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SUMÁRIO
BIBLIOGRAFIA.....................................................................................62
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Prática da Educação Cristã
DECLARAÇÃO
GRAVISSIMUM EDUCATIONIS
SOBRE A EDUCAÇÃO CRISTÃ
Importância e atualidade
Por isso, em toda a parte se fazem esforços para promover cada vez mais a educação; declaram-se e registam-
se em documentos públicos os direitos fundamentais dos homens e, em particular, dos filhos e dos pais, relativos à
educação (3); com o aumento crescente do número de alunos, multiplicam-se e aperfeiçoam-se as escolas e fundam-se
outros centros de educação; cultivam-se, com novas experiências, os métodos de educação e de instrução; realizam-se
grandes esforços para que tais métodos estejam à disposição de todos os homens, embora muitas crianças e jovens ainda
não possuam a formação mais elementar, e tantos outros careçam de educação adequada, na qual se cultivem
simultâneamente a verdade e a caridade.
Visto que a santa Mãe Igreja, para realizar o mandato recebido do seu fundador, de anunciar o mistério da
salvação a todos os homens e de tudo restaurar em Cristo, deve cuidar de toda a vida do homem, mesmo da terrena
enquanto está relacionada com a vocação celeste (4), tem a sua parte no progresso e ampliação da educação. Por isso, o
sagrado Concílio enuncia alguns princípios fundamentais sobre a educação cristã mormente nas escolas, princípios que
serão depois desenvolvidos por uma Comissão especial e aplicada nos diversos lugares pelas Conferências episcopais.
1. Todos os homens, de qualquer estirpe, condição e idade, visto gozarem da dignidade de pessoa, têm direito
inalienável a uma educação (5) correspondente ao próprio fim (6), acomodada à própria índole, sexo, cultura e tradições
pátrias, e, ao mesmo tempo, aberta ao consórcio fraterno com os outros povos para favorecer a verdadeira unidade e paz
na terra. A verdadeira educação, porém, pretende a formação da pessoa humana em ordem ao seu fim último e, ao
mesmo tempo, ao bem das sociedades de que o homem é membro e em cujas responsabilidades, uma vez adulto, tomará
parte.
Por isso, é necessário que, tendo em conta os progressos da psicologia, pedagogia e didáctica, as crianças e os
adolescentes sejam ajudados em ordem ao desenvolvimento harmónico das qualidades físicas, morais e intelectuais, e à
aquisição gradual dum sentido mais perfeito da responsabilidade na própria vida, rectamente cultivada com esforço
contínuo e levada por diante na verdadeira liberdade, vencendo os obstáculos com magnanimidade e constância. Sejam
formados numa educação sexual positiva e prudente, à medida que vão crescendo. Além disso, de tal modo se preparem
para tomar parte na vida social, que, devidamente munidos dos instrumentos necessários e oportunos, sejam capazes de
inserir-se activamente nos vários agrupamentos da comunidade humana, se abram ao diálogo com os outros e se
esforcem de boa vontade por cooperar no bem comum.
De igual modo, o sagrado Concílio declara que as, crianças e os adolescentes têm direito de serem estimulados
a estimar rectamente os valores morais e a abraçá-los pessoalmente, bem como a conhecer e a amar Deus mais
perfeitamente. Por isso, pede insistentemente a todos os que governam os povos ou orientam a educação, para que
providenciem que a juventude nunca seja privada deste sagrado direito. Exorta, porém, os filhos da Igreja a que
colaborem generosamente em todo o campo da educação, sobretudo com a intenção de que se possam estender o mais
depressa possível a todos e em toda a parte os justos benefícios da educação e da instrução(7).
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Prática da Educação Cristã
2. Todos os cristãos que, uma vez feitos nova criatura mediante a regeneração pela água e pelo Espírito
Santo(8), se chamam e são de facto filhos de Deus, têm direito à educação cristã. Esta procura dar não só a maturidade
da pessoa humana acima descrita, mas tende principalmente a fazer com que os baptizados, enquanto são introduzidos
gradualmente no conhecimento do mistério da salvação, se tornem cada vez mais conscientes do dom da fé que
receberam; aprendam, principalmente na acção litúrgica, a adorar Deus Pai em espírito e verdade (cfr. Jo. 4,23),
disponham-se a levar a própria vida segundo o homem novo em justiça e santidade de verdade (EL 4, 22-24); e assim se
aproximem do homem perfeito, da idade plena de Cristo (cfr. Ef. 4,13) e colaborem no aumento do Corpo místico.
Além disso, conscientes da sua vocação; habituem-se quer a testemunhar a esperança que neles existe (cf. 1 Ped. 3,15),
quer a ajudar a conformação cristã do mundo, mediante a qual os valores naturais assumidos na consideração integral
do homem redimido por Cristo, cooperem no bem de toda a sociedade (9). Por isso, este sagrado Concílio lembra aos
pastores de almas o dever de dispor as coisas de maneira que todos os fiéis gozem desta educação cristã, sobretudo os
jovens que são a esperança da Igreja (10).
3. Os pais, que transmitiram a vida aos filhos, têm uma gravíssima obrigação de educar a prole e, por isso,
devem ser reconhecidos como seus primeiros e principais educadores (11). Esta função educativa é de tanto peso que,
onde não existir, dificilmente poderá ser suprida. Com efeito, é dever dos pais criar um ambiente de tal modo animado
pelo amor e pela piedade para com Deus e para com os homens que favoreça a completa educação pessoal e social dos
O dever de educar, que pertence primariamente à família, precisa da ajuda de toda a sociedade. Portanto, além
dos direitos dos pais e de outros a quem os pais confiam uma parte do trabalho de educação, há certos deveres e direitos
que competem à sociedade civil, enquanto pertence a esta ordenar o que se requer para o bem comum temporal. Faz
parte dos seus deveres promover de vários modos a educação da juventude: defender os deveres e direitos dos pais e de
outros que colaboram na educação e auxiliá-los; segundo o princípio da subsidiariedade, ultimar a obra da educação, se
falharem os esforços dos pais e das outras sociedades, tendo, todavia, em consideração, os desejos dos pais; além disso,
fundar escolas e instituições próprias, na medida em que o bem comum o exigir (13).
Finalmente, por uma razão particular pertence à Igreja o dever de educar, leão só porque deve também ser
reconhecida como sociedade humana capaz de ministrar a educação, mas sobretudo porque tem o dever de anunciar a
todos os homens o caminho da salvação, de comunicar aos crentes a vida de Cristo e ajudá-los, com a sua contínua
solicitude, a conseguir a plenitude desta vida (14). Portanto, a Igreja é obrigada a dar, como mãe, a estes seus filhos
aquela educação, mercê da qual toda a sua vida seja imbuída do espírito de Cristo; ao mesmo tempo, porém, colabora
com todos os povos na promoção da perfeição integral da pessoa humana, no bem da sociedade terrestre e na edificação
dum mundo configurado mais humanamente (15).
4. No desempenho do seu múnus educativo, a Igreja preocupa-se com todos os meios aptos, sobretudo com
aqueles que lhe pertencem; o primeiro dos quais é a instrução catequética (16) que ilumina e fortalece a fé, alimenta a
vida segundo o espírito de Cristo, leva a uma participação consciente e activa no mistério de Cristo (17) e impele à
acção apostólica. A Igreja aprecia muito e procura penetrar e elevar com o seu espírito também os restantes meios, para
cultivar as almas e formar os homens, como são os meios de comunicação social (18), as múltiplas organizações
culturais e desportivas, os agrupamentos juvenis e, sobretudo, as escolas.
5. Entre todos os meios de educação, tem especial importância a escola (19), que, em virtude da sua missão,
enquanto cultiva atentamente as faculdades intelectuais, desenvolve a capacidade de julgar rectamente, introduz no
património cultural adquirido pelas gerações passadas, promove o sentido dos valores, prepara a vida profissional, e
criando entre alunos de índole e condição diferentes um convívio amigável, favorece a disposição à compreensão
mútua; além disso, constitui como que um centro em cuja operosidade e progresso devem tomar parte, juntamente, as
famílias, os professores, os vários agrupamentos que promovem a vida cultural, cívica e religiosa, a sociedade civil e
toda a comunidade humana.
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Prática da Educação Cristã
É bela, portanto, e de grande responsabilidade a vocação de todos aqueles que, ajudando os pais no
cumprimento do seu dever e fazendo as vezes da comunidade humana, têm o dever de educar nas escolas; esta vocação
exige especiais qualidades de inteligência e de coração, uma preparação esmeradíssima e uma vontade sempre pronta à
renovação e adaptação.
6. Os pais, cujo primeiro e inalienável dever e direito é educar os filhos, devem gozar de verdadeira liberdade
na escolha da escola. Por isso, o poder público, a quem pertence proteger e defender as liberdades dos cidadãos, deve
cuidar, segundo a justiça distributiva, que sejam concedidos subsídios públicos de tal modo que os pais possam
escolher, segundo a própria consciência, com toda a liberdade, as escolas para os seus filhos (20).
De resto, é próprio do poder público providenciar para que todos os cidadãos possam alcançar uma justa
participação na cultura e sejam preparados para exercer devidamente os deveres e os direitos civis Portanto, o mesmo
poder público deve defender o direito das crianças a uma adequada educação escolar, velar pela competência dos
professores e pela eficácia dos estudos, atender à saúde dos alunos e, em geral, promover todo o trabalho escolar, tendo
em consideração o dever da subsidiariedade e, portanto, excluindo o monopólio do ensino, que vai contra os direitos
inatos da pessoa humana, contra o progresso e divulgação da própria cultura, contra o convívio pacífico dos cidadãos e
contra o pluralismo que vigora em muitíssimas sociedades de hoje (21).
7. Tendo, além disso, a consciência do dever gravíssimo de cuidar zelosamente da educação moral e religiosa
de todos os seus filhos, a Igreja sabe que deve estar presente com o seu particular afecto e com o seu auxílio aos que são
formados em escolas não católicas: quer pelo testemunho de vida dos professores e directores, quer pela acção
apostólica dos colegas (23), quer sobretudo pelo ministério dos sacerdotes e dos leigos que lhes ensinam a doutrina da
salvação, adaptada à idade e condição, e os auxiliam espiritualmente com iniciativas oportunas segundo as
circunstâncias.
Lembra, porém, aos pais o grave dever que lhes incumbe de tudo disporem, ou até exigirem, para que os seus
filhos possam gozar de tais auxílios e progredir harmónicamente na formação cristã e profana. Por isso, a Igreja louva
aquelas autoridades e sociedades civis que, tendo em conta o pluralismo da sociedade hodierna e atendendo à justa
liberdade religiosa, ajudam as famílias para que a educação dos filhos possa ser dada em todas as escolas segundo os
princípios morais e religiosos das mesmas famílias (24).
8. A presença da Igreja no campo escolar manifesta-se de modo particular por meio da escola católica. É
verdade que esta busca, não menos que as demais escolas, fins culturais e a formação humana da juventude. É próprio
dela, todavia, criar um ambiente de comunidade escolar animado pelo espírito evangélico de liberdade e de caridade,
ajudar os adolescentes para que, ao mesmo tempo que desenvolvem a sua personalidade, cresçam segundo a nova
criatura que são mercê do Baptismo, e ordenar finalmente toda a cultura humana à mensagem da salvação, de tal modo
que seja iluminado pela fé o conhecimento que -os alunos adquirem gradualmente a respeito do mundo, da vida e do
homem (25). Assim, a escola católica, enquanto se abre convenientemente às condições do progresso do nosso tempo,
educa os alunos na promoção eficaz do bem da cidade terrestre, e prepara-os para o serviço da dilatação do reino de
Deus, para que, pelo exercício duma vida exemplar e apostólica, se tornem como que o fermento salutar da comunidade
humana.
Por isso, visto que a escola católica tanto pode ajudar na realização da missão do Povo de Deus, e tanto pode
servir o diálogo entre a Igreja e a comunidade humana, para benefício dos homens, também nas circunstâncias actuais
conserva a sua gravíssima importância. Por tal motivo, este sagrado Concílio proclama mais uma vez que a Igreja tem o
direito, já declarado em muitíssimos documentos do magistério (26), de livremente fundar e dirigir escolas de qualquer
espécie e grau, recordando que o exercício de tal direito muito pode concorrer para a liberdade de consciência e defesa
dos direitos dos pais, bem como para o progresso da própria cultura.
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Prática da Educação Cristã
Lembrem-se, porém, os professores de que sobretudo deles depende que a escola católica possa realizar os seus
intentos e iniciativas (27). Sejam, por isso, preparados com particular solicitude, para que estejam munidos de ciência
quer profana quer religiosa, comprovada pelos respectivos títulos, e possuam a arte de educar, de harmonia com o
progresso dos nossos dias. Unidos entre si e com os alunos pela caridade, e imbuídos de espírito apostólico, dêem
testemunho de Cristo, mestre único, quer com a vida quer com a doutrina. Colaborem, sobretudo, com os pais;
juntamente com eles, tenham na devida consideração, em toda a obra educativa, a diferença sexual e o fim próprio
atribuído pela Providência divina a cada sexo na família e na sociedade; esforcem-se por suscitar a acção pessoal dos
alunos, e, depois de acabado o curso escolar, continuem a acompanhá-los com o conselho, a amizade e com a
organização de associações peculiares imbuídas de verdadeiro espírito eclesial. .O sagrado Concílio declara que o
ministério destes professores é um autêntico apostolado, muito oportuno e necessário também nos nossos dias, e, ao
mesmo tempo, um verdadeiro serviço prestado à sociedade. E aos pais católicos recorda o dever de confiarem os seus
filhos, quando e onde puderem às escolas católicas, de as sustentarem segundo as suas forças e de colaborarem com elas
para bem dos próprios filhos (28).
9. É necessário que todas as escolas, de qualquer modo dependentes da Igreja, sejam conformes a este modelo
de escola católica, embora esta possa revestir várias formas segundo as condições de lugar (29). Sem dúvida a Igreja
estima profundamente também as escolas católicas que, sobretudo nos territórios das novas cristandades, são
frequentadas por alunos não católicos.
O sagrado Concílio exorta veementemente tanto os pastores da Igreja como os fiéis a que, não omitindo
nenhum sacrifício, ajudem as escolas católicas na realização cada vez mais perfeita do seu múnus, e, antes de mais,
remediando as necessidades daqueles que são pobres de bens temporais ou privados do auxílio e do afecto da família ou
desprovidos do dom da fé.
10. A Igreja acompanha igualmente com zelosa solicitude as escolas de nível superior, sobretudo as
Universidades e as Faculdades. Mais ainda naquelas que dela dependem, procura de modo orgânico que cada disciplina
seja de tal modo cultivada com princípios próprios, método próprio e liberdade própria da investigação científica, que se
consiga uma inteligência cada vez mais profunda dela, e, consideradas cuidadosamente as questões e as investigações
actuais, se veja mais profundamente como a fé e a razão conspiram para a verdade única, segundo as pisadas dos
doutores da Igreja, mormente de S. Tomás de Aquino (31). E assim se consiga a presença pública, estável e universal da
mentalidade cristã em todo o esforço de promoção da cultura superior, e que os alunos destas instituições se façam
homens verdadeiramente notáveis pela doutrina, preparados para aceitar os mais importantes cargos na sociedade e ser
testemunhas da fé no mundo (32).
Nas Universidades católicas onde não existe nenhuma Faculdade de sagrada teologia, funde-se um Instituto ou
uma cátedra de sagrada teologia, na qual se dêem lições adaptadas também a alunos leigos. Visto que as ciências
progridem sobretudo mercê de investigações especiais de maior alcance científico, favoreçam-se o mais possível nas
Universidades e Faculdades católicas aqueles institutos cujo fim primário é a promoção da investigação científica.
O sagrado Concílio muito recomenda que se fundem Universidades e Faculdades católicas, convenientemente
distribuídas pelas diversas partes da terra, de tal maneira, porém, que brilhem não pelo número mas pela dedicação à
ciência; e facilite-se a entrada aos alunos de maior esperança, embora de pouca fortuna, sobretudo aos oriundos das
nações jovens.
Já que a sorte da sociedade e da própria Igreja está intimamente relacionada com o bom aproveitamento dos
jovens dados aos estudos superiores (33), os pastores da Igreja não só tenham grande cuidado pela vida espiritual dos
alunos que frequentam as Universidades católicas, mas, solícitos da formação espiritual de todos os seus filhos, nas
reuniões episcopais oportunamente convocadas, providenciem para que também junto das Universidades não católicas
haja residências e centros universitários católicos, nos quais sacerdotes, religiosos e leigos, cuidadosamente escolhidos e
preparados, dêem um auxílio espiritual e intelectual permanente à juventude universitária. Porém, os jovens de melhor
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Prática da Educação Cristã
talento quer das Universidades católicas quer das outras, que pareçam aptos para o ensino e para a investigação, sejam
cultivados com especial cuidado e preparados para o exercício do magistério.
11. A Igreja espera muitíssimo do trabalho das Faculdades de ciências sagradas (34). Com efeito, a elas confia
o gravíssimo dever de preparar os próprios alunos não só para o ministério sacerdotal mas, sobretudo, quer para
ensinarem nas cátedras dos estudos eclesiásticos superiores, quer para fazerem progredir as disciplinas com o próprio
esforço, quer para receberem os encargos mais pesados do apostolado intelectual. Da mesma maneira, é dever dessas
Faculdades investigar mais profundamente os vários campos das disciplinas sagradas, de tal maneira que se consiga
uma inteligência cada vez mais profunda da Sagrada Escritura, se patenteie mais plenamente o património da sabedoria
cristã transmitido pelos antepassados, se promova o diálogo com os irmãos separados e com os não cristãos e se dê
resposta às questões nascidas do progresso da ciência (35).
Por isso, as Faculdades eclesiásticas, depois de oportunamente revistas as suas leis, promovam zelosamente as
ciências sagradas e as outras com elas relacionadas e, usando os métodos e instrumentos mais modernos, formem os
alunos para mais altas investigações.
Da maior coordenação e colaboração, sobretudo no âmbito dos Institutos académicos, se colherão frutos mais
abundantes. Por isso, em todas as Universidades colaborem as várias Faculdades entre si, tanto quanto o seu objecto o
permitir. Também as próprias Universidades cooperem entre si com esforços unidos, organizando conjuntamente
congressos internacionais, distribuindo entre si o trabalho de investigação científica, comunicando umas às outras as
próprias descobertas, permutando temporáriamente os professores, e promovendo tudo quanto favoreça uma maior
ajuda mútua.
CONCLUSÃO
O sagrado Concílio exorta vivamente os jovens a que, conscientes, da importância do múnus educativo,
estejam preparados para o receberem os com ânimo generoso, sobretudo naquelas regiões em que, por falta de
professores, a educação da juventude está em perigo. O mesmo sagrado Concílio, enquanto se confessa muito grato aos
sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos que se ocupam com dedicação evangélica na obra excelente da educação e do
ensino de qualquer espécie e grau, exorta-os a que perseverem generosamente no trabalho começado e a que de tal
modo se esforcem por sobressair em encher os alunos do espírito de Cristo, na arte pedagógica e no estudo das ciências
que não só promovam a renovação interna da Igreja mas também conservem e aumentem a sua presença benéfica no
mundo hodierno, sobretudo no intelectual.
Fonte:http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decl_19651028_gravissimum-
educationis_po.htmlRoma, 28 de Outubro de 1965.
Educação é o processo de ensino e aprendizagem. Pode ser formal ou casual; geralmente envolve um estudante
adquirindo conhecimento sobre diferentes assuntos, aprendendo a raciocinar e a se desenvolver como pessoa. A Bíblia
não fornece uma descrição profunda da educação judaica. Através de indícios espalhados nas Escrituras, bem como em
outras fontes, conseguimos formar um quadro sobre o tema, que sem dúvida era de grande importância para os judeus
dos tempos bíblicos. O propósito inicial da educação dos judeus era ensinar as crianças a melhor entender seu
relacionamento com Deus. Os professores queriam que elas aprendessem a servir a Deus e a ter uma vida santa. Mais
tarde, os educadores judeus começaram a acrescentar ensinamentos para aperfeiçoar o caráter de seus alunos num
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Prática da Educação Cristã
sentido amplo. Ensinavam sobre a história da nação, começando do passado quando Deus resgatou Seu povo. Para os
judeus a educação acontecia de várias formas. As crianças no princípio recebiam ensinamentos de seus pais em casa.
Aprendiam sobre sua religião freqüentando os cultos de adoração e participando de festas religiosas. Os meninos
recebiam uma educação mais formal dos líderes religiosos, indo para a escola aprender as Escrituras e outros assuntos.
A educação judaica refletia os valores da comunidade. Os judeus reconheciam que o conhecimento era importante, não
tanto por projeta-los no mundo, mas principalmente porque poderia ajudá-los a conhecer e a amar a Deus. Para eles não
havia separação entre religião e educação, o que se constitui num valioso modelo para nós. A melhor forma de educação
é focada em Deus e nos ajuda a vir para mais perto Dele.
EDUCAÇÃO NO LAR
Os judeus consideravam os filhos uma grande alegria e um prêmio (Salmo 127:3-5). A educação dos filhos
começava por volta dos três anos, quando já sabiam falar; orações e cânticos eram aprendidos por repetição, tal como
hoje. Em casa, observavam os símbolos e práticas religiosos que propiciavam oportunidade de ensino. Aprendiam, por
exemplo, sobre o menorá (candelabro de sete braços), símbolo da fé judaica. Eram encorajados a perguntar sobre o
significado do ritual familiar anual da Páscoa (Êxodo 12:26-27) que ensinava sobre o poder de Deus nos assuntos
humanos. Os pais tinham responsabilidades definidas na educação, O pai ensinava religião, a história do povo hebreu e
uma profissão. Também deveria ensiná-lo a nadar e era responsável por encontrar uma esposa para seu filho. À mãe
cabia ensinar suas filhas a serem obedientes e esposas capazes. As meninas aprendiam a cozinhar, fiar, tecer, tingir,
cuidar de crianças e até dirigir escravos. Aprendiam a triturar grãos e às vezes ajudavam na colheita. Ocasionalmente
EDUCAÇÃO RELIGIOSA
Começava em casa e continuava quando os filhos iam com seus pais aos cultos religiosos. No princípio o povo
adorava no tabernáculo, depois no templo de Jerusalém e mais tarde em sinagogas locais; mas em todos esses lugares,
as crianças podiam aprender sobre os rituais (como ofertas e sacrifícios) e do ensinamento ministrado pelos sacerdotes,
levitas ou rabinos. Além disso, aprendiam sobre as Escrituras e sobre o que Deus queria do povo judeu; aprendiam
sobre as festas anuais e festivais religiosos. Aprendiam que a Páscoa comemorava o livramento de seus ancestrais da
escravidão no Egito. No Pentecostes o povo lembrava de Deus entregando a lei a Moisés no Monte Sinai. A Festa dos
Tabernáculos, com suas barracas feitas de três galhos, comemorava a fidelidade de Deus aos judeus na sua jornada
aparentemente infindável até a Terra Prometida. Participando dessas práticas religiosas, as crianças aprendiam não só
sobre as tradições da nação mas também sobre a atuação de Deus em suas vidas.
PROFESSORES
Em Israel, os professores eram líderes religiosos - sacerdotes, profetas ou escribas - fato que refletia tanto a
consideração de que gozavam como focava que a aprendizagem era primeiramente religiosa. Nos primeiros tempos, os
sacerdotes instruíam o povo no conhecimento de Deus. Como oficiais da sinagoga, os levitas também ensinavam
(Deuteronômio 33:10; II Crônicas 35:3). Mais tarde, antes da Diáspora, os profetas assumiram o papel de instrutores,
ensinando a herança histórica do povo, criticando a injustiça e a conduta social imprópria. No século IV AC, os profetas
passaram sua função de instrutores para os escribas, conhecidos como "doutores da lei" (Lucas 5:17); advogados
(Mateus 22:35) e rabinos (23:8). Toda educação superior estava em suas mãos, que desenvolveram um complexo
sistema de educação conhecido como "a tradição dos anciãos" (15:2-6).
TEMAS DE ESTUDO
Em Israel os alunos se familiarizavam com as Escrituras e aprendiam a ler, escrever e um pouco de aritmética.
Algumas vezes estudavam o valor medicinal das ervas (I Reis 4:33). Todos os assuntos dentro de um pensamento com
moldes bíblicos. Considerando que os antigos hebreus eram vistos como os melhores musicistas e cantores do Oriente
Próximo, é provável que alguns judeus recebessem em casa instrução básica de canto e instrumentos musicais, tais
como flauta e harpa. Embora os hinos hebreus não tenham sobrevivido na sua forma musical, certamente a teoria
musical conhecida entre os cananeus era familiar aos cantores do templo. Especialmente durante o Exílio, grande ênfase
foi dada em lembrar e preservar cerimônias e os costumes antigos para manter a identidade da cultura hebraica. Os
cativos reconheciam a importância de manter viva sua herança nacional e a Lei durante os anos em que viveram em
contato com uma cultura estrangeira. O Exílio trouxe mudanças fundamentais em todas as áreas da vida judaica. A
educação foi estimulada pelo contato dos exilados com a sofisticada cultura dos babilônios. Escolas e bibliotecas na
Babilônia existiram durante muitos séculos. O conhecimento de medicina, astronomia, matemática, arquitetura e
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Prática da Educação Cristã
engenharia dos mesopotâmios era muito superior ao dos judeus. Naquele ambiente intelectual, a literatura dos judeus
assumiu um novo significado. Foi nesse período que surgiram os livros de Ezequiel e Daniel.
MÉTODOS DE ENSINO
Os judeus utilizavam o método de memorização de textos e palavras, desde que a criança aprendia a falar. Os
alunos copiavam e recopiavam à mão com perfeição e precisão passagens da Lei. Cada trabalho escrito contendo um
erro era considerado perigoso, uma vez que podia imprimir a palavra ou grafia errada na mente do aluno. A leitura em
voz alta era recomendada como auxílio para a memorização. Além de ler, escrever e memorizar alguns outros métodos
são conhecidos. Por exemplo, o uso de provérbios e parábolas - um recurso usado por Jesus mais tarde (Marcos 4:2).
Um compartilhar de conhecimento ocorria em encontros de perguntas-e-respostas, tal como o que aconteceu quando
Jesus, com doze anos, visitou o templo em Jerusalém (Lucas 2:46-47). Pouca informação se tem da educação nos
primórdios da era cristã. Sabemos que Jesus sabia ler e interpretar as Escrituras e tinha conhecimento bastante para
discutir teologia com os doutores do templo. Ele provavelmente aprendia em casa e recebia a educação elementar
comum à maioria dos meninos judeus daquele tempo.
Fonte: iLúmina
EDUCAÇÃO INFANTIL
Educação é o processo de ensino e aprendizagem. Pode ser formal ou casual; geralmente envolve um estudante
adquirindo conhecimento sobre diferentes assuntos, aprendendo a raciocinar e a se desenvolver como pessoa. A Bíblia
não fornece uma descrição profunda da educação judaica. Através de indícios espalhados nas Escrituras, bem como em
outras fontes, conseguimos formar um quadro sobre o tema, que sem dúvida era de grande importância para os judeus
dos tempos bíblicos. O propósito inicial da educação dos judeus era ensinar as crianças a melhor entender seu
relacionamento com Deus. Os professores queriam que elas aprendessem a servir a Deus e a ter uma vida santa. Mais
tarde, os educadores judeus começaram a acrescentar ensinamentos para aperfeiçoar o caráter de seus alunos num
sentido amplo. Ensinavam sobre a história da nação, começando do passado quando Deus resgatou Seu povo. Para os
judeus a educação acontecia de várias formas. As crianças no princípio recebiam ensinamentos de seus pais em casa.
Aprendiam sobre sua religião freqüentando os cultos de adoração e participando de festas religiosas. Os meninos
recebiam uma educação mais formal dos líderes religiosos, indo para a escola aprender as Escrituras e outros assuntos.
A educação judaica refletia os valores da comunidade. Os judeus reconheciam que o conhecimento era importante, não
tanto por projeta-los no mundo, mas principalmente porque poderia ajudá-los a conhecer e a amar a Deus. Para eles não
havia separação entre religião e educação, o que se constitui num valioso modelo para nós. A melhor forma de educação
é focada em Deus e nos ajuda a vir para mais perto Dele.
EDUCAÇÃO NO LAR
Os judeus consideravam os filhos uma grande alegria e um prêmio (Salmo 127:3-5). A educação dos filhos
começava por volta dos três anos, quando já sabiam falar; orações e cânticos eram aprendidos por repetição, tal como
hoje. Em casa, observavam os símbolos e práticas religiosos que propiciavam oportunidade de ensino. Aprendiam, por
exemplo, sobre o menorá (candelabro de sete braços), símbolo da fé judaica. Eram encorajados a perguntar sobre o
significado do ritual familiar anual da Páscoa (Êxodo 12:26-27) que ensinava sobre o poder de Deus nos assuntos
humanos. Os pais tinham responsabilidades definidas na educação, O pai ensinava religião, a história do povo hebreu e
uma profissão. Também deveria ensiná-lo a nadar e era responsável por encontrar uma esposa para seu filho. À mãe
cabia ensinar suas filhas a serem obedientes e esposas capazes. As meninas aprendiam a cozinhar, fiar, tecer, tingir,
cuidar de crianças e até dirigir escravos. Aprendiam a triturar grãos e às vezes ajudavam na colheita. Ocasionalmente
ajudavam a cuidar das vinhas ou, se não havia irmãos, ajudavam a cuidar dos rebanhos. Deviam ter boas maneiras e alto
padrão moral. Segundo o costume da comunidade judaica, as meninas tinham oportunidades educacionais formais
restritas e não lhes era permitido estudar a Lei. Não obstante, algumas tinham educação de alto nível em casa,
aprendendo música, dança, leitura, escrita e a manejar pesos e medidas. Nas famílias ricas, os filhos tinham tutores em
casa.
EDUCAÇÃO RELIGIOSA
Começava em casa e continuava quando os filhos iam com seus pais aos cultos religiosos. No princípio o povo
adorava no tabernáculo, depois no templo de Jerusalém e mais tarde em sinagogas locais; mas em todos esses lugares,
as crianças podiam aprender sobre os rituais (como ofertas e sacrifícios) e do ensinamento ministrado pelos sacerdotes,
levitas ou rabinos. Além disso, aprendiam sobre as Escrituras e sobre o que Deus queria do povo judeu; aprendiam
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Prática da Educação Cristã
sobre as festas anuais e festivais religiosos. Aprendiam que a Páscoa comemorava o livramento de seus ancestrais da
escravidão no Egito. No Pentecostes o povo lembrava de Deus entregando a lei a Moisés no Monte Sinai. A Festa dos
Tabernáculos, com suas barracas feitas de três galhos, comemorava a fidelidade de Deus aos judeus na sua jornada
aparentemente infindável até a Terra Prometida. Participando dessas práticas religiosas, as crianças aprendiam não só
sobre as tradições da nação mas também sobre a atuação de Deus em suas vidas.
PROFESSORES
Em Israel, os professores eram líderes religiosos - sacerdotes, profetas ou escribas - fato que refletia tanto a
consideração de que gozavam como focava que a aprendizagem era primeiramente religiosa. Nos primeiros tempos, os
sacerdotes instruíam o povo no conhecimento de Deus. Como oficiais da sinagoga, os levitas também ensinavam
(Deuteronômio 33:10; II Crônicas 35:3). Mais tarde, antes da Diáspora, os profetas assumiram o papel de instrutores,
ensinando a herança histórica do povo, criticando a injustiça e a conduta social imprópria. No século IV AC, os profetas
passaram sua função de instrutores para os escribas, conhecidos como "doutores da lei" (Lucas 5:17); advogados
(Mateus 22:35) e rabinos (23:8). Toda educação superior estava em suas mãos, que desenvolveram um complexo
sistema de educação conhecido como "a tradição dos anciãos" (15:2-6).
TEMAS DE ESTUDO
Em Israel os alunos se familiarizavam com as Escrituras e aprendiam a ler, escrever e um pouco de aritmética.
MÉTODOS DE ENSINO
Os judeus utilizavam o método de memorização de textos e palavras, desde que a criança aprendia a falar. Os
alunos copiavam e recopiavam à mão com perfeição e precisão passagens da Lei. Cada trabalho escrito contendo um
erro era considerado perigoso, uma vez que podia imprimir a palavra ou grafia errada na mente do aluno. A leitura em
voz alta era recomendada como auxílio para a memorização. Além de ler, escrever e memorizar alguns outros métodos
são conhecidos. Por exemplo, o uso de provérbios e parábolas - um recurso usado por Jesus mais tarde (Marcos 4:2).
Um compartilhar de conhecimento ocorria em encontros de perguntas-e-respostas, tal como o que aconteceu quando
Jesus, com doze anos, visitou o templo em Jerusalém (Lucas 2:46-47). Pouca informação se tem da educação nos
primórdios da era cristã. Sabemos que Jesus sabia ler e interpretar as Escrituras e tinha conhecimento bastante para
discutir teologia com os doutores do templo. Ele provavelmente aprendia em casa e recebia a educação elementar
comum à maioria dos meninos judeus daquele tempo.
Fonte: ilumina
"Destrua o mal pela raiz. Ensina a criança no caminho em que deve andar. E ainda quando for velho,
não se desviará dele."
Provérbios 22:6.
Vemos a questão da educação ganhando destaque crescente no cenário político e econômico do Brasil. Não
bastassem os problemas locais, temos ainda sido bombardeados com pressões de diversas autoridades internacionais em
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Prática da Educação Cristã
relação às prioridades em nosso país, comparado a outros países emergentes. Os dados apontam para uma situação
calamitosa:
• Temos 37 milhões de analfabetos, o pior índice da América Latina, e uma das mais baixas
escolaridades do mundo em relação ao potencial econômico. Perdemos para o Haiti e o Gabão (Exame, 12/1994);
• Somente 22% dos alunos ingressos no 1º Grau completam a 8a. série, e apenas 6% chegam à
universidade. O custo da repetência do 1º Grau chega a R$ 5 bilhões na rede pública (Folha SP, 7/1994; OESP, 7/1995);
• Ao ritmo atual de escolarização, apenas no ano 2100 o Brasil terá 95% de uma geração com o 1º. Grau
completo e somente no ano 3080 90% terá concluído o 2º. (Nova Escola, 12/1993);
• É mais provável que uma criança negra da Baixada Fluminense no Rio de Janeiro ou da Zona Leste de
São Paulo morra num tiroteio do que chegue à universidade ( Veja, 11/1991).
Nesse contexto, educação não é questão de oportunidade ou conveniência política. É algo estratégico, visceral
para o bem de uma sociedade e fundamental para que o indivíduo realize todo potencial de sua vocação. Há muito que
países desenvolvidos entenderam o caráter estratégico da educação para competir no cada vez mais complexo e
globalizado mercado mundial.
Conceito de Educação
Contudo, educação não é apenas o processo de transferir conteúdos acadêmicos, mas todo conjunto de
instruções, disciplinas e práticas que visam preparar a próxima geração para cumprir um ideal mais elevado. Agregar
conhecimento sem dar sentido a ele, sem a implicação moral de utilidade e cumprimento de um propósito transcendente
ao indivíduo, é negar a história e a própria natureza da humanidade.
Falamos de caráter, o valor interior capaz de forjar o valor exterior e superar a natureza decaída do homem. O
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Prática da Educação Cristã
Como pais e educadores cristãos, devemos preparar a próxima geração para cumprir o propósito de Deus na
história, com entendimento e com determinação (Et 8:6 " Pois como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? E
como poderei ver a destruição da minha parentela?"; At 13:36 " Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria
geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais e viu corrupção.").
Educar uma criança é trabalhar num projeto de vida, e que os pais são os responsáveis diante de Deus. Vemos
que biblicamente isso é possível tendo a Palavra de Deus como fundamento e Cristo como modelo ( 2 Tm 3:16-17 "
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na
justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. "; 1 Co 3:11 "
Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. ").
Visão Bíblica de Escola
Há na Bíblia três instituições reconhecidas com autoridade outorgadas por Deus a família, a igreja e o governo
civil. Porém, só aos dois primeiros cabe prover educação (Ef 6:4 " E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas
criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor. " ; Mt 28:19 " Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; " ), uma vez que o governo civil jamais poderia atuar em
nome da família, representando seus valores e objetivos próprios. O Estado traduz o pensamento da coletividade,
partindo do princípio que a maioria está certa.
O que vemos nas escolas de hoje em geral é: desrespeito ás autoridades, falta de disciplina, desinteresse pelo
aprendizado, irresponsabilidade, influência da Nova Era nos temas e nos livros, baixa qualidade do ensino, imoralidade,
corrupção, etc.
A educação até os tempos de Jesus era realizada prioritariamente no lar e depois com o apoio da sinagoga para
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Prática da Educação Cristã
para que o livro fosse lido para o povo. Era um documento da aliança de Deus com o homem. Logo após narrar a
história de Israel, ele coloca os dez mandamentos, e logo a seguir o trecho das escrituras que transcrevemos abaixo. Este
trecho das escrituras era um daqueles que eram escritos em pergaminhos, e colocados em caixinhas que eram amarrados
nos braços e colocado na testa pelos escribas e fariseus, num cumprimento literal do mandamento. Mas na verdade o
mandamento era para ser praticado, e não apenas usado como amuleto ou "vestido". Deuteronômio 6:4-9 :
[4] Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.
[5] Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda atua força.
[6] Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;
[7] tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te,
e ao levantar-te.
[8] Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos.
[9] E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.
Podemos observar que em primeiro lugar a Bíblia nos diz para reconhecermos Deus como o único Senhor, e
adorá-lo com todas as forças do espírito, alma (mente) e corpo. Como uma atitude seguinte segue-se a obediência a este
Senhor, guardando a Sua Palavra em nosso coração (v.6). Estas "palavras que hoje te ordeno" que nos versículos
anteriores incluíam os dez mandamentos, e a aliança de Deus com o homem, deveram primeiramente estar dentro dos
corações dos pais, para que então pudessem ser ministradas aos filhos. Não se pode dar algo que não se tenha recebido
primeiro, e tudo que é bom vem do Pai da luzes. Estas palavras deveriam ser inculcadas aos filhos, assentado em casa,
andando, deitando, levantando. Inculcar nos dicionários da língua portuguesa significa repetir muitas vezes para
imprimir no espírito (Aurélio, Michaelis). A palavra hebraica traduzida aqui por inculcar (ou ensinar, intimar) é
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Prática da Educação Cristã
criança pode aprender sem antes estabelecer um relacionamento de confiança com aquele que a ensina. O Salmo 142:4
nos declara isto: "Olha para a minha direita e vê, ninguém há que se interesse por mim, refúgio me falta, e ninguém
cuida de minha alma". O que fica claro aqui é que primeiramente uma criança precisa de amor, alguém que se interesse
genuinamente por ela, que lhe ofereça refúgio, consolo, companheirismo, compreensão, amizade. Então, após este
relacionamento de amor e amizade, vem o desejo de que sua alma (mente) seja ensinada, cuidada, instruída naquilo que
é bom.
Assim, os pais que não estabelecem um relacionamento com seu filho não conseguem ensinar nada a eles.
Eles simplesmente não podem ouví-los. O pai ou mãe que não demonstra por seus filhos amor e interesse, compreensão
com suas dificuldades e limitações, não abre a porta dos seus corações. O solo não é preparado, e portanto não se
podem plantar boas sementes. Com quem uma criança está assentada em sua casa, andando pelo caminho, ao deitar-se
e ao levantar-se? Não são os pais? A chave está aqui. primeiro as palavras precisam estar no coração dos pais, para que
possam ser inculcadas nos filhos. Através de um relacionamento de amor os pais abrem o caminho para marcar de tal
forma a vida dos filhos pela Palavra de Deus, que produzirá neles um estilo de vida cristão, formará neles o caráter de
Cristo. A vida no lar está cheia de momentos preciosos para ensinar. É ao deitar, ao levantar, ao andar no caminho para
a escola, assentado no almoço e no jantar. Eles estão aprendendo pela demonstração de seus pais, de como eles falam,
reagem, resolvem seus problemas.
A Escola Como a Segunda Testemunha que Fundamenta em Fé
Muitos pais consideram que o trabalho de ensinar deve ser feito pela escola. Delegam o mandamento de Deus e
o privilégio de ensinar sua próxima geração a terceiros, e se esquivam com desculpas e compromissos inadiáveis. O
mandamento para ensinar em toda a bíblia sempre foi dirigido aos pais. A palavra de Deus estabelece somente três
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Prática da Educação Cristã
quando o tom de voz é elevado. Então na classe o professor não consegue a atenção e a obediência do aluno a menos
que ele eleve a voz. E um professor não deveria elevar a voz, muito menos os pais.
Exemplo 2: se em casa a criança não faz a lição de casa, ou se delonga nisso, ou sempre acha uma desculpa, e
os pais não corrigem, ela também não fará as atividades em sala, não dará importância a concluir as suas tarefas, e a
conseqüência é um baixo rendimento.
Exemplo 3: se uma criança não tem limites em casa em suas brincadeiras, na escola também causará problemas
durante o intervalo, ou mesmo em sala não consegue discernir o limite para parar de falar, leva tudo na brincadeira.
Exemplo 4: se os pais estão sempre muito ocupados para ver o caderno de seu filho, e não os incentiva e elogia
positivamente, apreciando o esforço e reconhecendo a melhoria, os filhos não se preocuparão em mantê-lo bem
organizado e limpo e valorizá-lo.
Exemplo 5: uma criança que não tem horário regular para fazer lição de casa, dormir, acordar, etc.,ou que os
pais não prezam os horários de seus compromissos, não valoriza o fazer as coisas dentrodo prazo estipulado, não atenta
para os horários de início e fim de uma aula, sempre acha que se pode deixar para depois.
Conclusão
É necessário que em casa e na escola vivamos sob um mesmo governo, o de Deus, e debaixo dos mesmos
princípios, que vão orientar nossas atitudes e ações, que se constituem na base do nosso relacionamento e senso de
justiça. Então nossas crianças terão duas testemunhas fiéis a lhes falar as mesmas coisas, e solidamente mostrar-lhes o
caminho a seguir, e estabelecer suas vidas em fé, preparando-os para a vida futura.
Baseando-se num relacionamento de amor, tanto o lar como a escola irão ensinar usando a palavra de Deus
como fundamento, que penetra no entendimento e vai produzir padrões de pensamento que irão gerar um estilo de vida
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Prática da Educação Cristã
Primário
Invisível Efeito
Secundário
Visível
Dessa forma, o educador deve enfocar o "coração", o núcleo do assunto, os rudimentos a que os fatos estão
subordinados, e cultivar o coração do estudante, caráter e vontade, a partir do que o ambiente, as circunstâncias e a
sociedade são apenas efeitos.
A Educação por Princípios aborda todas as áreas da vida sob uma perspectiva cristã, fundamentada na
aplicação de princípios bíblicos. Visa treinar a mente para pensar de acordo com os padrões de Deus e ampliar o alcance
do entendimento (2 Co 10:3-5 " Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da
nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez
que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo, "; Hb 5:14 "
Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para
discernir não somente o bem, mas também o mal.").
Pode se dizer de maneira abrangente que Educação por Princípios implica:
• Princípios bíblicos, que refletem o caráter de Deus em Sua Palavra (padrões consistentes);
• Princípios de governo, que traduzem a forma como os princípios bíblicos operam o desenvolvimento
de uma instituição ou nação, como no caso dos EUA (pensar governamentalmente);
• Princípios de conhecimento, que são os rudimentos do conhecimento, as razões primárias que levaram
ao desenvolvimento do tema. (contar como rudimento da aritmética).
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Prática da Educação Cristã
compromissos e lealdade estão direcionados para a igreja e o Estado como instituições, para produzir paz e não causar
qualquer comoção" "Buscarei unir-me num pacto com aqueles com quem estou de acordo em princípios,
limitando o pacto ao propósito de tal união"
Parent Teacher Manual, Paul Jehle
A Filosofia de Educação Cristã
Definição
Filosofia é a fonte, a razão das idéias, razão e explicação do por que alguém deve fazer algo, os princípios que
irão dirigir a realização das idéias.
Para um cristão a razão de fazer algo é o "amor a Jesus Cristo". "...Cristo é o poder de Deus, e sabedoria de
Deus", I Co 1 :24b.
Biblicamente entendemos que existem duas filosofias básicas: uma centrada no homem, nos valores do mundo
- Humanismo; outra fundamentada em Cristo - Cristianismo (Tg 3:13-17 "Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre
em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras. Se, pelo contrário, tendes em vosso coração
inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade. Esta não é a sabedoria
que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca. Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e
toda espécie de coisas ruins. A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente,
tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. "; 1 Co 3:11 " Porque ninguém pode lançar
outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo.").
O Humanismo, ou a divindade do homem, promove o existencialismo, o comunismo, o evolucionismo. O
Cristianismo coloca Cristo como fonte de toda revelação e poder. São perspectivas opostas entre si.
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Prática da Educação Cristã
Responsabilidade de Educação Os pais têm responsabilidade (Dt 4:9-10 "Tão-somente guarda-te a ti
mesmo e guarda bem a tua alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do
teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos. Não te esqueças do dia em
que estiveste perante o SENHOR, teu Deus, em Horebe, quando o SENHOR me disse: Reúne este povo, e os farei ouvir
as minhas palavras, a fim de que aprenda a temer-me todos os dias que na terra viver e as ensinará a seus filhos.";Ef 6:4
"E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.") O estado, ou
seja, o governo, tem esta responsabilidade.
O professor É chamado por Deus para ensinar e d’Ele receber o dom (Ef 4:11 "E ele mesmo concedeu
uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,"; Rm 12:7 "se
ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo;") O professor é um guia para as
experiências de aprendizagem do aluno
O ensino É visto como um ministério É uma profissão
O aluno É a imagem de Deus mas, na condição de pecador, precisa ser redimido (1 Co 2:14 "Ora, o homem
natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente.") O aluno é basicamente bom e não necessita de um salvador
Objetivo Desenvolvimento integral do aluno Desenvolvimento social do aluno
Disciplina Tem que ser em amor porque a criança é a imagem de Deus, mas com firmeza por causa da
sua natureza pecadora. Permissiva, não há limites.
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Prática da Educação Cristã
• Uma filosofia de vida anti-cristã pode capturar a mente da criança - não hà educação neutra, pois
quem ensina sempre o faz à luz de pressuposições morais e religiosas. Educação cristã visa trazer todo pensamento
cativo em obediência a Cristo (2 Co 10:3-5 "Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque
as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e
toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo,";
Tg 3.13-17 "Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as
suas obras. Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis
disso, nem mintais contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca.
Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. A sabedoria, porém, lá do alto
é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem
fingimento.").
• Ensinar as crianças a verdade, a realidade da vida - a verdade está somente em Jesus e na Sua Palavra.
A verdadeira sabedoria é temer ao Senhor e a inteligência é discernir o bem do mal e apartar-se dele. O mundo vende
ilusões e omissões a respeito da realidade da vida. (Jó 28:28 "E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a
sabedoria, e o apartar-se do mal é o entendimento."; Jo 8:32 "e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."; Rm
11 :36 "Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!").
• Deus tem um propósito para os jovens - os jovens são chamados por Deus para serem armas de
guerra, para desmascararem e vencerem o maligno e para trazerem soluções divinas para todas áreas da vida. Para tanto
precisam raciocinar com base em princípios bíblicos ( 1 Jo 2:13-14 "Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que
existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque tendes vencido o Maligno. Filhinhos, eu vos escrevi, porque
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Prática da Educação Cristã
Desenvolvimento intelectual - é notória a deterioração do padrão de ensino, particularmente nas escolas
públicas. Isso deve-se não apenas à falta de visão de educação mas também à natureza decaída dos educadores
envolvidos.
Devemos honrar a Deus educando nossos filhos segundo Sua vontade. O cristianismo oferece algo muito
superior, tendo a Cristo como modelo e a Palavra de Deus como fundamento. Como pais, educadores e líderes da igreja,
devemos dar a melhor educação para as crianças, a qualquer preço (Os. 4:6 "O meu povo está sendo destruído, porque
lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas
sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.").
Bibliografia:Apostila do VI Workshop de Educação Cristã de 1997.
Realização: AECEP – Associação de Escolas Cristãs de Educação por Princípios .
Endereço Eletrônico: www.aecep.org.br
Onde Estudar
Se você deseja encontrar uma escola por princípios bíblicos mais próxima de você, ou tornar sua escola uma
escola de princípios bíblicos, ou adquirir material didático, ou encontrar mais informações, então visite a pagina da
AECEP – Associação de Escolas Cristãs de Educação por Princípios no endereço eletrônico www.aecep.org.br. Jesus é
o Senhor. Amém.
Fonte: http://www.estudobiblico.com.br/educacaoporprincipios/educacaoporprincipios.htm
Acessado em 01Abr2007
É na Grécia que começa a "História da Educação" com sentido na nossa realidade educativa actual. De facto,
são os Gregos quem, pela primeira vez, coloca a educação como problema. Já na literatura grega se vêm sinais de
questionamento do conceito, seja na poesia, seja na tragédia ou na comédia. Mas é no século V a. C., com os Sofistas e
depois com Sócrates, Platão, Isócrates e Aristóteles que o conceito de educação alcança o estatuto de uma questão
filosófica.
É claro que os ideais educativos da paideia que vão ser desenvolvidos no século V a. C. se baseiam em
práticas educativas muito anteriores. Como sublinha Werner Jaeger, grande estudioso da cultura grega, num célebre
estudo justamente intitulado Paideia
"Não se pode utilizar a história da palavra paideia como fio condutor para estudar a origem da educação grega,
porque esta palavra só aparece no século V" (Jaeger, 1995: 25).
Arete
O conceito que originalmente exprime o ideal educativo grego é o de arete (arete). Originalmente formulado
e explicitado nos poemas homéricos, a arete é aí entendida como um atributo próprio da nobreza, um conjunto de
qualidades físicas, espirituais e morais tais como a bravura, a coragem, a força, a destreza, a eloquência, a capacidade de
persuasão, numa palavra, a heroicidade.
Kaloskagathia
O alargamento do ideal educativo de arete surgiu nos fins da época arcaica, exprimindo-se então pela
palavra kaloskagathia (kaloskagathia).
Mais que honra e glória, pretende-se então alcançar a excelência física e moral. Os atributos que o homem deve
procurar realizar são a beleza (kalos - kalos) e a bondade (kagatos - kagatos).
Para alcançar este ideal é proposto um programa educativo que implica dois elementos fundamentais: a
ginástica para o desenvolvimento do corpo, e a música (aliada à leitura e ao canto) para o desenvolvimento da alma. No
fim da época arcaica, este programa educativo completava-se com a gramática.
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Prática da Educação Cristã
Paideia
Mas, se até então o objectivo fundamental da educação era a formação do homem individual como
kaloskagathos, a partir do século V a. C., exige-se algo mais da educação. Para além de formar o homem, a educação
deve ainda formar o cidadão. A antiga educação, baseada na ginástica, na música e na gramática deixa de ser suficiente.
É então que o ideal educativo grego aparece como Paideia, formação geral que tem por tarefa construir o
homem como homem e como cidadão. Platão define Paideia da seguinte forma "(...) a essência de toda a verdadeira
educação ou Paideia é a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a
obedecer, tendo a justiça como fundamento" (cit. in Jaeger, 1995: 147).
Do significado original da palavra paideia como criação dos meninos, o conceito alarga-se para, no século IV.
a.C., adquirir a forma cristalizada e definitiva com que foi consagrado como ideal educativo da Grécia clássica.
Como diz Jaeger (1995), os gregos deram o nome de paidéia a "todas as formas e criações espirituais e ao
tesouro completo da sua tradição, tal como nós o designamos por Bildung ou pela palavra latina, cultura." Daí que, para
traduzir o termo Paideia "não se possa evitar o emprego de expressões modernas como civilização, tradição, literatura,
ou educação; nenhuma delas coincidindo, porém, com o que os Gregos entendiam por Paideia. Cada um daqueles
termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global. Para abranger o campo total do conceito grego,
teríamos de empregá-los todos de uma só vez." (Jaeger, 1995: 1).
A educação antiga
O Tesouro de Atenas
Em geral, até aos sete anos, as crianças eram educadas no gineceu, na companhia da mãe e das outras mulheres
da casa. Depois dessa idade, as raparigas continuavam em casa, onde aprendiam os trabalhos domésticos e música.
Para os rapazes, entre os 7 e os 14 anos, embora não houvesse um programa obrigatório, o ideal era que fossem
ocupadas na prática da Ginástica (gymnastiké) e da Música (mousiké).
Para além dos professores de ginástica ou paidotribés (paidotribes) e dos de música ou kitharistés (kitharistes),
no final do século V a.C. surge a figura dos grammatistés (grammatistes) para ensinar as crianças a escrever e a ler.
Todos estes professores eram contratados directamente pela família o que faz com que a educação que cada
criança recebia dependesse directamente da vontade e da capacidade financeira da família.
Programa de estudos
Nas palestras, os rapazes aprendiam a ler, a escrever, a contar e a recitar de cor os poemas antigos
(principalmente Homero e Hesíodo), cuja tradição heróica encerrava um elevado conteúdo moral.
Estudavam música, aprendendo a tocar pelo menos a lira e iniciavam-se nos exercícios atléticos. Os mais ricos
tinham um escravo ao seu serviço - pedagogo - que os acompanhava e, certamente, os ajudava ou mesmo obrigava a
repetir as lições.
Aproximadamente com 16 anos de idade, os rapazes ficavam livres dos cuidados do pedagogo e interrompiam
os estudos literários e musicais.
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Prática da Educação Cristã
A educação da palestra era então substituída pela do ginásio. Aí continuavam a cultivar a harmonia do corpo e
do espírito. Diariamente, depois da educação física, passeavam nos jardins do ginásio, dialogando com os mais velhos
e com eles aprendendo a sabedoria e a arte de discutir as ideias.
Depois dos 20 anos, o jovem tinha dois anos de preparação militar, finda a qual se tornava cidadão.
Mal o dia surgia, o rapaz acordava e o pedagogo que, com a sua lanterna, o ajudava a lavar-se e a vestir-se;
Após a refeição da manhã, o pedagogo acompanhava o rapaz à palestra onde ia aprender música e ginástica;
Depois de um banho, o rapaz regressava a casa para almoçar;
À tarde regressava novamente à palestra para ter agora lições de leitura e escrita;
De regresso a casa, e sempre acompanhado pelo pedagogo, o rapaz estudava as suas lições, fazia os trabalhos
de casa, jantava e ia deitar-se.
Não existiam fins de semana nem férias, excepto os frequentes dias de festivais religiosos ou cívicos, que
constituíam bons dias de descanso para os jovens gregos (cf. Castle, 1962: 65).
"Um dos principais fins da educação consiste em formar o coração da criança. Enquanto ela se faz, os pais, o
preceptor, os parentes, os mestres fatigam-na com máximas habituais, cuja impressão tais educadores enfraquecem
pelos próprios exemplos. Por vezes, as ameaças e os castigos afastam a criança das verdades que ela devia amar."
(Barthélemy, s/d: 36).
De facto, a educação moral do jovem grego resultava do contacto directo da criança com o pedagogo, do jovem
com o ancião, do menino com o adulto. Todos os mestres se uniam para dar à criança exemplo de dignidade de gestos e
de maneiras, de polidez e elegância na conduta, de respeito pelas leis da cidade e pelos mais velhos. Eles ofereciam-se
como modelo vivos dos quais as crianças se deviam aproximar através da imitação consciente e inconsciente,
favorecida pela convivência constante.
A ginástica visava o domínio de si e a sujeição geral das paixões à razão. O objetivo era desenvolver
qualidades como a paciência, a tolerância, a força, a coragem, a lealdade, a devoção e a consideração dos direitos dos
outros.
"Eles (os mestres de música) familiarizam as almas dos meninos com o ritmo e a harmonia, de modo a
poderem crescer em gentileza, em graça e em harmonia, e a tornarem-se úteis em palavras e ações; porque a vida inteira
do homem precisa de graça e de harmonia." (Platão, cit. in Monroe, 1979: 49).
Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/paideia/conceitodepaideia.htm
EDUCAÇÃO EM ROMA
O Ensino em Roma
No entanto, o ensino em Roma apresenta algumas diferenças significativas face ao modelo educativo dos
gregos e algumas novidades importantes na institucionalização de um sistema de ensino.
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Prática da Educação Cristã
O ensino da música, do canto e da dança, peças chave da educação grega, tornaram-se objecto de contestação
por parte de alguns sectores mais tradicionais, que apelidaram estas formas de arte como impúdicas e malsãs, toleráveis
apenas para fins recreativos.
A mesma reacção de oposição surge contra o atletismo, tão essencial à Paideia. Jamais fazendo parte dos
costumes latinos, as competições atléticas só penetram em Roma por volta do século II a.c., sob a forma de
espectáculos, e sendo a sua prática reservada a profissionais. Os romanos chocam-se com a nudez do atleta e condenam
a pederastia, de que o ginásio é o meio natural. Optam assim pelas termas em detrimento do ginásio, que consideram
exclusivamente um ―jardim de recreio‖ ou um ―parque de cultura‖.
O Programa educativo romano privilegia assim uma aprendizagem sobretudo literária, em detrimento da
Ciência, da Educação Musical e do Atletismo.
Porém, é aos romanos que se deve o primeiro sistema de ensino de que há conhecimento: um organismo
centralizado que coordena uma série de instituições escolares espalhadas por todas as províncias do Império. O carácter
oficial das escolas e a sua estrita dependência relativamente ao estado constituem, não apenas uma diferença acentuada
relativamente ao modelo de ensino na Grécia, como também uma novidade importante.
É claro que um tal sistema tende a privilegiar uma minoria que, graças aos estudos superiores, ascende àquilo
O que não impede que, entre a imensidão de escravos que os romanos abastados do Império possuíam como
resultando das suas conquistas, houvesse a preocupação de lhes fornecer, em particular aos mais jovens, os
ensinamentos necessários à prática dos seus serviços. Para tal eram reunidos, nas casas de seus amos, em escolas – as
paedagogium - ae entregues a um ou mais pedagogos que lhes inculcavam as boas maneiras e, em alguns casos, os
iniciavam nas ―coisas do espírito‖, designadamente na leitura, na escrita e na aritmética. É sabido que as casas dos
grandes senhores de Roma dispunham de um ou mais escravos letrados que desempenhavam funções como secretários
ou como leitores.
De qualquer forma, na Roma imperial, os Mestres Gregos são protegidos por Augusto, à semelhança do que
César havia já feito. Também a criação de bibliotecas, como a do Templo de Apolo, no Palatino, e a do Pórtico de
Octávio, é ilustrativa de uma política imperial de cultura.
Esta política, inspirada nas tradições gregas, vai no entanto inflectir algumas práticas anteriores, delineando no
estado romano um conjunto de políticas escolares inovadoras. Uma primeira iniciativa é da autoria de Vespasiano, que
intervém directamente a favor dos professores, ao reconhecer-lhes uma utilidade social. Com ele se iniciam uma
extensa série de retribuições e de imunidades fiscais, atribuídas a gramáticos e retóricos. Segue-se a criação de cátedras
de Retórica nas grandes cidades, bem como o favorecimento e promoção da instituição de escolas municipais de
gramática e de retórica nas províncias.
Régine Pernoud
Como em todas as épocas, a criança da Idade Média vai à escola. Em geral, à escola da paróquia ou do
mosteiro próximo. Com efeito, todas as igrejas possuem uma escola. O Concílio do Latrão, em 1179, torna essa obra
obrigatória, e é comum ainda hoje, na Inglaterra, país mais conservador que o nosso, encontrar reunidas igreja, escola e
cemitério. Acontecia também do ensino ser assegurado por fundações senhoriais. Rosny, vilarejo das margens do Sena,
tinha, desde o início do século XIII, uma escola fundada em 1200 pelo senhor local, Guy V Mauvoisin. Às vezes trata-
se também de escolas simplesmente privadas: os habitantes de uma propriedade se associam para pagar um mestre
encarregado do ensino das crianças. Um pequeno texto engraçado nos conservou a petição de alguns pais pedindo a
22
Prática da Educação Cristã
dispensa de um professor que, não tendo conquistado o respeito de seus alunos, chega a ser por eles espetado com os
estiletes, com os quais se escrevia em tabuinhas cobertas de cêra – eum pugiunt grafionibus.
Mas os privilegiados são, evidentemente, os que podem freqüentar as escolas episcopais ou monásticas, ou
ainda as capitulares, pois os capítulos das catedrais estavam também submetidos à obrigação de ensinar, pelo mesmo
Concílio do Latrão[1]. Algumas delas adquirem, na Idade Média, um brilho particular, como a de Chartres, de Lyon, ou
de Le Mans, onde os alunos ensinavam tragédias antigas; a de Lisieux, onde, no início do século XII, o próprio bispo
gostava de vir ensinar; a de Cambrai, da qual um texto citado pelo erudito Pithou nos faz saber que foram estabelecidas
para o bem do povo na gerência de seus negócios temporais.
As escolas monásticas tiveram, talvez, mais fama ainda, e os nomes de Bec, de Fleury-sur-Loire, onde foi
educado o rei Roberto o Piedoso, de Saint-Géraud d'Aurillac, onde Gerbert aprendeu os primeiros rudimentos das
ciências que iria elevar a tão alta perfeição, vêm naturalmente à lembrança, como ainda a de Marmoutier, perto de
Tours, de Saint-Bénigne, de Dijon, etc. Em Paris encontra-se, desde o século XII, três séries de estabelecimentos
escolares: a Escola Notre-Dame, ou grupo de escolas do bispado, cujo cantor da scola assume a direção para as classes
menores e o chanceler do bispado para as classes avançadas; as escolas das abadias como Sainte-Geneviève, Saint-
Victor ou Saint-Germain des Prés; e as instituições particulares abertas por mestres que obtiveram licença para ensinar,
como Abelardo.
A criança era admitida com sete ou oito anos, prolongando-se os estudos preparatórios para a Universidade por
Quem escreve isso é Gilles le Muisit, em suas lembranças de infância; de fato, nesta época, as crianças de
todas as «classes» da sociedade eram instruídas juntas, como mostra a célebre história de Carlos Magno castigando os
filhos dos barões que eram preguiçosos, ao contrário dos filhos de servos e dos pobres. A única distinção estabelecida
era no custo do ensino, sendo ele gratuito para os pobres e pago para os ricos. A isenção de taxa de estudo podia
prolongar-se por toda a duração da época escolar, incluindo o acesso ao mestrado, como mostra o Concílio do Latrão, já
citado, que proibia aos dirigentes das escolas de «exigir dos candidatos ao professorado remuneração para conceder a
licença».
Aliás, na Idade Média, quase não há diferenças na educação das crianças de diversas condições. O filho de
qualquer pequeno vassalo são educados na sede senhorial com os filhos do suserano; os dos ricos burgueses passam
pelo mesmo aprendizado que os do último artesão, se pretendem assumir um dia a loja paterna. É por isso, sem dúvida,
que se multiplicam os exemplos de grandes personagens saídos de famílias humildes: Suger, que governou a França
durante a Cruzada de Luiz VII, é filho de servo; Maurice de Sully, bispo de Paris que fez construir Notre-Dame, era
nascido de um mendigo; São Pedro Damião, em sua infância, cuidava de porcos, e uma das mais brilhantes luzes da
ciência medieval, Gerbert d'Aurillac, também era pastor; o Papa Urbano VI era filho de um pequeno sapateiro de
Troyes, e Gregório VII, o grande Papa da Idade Média, filho de um pastor de cabras.
Por outro lado, muitos dos grandes senhores foram letrados e tiveram educação como a dos clérigos: Roberto o
Piedoso compunha hinos e seqüências latinas; Guillaume IX, príncipe da Aquitania, foi o primeiro trovador conhecido;
Ricardo Coração de Leão nos deixou poemas, como também os senhores de Ussel, de Baux, e muitos outros. Isso sem
falar dos casos excepcionais, como o do rei de Espanha, Alfonso X, o Astrônomo, que escreveu poesias, obras de
Direito, estabeleceu progresso notável nas ciências astronômicas da época, redigindo suas Tábuas Alfonsianas,
deixando também vasta crônica sobre as origens da História da Espanha e uma compilação de Direito Canônico e de
Direito Romano que formaram o primeiro Código de Direito de seu país.
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Prática da Educação Cristã
Os alunos mais capazes seguem, naturalmente, para a Universidade. Eles a escolhem segundo sua
especialidade. Em Montpellier, medicina: desde 1181, Guilheme VII, senhor da cidade, conferiu a qualquer pessoa, de
qualquer lugar que viesse, a liberdade de ensinar esta arte, desde que apresentasse garantias de seu saber. Orléans se
especializou em Direito Canônico, como Bolonha em Direito Romano. Mas já então, nada se comparava com Paris,
onde o ensino das artes liberais e da teologia atraía estudantes de todos os lugares: Alemanha, Itália, Inglaterra, e até da
Dinamarca e Noruega.
Estas Universidades são invenções eclesiásticas, como que a continuação das escolas episcopais, com a
diferença que elas dependerão diretamente do Papa, e não do bispo local. A bula Parens Scientiarum de Gregório IX,
pode ser considerada como a ata de fundação da Universidade medieval, com seus regulamentos estabelecidos em 1215
pelo cardeal legado Robert de Courçon, agindo em nome de Inocêncio III, e que reconhecem aos mestres e estudantes o
direito de associação. Criada pelo papado, a Universidade tem características inteiramente eclesiásticas: os professores
pertencem todos à Igreja, e as duas grandes Ordens religiosas que a iluminam no século XIII, Franciscanos e
Dominicanos, conhecerão aí grandes glórias, com um São Boaventura e um São Tomás de Aquino.
Todos os alunos são chamados clérigos, mesmo quando não se destinam ao sacerdócio, e alguns recebem a
tonsura. Mas isso não significa que só se ensinava a teologia, pois os programas incluem todas as grandes disciplinas
científicas e filosóficas, gramática, dialética, além da música e geometria.
Esta «universidade» de mestres e alunos forma uma sociedade autônoma. Philippe-Augusto, desde 1200, retira
Esta liberdade favorece, entre as diversas cidades, uma concorrência difícil de se imaginar hoje. Durante anos,
os mestres de Direito Canônico de Orléans disputam com os de Paris para conquistar seus alunos. Os registros da
Faculdade de Decreto, publicados na Coleção de Documentos Inéditos, estão cheios de queixas contra os estudantes
parisienses que vão à Orléans para colar grau, pois os exames eram mais fáceis. Ameaças, expulsões, processos, de nada
adiantam, e as brigas prolongam-se sem fim. Concorrência também de professores, uns muito estimados, outros menos;
teses discutidas apaixonadamente, com os estudantes formando facções que chegam até a greves. A Universidade,
muito mais do que em nossos dias, era, na Idade Média, um mundo agitado.
E um mundo cosmopolita: as quatro «nações» que dividem os clérigos parisienses mostram isso claramente:
havia os picards, os ingleses, os alemães e os franceses. Os estudantes vindos de cada um desses lugares eram então
bastante numerosos para formar um grupo autônomo, com representantes e atividades próprias. Encontram-se também
nos registros nomes italianos, dinamarqueses, húngaros e outros. Os professores que ensinam vêm, também, de todas as
partes do mundo: Siger de Brabant, Jean de Salisbury têm nomes significativos. Santo Alberto Magno vem da Renânia,
São Tomás de Aquino e São Boaventura, da Itália. Não há neste tempo obstáculos à troca de idéias, e julga-se um
mestre apenas pela extensão de seu saber. Este mundo tão variado possui uma língua comum, a única falada na
Universidade: o latim. Sem o latim ela seria uma Torre de Babel. O uso do latim facilita as relações, permite as
comunicações entre os mestres de um lado ao outro da Europa, dissipa de antemão qualquer confusão de expressão,
protegendo assim a unidade de pensamento. Os problemas que apaixonam os filósofos são os mesmos, em Paris, em
Edimburgo, em Oxford, em Colônia ou em Pádua, apesar de cada um desses centros e cada personalidade imprimir seu
caráter próprio. Tomás de Aquino, vindo da Itália, termina, em Paris, de clarificar e consolidar uma doutrina cujas bases
estabelecera nas aulas de Alberto Magno, em Colônia. A Sorbonne do século XIII nada tem de fechada. Gilles le Muisit
resume assim a vida dos estudantes:
De fato, o vai-vem é contínuo. Eles partem para a Universidade que escolheram, voltam para casa nas férias,
viajam para assistir as lições de um mestre de renome ou estudar uma matéria numa cidade nela especializada. Já
mencionamos as «fugas» dos candidatos aos exames de Direito Canônico para Orleans; isto se repete constantemente e,
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Prática da Educação Cristã
às vezes, entre cidades muito distantes. Estudantes e professores são habituados às grandes viagens: a cavalo e mesmo a
pé, percorrem léguas e léguas, dormindo em granjas ou em hospedarias. Com os peregrinos e os comerciantes, são os
que mais contribuem para a extraordinária animação que reina nas estradas na Idade Média, só reencontradas no século
do automóvel, ou melhor, depois da aparição dos esportes ao ar livre. O mundo letrado era então um mundo itinerante.
Era a tal ponto que, para alguns, o movimento passa a ser uma necessidade, uma mania: encontramos hoje, no Quartier
Latin, estes velhos estudantes boêmios que nunca conseguiram voltar à vida normal nem usar os estudos, dos quais
carregam o peso durante anos. Na Idade Média, esta espécie de indivíduo corria as estradas: era o clérigo vagabundo ou
goliard, tipo bem medieval, inseparável do «clima» da época: entregue às tabernas e às mulheres, vai de um cabaré ao
outro, procurando comida e principalmente um bom copo de vinho; frequenta os lugares ruins, conserva restos de saber,
que usa para causar a admiração dos simples, para quem recita versos de Horácio ou pedaços das canções de gesta;
inicia, levado pelos encontros ocasionais, discussões de teologia, e acaba se perdendo na multidão de trovadores, de
vadios e vagabundos, quando não é enforcado por algum crime. Suas canções se espalharam pela Europa, e o mundo
estudantil conhece ainda algumas destas canções:
A Igreja precisou intervir várias vezes contra estes clerici vagi que promoviam farras e preguiças no mundo
estudantil. Mas eles eram exceções. No conjunto, o estudante do século XIII não tinha uma vida muito diferente do
atual. Foram conservadas e publicadas cartas endereçadas aos pais ou a amigos [3] que revelam as mesmas
preocupações que hoje em dia, ou quase: os estudos, os pedidos de dinheiro e alimentação, as provas. O estudante rico
morava na cidade com seu valete; os de condição mais modesta ia em pensão na casa dos burgueses do bairro de Sainte
Geneviève, e pediam isenção de toda ou de parte das taxas de inscrição da Faculdade: encontramos muitas vezes, na
margem dos registros uma menção indicando que este ou aquele não pagou a inscrição, ou que pagou só a metade,
propter inopiam, por causa da pobreza. O estudante sem recursos faz pequenos trabalhos para viver: é copista ou
encadernador nas livrarias que têm suas lojas na rua das Escolas ou na rua Saint Jacques[4]. Além disso, ele pode ter
suas refeições e moradia pagas nos colégios estabelecidos. O primeiro que existiu foi criado no Hotel-Dieu (hospital) de
Paris por um burguês de Londres que, retornando de uma peregrinação na Terra Santa, no fim do século XII, teve a
idéia de fazer esta obra pia, favorecendo o aprendizado das pessoas modestas: ele deixou uma fundação[5] perpétua
com encargo de alojar e alimentar de graça dezoito estudantes pobres que recebiam como única incumbência velar os
mortos do hospital, cada um em seu turno, e carregar a cruz processional e a água benta nos enterros. Um pouco depois,
funda-se o colégio Saint Honoré, o de São Tomás do Louvre, e muitos outros. Pouco a pouco, formou-se o hábito de se
organizar nestes colégios sessões de estudo em conjunto, como nos seminários alemães ou os «grupos de estudo» que
funcionam nas nossas Faculdades de alguns anos para cá. Os mestres passaram a vir dar algumas aulas, alguns até se
estabeleceram aí, e aos poucos os colégios foram mais freqüentados que as próprias Universidades, como foi o caso do
colégio da Sorbonne. No conjunto, havia um sistema de bolsas, não oficialmente organizado, mas de uso corrente, que
lembrava a nossa Escola Normal Superior, sem a prova de admissão, ou ainda, ao que se pratica nas Universidades
inglesas, onde o estudante bolsista recebe gratuitamente, não apenas a instrução, mas ainda casa, comida e, às vezes, as
roupas.
O ensino é feito em latim e se divide em dois cursos: o trivium ou artes liberais (gramática, retórica e lógica) e
o quadrivium ou ciências (aritmética, geometria, música e astronomia), o que, com as três faculdades de teologia,
direito e medicina, forma o ciclo de conhecimentos. Como método é utilizado principalmente o comentário: é lido um
texto, os Etymologies de Isidoro de Sevilha, as Sentenças de Pedro Lombardo, um tratado de Aristóteles ou de Sêneca,
segundo a matéria ensinada, e esse texto é analisado com todos os comentários que podem ser feitos, do ponto de vista
gramatical, jurídico, filosófico, lingüístico, etc. Um ensinamento sobretudo oral, dando larga parte à discussão, com as
Questiones disputate, questões na ordem do dia, tratadas e discutidas pelos candidatos à licença, diante de um auditório
de mestres e alunos, que muitas vezes deram origem a tratados completos de teologia ou filosofia, ou ainda certas
Glosas célebres, postas por escrito, que eram também comentadas e explicadas durante os cursos. As teses sustentadas
pelos candidatos ao doutorado não eram simples exposições escritas, mas verdadeiramente teses, emitidas e sustentadas
diante de todo um anfiteatro de doutores e mestres, onde qualquer assistente podia tomar a palavra e apresentar suas
objeções.
Como se vê, este ensino é apresentado de forma sintética, cada curso tendo um lugar próprio em relação ao
conjunto, onde ele adquire seu valor real, correspondente a sua importância para o pensamento humano. Por exemplo,
hoje em dia existe equivalência entre uma licença de filosofia e a licença de espanhol ou de inglês, apesar de haver
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Prática da Educação Cristã
muita diferença na formação desses dois tipos de disciplina. Na Idade Média pode-se ser mestre em filosofia, teologia
ou direito – ou mestre ès-arts, o que implica o estudo do conjunto ou do essencial do conhecimento relativo ao homem,
o trivium representando as ciências do espírito, e o quadrivium as do corpo e dos números que o regem. Toda a série de
estudos, portanto, procura transmitir uma cultura geral, e só se especializa ao sair da Faculdade. Isso explica o caráter
enciclopédico de sábios e letrados da época: um Roger Bacon, um Jean de Salisbury, um Alberto Magno, possuíam
realmente todo o conhecimento da época e podiam se entregar sem medo, em rodízio, aos assuntos os mais diversos,
sem medo de digressões, pois sua visão de base é uma visão de conjunto.
Depois das sessões de trabalho na Faculdade ou no Colégio, o estudante medieval é um esportista, capaz de
percorrer etapas de várias léguas e também – os anais da época se lamentam disso com freqüência – de manejar a
espada. As vezes estouram rixas nessa população agitada, nas proximidades de Sainte Geneviève ou de Saint-Germain-
des-Prés, e foi por saber usar muito bem sua arma que François Villon[6] teve que deixar Paris. Os exercícios físicos
lhes são tão familiares quanto as bibliotecas e, mais ainda que em outros corpos de ofícios[7], sua vida é repleta de
festas e diversões que alegram o Quartier Latin. Sem falar da Festa dos Loucos e da Festa dos Bobos, que são ocasiões
excepcionais, toda recepção de doutorado era seguida de cerimônias cômicas em paródias, onde mesmo os graves
mestres de Sorbonne tomavam parte. Ambrósio de Cambrai, que foi chanceler da Faculdade de Direito Canônico,
representou seu papel e nos deixou a narração nos Anais detalhados que escreveu. Um ser assim formado estava pronto
para a ação como para a reflexão, o que sem dúvida explica como nessa época as personalidades se adaptavam às
situações as mais diversas, conseguindo bom resultado: prelados combatentes, como Guillaume des Barres ou Guérin de
Senlis, na Batalha de Bouvines, juristas capazes de organizar a defesa de um castelo, como Jean d'Ibelin, senhor de
Aliás, a Universidade foi o grande orgulho da Idade Média; os Papas elogiam este «rio de ciência que, por
seus múltiplos afluentes, banham e fecundam o terreno da Igreja universal»; assinala-se com satisfação que, em Paris, é
tal o número de estudantes que ultrapassa o de habitantes[8]. Todos são indulgentes para com eles, apesar de suas
«irreverências» e brincadeiras, que às vezes incomodam os burgueses; eles gozam a simpatia geral. Algumas cenas de
suas vidas foram esculpidas no portal Saint Etienne, de Notre-Dame de Paris: ei-los lendo e estudando, quando uma
mulher vem lhes perturbar a leitura e, para a punir, é amarrada no pelourinho por ordem da autoridade. Os reis dão o
exemplo dessa maneira de tratar os estudantes, como acontece com Philippe-Augusto que, após a vitória de Bouvines,
envia um de seus mensageiros anunciar a vitória, em primeiro lugar, aos estudantes de Paris[9].
Tudo o que é relativo ao saber era, assim, reverenciado, na Idade Média. «A deshonneur meurt à bon droit qui
n'aime livre – quem não ama os livros morre na desonra», dizia um provérbio[10]; e basta olhar os textos para encontrar
as provas de que todo amor pela ciência era encorajado e alimentado. Citemos, entre outras, a criação, em 1215, de
uma cadeira de teologia, em Paris, especial para permitir aos padres da diocese de aperfeiçoar e completar seus estudos,
o que mostra a preocupação em manter um alto grau de instrução, mesmo no clero mais humilde. O prud'homme, este
tipo de homem completo que foi o ideal do século XIII, devia necessariamente ser letrado: (11)
Para rimar e versificar,
E precisando escrever
No pergaminho ou na cêra,
Diante disso, podemos nos perguntar se o povo era tão ignorante, na Idade Média, como se acredita em geral;
ele tinha ao seu alcance, incontestavelmente, os meios para se instruir, e a pobreza não era um obstáculo, visto que as
aulas podiam ser inteiramente grátis, da escola do vilarejo, ou melhor, da paróquia, até a Universidade. E ele
aproveitava-se disso, pois são numerosos os exemplos de pessoas humildes que viraram grandes clérigos.
Quer isso dizer que a instrução era tão generalizada quanto hoje? Parece claro que, neste ponto, houve um
malentendido: assimilou-se, mais ou menos, cultura a alfabetização. Para nós, um iletrado é fatalmente, um ignorante.
Ora, o número de iletrados era, sem dúvida, maior na Idade Média do que em nossa época[12]. Mas, seria justo esse
ponto de vista? Pode-se fazer do conhecimento do alfabeto o critério da cultura? Do fato da educação ser sobretudo
visual, pode-se concluir que o homem só se educa pela visão?
Num capítulo dos Estatutos Municipais da cidade de Marselha, datado do século XIII, estão enumeradas as
qualidades de um bom advogado, e lê-se: litteratus vel non litteratus – que seja letrado ou não. Isso é importante: pode-
se, então, ser um bom advogado e não saber nem ler nem escrever – conhecer o costume, o direito romano, o manejo da
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Prática da Educação Cristã
linguagem, e ignorar o alfabeto. Essa noção é difícil de ser imaginada para nós, mas é capital para se compreender a
Idade Média: a instrução é feita mais pelo ouvido que pela leitura[13]. Por mais importância que se dê aos livros ou
aos escritos, estes têm lugar secundário; o papel principal cabe à palavra, ao verbo. E isso acontece em todos os setores
da vida: atualmente, qualquer funcionário escreve relatórios; na Idade Média, eles se aconselhavam e deliberavam. Uma
tese não era uma obra impressa, mas uma discussão; um negócio fechado não era uma assinatura firmada ao pé de um
escrito, mas a tradição manual (de um objeto simbólico, como um naco de terra na compra de um terreno) ou o
engajamento verbal. Governar é se informar, pesquisar... e enviar os arautos «gritarem» as decisões tomadas.
Um elemento essencial da vida medieval foi a pregação. Pregar, nesta época, não era discursar em monólogos
com termos pré escolhidos, diante de um auditório silencioso e cativado. Pregava-se em toda parte, não apenas nas
igrejas, mas também nos mercados, nas feiras, nos cruzamentos das estradas – pregações vivas, cheias de fogo e de
fuga. O pregador se dirigia ao auditório, respondia suas perguntas, admitia suas contradições, seus rumores, suas
apóstrofes. Um sermão agia sobre a população, podia provocar, na hora, uma Cruzada, propagar uma heresia, causar
uma revolta. O papel didático dos clérigos era imenso: eram eles que ensinavam aos fiéis sua história e suas lendas, sua
ciência e sua fé. Eles que anunciavam os grandes acontecimentos, que transmitiram, de um canto ao outro da Europa a
tomada de Jerusalém ou a perda de Saint Jean d'Acre. Eles que aconselhavam a uns e guiavam os outros, mesmo nos
negócios profanos. Hoje, os que faltam de memória visual, mais automática, necessitando menos do raciocínio que a
memória auditiva, têm dificuldades nos estudos e na vida. Na Idade Média não era assim, recebia-se a instrução
escutando, e a palavra era de ouro.
É na Idade Média que podemos ver realizado o termo «cultura latente». Todos, na época, têm um
conhecimento, pelo menos corrente, do latim falado, e canta o gregoriano, o que supõe, senão a ciência, ao menos o uso
da acentuação. Todos possuem uma cultura mitológica e legendária; ora, as fábulas e os contos falam mais sobre a
história da humanidade e sua natureza que boa parte das ciências inscritas nos programas oficiais das escolas. Nos
romances de ofícios publicados por Thomas Deloney, vemos os tecelãos citarem em suas canções Ulisses e Penélope,
Ariana e Teseu. Se chamaram os vitrais de «Bíblia dos iletrados», foi porque os ignorantes reconheciam aí histórias que
lhes eram familiares, realizando com toda simplicidade este trabalho de interpretação que tanto atrapalha nossos
arqueólogos!
Além disso, havia os conhecimentos técnicos que eram assimilados durante os anos de aprendizado. Nem arte,
nem ofício, eram improvisados: era preciso, para exercê-los bem, que eles se tornassem como que uma segunda
natureza; era assim, sem dúvida, que tantos artistas locais, para sempre perdidos no anonimato, puderam adquirir esta
destreza que aparece em obras como o Devoto Cristo, de Perpignan, ou a Crucifixão, de Venasque. Pode-se chamar de
ignorante um homem que conhece tudo de sua arte, por mais humilde que seja? E devemos considerar que, a estes
conhecimentos do ofício vêm se juntar diversas tradições: o Compost des Bergiers, que uma feliz curiosidade permitiu
ser redescoberto, há pouco tempo, nos oferece um exemplo dessas pequenas Sumas do saber tradicional: astronomia,
medicina, botânica, meteorologia, que podia ser adquiridos dentro de cada ofício, variando de um para outro, e que
constituía a base de uma cultura certamente mais vasta e mais adaptada às necessidades locais do que poderíamos crer.
Notas:
[1] «Em cada diocese, escreve Luchaire, além das escolas rurais ou paroquiais que já existiam... os capítulos e
os principais mosteiros tinham suas escolas, seus professores e alunos». (La Société Française au temps de Philippe-
Auguste, p.68)
[2] L.VII, cap.29, citado por J.Guiraud, Histoire partiale, histoire vraie, p.348
[3] Cf. Haskins, The life of medieval students as illustrated by their letters, in Americain historical review, III
(1892), nº 2
[4] [N. da P.] Essas duas ruas existem ainda hoje e ficam próximas da famosa igreja de Saint Nicolas du
Chardonet, conquistada pelos tradicionalistas em 1977, ainda hoje um comovente reduto da verdadeira fé.
[5] [N. da P.] Chama-se uma fundação um valor destinado a ser aplicado para que os juros sejam usados em
determinadas obras. A Igreja aceita fundação de missas: um valor ou bem é doado, sendo estabelecido certo número de
missas anuais nas intenções do doador.
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Prática da Educação Cristã
[6] [N. da P.] François Villon (1431-1489) - Poeta francês de vida agitada, mas considerado por muitos como
principal responsável pela formação da língua francesa.
[7] Assinalemos que a Idade Média não conhece distância entre os ofícios manuais e as profissões liberais. Os
termos mostram bem isso: chama-se mestre tanto o tecelão que terminou seu aprendizado quanto o estudante de
teologia que obteve a licença de ensinar.
[8] A afirmação não pode ser seguida ao pé da letra, mas não deixa de ser interessante saber que, na época, a
população de Paris somava quarenta mil habitantes.
[9] Com a experiência que já temos da vida medieval e do espírito dos seus homens, podemos compreender
que nada havia de demagogia nesta atitude do rei.
[12] Apesar de serem menos do que se costuma dizer, pois a maioria das testemunhas que aparecem nos atos
de tabelião sabem assinar, sendo um exemplo, entre outros, o de Joana d'Arc, pequena camponesa que, no entanto, sabia
[13] [N. da P.] É interessante saber que, nos mosteiros beneditinos, ainda hoje têm muita importância as
reuniões da comunidade, ou de parte da comunidade, para o que se chama de «conferência»: o abade, ou o mestre de
noviços, fala aos monges, os quais, imperceptivelmente, vão assimilando as verdades e os costumes do mestre.
Movido pela indignação e pela discordância com os costumes da Igreja de seu tempo, o monge alemão
Martinho Lutero (1483-1546) foi o responsável pela reforma protestante, que originou uma das três grandes vertentes
do cristianismo (ao lado do catolicismo e da Igreja Ortodoxa). O nascimento do protestantismo teve profundas
implicações sociais, econômicas e políticas. Na educação, o pensamento de Lutero produziu uma reforma global do
sistema de ensino alemão, que inaugurou a escola moderna. Seus reflexos se estenderam pelo Ocidente e chegam aos
dias de hoje.
A idéia da escola pública e para todos, organizada em três grandes ciclos (fundamental, médio e superior) e
voltada para o saber útil nasce do projeto educacional de Lutero. "A distinção clara entre a esfera espiritual e as coisas
do mundo propiciou um avanço para o conhecimento e o exercício funcional das coisas práticas", diz o pastor Walter
Altmann, presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.
Embora nunca tivesse planejado uma cisão na Igreja, Lutero dedicou a maior parte de sua vida à polêmica
doutrinária em torno da fé cristã. Sua produção intelectual foi intensa e erudita, e seus atos, graças ao surgimento da
imprensa e do clima de descontentamento social, ganharam vasta repercussão. Apesar da complexidade do cenário,
pode-se identificar dois fatores que desencadearam a dissidência de Lutero.
O primeiro foi a venda de indulgências pela Igreja. Segundo esse costume, que se iniciou na última fase da
Idade Média, os fiéis podiam comprar, de um representante do clero, parte da absolvição de seus pecados. A prática era
oficial, aprovada pelo papa e vinha acompanhada de um ritual solene. O comércio de indulgências representava uma
espécie de resumo do que havia de mais condenável no comportamento da Igreja daquele tempo: ganância, ostentação,
arbitrariedade e mundanismo. As deturpações do cristianismo incomodavam os poderes locais e repugnavam os
intelectuais.
Lutero sempre havia pregado contra as indulgências, mas o que o levou a realizar um protesto público, em
1517, foi a venda de uma indulgência especial, que oferecia privilégios específicos, lançada pelo Vaticano para
financiar a reconstrução da Basílica de São Pedro. Contra ela, Lutero elaborou 95 teses, criticando as práticas
eclesiásticas, e afixou-as na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Foi o início do conflito entre o monge alemão e a
autoridade papal.
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Prática da Educação Cristã
A segunda grande inquietação de Lutero tinha origem doutrinária e o atormentou durante seus anos de
formação. Ele não aceitava o princípio, então dominante no cristianismo, de que a justiça divina se manifestava, no
plano terreno, como um julgamento dos atos dos homens. Para Lutero, isso produzia medo e tornava praticamente
impossível o sentimento espontâneo de amor a Deus. A indignação de Lutero só se dissipou quando, ao interpretar os
Evangelhos, concluiu que os homens vivem por uma graça de Deus e que a justiça divina é revelada pelas escrituras de
modo passivo e independentemente dos méritos ou ações de cada um durante a vida. Foi o que se tornou conhecido
como doutrina da salvação pela fé.
Tão importante quanto Lutero para a educação foi Philipp Melanchthon (1497-1560), o "preceptor da
Alemanha". Durante o período que Lutero passou impedido de se manifestar publicamente, Melanchthon foi o porta-
voz da causa reformista e um dos encarregados de reorganizar as igrejas dos principados que haviam aderido ao
luteranismo. Esse trabalho resultou no projeto de criação de um sistema de escolas públicas, adotado pelo estado da
Saxônia e depois copiado em quase toda a Alemanha. A reforma da instrução era uma das principais reivindicações das
camadas mais pobres da população, insatisfeitas com as más condições de vida e com o ensino escasso e ineficaz
oferecido pela Igreja. Esses foram alguns dos motivos da revolta armada dos camponeses, sangrentamente reprimida em
1525. Tanto Melanchthon quanto Lutero — que, entre outros princípios avançados para seu tempo, defendiam a
educação também para as meninas - viam na instrução um assunto do interesse dos governantes. "A maior força de uma
cidade é ter muitos cidadãos instruídos", escreveu Lutero. Para isso, foi criado um sistema que atendia tanto à finalidade
A reivindicação pela liberdade de interpretar a Bíblia tornou-se não só um dos pilares da reforma protestante
como o princípio fundador do projeto educacional de Lutero, que valorizou a alfabetização e o ensino de línguas — e,
mais importante, pregou o acesso de todos a esse conhecimento. Os renovadores religiosos defendiam a formação de
uma nova classe de homens cultos, dando origem ao conceito de utilidade social da educação.
Lutero tinha um projeto inovador, mas abominava a possibilidade de se tornar porta-voz de qualquer idéia ou
ambição revolucionária. Mesmo assim, o surgimento do protestantismo foi ao encontro dos desejos da classe
economicamente emergente de comerciantes, para quem a educação representava uma possibilidade de aceitação e
ascendência social. Nas primeiras décadas do século 16, o Sacro Império Romano-Germânico era um mosaico de
principados mais ou menos independentes. Os interesses político-econômicos do imperador, da Igreja e dos príncipes
emperravam uns aos outros. Os príncipes, menos obrigados ao poder papal do que o imperador, viram em Lutero uma
possibilidade de se afirmar politicamente contra a autoridade central e de contestar os direitos da Igreja sobre riquezas
que se encontravam em seus territórios.
O fato de Lutero não acreditar que a salvação da alma estivesse vinculada às ações em vida não implicava
descaso pelas coisas mundanas. Ao desvincular as esferas do poder espiritual e do poder temporal, Lutero atribuía ao
último a responsabilidade de administração da vontade de Deus — por isso a obediência civil seria um dever moral e a
rebelião um pecado. "A ligação entre os dois mundos é a fé, porque os que crêem são também vocacionados para servir
o próximo na sociedade", diz o pastor Altmann.
A reforma luterana foi o mais importante, mas não o único, movimento religioso a confrontar a Igreja entre o
final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Outras cisões do período foram o calvinismo, liderado pelo suíço
João Calvino (1509-1564), e o anglicanismo, oficializado em 1558. Todas essas rupturas misturavam teologia, política e
nacionalismo. Elas tinham em comum a reação contra o autoritarismo das estruturas medievais da Igreja e também seus
desvios morais. Todas pretenderam renovar o cristianismo, com o ressurgimento da fé considerada autêntica, isto é,
individual e interiorizada. Do ramo protestante do cristianismo nasceram várias subdivisões: luteranos, metodistas,
batistas e os pentecostais e neopentecostais, conhecidos popularmente no Brasil como evangélicos. O golpe desferido
pela reforma luterana na Igreja de Roma foi o tema central do Concílio de Trento, reunião de cúpula do catolicismo que
durou 18 anos (de 1545 a 1563). Dele nasceu o movimento conhecido como Contra-Reforma, uma iniciativa em várias
frentes para recobrar a imagem de austeridade e o respeito dos fiéis.
Martinho Lutero nasceu em 1483 em Eisleben, norte da Alemanha. Seus pais queriam que fosse advogado, mas
ele, por conta própria, procurou formação num mosteiro agostiniano em Erfurt. Aos 25 anos, foi para a Universidade de
Wittenberg, onde se formou em estudos bíblicos. Numa viagem a Roma, para discutir questões teológicas, ficou
escandalizado com os costumes mundanos do clero. Ao voltar, iniciou sua carreira de professor e pregador, sob
proteção do príncipe Frederico, o Sábio. Em 1517, Lutero, em protesto contra a venda de indulgências pela Igreja,
publicou suas 95 teses teológicas, conquistando notoriedade pública e atenção das autoridades eclesiásticas. Durante os
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Prática da Educação Cristã
anos seguintes, a tensão só aumentou, até que, em 1521, o papa Leão X publicou sua excomunhão. No mesmo ano,
Lutero reafirmou suas convicções perante os governantes alemães, na Dieta (reunião parlamentar) de Worms, de onde
saiu como proscrito. Depois de um ano refugiado num castelo, sob a proteção de amigos, Lutero retomou aos poucos a
vida religiosa em Wittenberg. Em 1525, casou-se com uma ex-freira, Katherina von Bora. Durante as duas últimas
décadas de vida, ganhou crescente prestígio popular, enquanto o apoio dos governantes variava de acordo com as
circunstâncias. Em 1546, morreu durante uma visita à cidade natal.
Para pensar
A criação de uma rede de ensino público foi planejada pelos reformadores luteranos a pedido de governantes
que perceberam a urgência de oferecer instrução ao povo. O interesse dos príncipes era fortalecer seus domínios num
tempo de constantes hostilidades entre os Estados. "Lutero argumentou que o dinheiro investido em educação seria
muito menor do que o gasto com armas e traria benefícios mais profundos", diz o pastor Walter Altmann. E você, que
argumento utilizaria, nos dias de hoje, a favor da educação para todos?
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0187/aberto/mt_102560.shtml
Para Freinet, que iniciou a carreira docente em 1920, a educação deveria proporcionar ao aluno a realização de
um trabalho real. Sua carreira docente teve início construindo os princípios educativos de sua prática, onde enfocava
que "ninguém avança sozinho em sua aprendizagem, a cooperação é fundamental". Ele propunha uma mudança da
escola, pois a considerava teórica e portanto desligada da vida.
Suas propostas de ensino estão baseadas em investigações a respeito da maneira de pensar da criança e de
como ela construía seu conhecimento. ―A sala de aula deve ser prazerosa e bastante ativa, pois o trabalho é o grande
motor da pedagogia‖. Através da observação constante ele percebia onde e quando tinha que intervir e como despertar a
vontade de aprender do aluno. A aprendizagem através da experiência se faz mais eficaz, porque se o aluno faz um
experimento e dá certo, ele o repetirá e avançará no procedimento; porém não avançará sozinho, precisará da
cooperação do professor.
Fica claro que a interação professor-aluno é essencial para a aprendizagem. Para que ocorra esta sintonia é
necessário que o professor considere o conhecimento do aluno já existente, e que é o fruto do meio em que vive. Estar
em contato com a realidade em que vive o aluno é fundamental. As práticas atuais de jornal escolar, troca de
correspondência, trabalhos em grupo, aula-passeio são idéias defendidas e aplicadas por Freinet, desde os anos 20 do
século passado. Fica claro, porém, que o professor que pratica as atividades acima citadas, mas que ignorou os aspectos
políticos e sociais ao redor da escola, não está de acordo com a proposta do educador. Isto porque sua pedagogia traz
em seu bojo a preocupação com a formação de um ser social que atua no presente. ―O Educador deve ter a sensibilidade
de atualizar sua prática‖, provavelmente isto faz com que Freinet, seja hoje tão atual.
O professor deve mesclar seu trabalho com a vida em comunidade, criando as associações, os conselhos,
eleições, enfim as várias formas de participação e colaboração de tudo na formação do aluno, direcionando o
movimento pedagógico em defesa da fraternidade, respeito e crescimento de uma sociedade cooperativa e feliz. Há
princípios no saber Pedagógico que C.Freinet considerava invariáveis, ou seja, independente do local ou período
histórico, certos pressupostos deveriam sempre ser levados em conta na prática educacional. Desta forma, postulou as
chamadas "Invariantes Pedagógicas",consideradas como pilares de sua proposta Pedagógica. Jean Piaget fala sobre a
importância da "célebre idéia" da imprensa escolar de Freinet, que, instrui a criança a fazer pequenos textos, chegando a
ler, escrever e ortografar de maneira diferente daquela que não tem idéia. Desde sua origem, o movimento sempre se
manteve aberto a todas as experiências pedagógicas através de documentos, revistas, circulares, cartas e boletins.
Freinet buscava formas alternativas de ensino, pois não conseguia se adaptar a forma tradicional, fazia também
relatórios diários de cada criança. Ao que se refere às cartilhas, ele questiona seu valor, pois os conteúdos nada tinham a
ver com a realidade da criança, portanto, não traziam nenhum estímulo à aprendizagem da leitura. Célestin dava muita
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Prática da Educação Cristã
importância ao trabalho, pois este, deveria ser o centro de toda atividade escolar enfatizando-o como forma do ser
humano ascender, exercer seu poder. Ele não desvalorizava o aprender, mas achava que tudo deveria passar pela
experiência de vida, para que o aprendizado fosse integrado ao que se aprendia, e isso só é possível pela ação, através
do trabalho. O trabalho desenvolve o pensamento, até o pensamento lógico e inteligente, que se faz a partir de
preocupações materiais, sendo que esta, é um degrau para abstração , sendo que no, e pelo trabalho, o ser humano se
exprime e se realiza eficazmente. Lembrando-se que, quando o autor exalta o trabalho, não está referindo-se
forçosamente ao trabalho manual, pois para ele, o trabalho engloba toda pesquisa, documentação e experimentação.
Com relação à intervenção do professor, só se dava para organizar o trabalho, sem precisar de imposições ou ameaças.
Para ele, a disciplina escolar se resume no seguinte: executando uma atividade que a envolve, a criança
automaticamente se torna disciplinada. Freinet apresenta meios para crescer e ascender: a liberdade. Sendo que esta é
relativa e não pode existir fora da vida e do trabalho de cada um. Para ele, a liberdade é a possibilidade do ser humano
vencer obstáculos. Célestin buscou técnicas pedagógicas que pudessem envolver todas as crianças no processo de
aprendizagem, independentemente da diferença de caráter, inteligência ou meio social, (lembrando-se mais uma vez que
ele afirmava que o conteúdo estudado no meio escolar deveria estar relacionado às condições reais de seus alunos). Ao
estudar o problema da educação, ele propunha que ao mesmo tempo em que o professor almejasse a escola ideal,
criativa e libertadora, deveria também estudar as condições concretas que estariam impedindo a sua realização.
A Epistemologia Genética defende que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento ao longo da
sua vida. Para Piaget, a aprendizagem é um processo que começa no nascimento e acaba na morte. A aprendizagem dá-
se através do equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, resultando em adaptação. Segundo este esquema, o ser
humano assimila os dados que obtém do exterior, mas uma vez que já tem uma estrutura mental que não está "vazia",
precisa adaptar esses dados à estrutura mental já existente. Uma vez que os dados são adaptados a si, dá-se a
acomodação. Para Piaget, o homem é o ser mais adaptável do mundo. Este esquema revela que nenhum conhecimento
nos chega do exterior sem que sofra alguma alteração pela nossa parte. Ou seja, tudo o que aprendemos é influenciado
por aquilo que já tinhamos aprendido. Tornou-se um dos homens mais dedicados do mundo com o interacionismo de
Lev Vygotsky. Piaget somente veio a conhecer as pesquisas de Vygotsky muito depois da morte deste. Originalmente
um biólogo, com a especialização em moluscos do Lago Genebra, fez seus estudos de psicologia do desenvolvimento
inicialmente observando como seus filhos cresciam e entrevistando milhares de outras crianças.
As teorias de Piaget de desenvolvimento psicológico mostraram-se muito influentes. Entre outros, o filósofo e
cientista social Jürgen Habermas as incorporou em seu trabalho, mais notadamente em A Teoria da Ação Comunicativa.
O historiador da Ciência Thomas Kuhn e o pensador marxista Lucien Goldmann tiveram em Piaget um interlocutor
importante. A influência de Piaget na pedagogia é notável ainda hoje, principalmente através da obra de Emília Ferreiro
sobre a alfabetização. No Brasil, suas idéias começaram a ser difundidas na época do movimento da Escola Nova,
principalmente por Lauro de Oliveira Lima.
Piaget também teve uma considerável influência no campo da ciência da computação. Seymour Papert usou o
trabalho de Piaget como fundamentação ao desenvolver a linguagem de programação Logo. Alan Kay usou as teorias
de Piaget como base para o sistema conceitual de programação Dynabook, que foi primeiramente discutido em Xerox
PARC. Estas discussões levaram ao desenvolvimento do protótipo Alto, que explorou pela primeira vez os elementos
do GUI, ou Interface Gráfica do Usuário, e influenciou a criação de interfaces de usuário a partir dos anos 80.
Teoria
Através de várias observações com seus filhos, e principalmente com outras crianças, Piaget deu origem à
Teoria Cognitiva, onde demonstra que existem quatro estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano: Sensório-
motor, Pré-operacional, Operatório concreto e Operatório formal.
O Método Paulo Freire consiste numa proposta para a alfabetização de adultos desenvolvida pelo educador
Paulo Freire, que criticava o sistema tradicional que utilizava a cartilha como ferramenta central da didática para o
ensino da leitura e da escrita. As cartilhas ensinavam pelo método da repetição de palavras soltas ou de frases criadas de
forma forçosa que comumente se denomina como linguagem de cartilha, por exemplo Eva viu a uva, o boi baba, a ave
voa, dentre outros.
Etapas do método
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Prática da Educação Cristã
Etapa de Investigação: busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais significativos da vida
do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive.
Etapa de Tematização: momento da tomada de consciência do mundo, através da análise dos significados
sociais dos temas e palavras.
Etapa de Problematização: etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e a
crítica do mundo, para uma postura conscientizada.
O método
As palavras geradoras: o processo proposto por Paulo Freire inicia-se pelo levantamento do universo vocabular
dos alunos. Através de conversas informais, o educador observa os vocábulos mais usados pelos alunos e a comunidade,
e assim seleciona as palavras que servirão de base para as lições. A quantidade de palavras geradoras pode variar entre
18 a 23 palavras, aproximadamente. Depois de composto o universo das palavras geradoras, apresenta-se elas em
cartazes com imagens. Então, nos círculos de cultura inicia-se uma discussão para significá-las na realidade daquela
turma.
A silabação: uma vez identificadas, cada palavra geradora passa a ser estudada através da divisão silábica,
semelhantemente ao método tradicional. Cada sílaba se desdobra em sua respectiva família silábica, com a mudança da
vogal. (i.e., BA-BE-BI-BO-BU)
As palavras novas: o passo seguinte é a formação de palavras novas. Usando as famílias silábicas agora
conhecidas, o grupo forma palavras novas.
1ª fase: Levantamento do universo vocabular do grupo. Nessa fase ocorrem as interações de aproximação e
conhecimento mútuo, bem como a anotação das palavras da linguagem dos membros do grupo, respeitando seu
linguajar típico.
2ª fase: Escolha das palavras selecionadas, seguindo os critérios de riqueza fonética, dificuldades fonéticas -
numa seqüência gradativa das mais simples para as mais complexas, do comprometimento pragmático da palavra na
realidade social, cultural, política do grupo e/ou sua comunidade.
3ª fase: Criação de situações existenciais características do grupo. Tratam-se de situações inseridas na realidade
local, que devem ser discutidas com o intuito de abrir perspectivas para a análise crítica consciente de problemas locais,
regionais e nacionais.
4ª fase: Criação das fichas-roteiro que funcionam como roteiro para os debates, as quais deverão servir como
subsídios, sem no entanto seguir uma prescrição rígida.
5ª fase: Criação de fichas de palavras para a decomposição das famílias fonéticas correspondentes às palavras
geradoras.
I Pe. 1:13 – "Portanto, estejam com a mente pronta para agir, sejam sóbrios e coloquem toda esperança na
graça que lhes será dada quando Jesus Cristo será revelado"
Transformar o País é um tema atrativo, para mim particularmente, e creio que para todos presentes, pois a
grande maioria dos brasileiros estamos ávidos por mudanças.
A palavra transformação é bastante pretensiosa, implica quebra de paradigmas, mudanças profundas na forma
de pensar, ser e fazer. Contudo, mudanças profundas são difíceis de acontecer, exigem um preço elevado.
Mesmo no ambiente das grandes empresas, fortemente movido a interesses financeiros, mudanças
significativas são difíceis de acontecer. Apenas pequena fração das iniciativas nas grandes empresas chegam a ser bem
sucedidas.
As 3 principais razões pelas quais não acontecem são: falta de um senso compatível de urgência, falta de visão
e falta de uma liderança coesa.
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Prática da Educação Cristã
Falando de um país enorme, que carece de reformas profundas, precisamos então focar em:
Precisamos como cristãos entender a realidade ideológica e espiritual, como causas, e não focar em
conseqüências.
Deus nos fez para conhecê-lo, para ter comunhão com Ele, para aprender sobre a Sua criação e trabalhar com
Ele de maneira a manifestar sua glória através de uma vida que tem a Sua imagem. A obra do diabo foi questionar a
bondade de Deus e opor-se ao Seu propósito.
A obra de Jesus foi essencialmente manifestar o amor supremo de Deus, pagando com sua própria vida o preço
de viver a vontade perfeita do Pai e assim condenar o diabo em sua rebelião.
Deus é criativo, inteligível e todo-poderoso, e tudo que ele faz é bom. Jesus é o poder de Deus e a sabedoria de
Deus manifesta entre os homens, o caráter e o amor do Pai traduzidos numa expressão humana. A Palavra de Deus é o
seu currículo para o homem e o Espírito Santo é o grande tutor.
Jesus veio trazer o Reino de Deus ao mundo, que é caracterizado por justiça, paz e alegria verdadeira.
Ou seja, a visão da situação transformada que devemos ter é o Reino de Deus manifesto em todas as áreas da
vida e da sociedade. Em termos práticos: leis justas, famílias unidas, políticos e empresários atuantes para o bem da
comunidade, profissionais honestos, fome zero, violência zero, e por aí vai.
Porém como podemos fazer acontecer? Aqui entra a educação - treinar, iluminar o entendimento, adestrar
comportamento, desenvolver habilidades, para que o indivíduo seja apto a realizar todo potencial de sua vida.
Essa missão Deus concedeu aos pais em relação aos filhos, aos profetas e sacerdotes em relação à nação de
Israel e depois à igreja quando foi comissionada a fazer discípulos de todas as nações. Estamos falando de educação
como compromisso com a próxima geração, através da sabedoria da Palavra de Deus - Sal 78:5-8; II Tim. 3:16-17
Somos ensinados a não nos conformamos com este mundo, mas sermos transformados pela renovação da
mente. Somente com a mente renovada pela Palavra podemos entender e nos alegrar com Sua vontade. Rom 12:1-2
Agimos conforme nossos padrões de pensamento, que são nossos modelos mentais para trabalhar informações
e nos posicionarmos diante da vida. Desde pequenos fomos recebendo padrões de pensamento na forma como o mundo
foi interpretado para nós e como agiram sobre nossos comportamentos.
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Prática da Educação Cristã
Educar por princípios bíblicos é buscar nas verdades da Palavra de Deus a base do conhecimento e exercitar
seu aplicação de maneira a treinar a mente para pensar com uma cosmovisão cristã, dando sentido ao conhecimento.
Ensinar com uma abordagem de princípios implica buscar a fonte, entender os fundamentos, agir
consistentemente. É reconhecer padrões do caráter de Deus em todo conhecimento e procurar levar o aluno a raciocinar
com base neles, como: soberania, mordomia, governo, semeadura/ colheita, individualidade
Quando lemos que Deus nos colocou como cabeça e não como cauda, que somos sal e luz sobre a terra e que
fomos enviados para fazer discípulos de todas as nações, estamos falando de liderança. Sem liderança não há esperança,
pois não direção nem transformação.
Cumprir a grande comissão de Jesus implica discipular para formar líderes que pensem com a mente de Cristo,
entendam as causas dos problemas e tenham visão da mudança, competência e caráter cristão para fazer diferença. - - A
visão é que a filosofia educacional de uma geração se tornará a filosofia de governo da próxima – governo das mentes
expresso no governo de famílias, igrejas, estados e nações (Sal. 145:4-5). O mundo clama por líderes verdadeiros.
Há 12 anos atrás Deus deu uma visão em sonho para minha esposa, que prontamente entendi ser um chamado
envolvendo nossa família. Investir na educação cristã. A partir daí começamos uma pequena escola com um punhado de
famílias, o Centro Renovo de Educação, logo conhecemos a escola da igreja da Lagoinha e a Cida Mattar, e
Hoje temos a AECEP, como instituição que reúne mais de 80 escolas por 16 estados do Brasil com essa visão
de EP. Foi plano de Deus para abençoar o Brasil e nós simplesmente temos procurado obedecer com nossas limitações.
Vivemos tempos de grande confusão e conflitos de idéias. Mais do que nunca é essencial investir em educação
com uma filosofia cristã, para viver e manifestar o Reino de Deus.
Pastores
- Promovem consciência e convicção bíblica sobre a importância da educação e a responsabilidade dos pais.
- Valorizam os professores e educadores cristãos em sua igreja, asseguram cobertura espiritual e apóiam seu
desenvolvimento.
- Apoiam a identificação de escolas cristãs na região para avaliar se podem atender necessidades das famílias
interessadas ou se devem pensar em formar uma escola.
- Revisam sua filosofia e posicionamento para assegurar que são bíblicos, incluindo avaliação honesta dos
resultados na vida dos alunos
- Buscam aliança com os pais, apoio dos pastores e eventualmente de empresários para adequarem sua
estrutura organizacional e pessoal para coerência com o posicionamento
- Procuram relacionar-se com outros líderes de escolas cristãs para apoiarem-se mutuamente, planejarem
estrategicamente e se desenvolverem em suas práticas.
Liderança evangélica
- Estabelece um pacto sobre os fundamentos de uma visão educacional cristã e objetivos estratégicos esperados
- Investe no apoio a iniciativas consistentes para abertura de escolas cristãs, realização de cursos de
aperfeiçoamento em educação cristã e na publicação de material didático e pára-didático, através de instituições
reconhecidas
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Prática da Educação Cristã
Instituições missionárias
- Estruturam programas de preparação de evangelistas professores para regiões carentes do Brasil e patrocinam
a formação de escolas junto a essas comunidades
- Buscam enxergar sua vocação sob a perspectiva da estratégia do Reino de Deus e conhecer a educação
segundo uma filosofia bíblica
- Procuram relacionar-se com educadores cristãos compromissados e discernir oportunidades para envolver-se
mais diretamente com educação cristã formal, com apoio de sua igreja.
EVANGELIZAÇÃO DE JOVENS
"A juventude ocupa um lugar muito especial na evangelização porque são as novas gerações que também
querem conhecer Jesus Cristo, e se colocar à disposição d’Ele", afirmou o Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro
Serão as novas gerações que logo mais estarão com a responsabilidade da Igreja e da sociedade nas suas mãos,
de modo que precisam ser bem preparadas, e a Igreja precisa dar condições a elas para que possam se encontrar com
Jesus Cristo, com sua proposta no Seu Evangelho.
A Igreja deve elaborar propostas pastorais: "Nós estivemos na semana que passou nos ocupando com o 'ver'
sobre a realidade latino-americana e sobre a Igreja na América Latina, as várias questões, situações. E é claro, não é
preciso falar que há muitos problemas e desafios. Isso que estamos, justamente, querendo ver, mas, há muita coisa
bonita, muita graça de Deus também, muitas coisas que oferecem muita esperança. Entramos na fase de elaboração de
propostas pastorais, para que possamos fazer frente às necessidades que estão aí. E uma das grandes questões é a
evangelização da juventude".
"Primeiramente dar a eles condições de sentirem o gosto, a alegria de serem cristãos, do encontro com Deus, a
alegria de pertencerem à Igreja, de conhecerem bem os fundamentos da própria fé e, por outro lado, de colocarem o
dinamismo, a alegria, a esperança deles também a serviço da missão da Igreja, que naturalmente, é um serviço de vida
da Igreja, mas é também um serviço do mundo", ressaltou.
"Ajudar os jovens. Estimulá-los para se colocarem à disposição do mundo, do crescimento e da superação das
situações complicadas do mundo, seus dons, sua alegria e a sua fé", concluiu Dom Odilo, afirmando que esta é uma
grande preocupação da V Conferência em relação aos jovens.
De 9 a 17 de maio, em Itaici - SP, acontecerá a 44.ª Assembléia Geral da CNBB – Conferência Geral
dos Bispos do Brasil. Entre os temas importantes que estão na pauta, os bispos darão prioridade à
―Evangelização da Juventude‖, tema central da Assembléia. A importância da escolha traz muita alegria a
todos e todas que se dedicam à formação da juventude. Nós, da Equipe do jornal Missão Jovem, também nos
alegramos, pois, há 20 anos, estamos nos esforçando em produzir subsídios que ajudem as pessoas que se
dedicam a esta nobre, mas não fácil, missão.
NÃO É DE HOJE!
Em 1979, na cidade de Puebla, México, aconteceu a 3.ª Conferência Geral do Episcopado Latino-
Americano.
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Prática da Educação Cristã
- opção preferencial pelos pobres e pelos jovens. No entanto, embora haja tido muitas e louváveis
iniciativas a serviço da juventude, nestes 27 anos após Puebla, temos a impressão de que foram iniciativas
isoladas e sem um grande respaldo ou empenho por parte da Igreja como um todo.
A este propósito, Dom Odilo Pedro Scherer, num artigo no Jornal O Lutador, assim afirma:
- ―A opção preferencial pelos pobres foi até assumida amplamente e passou a marcar a ação e a vida
da Igreja no Brasil. Mas a opção preferencial pelos jovens, em grande parte, ficou nas boas intenções e não
saiu do papel‖.
TAREFA NOSSA!
Ao iniciarmos qualquer serviço em favor da juventude, surge a pergunta: ―Por onde começar?‖.
O mundo dos jovens carrega problemáticas tão complexas e difíceis, cuja solução freqüentemente
somos tentados de passar para os profissionais e lavar nossas mãos. Tudo isso tem suas conseqüências e nos
carrega as responsabilidades de uma juventude cada vez mais afastada de nossas comunidades, sem uma
Enquanto decidimos que prioridades e atitudes implementar, a juventude não espera de braços
cruzados. No Brasil há centenas de iniciativas juvenis que renovam e dão vigor a muitas comunidades. Há
movimentos que, com seus acertos e fracassos, lances cheios de conteúdos e originalidade, às vezes
aplaudidos e outras vezes criticados, vão em frente fascinando um número considerável de adolescentes e
jovens. Entre eles podemos citar os jovens Focolares, Movimento Carismático, Comunidade de Sant’Egídio,
Comunidade Shalom, etc. Este sucesso vem, sem dúvida, de intuições profundas e de propostas que
motivaram os interesses mais profundos dos jovens. Mas há centenas de outros movimentos e grupos que
vem conseguindo um sucesso considerável.
É a ala jovem dos devotos do Coração de Jesus. O jovem Leonardo Nunes Reis, do Rio de Janeiro,
que coordena um desses grupos, nos deu seu testemunho sobre o valor do movimento. O MEJ, afirma:
―amadurece os jovens na fé e no entendimento da missão. Os jovens do MEJ se comprometem com os
trabalhos da Igreja e agem de forma diferente na vida‖.
• Uma hora de oração por dia. Motivados pela mensagem do Papa João Paulo II para serem os
―Santos do Novo Milênio‖, os jovens de Mirassol do Oeste, MT, assumiram o compromisso de rezarem 1
hora por diae, juntos, as terças e quintas-feiras, das 6h as 6h30, rezam a liturgia das horas e refletem a
Palavra de Deus.
Seu pároco, Pe. Anselmo Mandrile, testemunha: ―Impressiona a responsabilidade dos jovens que
logo cedo, antes do trabalho ou da escola, se encontram para rezar‖.
• Fala Guri - Com o apoio da comunidade, a Pastoral da Juventude da Paróquia São Cristóvão criou
o projeto ―Fala Guri‖. Seu objetivo é promover a cidadania em todas as comunidades da paróquia. Dentre
suas atividades, destaca-se o cinema nas comunidades através de um data show.
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Prática da Educação Cristã
• Movimento Emaús - O Emaús é um movimento de Comunidades Missionárias para jovens. Sua
finalidade é propiciar cursos para jovens, onde eles possam refletir sobre o valor da vida, da Igreja e realizar
uma vivência cristã em comunidade à luz da Palavra de Deus. Após um primeiro anúncio (Kerigma),
completa-se a formação através de uma catequese fundamentada na doutrina (o ―Credo‖) e na Teologia dos
Sacramentos.
Com certeza, a Assembléia dos bispos trará boas propostas para uma nova evangelização dos jovens.
Contudo, queremos oferecer-lhes algumas idéias que poderão iluminar o esforço dos nossos pastores que
querem ver o bem da juventude dentro e fora da Igreja. Andar com eles - A dispersão da juventude não
estaria relacionado a falta de uma figura significativa ao lado deles em momentos decisivos? Ser pai, a
exemplo de Deus, significa saber amar o jovem que passa aonosso lado, tendo-o no coração e amando-o
mesmo quando assume atitudes de rebeldia e se afasta da Igreja. Unir as forças - Para que a ação da Igreja
tenha mais força e obtenha maiores resultados, deve-se buscar, e com muita determinação, uma maior
unidade entre PJ, movimentos e outras expressões que se ocupam da juventude.
É este um refrão que já cansamos de ouvir, mas que só acontecerá quando nos convencermos
―Ide pelo mundo inteiro, pregai o Evangelho a todos os povos...‖. O testemunho dos missionários e
dos que exercem o voluntariado, é uma das maiores alavancas para motivar e entusiasmar os jovens de todas
as épocas. Rezemos para que as decisões da assembléia dos bispos tragam propostas convincentes e claras,
como também um forte incentivo para que todos e todas que tiverem responsabilidades na educação e
evangelização dos jovens, assumam realmente, e com renovada coragem, o compromisso de levar a frente
esta missão.
PARA REFLETIR
1.º Como podemos fazer acontecer a opção preferencial pelos jovens em nossas comunidades?
3.º Como divulgar na paróquia ou na escola as soluções encontradas pelos bispos na 44.ª
Assembléia?
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Prática da Educação Cristã
BIBLIOGRAFIA
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junto aos jovens do meio popular. São Paulo: Paulinas, 1984.
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Casa Publicadora Brasileira, 1994.
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