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NUTRIENTES IMUNOMODULADORES E SUAS Prof.

Cristina Fajardo Diestel


APLICAÇÕES cristinadiestel@nutmed.com.br

INTRODUÇÃO  Nas funções dos macrófagos, ação dos linfócitos


T e na produção de IL-1;
Os nutrientes farmacológicos são caracterizados  No timo – deficiência das células T;
não só por prevenirem e/ou corrigirem deficiências  Nas células T auxiliares e aumento nas T
nutricionais, mas também por produzirem efeitos supressoras;
farmacológicos. (Chemin)  Do epitélio intestinal.

As recomendações diárias diferem das usuais, de A deficiência de piridoxina, ácido pantotênico, ácido
forma que os objetivos nutricionais e farmacológicos sejam glutâmico bem como as demais vitaminas do complexo B
atingidos. As pesquisas põem em evidência alguns acarreta na supressão da formação de anticorpos. Há
nutrientes, como: (Chemin) concordância que a desnutrição grave resulta em prejuízos
tanto nas respostas imunológicas mediadas pelas células
 Proteínas: arginina, glutamina, aminoácidos como nas humorais.
ramificados e ácidos nucléicos;
 Lipídeos: gorduras da série ômega-3 e 6,
triacilgliceróis de cadeia curta;
 Vitaminas A, C, E e os elementos-traço zinco e
selênio.

Apesar disso, os nutrientes terapêuticos mais


comumente utilizados são os ácidos graxos ômega 3,
(EPA, DHA), antioxidantes, glutamina, arginina e
nucleotídeos. (Dan, 2009)

Esses nutrientes através da terapia nutricional


parecem atuar farmacologicamente tanto na gênese como
no tratamento clínico de algumas situações clínicas, de
forma a: (Chemin)
 Potencializar ou minimizar a produção de radicais
livres;
 Corrigir o perfil aminoacídico em doenças como
as hepáticas e no trauma;
 Modular a resposta inflamatória no câncer,
doenças auto-imunes e nos transplantes;
 Auxiliar na manutenção da integridade da mucosa
intestinal e consequentemente prevenir a sepse
de origem intestinal.

Os nutrientes imunomoduladores atuam na resposta


imunológica, estimulando-a ou suprimindo-a, dependendo
da quantidade ingerida e/ou administrada desses
nutrientes. Entretanto, a imunosupressão é de origem
multifatorial, e diversas situações como desnutrição,
infecção, cirurgias, tumores e etc promovem NUTRIENTES IMUNOMODULADORES
imunosupressão. (Chemin)
A imunossupressão é multifatorial, sendo a
A maioria dos estudos com terapia nutricional desnutrição um dos fatores. A reversão da
imunomoduladora é heterogênea, mas mesmo assim imunossupressão pode ocorrer com a melhora do estado
evidenciou benefícios claros em termos de redução do nutricional, geralmente às custas de dietas hipercalóricas e
tratamento intensivo e do tempo de internação hospitalar, hiperprotéicas. (Chemin)
diminuição de antibióticos e redução da freqüência de
infecções. Os resultados tendem a ser positivos em O fornecimento de calorias não protéicas em
pacientes cirúrgicos, pacientes de UTI e clínicos. (Dan, quantidades suficientes, em geral 35 a 55 kcal/kg de peso
2009) atual/dia e proteínas de 1,5 a 2g/kg de peso atual/dia
tem sido suficientes para reverter a imunocompetência
ESTADO NUTRICIONAL E RESPOSTA IMUNOLÓGICA causada pela desnutrição. Porém, na prática clínica nem
(Chemin) sempre correção da deficiência nutricional é suficiente para
reverter o quadro de imunossupressão. Tem sido proposto
O estado nutricional pode influenciar na resposta também o uso de nutrientes de ação farmacológica para
imunológica. A deficiência protéica por si só pode acarretar auxiliar na resposta imunológica. (Chemin)
na redução:
1 – GLUTAMINA
 Na formação de anticorpos;
 Na responsividade das células T, na mitogênese - aminoácido condicionalmente essencial – torna-se
e identificação de antígenos específicos; essencial em situações de estresse (hipercatabolismo,
 Na resposta do Teste de hipersensibilidade tardia; câncer, politraumatismos, queimaduras) devido a sua
grande utilização.
1
No estresse prolongado, o intestino exige maiores  Preferencialmente infundir a glutamina em bollus;
quantidades deste aa, que não conseguem ser atendidas,  Atenção, pois dietas enterais com glutamina
acarretando queda de substrato energético e morte das possuem uma vida útil menor.
células intestinais. A falência da barreira intestinal então
favorece a translocação bacteriana, quem tem sido Doses recomendadas: (Chemin)
considerada a causa número 1 de infecções hospitalares. Suplementação com finalidade imunoestimulante, tem
No jejum digestivo alterações semelhantes são sido recomendada:
observadas. (Chemin)  Adultos: 0,2 a 0,57g/kg peso atual/dia
 Crianças: 0,5g/kg peso atual
- aminoácido mais abundante no organismo (60% dos Em 24h as quantidades indicadas variam entre 12 e 40g
aminoácidos intracelulares) de glutamina/dia.
- combustível primário para muitas células de replicação ATENÇÃO: Para pacientes com problemas renais e/ou
rápida – mucosa do intestino, linfócitos e macrófagos hepáticos a suplementação não deve ultrapassar 15g/dia
- age mantendo o equilíbrio ácido-básico, é precursora de (Recomendação somente para ADULTOS)
amônia urinária e também de nucletídeos, arginina,
glutationa (substrato para síntese da enzima antioxidante 2 – ARGININA
glutationa peroxidase) e glicosamina.
- estimula e regula a síntese protéica, colaborando para a - aminoácido condicionalmente essencial – tem um papel
retenção nitrogenada; importante no metabolismo intermediário de pacientes
- pode fornecer esqueleto de carbono para a críticos,
gliconeogênese e é substrato básico para a - suas fontes alimentares são: carnes em geral,
gliconeogênese renal. leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, soja e grão-de-bico),
oleaginosas (nozes, castanha e amendoim) e chocolate;
Suplementação: (Dan, 2009 e Cuppari 2014) (Chemin)
- a L-arginina está disponível ao hospedeiro por síntese
- a maior parte da glutamina administrada por via enteral, endógena (por conversão da citrulina no rim), por
estimada em 70-80%, é metabolizada nas vísceras, com decomposição de proteínas e a partir de fontes alimentares
apenas uma fração dela chegando a circulação sistêmica. (a dieta contribui com 20-25% do suprimento total de
Alguns estudos optam por fazer glutamina parenteral, arginina).
porém existe efetividade de sua suplementação por via - a ingestão normal de arginina para uma dieta ocidental
enteral. está entre 5 e 7 g ao dia, enquanto a produção endógena é
- Vantagens da suplementação: estimada como sendo 15 a 20 g.
- parece ajudar a manter a espessura da mucosa
do TGI - Funções:
- manter o conteúdo de DNA e de proteínas - intermediário proeminente na síntese de
- reduzir a bacteremia e a mortalidade após a poliaminas (crescimento e proliferação celular)
quimioterapia e após a sepse e a endotoxemia. - participa na síntese de prolina (consolidação de
- aumenta a síntese de glutationa, o principal feridas e síntese de colágeno)
antioxidante produzido endogenamente - é o único substrato biossintético para a produção
- expressão induzida de proteínas de choque de óxido nítrico
térmico (HSP) que são envolvidas na proteçõa celular - é um modulador potente da função imune
durante diversos estresses celulares. (efeitos sobre a proliferação e diferenciação dos linfócitos)
- reduz a gravidade da estomatite em pacientes - aumenta a liberação de hormônios – prolactina,
submetidos a transplante de medula óssea insulina e hormônio do crescimento, insuline growth fator 1
(IGF-1). Além de glucagon, segundo a Cuppari 2014.
Na prática, a suplementação deste aa está indicada: - favorece o balanço nitrogenado em pacientes
(Chemin e Cuppari, 2014) com câncer gastrointestinal e aumenta o número de
 Jejum digestivo – Suplementação via parenteral; linfócitos T-CD4 (Cuppari, 2014)
 Doenças inflamatórias intestinais e fases adaptativas
pós-resecções maciças; - a demanda aumentada da arginina em pacientes graves
 Hipercatabolismo: Câncer, choque, sepse, ocorre por suprarregulação da arginase produzindo uréia e
queimaduras severas; ornitina e pelo óxido nítrico induzida (iNOS) produzindo
 Transplantes, em especial, no de medula óssea; óxido nítrico e citrulina. (a suprarregulação da arginase
reduz potencialmente os níveis de ON) (Dan, 2009 e
O uso da glutamina parenteral tem se mostrado eficaz Cuppari, 2014)
na redução da translocação bacteriana como no aumento - o conceito teórico de que a arginina pode constituir um
dos níveis de Ig A. Entretanto, resultados são risco para pacientes em estado crítico se baseia
contraditórios em relação a melhora da sua absorção principalmente na percepção de que pacientes em estado
intestinal e alertam para a hepatotoxicidade desse crítico e encontram freqüentemente hemodinamicamente
aminoácido. (Chemin) instáveis, com a atividade da enzima iNOS suprarregulada.
– em conseqüência disso vai haver um aumento do óxido
Alguns cuidados devem ser tomados para não inativar nítrico à administração de arginina suplementar em
a glutamina: (Chemin) estados metabólicos de suprarregulação de iNOS. Esse
 Administrar como medicamento; aumento do ON pode induzir então vasodilatação e
 10g em 3 vezes; hipotensão, ocasionando uma instabilidade hemodinâmica
 Diluir em 30 ml de água ou em fluido isotônico; ainda maior. Isso ainda é controverso. (Dan, 2009)
 Misturar, apenas, em alimentos que não sofreram - uso de 15-30g de arginina ao dia é segura e com poucos
cocção; efeitos colaterais GI. (>30g ao dia pode causar diarréia)
 Não usar em alimentos ou bebidas quentes; (Dan, 2009)
 Nas fórmulas enterais que já possuírem, - é muito complicado determinar o nível apropriado e
suplementar apenas se não tiver atingido o seguro em pacientes críticos e hipermetabólicos, como
recomendado; colocado acima. (Dan, 2009)
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- A arginina parece ser segura e potencialmente benéfica  Enzima Óxido nítrico sintetase: A suplementação em
nas doses administradas em formulações doses favoráveis (4 a 6% do VET) permite sua ação
imunomoduladoras a muitas populações de UTI como antibacteriano e melhorando a microcirculação.
hemodinamicamente estáveis e capazes de tolerar
alimentação enteral. Isto incluiria pacientes clínicos e  Estimula o síntese protéica: Favorece a síntese de
cirúrgicos, pacientes submetidos a grandes cirurgias, proteínas de fase aguda e de enzimas para melhor
pacientes pós-infarto do miocárdio e aqueles apresentando defesa do organismo e resposta imunológica;
hipertensão pulmonar. (Dan, 2009)  Estímulo hormonal: Por estimular a secreção de
insulina parece melhorar o controle glicêmico,
Segundo a Chemin, apesar dos possíveis problemas reduzindo as taxas de complicações.
com a suplementação de arginina em paciente críticos, a
grande preocupação deve ser com a dose utilizada e deve- Doses recomendadas: (Chemin)
se ter em consideração que a situação de deficiência em  300 a 500mg/kg/dia ou;
arginina desencadeia a resposta inflamatória e imunológica  Acima de 4 a 6% do VET ou;
perniciosa ao organismo aumentando o risco de  Acima de 10 a 12g/dia tolerando até 30 a 60g/dia;
complicações infecciosas. ATENÇÃO: Cautela em pacientes com insuficiência renal e
hepática.
Benefícios da suplementação da arginina na sepse:
(Chemin)
Veja no quadro abaixo do Dan (2009), as
 Enzima Arginase: Estimulada pela suplementação de vantagens e desvantagens do uso da arginina,
arginina disponibilizando substrato para o crescimento
e diferenciação celular. Como resultado estimula a
cicatrização e diminui o risco de úlceras de pressão;

3 – NUCLEOTÍDEOS  grupos fosfato. O nucleotídeo pode então ocorrer na


forma de mono, di ou trifostato.
Os nucleotídeos estão presentes na nossa  Nucleosídeo (NS): Purina ou pirimidina ligada ao
alimentação através de boas fontes protéicas, como açúcar (pentose).
carnes e derivados, leguminosas, leite, principalmente o
materno, e outros alimentos. Sua importância está DNA e RNA
relacionada ao amadurecimento do sistema imune das
crianças e na homeostasia nos adultos. São polímeros lineares formados por quatro diferentes
nucleotídeos ligados por cadeias de 5-3 fosfodiester.
Definições: Esses nucleotídeos compõe o material genético que
 Nucleotídeo dietético: Adição de fontes pré-formadas indicam síntese protéica e controla atividades celulares. O
de purinas e/ou pirimidinas a uma dieta, que DNA serve de modelo para formação do RNA.
participarão da produção endógena de DNA e RNA; Os precursores do RNA são:
 Nucleotídeo (NT): Uma base nitrogenada (purina e/ou  ATP (adenosina trifosfato);
pirimidina) + um açúcar (pentose) + um ou mais  CTP (citosina trifosfato);

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 GTP (guanina trifosfato) e; suplementação desse nutriente em fórmulas infantis.
 UTP (uracil trifosfato). (Chemin)
Os precursores do DNA são:
 dATP (desoxirribose adenina trifosfato); Efeitos benéficos dos nucleotídeos DIETÉTICOS:
 dCTP (desoxirribose citosina trifosfato);
 dGTP (desoxirribose guanna trifosfato); Chemin
 dTTP (desoxirribose timina trifosfato).  Influencia a resposta imune e o reparo intestinal após
lesão, diarréia crônica e radiação;
Os nucleotídeos além de servirem de unidade  Aumento da atividade de células natural killer e
estrutural do DNA e RNA, participam de várias reações produção de IL-2 em bebês alimentados com fórmulas
metabólicas: contendo NT ou leite humano;
 Aumento de IgG em bebês com fórmulas infantis com
- ATP, maior substância de transferência química é uma NT;
adenina nucleotídeo,  Os NT compõem cerca de 5% do total de nitrogênio
- a adenina também está presente em coezimas como: do LH, ajudando no desenvolvimento e maturação do
nicotinamida-adenina dinucleotídeo (NAD), flavina-adenina intestino humano e sistema imune;
dinucleotídeo (FAD) e coenzima-A (CoA) - essas  Aumentam o crescimento das bifidobactérias no
coenzimas são importantes na síntese de carboidratos, intestino;
proteínas e lipídeos.
- mediadores fisiológicos: adenosina é um vasodilatador e Dan e Cuppari, 2014
ADP (adenosina difosfato) é crítica para agregação normal  melhoram a imunidade humoral mediada por células T
de plaquetas; auxiliares.
- intermediário ativo para inúmeras reações – parte de  melhoram a capacidade de dos macrófagos em matar
coenzimas envolvidas na síntese de glicogênio e as bactérias englobadas pela produção de superóxido
glicoproteínas;  aumento da espessura e do conteúdo de proteínas no
- regulação de várias vias metabólicas intestino
- combatente celular - disparando sinal intracelular de  transdução de sinais a nível do sistema de sinalização
transdução em cascata incluindo a via do AMP cíclico e purinérgico regulando a hemodinâmica em diversos
cálcio-inositol; leitos teciduais.
 Atua na recuperação de hepatócitos em pacientes
Os nucleotídeos são sintetizados com esteatose hepática ou decorrentes de outros
endogenamente, podem se tornar essenciais quando o comprometimentos hepáticos (Cuppari, 2014)
suprimento endógeno não é suficiente, porém a ausência
na dieta não leva a uma síndrome de deficiência A maioria das fórmulas enterais e parenterais são
específica. São classificados em condicionalmente desprovidas de NT. Alguns estudos utilizando fórmulas
essenciais, portanto podem tornar-se essenciais em: acrescidas de NT demonstraram: melhora da resposta
certos estágios de doenças, períodos de ingestão limitada imune e úlcera de pressão e diminuição da permanência
de nutrientes ou rápido crescimento e a presença de hospitalar. Um estudo experimental também concluiu que a
fatores de desenvolvimento ou regulatório que interfiram suplementação dietética com RNA ou uracil mostra o
na capacidade de síntese endógena. aumento da resistência e que sua adição a dieta pode ter
aplicação terapêutica em pacientes no desenvolvimento de
ABSORÇÃO E METABOLISMO complicações infecciosas seguidas de adaptação a dieta
Existem duas vias de biossíntese para o metabolismo enteral ou parenteral que são livres de NT. (Chemin)
dos nucleotídeos: de novo e a via de recuperação.
- A síntese de novo - Utiliza pequenos precursores para a Os NT tem sido incorporados em fórmulas com 2
síntese de nucleotídeos; é um processo de alto custo outros substratos imunopotente (óleo de peixe e arginina).
metabólico. Nas comparações da melhora dos efeitos imunológicos, o
- Via de recuperação- Utiliza bases pré-formadas de purina óleo de peixe e RNA dietético parecem ser equivalentes na
e pirimidina e nucleosídeos para formação de manutenção da resposta proliferativa. No entanto quando
nucleotídeos; os nucleotídeos dietéticos contribuem para combinados com arginina parecem ser aditivos benéficos
esta via; para o sistema imune. (Chemin)

Os adultos ingerem em torno de 1 a 2g de NT/dia. Fontes naturais de nucleotídeos: (Chemin)


Alguns autores sugerem que a suplementação exógena de Os NT são componentes da fração de nitrogênio não
NT tem importante papel na resposta imunológica. protéico do LH. Essa fração equivale a 25% do total do
Verificaram ainda que dietas com baixo teor de NT oprime nitrogênio no LH e inclui compostos como aminoaçúcares
o sistema imune, entretanto esse déficit pode ser revertido e carnitina. Já o leite de vaca possui apenas 2% do total de
pela suplementação com NT, mais especificamente com nitrogênio não protéico e menos de 20% na maioria das
RNA de levedura purificada e uracil. Logo, o RNA de fórmulas infantis baseadas em leite de vaca. Os NT
levedura e nucleosídeos (pirimidinas) podem ter um papel contêm de 2 a 5% do nitrogênio não protéico do LH.
importante na manutenção e restauração da resposta
celular imune. (Chemin) 4 – LIPÍDEOS

O leite humano (LH) é a única fonte de NT para os Os lipídeos foram citados por muito tempo apenas
neonatos durantes os primeiros meses de vida, estima-se como fornecedores de energia, e os ácidos graxos
que o LH forneça 1/3 do requerimento de NT do neonato. essenciais deveriam representar no mínimo de 3 a 4% do
Já o leite de vaca possui um perfil de NT diferente do LH e VET. (Chemin)
específico para cada espécie. Diante da impossibilidade de
alguns neonatos receberem o LH, a União européia Recentemente, pesquisas têm demonstrado que as
reconhece os NT como componentes semi-essenciais em gorduras dietéticas têm participação ativa na resposta
fórmulas iniciais e específicas e estabeleceu normas para imunológica por serem precursores das prostaglandinas. O
ácido graxo ômega-6 é precursor do ácido araquidônico,
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que por sua vez é metabolizado pela via da ciclooxigenase Os ácidos ômega 3 de 18 carbonos são alongados
produzindo prostaglandinas do tipo E2 com ação aos ácidos graxos ômega 3 de 20 e 22 carbonos, ácido
imunossupressora e que causam agregação plaquetária e eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico
vasoconstrição. Já as citoquinas produzidas pelo ácido (DHA), respectivamente que tem efeitos diretos sobre a
graxo ômega-3 são da série E3 e I3, imunoestimuladoras. fluidez, estrutura e a função das membranas celulares. O
A presença do ômega-3 pode modular a resposta ser humano adulto converte apenas 8-13% dos AG ômega
imunológica. (Chemin) 3 de 18 carbonos ao EPA de 20 carbonos.

Fontes alimentares de Ômega-3 e Ômega-6 (Chemin) Um aumento na disponibilidade do EPA age como um
A composição de AG da membrana celular é afetada inibidor competitivo, impedindo que o ácido araquidônico
pela composição da dieta, portanto a quantidade de  - 3 e entre na cascata e produza produtos finais pró-
 -6 ingerida modula suas quantidades na parece celular. inflamatórios.
O óleo de peixe apresenta 22 a 35% de seu lipídeos
na forma de  - 3, o de canola 10% e o de soja 8%. Como Alterando-se a proporção de lipídios de ômega 6 para
fontes de  -6: óleo de açafrão, o de soja (54%), milho ômega 3 na dieta pode-se otimizar a provisão destes
(61%) e girassol (69%). produtos pró-inflamatórios para a resposta imune e de
Os peixes também são fonte de  - 3, incluindo os consolidação necessária e atenuar-se ao mesmo tempo o
peixes equatoriais de água doce e salgada. estado inflamatório.

Doses recomendadas: Além de influenciar o estado inflamatório pela


regulação de genes e a disponibilidade de substratos ao
Chemin nível da ciclooxigenase, o produto final da cascata do EPA
 Relação entre  -3 e  -6: razão de 50/50; inibe o precursor do ácido araquidônico liberado pelos
 Cotas de 10 a 18g de óleo de peixe são necessárias fosfolipídeos da membrana, num mecanismo clássico de
para ter alteração na resposta imunológica; inibição por feedback.
 Quantidade de  -6 e  -3 para pacientes críticos: 1:1
O EPA estimula o sistema do receptor Ativado pelo
a 1:4.
Proliferador de Peroxissoma (PPAR), que é um substrato
molecular anti-inflamatório. Os ácidos graxos ômega 3
Cuppari, 2014:
também estabilizam o sistema NFkB, que age basicamente
 Obtenção de benefício clínico com 1,5 a 3 g/dia de EPA
como interruptor “liga/desliga” para a célula gerar
e DHA.
mediadores inflamatórios como o TNF, IL-6 e interferon-
gama. Ao ser estabilizado no citoplasma com seu
Ácidos graxos ômega 3 (Dan, 2009)
complexo inibidor, limita a quantidade de NFkB livre que é
translocada ao núcleo e inicia a cascata inflamatória. Os
O óleo de menhaden (peixe semelhante ao arenque)
outros mecanismos de ação anti-inflamatória do EPA
constitui a mais concentrada fonte comercialmente
podem ser observadas no quadro abaixo.
disponível de EPA e DHA.

Parece que são necessários 3-5 dias de terapia


nutricional enteral com DHA e EPA numa quantidade O uso das fibras pode ser tanto na presença de
adequada e um aporte calórico para se observar uma diarréia como na obstipação, visando a normalização do
resposta clínica ao EPA e ao DHA. Quando eles são trânsito intestinal. Em geral recomenda-se o uso de fibras
administrados por via intravenosa, essa resposta benéfica solúveis (goma guar hidrolisada, pectina) ou então
pode ser vista em até 3 horas. insolúvel (da soja).
As fibras possuem 2 tipos de ação:
A quantidade total de lipídios ômega 3 fornecidos  Local: Decorrente da presença da fibra no tubo
como EPA e DHA que é necessária para a obtenção de digestivo e de suas características como: tamanho de
um benefício clínico em geral fica entre 1,5-3 g/dia. suas partículas, capacidade de fixação de água e sais
biliares, viscosidade; influencia o tempo de
5 – FIBRAS (Chemin)
5
esvaziamento gástrico, intestinal e a velocidade de proximal, mas também pode acontecer no estômago e em
absorção dos nutrientes. outros locais do intestino delgado. Influenciam nessa
 Sistêmica: Decorrente da fermentação das fibras pelas absorção:
bactérias colônicas e pela produção dos ânions  Certos aminoácidos das carnes, ovos e frutos do
acetato, butirato e propionato. Estes depois de mar – Melhoram a solubilidade do zinco e sua
absorvidos serão metabolizados no fígado, entram na absorção;
circulação atuando sobre a integridade dos  Cisteína e Histidina formam complexos estáveis
colonócitos, evitando a translocação bacteriana, com zinco facilitando sua absorção;
principalmente em situações de queimaduras,  Grãos integrais e outro vegetais por conterem
radioterapia na região abdominal e estresse ácido fítico diminuem a absorção do zinco.
metabólico. Os subprodutos das fibras colaboram na Também a fermentação de pães produz este
resposta imunológica, garantindo a integridade da ácido e os cereais matinais, alimentos
barreira intestinal. industrializados pelo processo de extrusão,
Doses recomendadas: diminui a degradação do ácido fítico levando a
 Indivíduos sadios: 10g/1000kcal; menor biodisponibilidade deste metal;
 Terapia enteral não tem recomendação;  A ingestão desarmônica de cobre, ferro e cádmio
diminui a biodisponibilidade de zinco por
6 – VITAMINAS E MINERAIS (Chemin) competirem pela mesma proteína carreadora;
 A vitamina D aumenta a biodisponibilidade do
O quadro abaixo sumariza os principais efeitos zinco;
das carências vitamínicas sobre a resposta imunológica.  As prostaglandinas PGE2 favorecem a absorção
do zinco, enquanto as do tipo PGF2 diminuem.

Doses recomendadas
 Adulto: 15mg zinco/dia procedente da
alimentação;
 Maiores fontes: produtos animais, em especial,
carne vermelha, fígado, miúdos de vaca e de
aves, ostra, vegetais integrais. EX: Ovo – 0,02mg
zinco/100g, ostras – 75mg/100g;
 O zinco circula ligado a albumina, transferrina,
ceruloplasmina e gamaglobulina;
 Presença de fístulas no TGI inferior e diarréias –
Perdas acima de 25% sobre as perda diárias;
 Deficiência pode ocasionar: atrofia do tecido
linfóide e produzir anormalidades tanto na
resposta imunológica celular como na humoral;

O zinco também tem função:


 Estabilizar os grupos tióis e fosfolipídios da
membrana;
 Ocupar locais na membrana que poderiam ser
ocupados por metais com potencial redox (ferro);
 Evitar a produção de radicais livres;
 Auxiliar na estabilização de estruturas do DNA,
RNA e ribossomos.

9- ANTIOXIDANTES (Dan, 2009)

A capacidade dos mecanismos endógenos do


7 – SELÊNIO (Chemin) organismo em desintoxicar as espécies de oxigênio
reativas produzidas pela exposição aos elevados níveis de
Sua absorção varia de 35 a 85% do total ingerido. oxigênio é sobrepujada durante o aporte de uma elevada
Essa absorção ocorre no duodeno sendo dependente da FiO2 ventilatória, a reperfusão de uma isquemia, estados
solubilidade deste elemento-traço. Circula ligado a proteína de baixo fluxo, e alguns estados hiperdinâmicos. Espécies
plasmática, sua concentração varia de 100 a 130 ng/ml e reativas de oxigênio não eliminadas e outras radicais livres
sua excreção é feita principalmente pela urina, embora de oxigênio podem produzir danos oxidativos a
também seja observada nas fezes. praticamente todos os componentes celulares, incluindo
A função do selênio na resposta imunológica não está proteínas, ácidos graxos poliinsaturados, polissacarídeos e
esclarecida, porém alguns estudos observaram melhora da ácidos nucléicos, causando a morte celular e danos
resposta imunológica em animais com aumento as sua subseqüentes aos órgãos. Os danos celulares foram
ingestão. demonstrados como ativando o NFkB, causando a
O selênio é um componente importante da enzima expressão de produtos genéticos e exacerbando o
glutationa peroxidade, potente antioxidante. É possível que desencadeamento e a perpetuação da resposta
na deficiência de selênio haja uma dificuldade das células inflamatória sistêmica.
de se protegerem contra os elementos oxidantes,
decorrente da disfunção desta enzima. Com a suplementação de antioxidantes é
demonstrado nos estudos uma tendência a diminuição na
8 – ZINCO (Chemin) mortalidade, uma diminuição na ventilação mecânica e
uma diminuição nos dias de permanência na UTI.
Sua absorção varia entre 10 e 40% do ingerido, esta
absorção ocorre principalmente no duodeno e jejuno
6
O foco dos estudos é em 3 antioxidantes-chave:  Com ressuscitação incompleta ou hiperfusão
selênio, vitamina C e vitamina E. O selênio é um esplâncnica;
oligoelemento essencial que serve como co-fator para a  Com hemorragia digestiva alta causada por varizes ou
glutationa peroxidase, um importante removedor úlceras pépticas;
enzimático endógeno de resíduos.
Quando Iniciar a Terapia de Nutrição com Fórmula
A literatura médica atua varia muito quanto á Imunomoduladora?
combinação de antioxidantes administrada, a dose, os
npiveis usados, a via de administração e o momento do Sempre que possível iniciar antes da lesão ou do evento
aporte da suplementação. Não há, no momento, um desencadeador da resposta imunossupressora. Sugere-se:
consenso em relação à combinação e dose ótima de
antioxidantes.Uma variável chave na suplementação é o  Em cirurgias eletivas de grande porte: preparo
momento da intervenção – deve ser iniciada logo de início nutricional imunomodulador iniciando 5 a 7 dias antes
antes da lesão oxidativa estabelecida. da cirurgia; (Chemin e Cuppari, 2014)
 No seguimento pós-operatório: jejunostomia intra-
PERSPECTIVAS DA TERAPIA NUTRICIONAL operatória para TNE precoce imunomoduladora no
ENTERAL A BASE DE NUTRIENTES pós-operatório; (Chemin)
IMUNOMODULADORES - deve-se iniciar nutrição enteral imediatamente após a
internação na UTI (primeiras 24-48 horas), usando-se
Que doentes se beneficiam? fórmula imunomoduladora por 7-10 dias. (Dan, 2009)
- parece que a combinação de nutrientes (fórmula
imunomoduladora) e não um imunonutriente isolado é
- Doentes submetidos a cirurgia GI eletiva
que é responsável pelos resultados. (Dan, 2009)
Dan(2009)
Qual a Dose, Duração e Forma de Administração de
 cirurgia esofágica, pancreática, gástrica,
Fórmula Imunomoduladora? (Chemin e Cuppari, 2014)
hepatobiliares maiores
 Dose: 1200 a 1500ml ao dia ou até atingir 50 a 60%
Chemin – seguir critérios abaixo
das necessidades nutricionais;
 Com desnutrição moderada ou severa e submetidos a
 Duração: sugere-se no mínimo 05 dias e no máximo
grandes cirurgias eletivas do trato digestório alto;
10 dias ou até a saída da UTI ou até redução significativa
 Com desnutrição severa submetidos a cirurgias do
do risco ou da complicação infecciosa;
trato digestório baixo.
 Forma de administração: infusão gástrica deve ser a
1ª escolha, o volume gástrico pode ser aumentado em
- Doentes com trauma abdominal pérfuro-penetrante: (Dan
25ml/hora a cada a 12h até atingir a taxa ideal. A
e Chemin)
administração deve ser diminuída ou suspensa se o
 Portadores de trauma com escore de severidade
resíduo gástrico for > que 200ml.
maior ou igual a 18; índice de trauma abdominal maior
ou igual a 20; ou combinação de ferimentos graves e
Que resultados esperar com o uso de dietas
não graves em múltiplos órgãos;
imunomoduladoras? (Chemin)
Doentes que podem se beneficiar com terapia nutricional
 Redução de complicações infecciosas;
imunomoduladora enteral:
 Menor utilização de recursos de pessoal e financeiros;
 Redução no tempo de internação;
 Cirurgia eletiva de grande porte (Dan, 2009)
 Menor tempo de ventilação mecânica;
 Cirurgia eletiva de reconstrução aórtica com doença
 Menor risco para falência de múltiplos órgãos;
pulmonar obstrutiva crônica à ventilação mecânica
 Menor duração de antibióticoterapia.
prolongada.
 Ventilação pós-operatória esperada (Dan, 2009)
Como acompanhar a Tolerância à Terapia Precoce
 Grandes cirurgias de cabeça e pescoço, com
Imunomoduladora: (Chemin)
desnutrição preexistente;
 Traumatismo craniano grave;
 Os sintomas de intolerância são: náuseas, cólicas,
 Queimados – terceiro grau (superior a 30%);
distensão abdominal ou diarréia. Esses sintomas não
 Pacientes de UTI sépticos não dependentes do
são específicos das fórmulas imunomoduladoras, mas
aparelho ventilação (Dan, 2009)
comumente acompanham o paciente grave.
 Dependentes de ventilação mecânica, clínicos não
 Doentes com perfusão marginal devem ter
sépticos ou cirúrgicos com risco de morbidade
alimentação em posição jejunal iniciada com
infecciosa; (Chemin)
15ml/hora até a ressuscitação completa;
 Doentes com sepse grave  < taxa de ventilação
 Diarréia no paciente grave, por si, não tem correlação
mecânica, < tempo de CTI, melhora da taxa de
direta com intolerância à fórmula. Investigar: possível
morbidade e < custo. (Chemin)
colite pseudomembranosa induzida por antibióticos,
uso de agentes ativadores da motilidade (sorbitol),
Os seguintes doentes não são considerados candidatos
medicamentos contendo magnésio ou uso abusivo de
para uso imediato de terapia nutricional com ou sem
agentes pró-motilidade.
fórmula imunomoduladora:
Condutas sugeridas: (Chemin)
 Aqueles em que se espera o uso de alimentação via
oral no prazo de até 05 dias após o evento agressor;
 Para casos de diarréia, considerar o uso de fibras;
 Em terapia intensiva, apenas para acompanhamento e
 Evitar medicamentos que retardam o esvaziamento
estabilização;
gástrico;
 Com obstrução intestinal distal;
 Elevação da cabeceira a 30-40°;

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 Agentes estimuladores da motilidade podem ser pacientes criticamente enfermos sob ventilação mecânica.
adotados já no início da terapia; Precaução para pacientes com sepse severa.
 Administrar preferencialmente por infusão contínua. - Pacientes cirúrgicos – grau de recomendação A
- Pacientes clínicos – grau de recomendação B
- Pacientes com lesão pulmonar aguda e com síndrome
Cuppari, 2014 da angústia respiratória devem receber dietas
suplementadas com óleo de peixe, óleo de borragem e
Recomendações de alguns guias internacionais a antioxidantes – grau de recomendação A
respeito do uso de imunomoduladores - Dieta suplementada com glutamina deve ser utilizada em
pacientes queimados, trauma e outros pacientes
criticamente enfermos – grau de recomendação B
Guia Canadense para Nutrição em Pacientes
Criticamente Enfermos: Associação Médica Brasileira – Projeto Diretrizes

- Dieta suplementada com arginina não deve ser utilizada - Há subgrupos de pacientes graves que se beneficiam do
por pacientes críticos uso de soluções enriquecidas com arginina glutamina,
ácido nucleico, ácidos graxos ômega 3 e antioxidantes.
- Dieta suplementada com óleo de peixe, óleo de borragem Dentre eles, estão os pacientes em pós-operatórios de
e antioxidantes deve ser usada para pacientes com lesão grandes cirurgias abdominais eletivas, trauma abdominal
pulmonar aguda e com síndrome da angústia respiratória com trauma índex (escore>20), queimados com superfície
do adulto corporal>30%, pós-operatório de câncer de cabeça e
pescoço e pacientes graves sob ventilação mecânica,
desde que não estejam sépticos.
- Dietas suplementadas com glutamina devem ser usadas - Em pacientes com lesão pulmonar aguda ou síndrome do
em pacientes com trauma e queimadoos. Não há dados desconforto respiratório agudo, sob ventilação mecânica, o
suficientes que suportam o uso rotineiro de glutamina tempo de internação na UTI, tempo de ventilação
enteral em outros pacientes criticamente enfermos. mecânica e a ocorrência de novas disfunções orgânicas
estão reduzidas com a utilização de dietas enriquecidas
com ácidos graxos ômega 3 e antioxidantes. Ainda é
Guia da Associação Dietética Americana (ADA) necessária a determinação de dose e do tempo de
utilização ótimos para essas dietas – grau de
- Dieta imunomoudladora não é recomendada para uso recomendação A
rotineiro em pacientes criticamente enfermos de UTI. Seu - os benefícios clínicos da farmaconutrição são maiores
uso pode estar associado com aumento de mortalidade quando 50% ou mais das metas nutricionais são
nesse grupo de pacientes. alcançadas
- Pacientes queimados, traumatizados e pacientes graves
sob ventilação mecânica podem beneficiar-se de doses
Guia da Sociedade Americana de Nutrição Parenteral maiores de vitaminas antioxidantes (C e E) e elemtnos-
e Enteral (ASPEN) e da Sociedade Médica de Pacientes traço (zinco, selênio e cobre). Ainda são necessários
Críticos (SCCM) estudos para determinar doses e períodos de tratamento,
além de combinações adequadas. Recomenda-se evitar
reposições maiores em pacientes com insuficiência renal –
- Dieta imunomoduladora suplementada com arginina, grau de recomendação A
glutamina, nucleotídeos, ácidos graxos ômega 3 e - Pacientes queimados ou vítimas de trauma devem ter
antioxidantes deve ser usado para pacientes com cirurgia associados ao regime de TNE 0,3 a 0,5g/kg/dia de
eletiva, trauma, queimados, câncer de cabeça e pescoço, glutamina suplementar divididos em 2-3 doses.

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