

A principal funcionalidade de qualquer sistema SCADA está ligada à troca de


informações, que podem ser, basicamente:
 Comunicação com os PLCs/RTUs;
14

 Comunicação com outras estações SCADA;


 Comunicação com outros sistemas.

A comunicação com os equipamentos de campo, realizada através de um


protocolo em comum, cuja metodologia pode ser tanto de domínio público ou
de acesso restrito, geralmente pode ocorrer por polling ou por interrupção,
normalmente designada por Report by Exception.

A comunicação por polling (ou Master/Slave) faz com que a estação central
(Master) tenha controle absoluto das comunicações, efetuando
seqüencialmente o polling aos dados de cada estação remota (Slave), que
apenas responde à estação central após a recepção de um pedido, ou seja, em
half-duplex. Isto traz simplicidade no processo de coleta de dados, inexistência
de colisões no tráfego da rede, facilidade na detecção de falhas de ligação e
uso de estações remotas não inteligentes. No entanto, traz incapacidade de
comunicar situações à estação central por iniciativa das estações remotas.

Já a comunicação por interrupção ocorre quando o PLC ou o RTU monitora


os seus valores de entrada e, ao detectar alterações significativas ou valores
que ultrapassem os limites definidos, envia as informações para a estação
central. Isto evita a transferência de informação desnecessária, diminuindo o
tráfego na rede, além de permitir uma rápida detecção de informação urgente e
a comunicação entre estações remotas (slave-to-slave). As desvantagens
desta comunicação são que a estação central consegue detectar as falhas na
ligação apenas depois de um determinado período (ou seja, quando efetua
polling ao sistema) e são necessários outros métodos (ou mesmo ação por
parte do operador) para obter os valores atualizados.

A comunicação com outras estações SCADA pode ocorrer através de um


protocolo desenvolvido pelo próprio fabricante do sistema SCADA, ou através
de um protocolo conhecido via Ethernet TCP/IP, linhas privativas ou discadas.
15

A Internet é cada vez mais utilizada como meio de comunicação para os


sistemas SCADA.

Através do uso de tecnologias relacionadas com a Internet, e padrões como


Ethernet, TCP/IP, HTTP e HTML, é possível acessar e compartilhar dados
entre áreas de produção e áreas de supervisão e controle de várias estações
fabris. Através do uso de um browser de Internet, é possível controlar em
tempo real, uma máquina localizada em qualquer parte do mundo. O browser
comunica com o servidor web através do protocolo http, e após o envio do
pedido referente à operação pretendida, recebe a resposta na forma de uma
página HTML.

Algumas das vantagens da utilização da Internet e do browser como interface


de visualização SCADA são o modo simples de interação, ao qual a maioria
das pessoas já está habituada, e a facilidade de manutenção do sistema, que
precisa ocorrer somente no servidor.

Já a comunicação com outros sistemas, como os de ordem corporativa, ou


simplesmente outros coletores ou fornecedores de dados, pode se dar através
da implementação de módulos específicos, via Bancos de Dados, ou outras
tecnologias como o XML e o OPC.

8- APLICAÇÃO PRÁTICA

O processo de transporte de petróleo, seus derivados e gás natural através


de dutos isolados ou associados em uma malha, com terminais de estocagem
e transferência para outros modais como navios e caminhões, demanda uma
intensa coordenação entre as instalações envolvidas, como terminais de
origem/destino, estações de bombas intermediárias, refinarias no transporte de
petróleo/derivados. E, no caso do gás, entre as plantas de produção e
16

tratamento, estações de compressores e clientes finais consumidores do gás


transportado.

Este processo, portanto, demanda para ser conduzido com eficiência, e,


sobretudo com segurança, a coordenação centralizada, onde uma única
entidade operacional tenha acesso a todas as informações correntes do
processo de transferência, como pressões, vazões, estado de equipamentos,
condições anormais através de alarmes, e a partir daí tome decisões seguras
como de que forma atuar a distância sobre os equipamentos para manter
dentro dos limites desejados e seguros a operação, fazendo uso de um sistema
que suporte a necessária telemetria (medição a distância) e telecontrole
(controle a distância.)

O sistema que atende a esta necessidade na área de terminais e dutos é o


SCADA ou Sistema de Controle de Supervisão e Aquisição de Dados. Este
sistema contempla uma estrutura hierárquica que compreende diversas
estações, desde as instalações físicas locais, passando pelas centrais
regionais, até o Centro de Controle Operacional - CCO.

O programa de automação da Petrobrás Transportes S.A. - Transpetro,


subsidiária da Petrobrás para a área logística, implantado ao longo de dez
anos, hoje já está totalmente integrado, contemplando a automação das
instalações, a introdução de um sistema SCADA integrado com estações
locais, as mini-mestres em cada um dos terminais, as regionais em número de
quatro para o óleo e dois para o gás, culminando com as estações-mestres
nacionais de óleo e gás (EMNO e EMNG) em sua sede, base do Centro de
Controle Operacional da Transpetro.

A base da operação da EMN – estação-mestre nacional, que é um sistema


SCADA, permite requisitar informações dos dutos e terminais a partir da
instalação de sensores na malha, controlando e supervisionando todo o
sistema e reduzindo custos da Companhia.
17

Fonte: Alves (2006).

A malha dutoviária da Transpetro é composta de aproximadamente 10.000


quilômetros de dutos, ficando de fora do acompanhamento e controle
totalmente automatizados somente os terminais aquaviários, em razão de suas
características operacionais.

Segundo a direção de Dutos e Terminais da Transpetro, a estação-mestre


trouxe ganhos significativos de segurança, já que o SCADA conta com
softwares, que detectam vazamentos em tempo real. Um único operador
recebendo todos os dados de processo envolvidos na transferência, decide o
que fazer, sendo seus comandos imediatamente transferidos pelos
equipamentos no campo pelo sistema. A estação também possibilitou
padronizar procedimentos no manejo da infra-estrutura logística da empresa,
de norte a sul do país. A implantação do sistema reduziu o número de pessoas
ocupadas na área operacional.
18

9- CONCLUSÃO

As organizações têm procurado um uso cada vez mais intensivo e amplo da


Tecnologia da Informação, como uma poderosa ferramenta empresarial, que
altera as bases da competitividade e estratégias empresariais. Neste contexto,
pode-se observar que a TI não só assume um papel de suporte, mas também
um papel estratégico e até de direcionador da estratégia, dependendo do setor
que a empresa atua.

As empresas petrolíferas e de energia entendem a automação aplicada à


logística como um fator de diferencial competitivo, e a aplicam extensivamente.
Naturalmente, cada organização deve avaliar quais os melhores processos e
aqueles que oferecem retorno. A automação pode ser implementada em
diversas atividades, tanto na movimentação dos materiais quanto no controle
da operação e das informações, de acordo com a necessidade.

O sistema SCADA se destina à supervisão e ao controle de processos que


requeiram uma coordenação centralizada. Exemplo é o de transporte dutoviário
de petróleo, seus derivados e gás natural, com o envolvimento de terminais
para estocagem intermediária e pontos de entrega direta aos clientes. Embora
admita vários níveis hierárquicos dentro da estrutura de operação, possibilita
que um único centro de controle supervisione todo o processo trazendo para
ele as informações essenciais. Da mesma forma possibilita que este centro
interaja remotamente com as instalações, tendo em vista o controle das
operações, com o suporte de comandos remotos. O sistema SCADA
contempla, no centro de controle denominado estação-mestre, uma interface
com os operadores, com telas operacionais que representam graficamente as
instalações e seus equipamentos. Um Centro de Controle Operacional - CCO
que reúne as estações-mestres nacionais de óleo e gás, como o da Transpetro,
possibilita a supervisão e o controle de toda a malha de oleodutos e gasodutos
no País.
19

A evolução da informática e das telecomunicações permite operar qualquer


duto a distância em tempo real, o que significa que o operador pode abrir ou
fechar uma válvula de um duto apertando o comando do computador a
centenas de quilômetros de distância.

Segurança, eficiência, aumento da flexibilidade e racionalização no uso da


mão-de-obra, são as principais vantagens da automação na operação de dutos
e terminais. A diminuição da necessidade da presença do homem no campo e
em áreas perigosas também se traduz na contribuição à redução de acidentes
de trabalho. Libera o operador de tarefas de baixo nível, possibilitando a ele
mais atenção à supervisão e ao controle dos dutos através do próprio SCADA.

Há poucas dúvidas quanto à revolução atual na área da informação,


especialmente através da interação entre computadores e telecomunicações.
Alguns autores, inclusive, já apontam a recente mudança de século, como
momento de passagem para uma era pós-informação, caracterizada pela
personalização das informações e remoção de barreiras geográficas.

10 - BIBLIOGRAFIA

Alves, Dilmar de Castro Entrevista com o Coordenador do SCADA na


Transpetro, 21/09/06.

Balarine, Oscar Fernando Osório Tecnologia da Informação como Vantagem


Competitiva, RAE-eletrônica, Volume 1, Número 1, jan-jun/2002.

Ballou, Ronald H. Logística Empresarial: transportes, administração de


materiais e distribuição física tradução de Hugo T. Y. Yoshizaki. São Paulo:
Atlas, 1993.
20

Correia, Paulo de Tarso Arruda, Jornal da Transpetro - Ano I / Número 7


entrevista com o Coordenador de Automação da Gerência de Tecnologia da
Transpetro. Disponível em
http://www.transpetro.com.br/portugues/centralInformacoes/jornal/popJornalN7
m3.shtml, acesso em 12/09/2006.

de Mattos, Cláudia Aparecida, Laurindo, Fernando José Barbin e de Carvalho,


Marly Monteiro, Papel da Tecnologia da Informação na Estratégia do
Negócio: um estudo de caso em uma Empresa de Logística Simpósio de
Engenharia de Produção, Disponível em
http://www.simpep.feb.unesp.br/anais10/gestaodainformacao/arq10.PDF,
acesso em 12/09/2006, 2003.

Gohn, Maurício Oleodutos Por Onde Circula O "Ouro Negro" No Brasil,


Trabalho da disciplina Tecnologia de Transportes de Carga, Universidade
Estácio de Sá, 1º Período de Logística Empresarial, 2006.

Laurindo, Fernando José Barbin, Shimizu, Tamio, de Carvalho, Marly Monteiro


e Rabechini Jr, Roque O Papel da Tecnologia da Informação (TI) na
Estratégia das Organizações Depto. de Eng. de Produção – Escola
Politécnica da USP.

Meda, Marco Aurélio Implantando Novos Conceitos de Gestão LTi


Consultoria & Tecnologia da Informação, Capturado de
http://www.lticonsultoria.com.br

Porter, Michael E. Estratégia Competitiva: Técnicas para Análise de


Indústrias de da Concorrência, tradução de Elizabeth M.P. de Braga. Rio de
Janeiro: Campus, 1986.
21

Sucena, Marcelo Prado, Módulo 4 - Apostila de Infra-estrutura de Transporte,


Disciplina de Tecnologia dos Transportes – Universidade Estácio de Sá,
21/12/2005.

Você também pode gostar