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Farmacologia do Sistema Nervoso

Autônomo

Prof. Dr. Everton Tenório de Souza


Farmacologia do SNA

INTRODUÇÃO Sistema
Nervoso

Sistema Nervoso Sistema Nervoso


Periférico (SNP) Central (SNC)

Eferente Aferente Medula


Encéfalo
Espinhal

Sistema Sistema Consciência


Nervoso Nervoso da função motora
(voluntário)
Autônomo Somático

Visceral,
vegetativo ou
Parassimpático Simpático Entérico Inerva a região do involutário
TGI, pâncreas e
vesícula biliar
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INTRODUÇÃO

• Os nervos do Sistema Nervoso Periférico autônomo possuem dois tipos de


neurônios:

• I - Pré-ganglionar (corpo celular dentro do SNC)


• II - Pós-ganglionar (corpo celular dentro de gânglios)

Órgão
Gânglio efetor
SNC

Neurônio Neurônio
pré-ganglionar pós-ganglionar
Farmacologia do SNA

INTRODUÇÃO - DIVISÃO

Função e Divisão anatômica

Simpático
tóraco - lombar
Pré – curta
Pós - longa

Parassimpático
crânio - sacral
Pré – longa
Pós - curta
Farmacologia do SNA

INTRODUÇÃO – ASPECTOS FUNCIONAIS

Simpático
Parassimpático

- Adrenérgico (NE)
- Colinérgico (ACh)
- Catabólico
- Anabólico
- Sistema de desgaste
- Sistema de conservação
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INTRODUÇÃO – ASPECTOS FUNCIONAIS

AÇÕES dos SN SIMPÁTICO SN PARASSIMPÁTICO


Ações OPOSTAS

Midríase Miose

 Frequência Cardíaca ↓ Frequência Cardíaca


 Contratilidade ↓ Contratilidade

Ações SEMELHANTES ou SINÉRGICAS

Glândula salivar (+) secreção (+) secreção

Órgãos sexuais (+) ejaculação (+) ereção


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ORGANIZAÇÃO GERAL DO SNA


Farmacologia do SNA

ORGANIZAÇÃO GERAL DO SNA

EXCEÇÃO
Farmacologia do SNA

SISTEMA COLINÉRGICO
• Origem nos nervos cranianos e sacrais;
• Principal - Vago (X)
• Todos neurônios parassimpáticos pré e pós-sinápticos
secretam Ach.
Doença de Alzheimer
Farmacologia do SNA

NEUROTRANSMISSÃO COLINÉRGICA
• VAT – Transportador Associado à Vesícula
• VAMPs – Proteínas de Membrana Ca+2 Receptor
Despolarização 7.
membrana Associadas à Vesícula Muscarínico

Na+
6.

Neurônio pós-sináptico
5.
ACh 8.
7.
AChE
4.
Potencial 1.
Ação Acetil CoA Acetilcolina
+ (éster)
2. Colina

VAMps 
3. β
H+ 
ACh Acetato
Transportador Receptor
membrana VAT Colina Nicotínico
Na+ Colina 7.
Neurônio pré-sináptico
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RECEPTORES COLINÉRGICOS
Amanita muscaria
Nicotínicos (ionotrópicos) – Nm e Nn
Terminação nervosa sensorial
Muscarínicos (metabotrópicos)
Medula Adrenal
Glângios autonômicos – neurônio pós-ganglionar M1 M2 M3 M4 M5

Junção Neuromuscular Caracterizados funcionalmente


esquelética
Ativação de Gq PGi
- N1 (neuronais – Nn): gânglios autonômicos
- N2 (musculares – Nm): placa motora
PLC/PIP2 Inibição da AC
❑ Receptores Muscarínicos
❑ M1 – gânglios, células gástricas parietais
Gera DAG e IP3 ↓ AMPc
❑ M2 – SNC, Coração, músculo liso ↓ Ca2+
↑ cond. K+
❑ M3 – SNC, musculatura lisa (endotélio vascular, TGU, TGI, Ativa canais de Ca2+
brônquica), glândulas exócrinas (influxo de Ca2+)
Hiperpolarização
❑ M4 – SNC (?) Inibição neural
Ativa PKC (mbn)
❑ M5 – SNC Influxo de Ca2+
Inibição cardíaca
(↓ ritmo cardíaco)
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RECEPTORES COLINÉRGICOS

• MUSCARÍNICOS (Metabotrópicos)
- M1 (Gq): gânglios autonômicos e células parietais do estômago
- Excitação (lenta) dos gânglios, das células parietais estômago e SNC;

- M2 (Gi): coração
- Efeito inotrópico e cronotrópico (-) → ↓PA (bradicardia);

- M3 (Gq): musculatura lisa (endotélio vascular, TGU, TGI, brônquica)


- Broncoconstrição;
- Contração da musculatura do TGI e TGU/ Relaxamento dos esfíncteres;
- ↑Secreções exócrinas (sebáceas, sudoríparas, lacrimais, salivares, TGI)
- Vasodilatação*

- M4 (Gi): SNC (?)

- M5 (Gq): substância negra, glândulas salivares, íris/músculo ciliar (?)


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DIVISÃO DA FARMACOLOGIA COLINÉRGICA

✓ Atuam em receptores muscarínicos:


▪ Agonistas Muscarínicos
▪ Antagonistas Muscarínicos

✓ Intensificam a transmissão colinérgica:


▪ Inibidores da AChE
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DIVISÃO DA FARMACOLOGIA COLINÉRGICA


- ACh
• AGONISTAS COLINÉRGICOS ou MUSCARÍNICOS - METACOLINA
- CARBACOL
Mimetizam os efeitos parassimpáticos da ACh nos receptores - BETANECOL
- MUSCARINA
colinérgicos - PILOCARPINA

AÇÃO DIRETA

Ocupam e ativam receptores muscarínicos

AÇÃO INDIRETA

- Inibem a ação da AChE Derivados ésteres

- Aumentam os níveis de ACh e potencializam


seu efeito na fenda
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AGONISTAS COLINÉRGICOS - AÇÃO DIRETA EFEITOS ADVERSOS

• EFEITOS DOS AGONISTAS MUSCARÍNICOS

↓ Frequência cardíaca (cronotropismo negativo), ↓ DC, vasodilatação,


↓PA  Antihipertensivos

Contração e ↑ peristaltismo Glândulas


↑ secreção salivar (xerostomia),
lacrimal, sudorípara e brônquica
Músculo
Contração brônquios
Liso

Contração músculo ciliar


(tratamento glaucoma) - PILOCARPINA
Contração
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AGONISTAS COLINÉRGICOS - AÇÃO DIRETA

• PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS DOS ÉSTERES DE COLINA


Ações farmacológicas
Sensibilidade a Antagonismo
FÁRMACO Nicotínica Muscarínica
AChE (efeito da Atropina
indesejável em Coração GI Bexiga
alguns casos) Olho
(M2) (M3) (M3)
Ach +++ ++ ++ ++ ++ + +++
Metacolina + + +++ ++ ++ + +++
Carbacol - +++ + +++ +++ ++ +
Betanecol - - +/- +++ +++ ++ +++
ACh não tem importância terapêutica devido a rápida inativação
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AGONISTAS COLINÉRGICOS - AÇÃO DIRETA


• USOS TERAPÊUTICOS DOS AGONISTAS COLINÉRGICOS

Xerostomia

Glaucoma

xerostomia e falta
de lágrima
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AGONISTAS COLINÉRGICOS - AÇÃO DIRETA

• USOS CLÍNICOS – HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA

músculo
detrusor
bexiga

bexiga

uretra

próstata M3

esfíncter
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AGONISTAS COLINÉRGICOS - AÇÃO DIRETA

• USOS CLÍNICOS – GLAUCOMA

Carbacol: O início da ação miótica é de


10 a 20 min. A pressão intraocular fica
Câmara
anterior reduzida por 4 a 8h.

Carbacol: poucos ou nenhum efeito adverso devido


a sua escassa penetrabilidade sistêmica.

Câmara Produz
posterior humor aquoso

• USOS TESTE DIAGNÓSTICO

METACOLINA  contração brônquio (M3) → hiperreatividade brônquica


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AGONISTAS COLINÉRGICOS - AÇÃO DIRETA

• REAÇÕES ADVERSAS

Efeito Principal receptor


envolvido
Rubor, sudorese, salivação M3
Broncoconstrição M3
Hipotensão M2
Cólicas abdominais M3
Secreção ácida gástrica M1
Sensação aperto bexiga M3
Dificuldade acomodação visual M3
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AGONISTAS COLINÉRGICOS - AÇÃO DIRETA

• CONTRA INDICAÇÕES

- Asma;
- Doenças ácido-pépticas;
- Hipotensão (reduz fluxo sanguíneo);
- Insuficiência coronariana.
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AGONISTAS COLINÉRGICOS - AÇÃO INDIRETA

Não agem diretamente no receptor, mas aumenta concentração de Ach


inibindo a AChE
ANTICOLINESTERÁSICOS

Neurônio
pré-sináptico Localização das colinesterases

Acetilcolinesterase Butirilcolinesterase
(AChE) (BChE)
Distribuição - LCR Plasma e tecidos
- Junção neuromuscular (fígado, pele, cérebro,
das sinapses musculatura lisa e
Fenda sinática colinérgicas gastrointestinal)
Função - Regulação da [ACh] Inativação de
principal livre nas terminações substâncias parecidas
Neurônio colinérgicas com ACh no plasma
pós-sináptico
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AGONISTAS COLINÉRGICOS - AÇÃO INDIRETA


Fisostigmina  1º anticolinesterásico descoberto

Classificação dos anticolinesterásicos

Em comum: AUMENTO das concentrações de ACh Inibidores irreversíveis


Diferentes: Duração da ação
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CLASSIFICAÇÃO DOS ANTICOLINESTERÁSICOS

❑ Anticolinesterásicos de ação curta


* Edrofônio (álcool)
- Liga-se ao sítio aniônico da enzima (ligação fraca) - reversível
- Utilizada com finalidade diagnóstica: melhora a força muscular na Miastenia gravis
❑ Anticolinesterásicos de duração média
* Neostigmina, piridostigmina e fisostigmina (carbamatos)
❑ Anticolinesterásicos irreversíveis
* Compostos de fósforo pentavalente (organofosforados) – ecotiofato,
isoflurofato

Mecanismo de ação
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ANÁLOGOS DA FISOSTIGMINA

Reativação da AChE

Contração Muscular
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ORGANOFOSFORADOS

• CARACTERÍSTICAS
- Líquidos lipossolúveis; • TRATAMENTO DA INTOXICAÇÃO
- Absorção rápida e eficaz;
- Irreversíveis. - 1º PRALIDOXIMA (Contrathion®) – reativador enzimático;
400mg em 20mL (1mL/min)

• SINAIS E SINTOMAS DA INTOXICAÇÃO - 2º ATROPINA – impedir os efeitos colinérgicos da Ach;


2-4mg, IV, 5-10 min até 200mg/dia.
- Miose acentuada; - Fasciculações;
- Broncoconstrição; - Convulsão; - 3º DIAZEPAM – convulsão;
- Hipotensão; - Paralisia;
- 4º ASSISTÊNCIA VENTILATÓRIA.
- Visão borrada (longe); - Cólicas e vômitos;
- Depressão respiratória; - ↑Secreções;
- Confusão; - Coma.
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PRALIDOXIMA – ANTÍDOTO PARA ORGANOFOSFORADOS

Pralidoxima - Reativa a enzima que está ligada ao organofosforado

Pralidoxima

Organofosforado

Sítio aniônico AChE


Sítio esterásico

SÓ é possível quando a ligação do organofosforado com a AChE ainda não é


estável, ainda está sendo formada.
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USO CLÍNICO: INIBIDORES DA AChE


TGI: ↑ motilidade no íleo
paralítico (pós-operatório)
Olho: miose (contração do esfíncter), ou atonia da bexiga
bloqueia a acomodação (contração do
músculo ciliar)
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USO CLÍNICO: INIBIDORES DA AChE


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USO CLÍNICO: INIBIDORES DA AChE

Agonistas colinérgicos: pilocarpina e carbacol


Anticolinesterásicos: fisostigmina e demecário
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USO CLÍNICO: INIBIDORES DA AChE


Miastenia gravis

Ptose palpebral
Disfunção neuromuscular: fraqueza e fadiga musculares esquelética (não
consegue manter contrações musculares prolongadas).

Os níveis de ACh são suficientes, mas a quantidade de receptores livres não são suficientes e dessa
forma não há ligação da ACh com seu receptor favorecendo o relaxamento e não há contração
muscular.
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MODERNOS INIBIDORES DA AChE no TRATAMENTO DAS DEMÊNCIAS

Doença de Alzheimer Deficiência de neurônios colinérgicos no SNC

- Tacrina (não está mais em uso tox. Hepática);


- Donepezila;
Retardarem o avanço da doença, nenhum
- Rivastigmina; evita sua progressão
- Galantamina.
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TOXICIDADE E TRATAMENTO COM INIBIDORES DA AChE

• REAÇÕES ADVERSAS

- Salivação (muscarínico)
- Lacrimejamento (muscarínico)
- Urina (muscarínico)
- Diarreia (muscarínico)
- Emese (muscarínico) Não reverte a toxicidade dos inibidores
- Bradicardia (muscarínico) reversíveis de AchE (ex.: fisostigmina)
- Hipertensão/hipotensão (muscarínico)

• TRATAMENTO

Antagonistas muscarínicos (atropina), reativador da AChE (pralidoxima) e


ventilação mecânica
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ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS

Atropa belladona Scopolia carniolica

Alcaloides naturais Atropina Escopolamina (hioscina)

Semi-sintéticos Homatropina Br N-butilescopolamina

Sintéticos Ipratrópio Tiotrópio, Oxitrópio

Atividade central e periférica


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ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS

Fármacos que conseguem se ligar, mas não proporcionam nenhum efeito, nenhuma
atividade. Bloqueiam a ação do receptor muscarínico.

EFEITOS EFEITOS ADVERSOS

Broncodilatação Midríase
↑PA (taquicardia)
↓secreções

Relaxamento Excitação,
↓tônus, secreções e irritabilidade e
esvaziamento alucinações
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USOS CLÍNICOS - ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS


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USOS CLÍNICOS - ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS - NATURAIS

• MUSCARÍNICOS (3ários) – ESCOPOLAMINA ou HYOSCINA

- Usos semelhantes a Atropina → cinetose, endoscopia,


cólicas abdominais, radiologia TGI;
- Efeitos depressores no SNC;

Brugmansia suaveolens
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USOS CLÍNICOS - ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS – SEMI-SINTÉTICOS

• MUSCARÍNICOS (4ários)

A) OFTALMOLOGIA
- Produzem midríase e ciclopegia.
Ex.: TROPICAMIDA (Mydriacyl®) – ação curta
CICLOPENTOLATO (Ciclopégico®) – ação prolongada

B) DOENÇA DE PARKINSON ou PARKINSON FARMACOLÓGICO


- Evitam os efeitos extrapiramidais (colinérgicos)
Ex.: BIPERIDENO (Akineton®)
TRIHEXFENIDIL (Artane®)
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USOS CLÍNICOS - ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS – SEMI-SINTÉTICOS

• MUSCARÍNICOS (4ários)

C) PNEUMOLOGIA
- Broncodilatação e ↓mediadores inflamatórios.
Ex.: IPRATRÓPIO (Atrovent®, Duovent®)
METILNITRATO DE HOMATROPINA (Belacodid®) - antitussígeno

D) ANTIESPASMÓDICO
- Relaxamento musculatura TGI.
Ex.: METILNITRATO DE HOMATROPINA (Espasmo Flatol®)
ADIFENINA (Lisador®)
PIPERIDOLATO
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EFEITOS ADVERSOS - ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS

- Boca seca – inibe secreção


- Taquicardia – simpático ativado
- Visão borrada
- Dificuldade micção – bloqueia os
receptores que contraem bexiga
- Diminuição motilidade TGI

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