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História da Meditação

História da Meditação

Professor Ricardo Mazzonetto

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História da Meditação

Apresentação 3

Capítulo 1: Conceitos de sistema, método e técnica 6

Capítulo 2: Conceitos de época e cultura 14

SUMÁRIO Capítulo 3: Sistema cristão 23

Capítulo 4: Sistema budista 31

Capítulo 5: Sistema iogue 35

Capítulo 6: Sistema sufi 38

Capítulo 7: Sistema esotérico egípcio 40

Capítulo 8: Sistema Rosacruz 43

Capítulo 9: Sistema transcendental 49

Capítulo 10: Sistema transpessoal 52

Teste final 57

Considerações finais 60

Referências bibliográficas 61
Sites visitados 62

Respostas do testes 64

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História da Meditação

APRESENTAÇÃO
Este módulo tem como meta fornecer uma visão abrangente da evolução histórica da meditação através
de seus vários sistemas ocidentais e orientais inseridos em suas respectivas épocas e culturas.

Isto foi feito para que os participantes deste curso tenham alguns elementos a mais para avaliar e escolher,
dentre os diversos métodos de meditação existentes, aquele que encontrar maior sintonia para o exercício da
docência e prática da meditação.

É, portanto, um guia para as escolhas que deverão surgir na vida de cada um dos estudantes.

Espero que apreciem positivamente o que está por vir!

Programa

Fonte: <www.viafanzine.jor.br/sitevf/imagens/it9.png>. Acesso em 26/01/2015.

Objetivos
Proporcionar uma visão abrangente da evolução histórica da meditação através de seus vários sistemas
ocidentais e orientais, inseridos em suas épocas e culturas.

Apresentação

Conteúdo

Capítulo 1 - Conceitos de sistema, método e técnica;

Capítulo 2 - Conceitos de época e cultura

Capítulo 3 - Sistema cristão

Capítulo 4 - Sistema budista

Capítulo 5 - Sistema iogue

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História da Meditação

Capítulo 6 - Sistema sufi

Capítulo 7 - Sistema esotérico egípcio

Capítulo 8 - Sistema Rosacruz

Capítulo 9 - Sistema transcendental

Capítulo 10 - Sistema transpessoal

Considerações finais

Orientação Didática

Fonte: <www.brasilescola.com/upload/conteudo/images/bfca6c33e7e3c3f6388e1af51aa6d9bd.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

As orientações aqui colocadas servem para auxiliar o estudante a conseguir o maior nível possível de
aprendizagem do conteúdo deste módulo.

1ª Leia todos os textos, responda os questionários (se houver), anote as ideias centrais, veja todos os
vídeos, perceba as mensagens implícitas nas imagens fixas, entre em todos os links e faça todos os exercícios
de fixação da aprendizagem. Isso tudo lhe propiciará o máximo de conhecimento.

2ª Faça os exercícios da seguinte forma:

a. elabore uma visão geral do capítulo enumerando suas ideias centrais;

b. faça o maior número de perguntas sobre o conteúdo (poderá anotá-las em uma folha de papel à parte,
ou registrá-las apenas mentalmente);

c. responda a todas as questões levantadas, anotando ou memorizando suas respostas;

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História da Meditação

d. efetue uma síntese das respostas dadas (é melhor que seja feita por escrito, pois terá no futuro um
material a ser consultado, ou apenas memorize-a);

e. imagine as possíveis aplicações reais desse conhecimento.

3ª Ao passar por todas essas fases, você fixará o que aprendeu de forma fácil e duradoura.

Teste introdutório

Este teste tem por finalidade revelar-lhe como está seu conhecimento atual em relação à meditação. Você
terá que escolher entre duas alternativas: V (verdadeira) ou F (falsa). Se houver alguma dúvida ao responder
uma ou mais questões, considere-as erradas. Só responda as que tiver completa certeza. No final, conte as
que acertou. Assim, terá um perfil de como estão agora seus conhecimentos.

1. A meditação nasceu na Índia e se espalhou por todo o mundo.

V F

2. Meditar é diferente de refletir.

V F

3. A meditação lida com a realidade espiritual do ser humano, por isso tem um caráter especificamente
filosófico-religioso, não podendo ser estudada cientificamente.

V F

4. O cristianismo desenvolveu métodos próprios de meditação, e alguns deles são muito semelhantes aos
orientais.

V F

5. Todos os métodos de meditação são originários do Oriente, sendo que os do Ocidente são meras cópias
deles.

V F

6. A meditação transcendental é completamente diferente de todos os outros métodos de meditação.

V F

7. Método é um processo específico, utilizado dentro de uma técnica.

V F

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História da Meditação

8. Sistema pode ser entendido como um conjunto de métodos e técnicas com fundamentação conceitual
própria.

V F

9. Os sistemas podem ser abertos ou fechados.

V F

10 . Os sistemas podem ser conceituais e materiais.

V F

Agora que respondeu a todas essas questões, tem uma ideia formulada de como está seu conhecimento
a respeito desta matéria.

Bons estudos!

CAPÍTULO 1: CONCEITOS DE SISTEMA, MÉTODO E TÉCNICA


Introdução

A discussão dos conceitos de sistema, método e técnica se reveste de grande importância, porque hoje
dispomos do conhecimento de vários sistemas de meditação, que têm seus métodos e técnicas. Assim,
entender em profundidade o significado destas palavras e suas implicações lógicas, conceituais e acionais
fornece uma base sólida para o entendimento crítico desta área do conhecimento.

Este estudo tem como objetivo central promover e estimular a reflexão sobre o uso e entendimento da
palavra sistema, já que há controvérsias a seu respeito, notadamente no campo da Filosofia. É um trabalho
que se insere dentro da linguística, mais especificamente na psicologia da linguagem, pois o significado das
palavras interfere diretamente nos afetos, desejos e comportamentos humanos.

Visamos permitir ao leitor munir-se de ideias que vão ajudá-lo a interpretar mais rapidamente a realidade,
no que tange aos vários sistemas com os quais frequentemente entra em contato durante sua vida. Poderá

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assim lidar melhor com as diversas realidades nas quais se encontra, facilitando suas ações nas diversas
situações existenciais e decisões.

Para conhecer as ideias centrais dos principais cientistas e pensadores da Teoria dos Sistemas, clique aqui
(observação: vídeo em língua espanhola).

Sistema
Um sistema (do grego σύστημα systēma, através do latim systēma), significa “combinar”, “ajustar”,
“formar um conjunto”, e pode ser entendido como um conjunto de partes em interação, que forma um todo
organizado ou organismo.

Em todas as áreas do conhecimento essa definição é aplicável. Todo sistema tem um objetivo essencial a
ser alcançado. Assim, por exemplo, um organismo vivo visa manter-se, uma teoria a evoluir, um automóvel
a funcionar e assim por diante.

O funcionamento das partes que constituem um sistema pode se dar por um tipo determinado de fluxo,
podendo ser de informações, matéria, energia, sangue, enfim, do elemento comunicante que integra suas
partes. A sinergia é a integração harmônica das partes de um conjunto considerado ou sistema.

A alta sinergia permite que o sistema considerado atinja seu objetivo essencial, e a baixa sinergia, que
tenha dificuldades em sua realização. A ausência de sinergia implica na parada de seu funcionamento. Nos
organismos vivos, determina a morte.

Os sistemas podem ter subsistemas que visam manter a sinergia, e no caso dos vivos, ela é chamada de
homeostase.

Para uma melhor compreensão dos diversos tipos de sistemas, é preciso considerar de um lado cada parte
em particular e como se relacionam entre si e o conjunto como um todo, em pleno funcionamento, isto é,
tanto através da análise quanto da síntese. Aliás, só é possível a síntese (compreensão da sinergia essencial)
quando se faz, com antecedência, a análise (conhecimento das partes em funcionamento separadamente).

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Sistemas físicos X Sistemas conceituais

Figura 1 - Tipos de sistemas.

A figura mostra, através de desenhos, as diferenças entre sistemas concretos X abstratos e sistemas
fechados X sistemas abertos.

Podem ser distinguidos os sistemas físicos dos conceituais. Os sistemas de meditação inserem-se dentro
destes últimos para nortearem as ações humanas.

Por outro lado, os sistemas físicos são compostos de matéria e energia, e o corpo humano pode ser visto
como um exemplo desse tipo: com vários sistemas internos ou subsistemas que mantêm a vida através da
homeostase.

Para saber mais, acesse o artigo Sistema, na Wikipédia (<pt.wikipedia.org/wiki/Sistema>, acesso em


01/11/2014).

Sistema e espírito de sistema

Será que há diferenças entre os termos sistema e espírito de sistema?

Para respondermos a esta questão, é preciso que, antes, tenhamos uma clara definição do que é um e
outro termo.

Do Lat. systema < Gr. sýstema, reunião, grupo:

- Substantivo masculino: conjunto de princípios reunidos de modo a formar um corpo de doutrina;


combinação de partes coordenadas entre si e que concorrem para um resultado ou para formarem um
conjunto.

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- Política: forma de governo ou constituição política ou social de um Estado; conjunto de leis ou princípios
que regulam certa ordem de fenômenos.

- História natural: método de classificação dos seres vivos baseado em um só ou em um pequeno número
de caracteres.

- Anatomia: conjunto de órgãos que, tendo a mesma constituição, desempenham funções análogas.

- Música: reunião dos intervalos musicais elementares compreendidos entre dois limites sonoros extremos
e apreciáveis à audição.

- Informática: conjunto integrado de programas que controla as operações básicas do computador:


supervisiona os dispositivos periféricos, organiza o sistema de arquivo, oferece meios de comunicação com o
operador e possibilita o funcionamento de outros programas.

- Métrico: sistema de medidas que tem por base o metro (*sistema métrico decimal).

- C. G. S.: sistema de medidas métricas em que as três unidades fundamentais são o centímetro
(comprimento), o grama (massa) e o segundo (tempo).

(Dicionário Priberam da Língua Portuguesa – versão online, visitado em 20/01/2015).

Ainda entendemos por espírito de sistema como sendo “de caso pensado, de juízo preconcebido, fechado
e sistemático”.

Buscar o entendimento de uma dada palavra e sua aplicação específica em um campo do conhecimento
humano é fundamental para a compreensão efetiva do que se estuda, favorecendo a comunicação do saber.
Assim, a etimologia é o ponto de partida que devemos ter em quaisquer investigações desta natureza.

Vamos entender sistema como um agrupamento coerente e integrado de ideias (filosofia), leis naturais
descobertas (ciência experimental), crenças religiosas (religião), programas matemáticos (informática),
órgãos fisiológicos (organismos), medidas (matemática), leis e instituições (Estado), funções e fenômenos
psíquicos (psique), intervalos sonoros (música), animais, minerais e vegetais (ecossistema), conceitos e
postulados explicativos (teoria) e universo (cosmo).

Em tudo que houver, portanto, integração, coerência e sinergia entre as partes de um conjunto considerado,
fala-se em sistema. Assim, quanto maior for a harmonia entre as partes consideradas, maior será a sinergia
e, portanto, a obtenção da meta essencial desse sistema.

Sistemas abertos X Sistemas fechados

A Figura 1 mostrou, através de desenhos, as diferenças entre sistemas concretos X abstratos e sistemas
fechados X sistemas abertos. Resta saber se os sistemas são necessariamente fechados, ou se, por outro
lado, também podem ser abertos, o que levaria à existência de mais duas classes diferentes de sistema.

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Por sistema fechado vamos entender todo aquele que, por princípio, não admite modificação e, por
consequência, evolução. O seu oposto, portanto, é aquele que, por princípio, admite modificação. Saber
quais são de uma ou outra natureza requer observação e reflexão.

Com uma análise comparada, chegamos a algumas conclusões como as quais seguem:

1. Natureza: os ecossistemas podem ser alterados pelas mudanças ambientas.

2. Organismos: podem ser retirados, implantados e alterados órgãos através de práticas artificiais ou por
processos naturais.

3. Ciência experimental: as hipóteses explicativas das leis da natureza mudam com o progresso das
pesquisas.

4. Informática: os sistemas operacionais permitem o aperfeiçoamento através do update.

5. Música: os intervalos sonoros podem ser modificados, mudando o ritmo e melodia.

6. Estado: leis e instituições estão em constante aperfeiçoamento através da história.

7. Teorias: postulados e conceitos podem ser introduzidos e retirados de acordo com as novas descobertas
e reflexões, como no caso da teoria do inconsciente.

8. Psique: há constantes mudanças, dadas pela experiência, de valores, atitudes, sentimentos, ideias e até
mesmo do funcionamento psíquico. Estes são, pela própria estrutura, sistemas abertos.

9. Matemática: os sistemas são estáveis, não admitem mudanças, como no sistema métrico decimal e na
teoria dos conjuntos. Há, no entanto, novas evoluções neste campo, o que permite dizer que esta ciência é
um sistema aberto, constituído por sistemas particulares fechados.

10. Religião: quando imutáveis, os postulados indicam que seus organizadores e seguidores acreditam que
estes são absolutos e verdadeiros, pois revelados direta ou indiretamente por Deus. Porém, se entendem que
o pensamento religioso da humanidade acompanha sua evolução, então as concepções religiosas evoluem
para sistemas maiores que integram os anteriores, havendo evolução.

Há, portanto, duas categorias religiosas que devem ser consideradas: a dos sistemas religiosos abertos e
a dos fechados.

11. Filosofia: há sistemas que não admitem mudanças, como o realismo grego e o materialismo. Se
houver alguma mudança, deixarão de ser o que são.

No entanto, podem ser observados sistemas que admitem variações em seus postulados, tal como o
existencialismo, visto que temos a variante materialista de Sartre, que entende a existência como precedente
e determinante da essência, terminando a consciência com a morte – um ser para si e não em si. A vida então
não faz sentido, é um imenso absurdo. Por outro lado, há a variante espiritualista de Kierkegaard e Gabriel

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Marcel, que admite a essência como precedente à existência e o encontro com o amor de Cristo o sentido
da vida humana.

Estas áreas do conhecimento admitem sistemas abertos e fechados.

Comentários

Figura 2 - Exemplos de sistema.

Para concluirmos, podemos entender que existem sistemas em diversas áreas da experiência e do
conhecimento humano, e que eles podem ser conceituais ou físicos, abertos ou fechados, de acordo com as
suas características.

Os sistemas abertos são identificados em muitas áreas. Na Filosofia, Matemática e religião, podem ser
observados os dois tipos. Conclui-se, neste ponto, que os conhecimentos a posteriori determinam os abertos,
enquanto que os estabelecidos a priori podem criar os fechados e os abertos.

Uma última questão deve ser aqui considerada: o que se deve entender por espírito de sistema e qual
é a sua relação com os tipos de sistemas considerados? Por espírito de sistema pode-se entender “de caso
pensado”, “de juízo preconcebido”, o que quer dizer: imutável, rígido, estático, fechado, fixo. Isto está de
acordo, portanto, com a ideia de um sistema fechado, em contradição absoluta com o conceito de sistema
aberto.

A análise de todo e qualquer sistema deve principiar pela identificação de sua natureza, a fim de que
se possa, desde o início, saber se ele pode ou não ser transformado pela experiência. Isto pode parecer à
primeira vista pouco importante, mas o oposto aqui é o verdadeiro.

Quando se sabe, de antemão, se um conjunto de conhecimentos e atitudes pode ou não ser modificado
em função do uso da razão e da experiência, portanto, se é dinâmico e evolutivo ou estático e imutável, em
decorrência compreende-se sua natureza. Ele pode estar em constante aprimoramento na busca da verdade
ou parado em um tempo no qual as pessoas não podiam pensar em novas alternativas!

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Esta é uma visão que se pode ter em relação a todo e qualquer conjunto de ideias, atitudes, normas
ou regras frente ao qual o indivíduo tem que agir e, em particular, em relação à meditação. Há também os
chamados sistemas isolados, que não interagem com o meio ambiente, do qual não nos ocuparemos por não
terem significado para este estudo.

Método
Método (do grego methodos, met’ hodos que significa, literalmente, “caminho para chegar a um fim”).

Fonte: <definicion.de/wp-content/uploads/2008/05/metodo-300x256.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

De acordo com o Dicionário Caldas Aulete, a palavra método significa:

1. Conjunto de meios ou procedimentos racionais para atingir um objetivo (método científico).

2. Processo ou sistema lógico que torna eficiente e ordenada uma determinada atividade: Elaborou um
método para extrair bom desempenho dos atores.

3. Qualquer conjunto de procedimentos técnicos ou científicos (método terapêutico). (Fonte: disponível


em: <www.aulete.com.br/método>. Acesso em: 20/01/2015. Grifos do autor).

Em epistemologia vemos tanto o método filosófico quanto o científico. Aquele é voltado para a investigação
da realidade suprassensível e este para a pesquisa da realidade sensível (CERVO; BERVIAN, 2007).

Fora do âmbito da ciência e filosofia, no campo teológico e no doutrinário (religioso, político, econômico
etc.) há métodos que servem à realização de seus diversos objetivos.

No campo das artes cênicas, há também metodologias de interpretação teatral de Stanilavski, Strasberg
e Brecht, que levam os atores a representações com enfoques diferentes.

Na música, há o método de estudo da aprendizagem musical.

Método pode ser entendido, então, como um conjunto definido de etapas sucessivas nas quais são
utilizadas técnicas específicas, visando um determinado fim. Logo, podemos falar em métodos meditativos,

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História da Meditação

que se inserem como subsistemas em sistemas mais amplos, constituídos também de crenças, valores e
conhecimentos.

Técnica
O termo técnica vem do grego clássico τέχνη (téchne), que quer dizer arte.

Fonte: <www.telecelula.com.br/imagens/menutopo/suporte.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

Na atualidade, a técnica é entendida como um processo ou procedimento que possibilita a consecução de


determinado fim nos diversos campos da atividade humana: ciência, filosofia, tecnologia, artes etc.

Ela deriva do aperfeiçoamento de habilidades (tanto do ser humano quanto de outros animais). Tende
a ser passada de geração a geração e, na área da meditação propriamente dita, temos técnicas que foram
criadas há vários séculos e que são utilizadas até os dias de hoje pelas suas propriedades e resultados.
Outras, em função de novos estudos e avanços da ciência, têm sido desenvolvidas bem recentemente,
também com ótimos resultados.

Conclusões
A relação que pode ser estabelecida entre os conceitos de técnica, método e sistema é a seguinte:

a. um conjunto de técnicas dispostas em etapas diferentes, visando um fim determinado, forma um


método;

b. um conjunto de métodos com uma finalidade precípua e fundamentação conceitual própria forma um
sistema;

c. um conjunto de sistemas interativos forma uma organização (biológica, computacional, teórica ou


social), que visa atuar em seu ambiente e manter-se.

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História da Meditação

Os sistemas tradicionais de meditação são formados de crenças e valores religiosos, visão metafísica e
métodos que contêm técnicas específicas, convalidadas pela experiência pessoal.

Os sistemas modernos são formados de conhecimentos científicos, ética profissional e métodos com
técnicas específicas, também convalidadas pela experiência científica e pessoal.

Como podemos notar, há diferenças e semelhanças significativas entre ambas abordagens.

Exercício de Fixação da Aprendizagem


Após ler os textos, ver os vídeos, entender as imagens, responder ao questionário (se houver) e entrar em
todos os links deste capítulo, faça o seguinte:

1. elabore uma visão geral do capítulo, enumerando suas ideias centrais;

2. faça o maior número de perguntas sobre o conteúdo (poderá anotá-las em uma folha de papel à parte
ou registrá-las apenas mentalmente);

3. responda a todas as questões levantadas, anotando ou memorizando suas respostas;

4. efetue uma síntese das respostas dadas (é melhor que seja feita por escrito, pois terá no futuro um
material a ser consultado, ou apenas memorize-a);

5. imagine as possíveis aplicações reais desse conhecimento.

Com isso, estará aprendendo de modo fácil e duradouro o conteúdo deste capítulo. No final, terá aprendido
profundamente todo o conteúdo deste módulo.

CAPÍTULO 2: CONCEITOS DE ÉPOCA E CULTURA


Introdução
A discussão destes dois termos torna-se necessária neste módulo. A humanidade tem evoluído em
diferentes épocas e lugares. Em cada momento histórico, um povo específico desenvolveu uma cultura que
lhe identificava e servia de lume às suas ações.

Entender como as diversas culturas produziram os diversos sistemas de meditação, portanto, é um passo
fundamental que visa o entendimento das peculiaridades de cada etnia e de seus métodos, o que poderá
contribuir para uma melhor compreensão de cada um deles (JOHNSON, 1982).

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História da Meditação

De acordo com o Dicionário Michaelis (<michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/>), a palavra época


pode ser entendida:

Sf. (gr. epokhé) 1 Largo lapso de tempo assinalado por algum acontecimento notável ou feição constante.
2 Geol Espaço de tempo que se seguiu a cada uma das grandes alterações do globo terrestre; subdivisão
do período. 3. O momento em que uma coisa sucede. 4. O século, o tempo em que se vive. 5. Período,
temporada, quadra, estação. É. de viração: tempo de caça e viração das tartarugas. É. glaciária, Geol.: a) cada
uma das partes do tempo geológico, do Pré-câmbrico em diante, durante as quais, tanto no hemisfério norte
quanto no sul, uma porção muito maior da superfície terrestre foi coberta por geleiras do que presentemente;
b) pleistoceno. (grifos do autor).

Quando falamos de época, referimo-nos ao conceito de periodização do tempo. Nesses períodos, tanto
acontecimentos triviais como significativos acontecem.

Devemos entender que os diversos métodos meditativos foram criados obedecendo à visão cósmica de
sua época e cultura. Por isso, os iniciantes se deparam com uma grande variedade de sistemas, métodos e
técnicas, de onde deriva um emaranhado de conceitos.

É preciso, portanto, ter o espírito crítico bem afiado para se estudar os diversos sistemas, rejeitando
todas as afirmações que são meras propagandas e que não refletem claramente a realidade que propõem
apresentar.

Para saber mais, consulte esta página: <conceito.de/epoca> (acesso em 20/01/2015).

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História da Meditação

Periodização da História

Na História, a periodização é um recurso utilizado geralmente para fins didáticos e que tem como referência
grandes acontecimentos que marcaram a história da humanidade, na qual os fatos ocorridos no ocidente
predominam.

Essa divisão é feita em cinco períodos, a saber: Pré-História, até 4000 a.C. e a invenção da escrita; Idade
Antiga, que termina com a queda do Império Romano do Ocidente em 476; Idade Média, que se estende
até 1453, com a tomada de Constantinopla pelo Império Otomano e com o fim da Guerra dos Cem Anos, e a
revolução francesa em 1789, que marca o fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea.

Pré-História

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História da Meditação

Inicia-se com o surgimento do Homo Sapiens na Terra e segue até a invenção da escrita no Crescente
Fértil, mais especificamente na Mesopotâmia, região que engloba partes do atual Iraque e terras vizinhas.
Este período caracteriza-se, no seu início, principalmente pelo nomadismo, atividades de caça e pesca e
coleta de frutas e outros vegetais. Com o passar dos séculos, descobriram como domesticar os animais e
cultivar vegetais, dando início à agropecuária, domínio do fogo, construção de choupanas, invenção da roda
e armas básicas, como a lança, faca, arco e flecha feitos com lascas de osso, pedra ou sílex, além de bastões,
pás de madeira, martelos e machados de pedra, estes últimos servindo de ferramentas. No final do período,
aprenderam a fundir alguns metais, criando a base para o início das primeiras civilizações. Conhecem outras
culturas, enriqueceram-se e escravizaram os perdedores nas guerras. Segundo antropólogos modernos, foi
nessa idade, quando as tribos se reuniam em volta do fogo à noite para descansar, que na observação das
labaredas aconteceram as primeiras experiências meditativas.

Idade Antiga

É estudada em estreita relação com o oriente próximo, notadamente no chamado Crescente Fértil, que
atraiu viajantes da Mesopotâmia, Egito e Palestina, difundindo a escrita e outras aquisições dessa civilização.
Mais tarde, as culturas da Grécia e de Roma se fundem, criando a Civilização Greco-Romana, último estágio
civilizatório deste período. Grandes desenvolvimentos culturais se deram nesta idade, tais como o avanço
da arquitetura e da engenharia tanto no campo civil quanto militar, descobertas da medicina, criação da
Filosofia, aperfeiçoamento da Matemática com Pitágoras e início da ciência com Aristóteles. Nesse período
surgiu o cristianismo na Judeia, província do Império Romano. Foi uma idade muito fecunda, no tocante
ao desenvolvimento intelectual e ético da humanidade. Com a divisão do Império Romano em dois – um
ocidental e outro oriental – e com as sucessivas invasões bárbaras de povos vindos do norte da Europa, finda
o Império Romano do Ocidente e com ele a Antiguidade. Os contatos com as culturas ocidental e oriental
ocorrem devido às expansões territoriais dos impérios (Grego, Persa, Chinês, Indiano e Romano), havendo
a transmissão de ideias, costumes, crenças, religiões e métodos. É muito provável que tenha ocorrido um
intercâmbio de práticas meditativas entre as várias culturas, apesar de não haver provas nesse sentido.

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História da Meditação

A Índia conheceu o período da compilação dos Upanixades, que contém os textos básicos do hinduísmo.
Há estimativas quanto à sua tradição entre os séculos XVI a VII a.C.

No Egito antigo foi desenvolvido o esoterismo egípcio por Akenathon, com seus fundamentos e método
de meditação, desde aproximadamente o ano de 1350 a.C.

Na Idade Antiga, o budismo e suas práticas meditativas desenvolveram-se a partir do trabalho de Gautama
entre os séculos V e IV a.C.

Ainda nesta idade, Patânjali escreveu sobre os sistemas básicos da ioga, estimando-se que viveu em um
período entre 200 a 400 a.C.

Neste período é criado o primeiro método de meditação cristã por João Cassiano, que viveu entre 360 e
435.

Idade Média

Fonte: <https://idademedia.files.wordpress.com/2010/09/windsorcastelosmedievais.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

O período tem início com o fim da Antiguidade e vai até a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos,
quando então se encerra definitivamente o que ainda restava do poderio romano, com o fim do Império
Romano do Oriente, nessa época já rebatizado de Império Bizantino. É uma época caracterizada pelo forte
fervor religioso, o que gerou perseguições e guerras entre os povos. Nessa idade que ocorreram as cruzadas,
com a tentativa, por parte dos europeus, de retomarem o controle sobre a Palestina. Por outro lado, em
todas as civilizações houve grande interiorização, na qual as pessoas procuravam encontrar a sua própria
espiritualidade. Dos confins do mundo à Roma medieval, sede do papado, a meditação vai pouco a pouco
ganhando adeptos nos mosteiros e abadias, para depois se espalhar por toda a civilização ocidental.

O sufismo, considerado por muitos historiadores como a corrente mística do Islã, foi criado neste período.

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História da Meditação

Idade Moderna

Fonte: <1.bp.blogspot.com/-YKg2yVodjtg/T_oJLqGEKZI/AAAAAAAAB5o/
klGMl61BLHs/s1600/idade-moderna-3.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

Esta idade foi caracterizada pelas “luzes da razão”, na qual houve grande desenvolvimento no campo
da ciência e da Filosofia – esta, principalmente na epistemologia, quando novos métodos de investigação
científica são criados e o pensamento filosófico gradualmente se desvencilha das amarras da religião. Nesse
período ocorre a invenção da imprensa com Gutemberg, o que possibilitou a primeira tiragem da Bíblia e seu
conhecimento direto por milhares de pessoas. Ocorre também as grandes navegações, com o descobrimento
do continente americano e o renascimento da cultura greco-romana em toda a Europa, devido à grande
imigração de bizantinos, notadamente filósofos, artistas, cientistas e artesãos, principalmente para a Itália,
França e Espanha, dando início ao renascimento das artes, letras e ciências da civilização greco-romana. Foi
nessa fase que se iniciou o modo de produção capitalista, que, com algumas mudanças, continua até os dias
de hoje, na maioria dos países deste planeta. Neste período, vários métodos meditativos, tanto do oriente
quanto do ocidente, já estavam devidamente sistematizados. Devido a um intercâmbio comercial e cultural
incessante entre os dois hemisférios, conhecimentos de ambos os lados eram intercambiados, inclusive aí,
provavelmente, os relativos à meditação.

Foi neste período que Santa Teresa de Ávila e Santo Ignácio de Loyola desenvolveram seus métodos de
meditação cristã. Foi desenvolvido também o método Quaker de meditação, caro à igreja protestante de
mesmo nome.

Surgiram na Alemanha os primeiros manifestos rosacruzes, atribuídos a Cristian Rosenkreuz.

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História da Meditação

Idade Contemporânea

Fonte: <www.sohistoria.com.br/ef2/contemporanea/index_clip_image002.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

Após a revolução francesa, em 1789, o mundo gradualmente adquire outras feições, notabilizando-se
por um grande avanço da ciência e da tecnologia, informática, internet, novas vacinas, medicamentos ou
tratamentos revolucionários e armas de destruição em massa e pela tentativa dos governos das grandes
potências e de grandes corporações multinacionais em instalar a propalada Nova Ordem Mundial. Para se
ter ideia da grandeza e rapidez do avanço experimentado nesta época, basta dizer que até cem anos atrás
os principais meios de transporte eram o cavalo e os barcos a vela, ambos vindos pelo menos desde a
Antiguidade. Hoje, com o advento dos modernos meios de comunicação de massa, os diversos métodos e
técnicas de meditação têm sido ensinados em várias partes do mundo. Da década de 70 em diante, passamos
a conhecer pesquisas de caráter científico nesta área.

As diversas organizações rosacruzes foram fundadas nesta idade da história humana.

Também podemos citar o desenvolvimento dos métodos da meditação transcendental pelo iogue Maharishi
Mahesh, as pesquisas científicas sobre meditação, suas aplicações pela medicina psicossomática e psicologia
transpessoal e o novo método de John Main de meditação cristã. (FARRINGTON, 1999).

Para conhecer a periodização da História, leia a página <pt.wikipedia.org/wiki/Periodiza%C3%A7%C3%A3o_


da_Hist%C3%B3ria>(acesso em 20/01/2015)

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História da Meditação

Cultura

Fonte: <biblioabrazo.files.wordpress.com/2010/02/interculturalidad1.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

Na contemporaneidade, o conceito de cultura reveste-se de um significado abrangente e profundo, que


no seu todo circunscreve com limitações definidas como ele pode ser entendido.

Do ponto de vista etimológico, cultura vem do latim colere, que significa cultivar. De início, referia-se ao
cultivo agrícola, mas com o passar do tempo ele adquiriu novos significados, envolvendo todo tipo de cultivo
existente, não só os materiais ligados ao solo, mas também as ideias a ele associadas, e por generalização,
a toda e qualquer ideia, costume e valor de um determinado povo.

A cultura pode ser entendida atualmente como todo o conjunto de costumes, crenças, leis, valores, artes e
conhecimentos de uma dada civilização, transmitidos de geração a geração, tanto pela forma escrita quanto
falada. Isto é fundamental para que as novas gerações adaptem-se rapidamente à sociedade, aprendendo
os elementos de sua cultura através da educação.

Para saber mais: <pt.wikipedia.org/wiki/Cultura> (acesso em: 21/01/2015).

Comentários relevantes

No tocante à produção dos diversos métodos de meditação, cada um foi fruto de uma cultura diferente em
épocas diversas, o que gerou algumas variações. Não há um método superior ao outro, pois todos espelham
o ambiente cultural que tiveram origem.

Atualmente a meditação é cada vez mais estudada nos meios científicos e aplicada nos mais diversos
campos profissionais, o que caracteriza em grande parte nossa civilização atual: o conhecimento científico
e suas aplicações profissionais.

Mudança cultural

As mudanças culturais nos diversos povos acontecem com frequência e em ritmos diversos, de acordo
com o significado de cada nova proposta cultural e da resistência que ela acarreta.

21
História da Meditação

Somente as novidades que realmente são boas para uma sociedade acabam por ser aceitas pela sua
cultura. Devido ao processo de resistência, somente é acolhida a novidade útil de fato, visto que, se sua
utilidade fosse rapidamente perdida e não se mostrasse válida, deveria haver uma nova mudança, o que
desequilibraria o tecido social. Assim sendo, as mudanças culturais acontecem, mas de modo gradual e lento,
normalmente (LINTON, 1943).

Fonte: <files.revolucaoindustrial.webnode.pt/200000008-03b7d04b43/50000000.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

Essas transformações ocorrem em função de quatro fatores sempre presentes:

1. a influência de outras culturas, dada pela comunicação intercultural;

2. novas invenções que geram aceitação e mudanças comportamentais nos membros de uma sociedade;

3. descobertas que impactam a maioria das pessoas e geram a necessidade de mudarem seus
comportamentos;

4. mudanças ambientais amplas que afetam toda a sociedade.

No primeiro caso, podemos citar a influência que a cultura americana tem exercido com sua música e a
ela associada os padrões de conduta da juventude, o que tem promovido mudanças nas crenças e valores
em várias partes do mundo. No segundo, a invenção do computador pessoal, que gerou e continua a gerar
grandes mudanças de atitudes em toda a população mundial, notadamente com a ampliação e divulgação
dos conhecimentos e informações fatuais pela internet. Em terceiro lugar, temos como exemplo a descoberta
do vírus da AIDS, que exerceu e continua a exercer seu impacto no comportamento sexual nas diversas
sociedades do mundo. Por último, citamos as mudanças climáticas, com o aumento da temperatura mundial
e suas terríveis consequências, o que tem gerado mudanças forçadas e rápidas nas sociedades, muitas das
quais iniciadas pelos seus próprios governos. Esses fatores ocasionam impactos nos ambientes físico e social,
promovendo mudanças à medida que alteram a consciência social dos indivíduos.

Conclusões
A meditação, como não poderia deixar de ser, vem promovendo mudanças culturais na sociedade
ocidental conforme se torna mais conhecida. Contribuiu grandemente para isso a sua adoção por parte
dos Beatles e de outras personalidades igualmente famosas, o que foi noticiado, em vários momentos, pela
mídia internacional. É um claro exemplo de influência cultural externa, bem como as descobertas científicas
que se seguiram nessa área e a invenção de novos métodos de meditação criados pela cultura ocidental
contemporânea.

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História da Meditação

Exercício de Fixação da Aprendizagem


Após ler os textos, ver os vídeos, entender as imagens, responder ao questionário (se houver) e entrar em
todos os links deste capítulo, faça o seguinte:

1. elabore uma visão geral do capítulo, enumerando suas ideias centrais;

2. faça o maior número de perguntas sobre o conteúdo (poderá anotá-las em uma folha de papel à parte
ou registrá-las apenas mentalmente);

3. responda a todas as questões levantadas, anotando ou memorizando suas respostas;

4. efetue uma síntese das respostas dadas (é melhor que seja feita por escrito, pois terá no futuro um
material a ser consultado, ou apenas memorize-a);

5. imagine as possíveis aplicações reais desse conhecimento.

Com isso, estará aprendendo de modo fácil e duradouro o conteúdo deste capítulo. No final, terá aprendido
profundamente todo o conteúdo deste módulo.

CAPÍTULO 3: SISTEMA CRISTÃO


Introdução
O fundamental na meditação cristã é a contemplação dos diferentes aspectos de Deus a partir da pessoa
de Cristo. Para isso usa-se palavras, orações, imagens e símbolos considerados sagrados para o cristianismo.
Não importa, para esta forma de meditação, se o indivíduo está sentado em uma determinada posição,
deitado, em pé, parado ou andando. O essencial é que se concentre em Deus através de Cristo. Isto leva à
interiorização, à entrega de si mesmo ao Criador.

Deve-se ter em mente a clara diferença entre pensar e meditar!

É perfeitamente possível meditar ou pensar sobre os mesmos temas: os mistérios da fé, a natureza do
Espírito Santo, a graça de Deus ou a vida de Jesus na Galileia: os caminhos por onde andava, os perigos que
O ameaçavam, a carência aguda sentida, a ignorância do povo ao qual pregava, e o Seu amor pelas pessoas.

Quando se pensa sobre algo, usa-se a memória e o raciocínio lógico para se estabelecer a compreensão
sobre os acontecimentos: suas causas, consequências, estrutura e dinâmica. Quando se medita, usa-se a
concentração para penetrar no tema para percebê-lo em sua plenitude, senti-lo e intuir sua essência. Meditar
consiste em sentir de modo pleno e profundo o que se percebe.

Na meditação cristã o meditador não reflete, mas verdadeiramente sente em si o amor de Cristo!

23
História da Meditação

Fonte: <api.ning.com/files/qY9yAibcnUbGSVUsFdToyrHgZvk-sSaIE1Zv03tiAp3uMUtDmE7a1H-Plyfw
A4Ac9AYzp5aCL1fDDK8swIvGnsqJDMvNC4MZ/untitled.bmp>. Acesso em 26/01/2015.

A meditação surge na vida cristã como uma consequência do imperativo do silêncio na vida monástica,
notadamente nos primeiros séculos da vida cristã, quando os primeiros teólogos, místicos e filósofos cristãos
como Agostinho de Hipona, João Cassiano, Orígenes de Alexandria tentavam entender a natureza de Deus,
da alma e do significado da existência humana, ora debruçando-se sobre os diversos livros da Bíblia, ora
contemplando a natureza e a si mesmos.

Fonte: <1.bp.blogspot.com/-uU64IMM_rwU/TkapfMu_IYI/AAAAAAAAAZ8/RGefuK8rMAo/
s1600/ora%25C3%25A7%25C3%25A3o.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

A oração tem sido, no meio cristão, um dos mais fortes meios para se alcançar o estado meditativo, pois
a recitação repetida de orações, a adoração dos símbolos sagrados e a concentração na vida dos santos e
na paixão e morte de Cristo levaram os místicos cristãos a desenvolverem métodos de meditação em épocas
diversas.

S. Paulo escreveu (Rom. 8:26): “Não sabemos rezar como deve ser, mas o Espírito intercede por nós”.
Isto significa que, para orarmos corretamente, é preciso que nosso interior se revele. Para tanto, é preciso
que a mente fenomênica fique imóvel, e assim o conhecimento dado pela alma pode se manifestar em nossa
consciência.

24
História da Meditação

Os símbolos, imagens e palavras sagradas, nesta forma de meditação, servem para colocar o crente em
contato com Cristo, que para o cristão é o “caminho, a verdade, e a vida”, e que “ninguém chegará ao Pai
senão através Dele” (Bíblia).

Visite o site <https://namu.com.br/portal/corpo-mente/meditacao-crista-3/> (acesso em: 02/01/2015).

Meditação Cristã
Método de João Cassiano

Fonte: <https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSFedstnIf9SUO2Qq
QAz80Di09a3ahsn0rquVVYXFV8KeezVeis>. Acesso em 26/01/2015.

Um dos primeiros místicos da era cristã foi João Cassiano, que no final do século IV, ainda no auge do
Império Romano unificado, introduziu o uso de um versículo de oração entre os monges cristãos. Conta a
lenda que João Cassiano recebeu essa prática dos santos padres do deserto que dedicavam suas vidas à
contemplação de Deus. Esse método consiste em pegar um único versículo e o repetir sem interrupção,
até entrar em êxtase. Esse método de repetição simples e contínua, afasta as distrações e os pensamentos
associativos da mente, a fim de que o crente fique imóvel em Deus.

O fundamento deste método encontra-se nas próprias palavras de Jesus quando disse:

Quando rezares, não sejas como os hipócritas, mas entra no teu quarto e, depois de fechares a porta, reza
a teu Pai em segredo, pois Ele, que vê o oculto, ouvir-te-á. Nas tuas orações não sejas como os gentios, que
usam de vãs repetições porque julgam que, por muito falarem, serão atendidos. Não faças como eles, porque
o teu Pai celeste sabe do que necessitas antes de lho pedires (Mt. 6:5-8).

Como pode ser observado pelo estudante de meditação, os cristãos primitivos já faziam uso da meditação,
utilizando-se de uma metodologia essencialmente semelhante à preconizada por Patânjali nas ioga sutras.
Isto ocorreu sem que houvesse uma influência direta de um sobre o outro, mas que denota a universalidade
da meditação, sendo esta uma descoberta de diversos povos em épocas diferentes – o que mostra ser ela o
caminho essencial da iluminação.

25
História da Meditação

A meditação é universal! Leia o artigo <https://namu.com.br/portal/corpo-mente/meditacao-crista-3/>


(acesso em 18/01/2015).

Método de Teresa de Ávila

Fonte: <www.moodycatholic.com/images/st_teresa_of_Avila.jpg>. Esta santa da Igreja Católica


(<www.arautos.org/especial/30707/Santa-Teresa-de-Avila.html>) refletiu e escreveu a respeito
de um verdadeiro e novo método cristão de meditação. Acesso em 26/01/2015.

Oração mental

No início da oração, a pessoa suplica com fé e com forte sentimento de devoção para que possa entrar nas
mansões onde habita o Divino. Em seguida, as palavras dão espaço a um silêncio mental, de espera calma,
no qual a intensidade e o ardor da vontade de encontrar a Deus persistem.

Oração da quietude

O próximo passo é a “oração da quietude”, na qual o silêncio profundo da consciência se faz e fornece
uma extraordinária sensação de paz e quietude, a qual culmina com uma certeza crescente do contato com
Deus e uma intensa felicidade de estar em Sua Presença.

Devoção da união

O terceiro estágio é a devoção da união, segundo as palavras Teresa de Ávila:

Uma união da alma com Deus, acompanhada da certeza Dele estar em nossa Alma, e a suspensão de todas
as atividades internas. Não há distrações porque a alma está absorvida em Deus. Não há fadiga, não importa
o quanto a união dure, porque ela não resulta de esforço, mas de alegria. À alma resta apenas zelo ardente

26
História da Meditação

para glorificar a Deus; desapego de todas as coisas, perfeita entrega, e grande caridade. (fonte: <https://
namu.com.br/portal/corpo-mente/meditacao-crista-3/>).

Devoção do êxtase ou arrebatamento

Caracteriza-se por ser um estado mental de passividade no qual a sensação de estar em um corpo
desaparece (IICo 12:2-3). A percepção sensorial desaparece, as demais faculdades mentais são absorvidas
integradas a Deus. Tanto o corpo quanto a mente sentem essa forte experiência, difícil de ser narrada em
palavras, que podem ser: impotência, expansão, inconsciência, voo extático. Estes efeitos, depois de pouco
tempo, são seguidos de um estado de inconsciência e relaxamento semelhante a um desmaio, no qual as
funções mentais desaparecem na união com Deus.

Nesse estado, há relatos de que tanto Teresa de Ávila quanto Francisco de Assis foram vistos levitando
durante as missas mais de uma vez.

Método de Inácio de Loyola

Fonte: <upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f9/Ignatius_Loyola.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

Este outro santo da Igreja Católica foi o fundador da Companhia de Jesus, da qual o atual Papa faz parte.
Ele criou um conjunto de exercícios meditativos usados nesta igreja desde o século XVI.

Esse método é dividido em quatro etapas que devem ser levadas a cabo em quatro semanas, de preferência
consecutivas. Seus temas são: natureza do mundo, natureza humana, relação do ser humano com Cristo e
com Deus e a vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Estes exercícios devem ser feitos acompanhados por um mestre, que orienta e elucida os iniciados em
relação aos diversos estados mentais surgidos nos exercícios espirituais.

Objetivos

Os objetivos deste método são: alinhar-se com a vontade de Deus, sentir-se infinitamente amado e
protegido por Deus e participar da Obra de Deus.

27
História da Meditação

Os adeptos destes exercícios espirituais visam aplicar na vida as transformações resultantes destas práticas.

1ª etapa: introspecção e reflexão

O retiro espiritual deve ser feito em local isolado, no qual o iniciado contempla as fraquezas da natureza
humana. Nesta fase, os sentimentos de desvalia, inquietação e culpa, que surgem naturalmente, dão lugar
a um desejo de harmonia e superação das fraquezas humanas.

2ª etapa: meditação (fase inicial)

Na segunda semana inicia-se um processo de meditação sobre a vida de Jesus: seu nascimento, infância,
desaparecimento, reaparecimento na Palestina, seus ensinos e milagres.

3ª etapa: meditação (fase intermediária)

Na terceira semana, o foco é a paixão e morte de Jesus e seu amor por nós.

4ª etapa: meditação (fase final)

Na quarta e última semana, medita-se sobre a alegria do reencontro dada pela ressurreição de Cristo, a
redenção da alma do iniciado e a fé que disso tudo surge.

Método de John Main

Fonte: <www.wccm.org/sites/default/files/users/General_Images/JMBury275.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

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História da Meditação

https://www.youtube.com/watch?v=lv93Hp2es8w

Este vídeo apresenta a 1ª Conferência de Dom Laurence Freeman (Ordem de São Bento -OSB), uma das
maiores autoridades mundiais sobre meditação cristã, proferida em 18/11/2011 na Casa dos Retiros da Vila
Kostka, Itaici, Indaiatuba, SP.

Tema: Busca a Ti Mesmo em Mim, Busca a Mim em Ti Mesmo.

A repetição sentida e fervorosa das orações ou a concentração em uma imagem ou símbolo sagrado do
cristianismo leva a mente a se separar do mundo, bloquear outros pensamentos, identificar-se com o objeto
da concentração e a intuir seus significados essenciais e encobertos. Nisto consiste a essência da meditação
cristã.

Uma das formas mais usadas atualmente na meditação cristã é o uso da palavra maranatha, que em
aramaico quer dizer: “Vem Senhor, vem Senhor Jesus”.

É a palavra escolhida pelo monge e místico cristão beneditino John Main (1926-1982), que adaptou à
realidade da vida moderna, esta forma antiquíssima de meditação. A sua repetição profunda induz a um
estado profundo de meditação e de encontro com Cristo.

Fonte: <api.ning.com/files/Vkr5AOZtf8IWeI2cw-ZjTAHQpoKMbVAo5qHeNXNlB*EKp4gF7GxRF5
YWXn2IKcxjEeG9iil-o4t3U9rj*fDLz1aIPyzfjqqw/advent.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

Uma variação dessa técnica, bem difundida na atualidade e semelhante às práticas orientais é o uso
dos mantras, isto é, a repetição constante de uma palavra por um longo tempo. Sente-se gradualmente,
até chegar a uma percepção plena, os sentimentos que lhe são próprios: graça, amor, perdão, entrega, fé,
aceitação, afabilidade, redenção e outras concepções próprias do cristianismo.

Em um primeiro momento, o meditador procura entender o significado da palavra escolhida, depois sentir
o sentimento que lhe é inerente e por fim unir-se ao tema meditado.

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História da Meditação

Método Quaker

Fonte: <benguaraldi.com/within/george.fox.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

Os quakers são cristãos protestantes que procuram a simplicidade na existência e o retorno ao cristianismo
primitivo. Para tanto, meditam na Luz Divina que provém de Deus.

Baseiam-se em João 8:12: “Jesus disse: ‘Eu sou a Luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em
trevas, mas terá a Luz da vida.” A intenção existente é a de encontrar essa luz através do exercício constante
da meditação e vivenciá-la plenamente, de modo sentido, verdadeiro e direto.

Conclusão

Fonte: <1.bp.blogspot.com/-4adq5JHKe-w/T1gYbKs3nXI/AAAAAAAAGNw/7M5rX0W7Se8/s320/me
dita%C3%A7%C3%A3o+crist%C3%A3+c%C3%B3pia.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

Para o cristianismo, o objetivo da meditação não é relaxar, mas alinhar-se com a vontade de Deus e, a
partir desse alinhamento, viver de acordo com seus preceitos. Como consequência, a paz e a serenidade se
fazem sentir no meditador, embora não seja este o principal motivo pelo qual medita.

O que ele busca é fazer sua reforma interior, ser uma pessoa melhor, de acordo com o plano de Deus para
sua vida.

30
História da Meditação

Assim, realinhando-se constantemente com Deus, busca encontrar o Amor Divino por todos os seres da
criação.

Para ser um verdadeiro cristão é preciso sentir amor, e para sentir amor é preciso viver a experiência
humana e meditar!

Exercício de Fixação da Aprendizagem


Após ler os textos, ver os vídeos, entender as imagens, responder ao questionário (se houver) e entrar em
todos os links deste capítulo, faça o seguinte:

1. elabore uma visão geral do capítulo, enumerando suas ideias centrais;

2. faça o maior número de perguntas sobre o conteúdo (poderá anotá-las em uma folha de papel à parte
ou registrá-las apenas mentalmente);

3. responda a todas as questões levantadas, anotando ou memorizando suas respostas;

4. efetue uma síntese das respostas dadas (é melhor que seja feita por escrito, pois terá no futuro um
material a ser consultado, ou apenas memorize-a);

5. imagine as possíveis aplicações reais desse conhecimento.

Com isso, estará aprendendo de modo fácil e duradouro o conteúdo deste capítulo. No final, terá aprendido
profundamente todo o conteúdo deste módulo.

CAPÍTULO 4: SISTEMA BUDISTA


Introdução
As diversas formas de meditação refletem a metafísica do budismo e constituem-se no principal recurso
desta religião para a ascensão espiritual.

O objetivo central desta forma de meditação é a iluminação (Bodhi). São utilizadas várias práticas visando
esse mesmo fim. A palavra bhavana significa desenvolvimento mental e com frequência é utilizada como
sinônimo de meditação. Damos preferência à tradução dos termos clássicos ao português, pois isto propicia
um maior entendimento dos objetivos de suas práticas meditativas.

Há cinco métodos básicos de meditação budista, agrupados da seguinte forma:

1. Meditação da tranquilidade, que se divide em: atenção à respiração e meditação sobre o amor fraterno.

2. Meditação de insight, que se divide em: contemplação da impermanência, prática dos seis elementos e
contemplação da condicionalidade.

31
História da Meditação

A meditação da tranquilidade prepara para as meditações de insight, como é descrito em <pt.wikipedia.


org/wiki/Medita%C3%A7%C3%A3o_budista> (acesso em: 16/01/2015).

Pressupostos da Meditação Budista

Fonte: <1.bp.blogspot.com/-Qa2LZttLHzI/UiU2gOQa-GI/AAAAAAAAEl8/PJEdpEC0mA8/s1600/
Resumo+sobre+o+Budismo+-+1+-+02sep13.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

Como foi dito acima, a sequência dos processos meditativos obedece aos conceitos da metafísica budista.
Seus praticantes devem entender seus principais conceitos para que possam se beneficiar com essas práticas.
Estas podem ser executadas fora do contexto budista, desde que se saiba como tirar proveito delas.

Adquirir autoconhecimento, planejar as ações levando em consideração os demais seres vivos e promover
o aperfeiçoamento de si e dos outros são ações que fazem parte das metas das meditações budistas.

Fonte: <www.baixaki.com.br/imagens/wpapers/BXK9360_buda-tailandia800.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

Há dois aforismas budistas que devem ser salientados e que poderão ajudar os interessados em meditação:

1º - O conhecimento de algo dá ao seu cognoscente a libertação sobre seu jugo e influência, sendo
portanto necessário conhecer aquilo que o domina;

32
História da Meditação

2º - esse conhecimento é adquirido por uma capacidade inata da mente.

Entendemos que esses dois aforismas referem-se à faculdade mental da intuição, que, quando utilizada
pela concentração focal em um determinado objeto de investigação, propicia o seu conhecimento intuitivo ou
essencial. Isto está presente em todas as formas de meditação, budistas e não budistas!

Para o budismo, o processo de levar a mente a conhecer em profundidade temas específicos pode ser
traduzido como discernimento, contemplação ou, mais especificamente em nosso idioma, como “insight
meditativo”, o que quer dizer que se conseguiu um conhecimento objetivo, pleno e essencial, sem distorções.

Há também os métodos de concentração, além dos de meditação de insight, como foi descrito, que se
destinam a fazer com que a mente se concentre em um foco de atenção, sem distrações.

Essas formas de meditação servem para o aperfeiçoamento moral, pois faz com que os iniciantes e
meditadores mais experientes concentrem-se, entendam e desenvolvam virtudes que precisam desenvolver,
como: amor fraternal, tolerância, bondade, coragem, compaixão etc.

É evidente que das práticas de concentração pode-se passar rapidamente para as de insight e vice-versa,
pois há um dinamismo no espírito humano que favorece esse ir e vir, dentro de ações disciplinadas e voltadas
para a finalidade do aperfeiçoamento pessoal.

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História da Meditação

Conclusões

Dalai Lama. Fonte: <www.humaniversidade.com.br/boletins/tente_outra_vez_


arquivos/dalai_roupas_budistas.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

Esta forma de meditação caracteriza-se por fazer com que a mente tenha a sua atenção voltada ao momento
presente, ao aqui e agora da experiência humana, com uma atitude de aceitação, calma e curiosidade, sem
julgamento, avaliação e crítica a todas as informações percebidas pela mente.

As meditações budistas servem ao aprimoramento da mente, personalidade e comportamento humano, e


podem ser praticadas tanto dentro da tradição budista por aqueles que creem em seus conceitos metafísicos
quanto pelos que, sem se ligarem ao budismo, fazem uso de uma ou mais formas de meditação budista,
visando o autoconhecimento, bem-estar, aprimoramento pessoal e saúde mental.

Exercício de fixação da aprendizagem


Após ler os textos, ver os vídeos, entender as imagens, responder ao questionário (se houver) e entrar em
todos os links deste capítulo, faça o seguinte:

1. elabore uma visão geral do capítulo, enumerando suas ideias centrais;

2. faça o maior número de perguntas sobre o conteúdo (poderá anotá-las em uma folha de papel à parte
ou registrá-las apenas mentalmente);

3. responda a todas as questões levantadas, anotando ou memorizando suas respostas;

4. efetue uma síntese das respostas dadas (é melhor que seja feita por escrito, pois terá no futuro um
material a ser consultado, ou apenas memorize-a);

5. imagine as possíveis aplicações reais desse conhecimento.

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História da Meditação

Com isso, estará aprendendo de modo fácil e duradouro o conteúdo deste capítulo. No final, terá aprendido
profundamente todo o conteúdo deste módulo.

CAPÍTULO 5: SISTEMA IOGUE


Introdução
A palavra ioga pode ser traduzida por união. Tradicionalmente, o termo ioga se refere às cinco escolas
tradicionais, todas voltadas à iluminação espiritual: raja-ioga ou ioga real, que se refere ao controle da
mente, hatha-ioga, que diz respeito ao controle do organismo, bakthi-ioga, a qual faz referência à percepção
do ser divino, carma-ioga ou ioga da purificação do comportamento e jnâni-Ioga ou a ioga do discernimento.

Além das já citadas, existem dezenas de outras linhas de ioga no mundo, mas todas com um mesmo e
único objetivo: samadhi ou a iluminação da consciência. Este é o objetivo central da ioga.

Essas escolas têm como base o Bhagavad Gita, e tudo indica que Patânjali baseou seus aforismas neste
livro (ELIADE, 2004) .

Ioga Sutras de Patânjali

Fonte: <4.bp.blogspot.com/_s-_NL0f96OM/TPRD8SeIoNI/AAAAAAAAAVk/
gGKcYGEtJt4/s400/patanjali_round.jpg>. Acesso em: 26/01/2015.

É a obra básica da ioga e foi escrita por esse autor entre os anos 300 e 200 a.C. Ela serve de base,
efetivamente, para a raja-ioga e, na visão de alguns autores, para a hatha-ioga. Para esta última forma, no
entanto, os textos mais antigos encerram seus ensinos básicos.

Para este curso é de maior interesse uma descrição mais minuciosa do método descrito por esse autor,
que tem a meditação como um recurso básico ao samadhi ou iluminação.

Assim como em outros métodos, a raja-ioga tem a sua própria visão metáfisca , e pode ser interessante ao
estudante de meditação conhecê-la, sem que, no entanto, tenha que adotá-la ao praticar estes ensinamentos.

35
História da Meditação

https://www.youtube.com/watch?v=6xqIig_poZs

Este vídeo mostra uma entrevista com o professor Roberto de A. Martins (Shivananda Yaksha), da equipe
Shri Yoga Devi, autor do livro O Yoga Tradicional de Patañjali a respeito do processo de meditação do ioga
tradicional de Patânjali.

Figura 3 - Ashtanga, símbolo da ioga. Fonte: <files.spectro-x.webnode.com.br/system_


preview_detail_200000255-9b37e9bb48/Om.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

Oito Pilares da Raja-Ioga

1. Yama ou refreamentos: ahimsa ou a mansidão, satya ou dizer a verdade, asteya ou não roubar,
brahmacharya ou controle da sexualidade, aparigraha ou não cobiçar.

2. Niyama ou auto-observações: saucha ou limpeza do corpo, da alimentação, da energia, da mente


(incluindo intelecto e afetos) e do local das práticas iogues, santosha ou autocontentamento, tapas ou
autossuperação das limitações do corpo, da fala e da mente, svadhyaya ou autoestudo, ishvara pranidhama
ou autoentrega, asanas ou posições psicossomáticas.

3. Asanas ou posições psicofísicas.

4. Pranayama ou expansão da força vital através da respiração.

5. Pratyahara ou abstração dos sentidos externos.

6. Dharana ou concentração mental.

7. Dhyana ou meditação.

8. Samadhi ou absorção meditativa. (RAMACHÁRACA, 1977)

36
História da Meditação

Conclusão

São nove as dispersões mentais: doença física e mental, apatia, dúvida, negligência, preguiça, incontinência,
percepção errônea, não realização das etapas da ioga e instabilidade. Junto a essas dispersões (Sutra 1.31)
aparecem: sofrimento, angústia, agitação e respiração agitada.

Como se pode notar, o método de meditação proposto por Patânjali, a raja-ioga inclui uma profunda
transformação da mente e do corpo para que a consciência possa efetivamente se libertar e atingir a iluminação.
Vale lembrar ao estudante de meditação que só é possível alcançar os estados meditativos superiores se
o mesmo encetar um esforço no sentido de superar suas dificuldades pessoais, mais especificamente as
emocionais, e se dedicar a cultivar a saúde através de hábitos saudáveis de higiene física e mental, o que
inclui exercícios físicos, alimentação adequada e conhecimento de si mesmo.

Isto, em essência, parece ser o ensinamento desse sábio hindu.

O estado meditativo propriamente dito, que inclui a um só tempo pratyahara, dharana, dhyana e samadhi
(estas fases só são expostas de modo distinto para fins didáticos), exprime um estado de consciência
caracterizado pela ausência das distrações dadas pelos estímulos internos e externos, na qual há uma grande
concentração da mente no objeto meditado, um direcionamento ininterrupto a esse objeto e a contemplação
do conhecimento amplo, essencial e verdadeiro que disso decorre.

Exercício de Fixação da Aprendizagem


Após ler os textos, ver os vídeos, entender as imagens, responder ao questionário (se houver) e entrar em
todos os links deste capítulo, faça o seguinte:

1. elabore uma visão geral do capítulo, enumerando suas ideias centrais;

2. faça o maior número de perguntas sobre o conteúdo (poderá anotá-las em uma folha de papel à parte
ou registrá-las apenas mentalmente);

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História da Meditação

3. responda a todas as questões levantadas, anotando ou memorizando suas respostas;

4. efetue uma síntese das respostas dadas (é melhor que seja feita por escrito, pois terá no futuro um
material a ser consultado, ou apenas memorize-a);

5. imagine as possíveis aplicações reais desse conhecimento.

Com isso, estará aprendendo de modo fácil e duradouro o conteúdo deste capítulo. No final, terá aprendido
profundamente todo o conteúdo deste módulo.

CAPÍTULO 6: SISTEMA SUFI


Introdução
Consulte os sites: <http://en.wikipedia.org/wiki/Sufism> (em inglês) e <pt.wikipedia.org/wiki/Sufismo>

Figura 4 - Símbolo do sufismo.


O sufismo é entendido como a corrente mística do islamismo, visto que suas práticas foram transmitidas
pelo profeta Maomé, tais como orações, jejuns, cânticos, músicas e movimentos físicos.

Indicamos a leitura do artigo O sufismo como dimensão mística do Islã, de Carlos Frederico Barbosa de
Souza (<periodicos.pucminas.br/index.php/horizonte/article/view/528>, acesso em 10/12/2014).

Há divergências no mundo islâmico sobre sua legalidade em relação à sharia, a lei divina.

Há sufis tanto entre os xiitas quanto entre os sunitas, pois não se trata de uma divisão do islamismo, mas
de uma visão mística da vida e de Deus, isto é, uma posição que visa a experiência direta com o Ser Divino.

Presumivelmente, o sufismo teria nascido na Arábia Saudita, na Idade Média. Hoje, está espalhado por
várias partes do mundo e interpreta diversas passagens do Alcorão de formas diversas da posição oficial.
Por isso, há rejeição por boa parte dos muçulmanos. A Turquia é hoje um dos países de maior aceitação do
sufismo no mundo, destacando-se, inclusive, as peregrinações a Konya.

Neste curso, o que mais nos interessa são suas práticas meditativas, que poderão ser estudadas e aplicadas
por nossos alunos.

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História da Meditação

A Meditação Sufi

Fonte: <www.vopus.org/es/images/articles/whirling_dervishes.jpg>. Acesso em 26/01/2015.

A música e a dança são utilizadas para se alcançar um estado mental elevado, de aproximação com Deus.
São utilizadas poesias e batidas rítmicas em tambores que fazem com que o som produzido os leve a entrar
em êxtase.

Os dervixes praticam uma das mais tradicionais formas musicais, caracterizadas pela rapidez rítmica e
dança rotatória.

Na meditação, os sufis declamam de forma cantada o dhikr, que se caracteriza por repetir diversas vezes
os textos sagrados do Alcorão e o nome de Deus. Esta prática faz com entrem em estado de transe, no qual
descobrem a Luz Divina.

https://www.youtube.com/watch?v=nKNCZTyLCyA

A meditação sufi é efetivamente exercida em grupo, nas mesquitas em que é praticada. Os sufis entram
em um EAC (estado alterado de consciência), com um som musical ritmado por tambores, no qual é possível
sentir o bem-estar decorrente dessa prática apenas por observar os dervixes em movimentos circulares e
constantes. É uma forma de meditação em Deus, na qual a música e os movimentos circulares são executados,
visando maior harmonia consigo e com o Divino. Surge um sentimento de amor por todos os seres.

Desde o início, este grupo apresentou divergência em relação às correntes oficiais, pois em vez da
preocupação com as leis religiosas, o essencial era entrar no êxtase místico, com o qual afirmavam e afirmam
entrar em contato direto com Deus. Nestes aspectos, o sufismo parece-se com o cristianismo místico e com
as visões do budismo e do hinduísmo, conforme relatadas anteriormente. Para saber mais, consulte o site
<www.infoescola.com/islamismo/sufismo/> (acesso em 10/01/2015).

Exercício de Fixação da Aprendizagem


Após ler os textos, ver os vídeos, entender as imagens, responder ao questionário (se houver) e entrar em
todos os links deste capítulo, faça o seguinte:

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História da Meditação

1. elabore uma visão geral do capítulo, enumerando suas ideias centrais;

2. faça o maior número de perguntas sobre o conteúdo (poderá anotá-las em uma folha de papel à parte
ou registrá-las apenas mentalmente);

3. responda a todas as questões levantadas, anotando ou memorizando suas respostas;

4. efetue uma síntese das respostas dadas (é melhor que seja feita por escrito, pois terá no futuro um
material a ser consultado, ou apenas memorize-a);

5. imagine as possíveis aplicações reais desse conhecimento.

Com isso, estará aprendendo de modo fácil e duradouro o conteúdo deste capítulo. No final, terá aprendido
profundamente todo o conteúdo deste módulo.

CAPÍTULO 7: SISTEMA ESOTÉRICO EGÍPCIO


Introdução

Fonte: <www.cescage.com.br/ead/adm/shared/fotos/f1be6849973d8323758167cc801fce07.jpg>. Acesso em: 28/01/2015.

A religião egípcia antiga era composta de um conjunto de crenças diferentes, mas que tinham em comum
a adoração aos deuses do Antigo Egito. Este conjunto heterogêneo de crenças foi aceito e praticado pelos
egípcios desde há 3000 a.C. até o advento do cristianismo, como no Império Romano unificado.

Os meios modernos para estudá-las são os templos, pirâmides, estátuas, túmulos e textos. Destes, os
mais importantes são: o Livro das pirâmides , o Livro dos sarcófagos e o Livro dos mortos (ver <pt.wikipedia.
org/wiki/Religi%C3%A3o_no_Antigo_Egito>.

40
História da Meditação

Kabash: a sabedoria do antigo Egito

O Kabash é o esoterismo do Egito Antigo, pois trata do desenvolvimento de capacidades psíquicas latentes,
com suas diversas aplicações na vida humana, notadamente na saúde, bem como do encontro do indivíduo
com sua alma e seu destino espiritual.

Esse sistema foi criado pelo médico Ptah Otep (XII Dinastia) e alcançou seu máximo esplendor na XVIII
Dinastia sob o reinado de Akenathon e Nefertiti, há 3.500 anos atrás, quando foi implantado o culto monoteísta
ao Deus Sol, caracterizado como uma verdadeira revolução. Etimologicamente, pode ser traduzida da seguinte
forma: kaba quer dizer receber e ash fogo ou luz.

O sistema tem métodos que elevam o espírito e melhoram a comunicação consigo mesmo e com o Criador,
permitindo ao indivíduo alcançar suas metas. Destas, a essencial é a de proporcionar ao ser humano a vida
em harmonia. Para tanto, ensina o seu método de meditação, o Dabraká, com o qual o indivíduo pode
desenvolver forças positivas e controlar as negativas que o influenciam.

O sistema Kabash fornece orientação para quaisquer problemas humanos, sejam eles profissionais,
emocionais, afetivos, sociais ou espirituais, porque sempre é possível encontrar uma luz através da meditação,
que leva às soluções.

Meditação Dabraká
Faz parte da Kabash. Significa a “linguagem da alma”, e é feita através da mentalização de combinações
específicas de letras, que nesta visão não possuem significado semântico, mas valor energético. Ela propicia
o equilíbrio das energias do psiquismo e do organismo, a recepção de forças positivas do universo e expurgo
das negativas. Favorece também a introspecção e o autoconhecimento, propiciando o desenvolvimento ético
de seus praticantes.

A Dabraká só deve ser usada com seriedade, pois há o risco de, se usada levianamente, acabar por atrair
energias densas e perigosas para o ser humano. Por isso, aconselha-se que seja feita a partir da orientação
e supervisão de mestres treinados e capacitados, com muita experiência em seu estudo e uso.

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História da Meditação

Algumas meditações são feitas com estas finalidades: autocontrole, clareza mental, limpeza energética,
equilibrar as emoções, harmonização integral, libertação de dores, ânimo, paz nos sonhos, sono tranquilo e
reparador, superação de dificuldades e redução do estresse, dentre outras. A Dabraká pode ser usada, também,
para promover a saúde física e mental de outras pessoas, atividade exercida pelos antigos sacerdotes.

Com a influência de culturas de outros povos (gregos, romanos pagãos e cristãos, árabes islâmicos e
europeus católicos), esses conhecimentos aos poucos foram esquecidos, e hoje em dia somente um pequeno
número de pessoas detêm esse saber.

Indicações de leitura:

<khatyaozzetti.blogspot.com.br/2008/04/da-kabala-ao-kabash-meditao.html> (acesso em 10/12/2014).

Conclusão

A meditação egípcia é um conhecimento antigo, mas que, em função dos estudos de egiptologia, vem
sendo cada vez mais conhecida no presente. Embora possua suas características próprias, em essência visa

o encontro com a alma e com o Criador, ações que a assemelham a outras formas de meditação.

Vale lembrar que é preciso estudar bastante, ter seriedade em seu uso e a prática deve ser acompanhada
de um mestre experiente.

Exercício de fixação da aprendizagem


Após ler os textos, ver os vídeos, entender as imagens, responder ao questionário (se houver) e entrar em
todos os links deste capítulo, faça o seguinte:

1. elabore uma visão geral do capítulo, enumerando suas ideias centrais;

2. faça o maior número de perguntas sobre o conteúdo (poderá anotá-las em uma folha de papel à parte
ou registrá-las apenas mentalmente);

3. responda a todas as questões levantadas, anotando ou memorizando suas respostas;

4. efetue uma síntese das respostas dadas (é melhor que seja feita por escrito, pois terá no futuro um
material a ser consultado, ou apenas memorize-a);

5. imagine as possíveis aplicações reais desse conhecimento.

Com isso, estará aprendendo de modo fácil e duradouro o conteúdo deste capítulo. No final, terá aprendido
profundamente todo o conteúdo deste módulo.

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História da Meditação

CAPÍTULO 8: SISTEMA ROSACRUZ


Introdução
Os estudos históricos sobre o rosacrucianismo apresentam algumas vertentes filosóficas e culturais. As
principais são a Fraternidade rosacruz, fundada por Max Heindel entre 1909 e 1911 e a AMORC (Antiga e
Mística Ordem Rosae Crucis), fundada por Harvey Spencer Lewis em 1915, ambas nos EUA.

Max Heindel

Fonte: <www.christianrosenkreuz.org/maxheindel_1909.jpg>. Acesso em 28/01/2015.

Harvey Spencer Lewis

Fonte: <de.wikipedia.org/wiki/AMORC>. Acesso em 28/01/2015.

Origem Histórica
De acordo com estudos históricos, o rosacrucianismo teve sua origem no século XVII, com o surgimento
lendário de Christian Rosenkreuz, apoiado por um grupo de intelectuais da Alemanha chamado de Círculo de
Tübingen, visando uma oposição ao fundamentalismo religioso da época. Iniciaram suas ações publicando
três manifestos anônimos que tornaram pública a existência da Fraternidade rosacruz:

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História da Meditação

• 1614 - Lançado em Kassel, na Alemanha, o Manifesto Fama Fraternitatis.

• 1615 - Lançado em Kassel, na Alemanha, o Manifesto Confessio Fraternitatis.

• 1616 - Lançado em Estrasburgo, na Alemanha (anexada à França em 1681), o Manifesto Núpcias


Alquímicas de Christian Rosenkreuz (REBISSE, 2004).

Visão da Fraternidade rosacruz

Fonte: <www.christianrosenkreuz.org/emblem1.gif>. Acesso em 28/01/2015.

É uma organização que visa transmitir seus conhecimentos místicos, de inspiração cristã, para o mundo.
Não se considera uma ordem, mas uma entidade de estudos voltada à divulgação e fortalecimento da mística
cristã.

Sua missão é a de fortalecer o cristianismo esotérico, propiciando experiências de caráter místico aos
seus interessados, para que os ensinamentos de Cristo possam ser efetivamente vivificados, livres do
fundamentalismo das religiões cristãs.

O método da Fraternidade rosacruz baseia-se em três pilares: concentração, meditação e oração, que
servem para que o ser humano encontre a si mesmo e eleve seu espírito até Deus.

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História da Meditação

Concentração
A concentração da atenção em um foco específico é o primeiro passo no uso de uma metodologia
fundamental à elevação espiritual. Para tanto, é preciso que a pessoa aprenda a se concentrar e possa
efetuar seu uso de diversas formas, incluindo a prática da meditação.

Há três atos que favorecem a aprendizagem da concentração.

O primeiro diz respeito à leitura de um texto de vivo interesse. Quando se lê algo de valor para si mesmo,
a mente fica direcionada a esse ponto específico, concentrando-se e exercitando essa capacidade.

O segundo se refere à concentração visando à compreensão e solução de um problema específico,


seja de natureza pessoal ou geral, acadêmico ou social. O que importa é que a mente se concentre no
encaminhamento de soluções ao problema escolhido. Isto promove o treinamento da concentração mental.

O terceiro e último ato que desenvolve a capacidade de concentração é a percepção dos momentos de
distração, isto é, seja lendo ou pensando numa solução, é fundamental que se perceba quando se está
distraído, para que a mente volte a ser conduzida para o ponto de concentração.

Estas três formas, em seu conjunto, treinam a mente, desenvolvendo a capacidade de concentração,
primeiro passo para outros avanços espirituais.

Meditação
A meditação rosacruz visa integrar a natureza inferior, material e animal, com a natureza superior, espiritual
e divina.

Aquele que medita concentra-se profundamente em temas superiores voltados à natureza espiritual,
como a fraternidade, bondade, amor, benevolência, evolução, desapego, serenidade, sabedoria e outros
desse tipo. Esses assuntos vão lhe revelando a realidade do bom, do verdadeiro e do belo. À medida
que se concentra nesses temas, vai adquirindo uma compreensão efetiva deles, amplia sua consciência e
fortalece o desenvolvimento de novos valores. Medita nas verdades espirituais e elas, pouco a pouco, vão
se revelando naturalmente ao iniciado, aumentando sua sabedoria. À medida que aperfeiçoa a si mesmo,
aumentam suas capacidades de concentração e meditação, torna-se mais espiritualizado e compreende em
profundidade novas verdades espirituais.

O aspirante rosacruz medita no silêncio de sua alma e apreende com isso os significados mais profundos de
sua experiência. A isto é acrescida uma crescente harmonia que se desenvolve em seu espírito, tornando-o
mais sábio, saudável e feliz.

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História da Meditação

Oração
Orar é se comunicar com Deus!

O estudante rosacruz, ao orar, deixa de lado o hábito menor de sempre pedir algo. Visa na oração sua
própria iluminação espiritual, para ser usada no bem comum.

A oração é um recurso poderoso para aperfeiçoar nossa capacidade de perceber a Luz Divina. Se a prece
for feita em conjunto, em um local de culto e adoração, então o seu poder se torna muito forte, pois congrega
várias almas ao mesmo tempo.

Isso pode ser feito em um templo, mas também na residência, em um aposento específico e, com o
tempo, esse local será sentido como sagrado.

É essencial que, no momento da oração, haja plena seriedade e grande concentração, com forte fervor
devocional. Se não for assim, corre-se o risco de serem ditas apenas palavras vazias, letra morta!

Transcrevo abaixo uma prece que serve de exemplo a esta visão, extraída do site: <www.christianrosenkreuz.
org/page19.htm> (acesso em 22/01/2015).

Uma das preces repetidas constantemente é esta:

Oração do estudante rosacruz

“Oh Deus, aumenta o meu amor por Ti, para que eu possa servir-Te melhor cada dia que passa,
faz com que as palavras da minha boca e as meditações do meu coração sejam gratas à Tua Presença, oh
Senhor, minha Força e meu Redentor.”

Visão da AMORC

A AMORC reconhece que suas práticas se inserem dentro do esoterismo ocidental, especificamente egípcio,
tendo sido seu fundador o faraó Tutmés III, da XVIII dinastia. Seu grande líder e primeiro “Imperator” teria
sido Amenófis IV, mais conhecido como Akenathon, e se deu por volta de 1353 a.C., ano que se inicia o
calendário rosacruz.

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História da Meditação

Outros conhecimentos vindos dos essênios também foram incorporados à AMORC e são estudados pelos
seus iniciados. Define-se como uma ordem rosacruciana, com uma hierarquia baseada no conhecimento e
antiguidade de seus membros.

Para maiores informações sobre a AMORC, acesse o link: <www.amorc.org>, site visitado em 09/01/2015.

Ensinamentos
São fornecidos através de monografias enviadas pelo correio, internet e em reuniões nos templos
rosacruzes.

Os temas estudados são: matéria e energia, a natureza ilusória do tempo e do espaço, consciência
humana e consciência cósmica, técnica rosacruz de meditação, desenvolvimento da intuição, aura humana,
cura metafísica, sons místicos, telepatia, telecinesia, vibroturgia, radiestesia, alquimia espiritual, o poder
criativo da visualização, projeção psíquica, despertando a consciência psíquica, reencarnação e carma,
intuição, inspiração e iluminação, influência física, psíquica e espiritual do subconsciente, encarnação da
alma, transição da alma, cura pessoal e cura à distância, o corpo psíquico e os centros psíquicos, percepção
psíquica e consciência psíquica, projeção psíquica, natureza e simbolismo dos sonhos, auras físicas, psíquicas
e espirituais, poder místico dos sons vocálicos e mantras, alma universal e alma humana, reencarnação da
alma, regeneração mística e harmonização com a consciência cósmica, entre outros.

As monografias são cedidas por empréstimo aos membros e deverão ser devolvidas à AMORC quando
se encerrar o período de afiliação, seja pela transição (falecimento do membro) ou pela desistência. Qualquer
outro uso ou tentativa de uso, ipso facto, viola o acordo de afiliação do Membro com a Ordem, e constitui
violação aos Estatutos da Ordem. Portanto, os ensinamentos (monografias) não podem ser vendidos ou
comprados por quem quer que seja. A venda ou a compra pode tornar o comprador ou o vendedor sujeito
a penalidade civil. (Fonte: <pt.wikipedia.org/wiki/Antiga_e_M%C3%ADstica_Ordem_Rosae_Crucis>, acesso
em 28/01/2015).

A AMORC edita e comercializa obras relacionadas ao conteúdo de seus estudos, além de editar
trimestralmente a revista “O rosacruz”. Tais livros podem ser comprados na loja online da AMORC no Brasil.

Outras organizações rosacruzes


Existem ainda outras entidades de caráter místico rosacruz, todas internacionais, sendo que algumas
têm pouca e outras, nenhuma penetração no Brasil. São elas: Fraternitas Rosae Crucis (FRC), Fraternitas
Rosicruciana Antiqua (FRA), Lectorium Rosicrucianum, Confraternidade da Rosa+Cruz (CR+C) e Ordem
Kabbalística da Rosa-Cruz (OKRC).

47
História da Meditação

Conclusões
Observando-se essas duas vertentes do rosacrucianismo, pode-se entender que se trata apenas da ênfase
em um ou em outro aspecto da iluminação espiritual. Enquanto a Fraternidade rosacruz enfatiza a união
com Cristo e com o Divino, a AMORC enfatiza o desenvolvimento dos poderes latentes da alma humana,
baseando-se notadamente nos ensinamentos e símbolos do esoterismo egípcio e na descoberta do Divino
no ser humano.

Ambas, no entanto, dedicam-se à evolução espiritual e fazem uso da meditação para atingirem seus
objetivos essenciais.

Para saber mais, acesse: <pt.wikipedia.org/wiki/Rosa-cruz>.

Exercício de Fixação da Aprendizagem


Após ler os textos, ver os vídeos, entender as imagens, responder ao questionário (se houver) e entrar em
todos os links deste capítulo, faça o seguinte:

1. elabore uma visão geral do capítulo, enumerando suas ideias centrais;

2. faça o maior número de perguntas sobre o conteúdo (poderá anotá-las em uma folha de papel à parte
ou registrá-las apenas mentalmente);

3. responda a todas as questões levantadas, anotando ou memorizando suas respostas;

4. efetue uma síntese das respostas dadas (é melhor que seja feita por escrito, pois terá no futuro um
material a ser consultado, ou apenas memorize-a);

5. imagine as possíveis aplicações reais desse conhecimento.

Com isso, estará aprendendo de modo fácil e duradouro o conteúdo deste capítulo. No final, terá aprendido
profundamente todo o conteúdo deste módulo.

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História da Meditação

CAPÍTULO 9: SISTEMA TRANSCENDENTAL


Introdução

Fonte: <3.bp.blogspot.com/_DlMiU2ckF7Q/TDtV3nefvnI/AAAAAAAAGZs/qbYD_d-
z1hY/s1600/MAHARISHI_03.jpg>. Acesso em 28/01/2015.

A meditação transcendental (MT) foi criada em meados dos anos 1950 pelo iogue Maharishi Mahesh.
É uma variação de métodos tradicionais de meditação iogue, os quais foram primeiramente aprendidos,
utilizados e ensinados por esse autor.

Posteriormente, em função dos ensinamentos de seu mestre, e pela sua experiência, veio a desenvolver
esta forma de meditação.

A MT teve e tem uma grande aceitação no Ocidente, com vários cursos no mundo inteiro. Sua divulgação
começou na Europa, mas especificamente na Inglaterra, emigrando posteriormente para os Estados Unidos,
onde tornou-se o método preferido dos artistas de Hollywood.

Tem uma fundamentação metafísica que não está sujeita à experimentação, mas que pode ser discutida
pela razão.

49
História da Meditação

Método da Meditação Transcendental

Fonte: <www.novainter.net/blog/wp-content/uploads/2009/05/cerebro.jpg>. Acesso em 28/01/2015.

1. O método consiste na repetição de um mantra, uma frase que tem significado para o praticante,
podendo ser: paz, amor, AUM, ou uma frase como “estou calmo”.

2. Em seguida, deve sentar-se em uma posição confortável, com a coluna ereta e fechar os olhos.

3. O próximo passo é relaxar e soltar os músculos de todo o corpo.

4. Em seguida, dê continuidade respirando naturalmente, sem interferir na respiração, sentindo o ar entrar


e sair livremente dos pulmões.

5. Repita mentalmente seu mantra escolhido ao expirar, concentrando-se inteiramente nele.

6. Quando perceber que está tendo pensamentos intrusos, afaste-os delicadamente, e concentre-se
novamente no mantra.

7. Comece com 10 a 20 minutos e prolongue livremente enquanto se sentir bem, no seu tempo disponível
para esta prática, uma a duas vezes ao dia, de preferência na mesma hora e local, o que condicionará seu
comportamento e organismo a dar as respostas mais adequadas (SANTOS, 2010).

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História da Meditação

Resultados

Maharishi Mahesh tornou-se mundialmente conhecido por ter, na década de 1960, instruído os Beatles
na prática da meditação transcendental. Posteriormente, instruiu também outras pessoas de proeminência
mundial, notadamente do campo das artes.

Vários cursos são dados em diversas partes do mundo, e esta é entendida como a prática de meditação
mais difundida no Ocidente.

Como pôde ser observado, trata-se de um método simples e, por isso mesmo, de fácil aprendizagem e uso
em diversos setores, tais como empresas, equipes esportivas, profissões de risco, escolas, hospitais, clínicas
e até quartéis militares.

A tendência ao se usar esse método é a de se conseguir maior bem-estar e paz interior, contribuindo
para a saúde física e mental, sendo que seus resultados assemelham-se ao que vêm sendo conseguidos na
experimentação dos diversos métodos de meditação.

Conclusões
Maior controle da pressão arterial, diminuição do estresse e da fadiga, maior disposição mental, autocontrole
emocional, mente clara e alerta têm sido alguns dos resultados descritos nesta forma de meditação.

Deve-se ressaltar a extraordinária semelhança entre a MT e três dos métodos cristãos apresentados:
de João Cassiano, de John Main e Quaker, bem como o da Fraternidade rosacruz. Todas apresentam
somente pequenas diferenças de forma, e não de conteúdo. Podemos dizer, por causa dessas semelhanças
metodológicas, que também é possível fazer meditação de inspiração cristã através da MT.

Para saber mais:

51
História da Meditação

• <www.meditacaotranscendental.com.br/>. (acesso em 10/01/2015).

• <www.meditacaosaopaulo.com.br/>. (acesso em 10/01/2015).

• <en.wikipedia.org/wiki/Transcendental_Meditation>. (acesso em 10/01/2015).

Exercício de Fixação da Aprendizagem


Após ler os textos, ver os vídeos, entender as imagens, responder ao questionário (se houver) e entrar em
todos os links deste capítulo, faça o seguinte:

1. elabore uma visão geral do capítulo, enumerando suas ideias centrais;

2. faça o maior número de perguntas sobre o conteúdo (poderá anotá-las em uma folha de papel à parte
ou registrá-las apenas mentalmente);

3. responda a todas as questões levantadas, anotando ou memorizando suas respostas;

4. efetue uma síntese das respostas dadas (é melhor que seja feita por escrito, pois terá no futuro um
material a ser consultado, ou apenas memorize-a);

5. imagine as possíveis aplicações reais desse conhecimento.

Com isso, estará aprendendo de modo fácil e duradouro o conteúdo deste capítulo. No final, terá aprendido
profundamente todo o conteúdo deste módulo.

CAPÍTULO 10: SISTEMA TRANSPESSOAL


Introdução
A psicologia transpessoal é considerada a quarta força ou a quarta teoria da Psicologia, juntamente com
as outras: psicanálise, behaviorismo, e humanista.

Caracteriza-se pelo estudo dos EAC (estados alterados de consciência), dentre os quais podemos citar
a hipnose, samadhi, regressão de memória, telepatia, entre outros (TABONE, 1988). O estudo sistemático
e científico da meditação também foi incorporado ao seu corpo teórico, porque a mente humana, em sua
prática, entra em um estado alterado específico que despertou a atenção de vários pesquisadores no mundo
todo (CARDOSO, 2011). Em módulo anterior, Introdução à meditação, este assunto foi mais amplamente
apresentado.

Paralelamente a isto, alguns métodos de meditação são aos poucos incorporados no campo da medicina
psicossomática, mas não vamos nos ocupar deste estudo neste módulo, deixando para outro uma exposição
mais ampla deste tema. Neste vamos enfatizar o uso da meditação, normalmente como coadjuvante ao
processo psicoterapêutico.

52
História da Meditação

Na psicoterapia transpessoal, a meditação é utilizada com propósito terapêutico, visando o fortalecimento


da estrutura de personalidade, atenuando e até eliminando sintomas, o que contribui para uma visão mais
precisa e sadia da realidade (WEST, 1987).

Mais especialmente, em outro módulo, intitulado Meditação clínica, um novo método desenvolvido por nós
será exposto de forma didática e minuciosa.

Meditação em Psicoterapia

Fonte: <3.bp.blogspot.com/-HMmuwWxTYLg/UXkjsmE5lQI/AAAAAAAAAJ4/BKCt2Wa9Izg/
s1600/conscic3aancia-imagem.jpg>. Acesso em 28/01/2015.

A meditação tem sido cada vez mais utilizada nos meios médico e psicológico, notadamente no campo
da psicoterapia. Um dos pioneiros nessa abordagem foi o médico americano Kabat-Zinn, que na década de
1970, nos EUA, veio a utilizar a meditação como recurso terapêutico no tratamento de diversos transtornos
psicossomáticos, incluindo o estresse, ansiedade e alterações cardíacas, problemas digestivos, dor crônica e
hipertensão arterial, com amplos e bem documentados resultados (KABBAT-ZINN, 2004; 2007). Até mesmo
pessoas que não tinham condições de cura vieram a aceitar e lidar melhor com suas doenças.

O método da atenção plena tem sido um dos mais pesquisados e utilizados na psicoterapia transpessoal,
com ótimos resultados, a qual em inglês é chamada de mindfulness meditation (MACE, 2008). Essa
metodologia foi incorporada à psicologia transpessoal e à medicina psicossomática, oriunda do budismo, que
a utiliza visando a libertação espiritual, como já foi mostrado no sistema budista de meditação, tópicos atrás
nesta disciplina. (GUNARATANA, 2002).

53
História da Meditação

Neste vídeo, o narrador induz à prática da meditação da atenção plena, citada acima, possibilitando ao
estudante deste curso conhecê-la de perto. É um ótimo exercício de concentração e meditação para gerar
paz e bem-estar.

Os principais transtornos emocionais e psicossomáticos tratados são: estresse agudo ou crônico,


ansiedade, angústia, depressão, estado de fadiga crônica, insônia, parassonia, hipersonia, uso de drogas,
culpa patológica, irritabilidade, submissão, reações patológicas à perda, ansiedade de separação, bloqueios
à criatividade, inadequação à vida afetiva, insegurança, fobias e pânico, dentre outras, pois novos casos têm
sido descritos na literatura médica (KABAT-ZINN, 1985).

Os temas citados podem ser ampliados com a leitura do artigo em <https://psicoterapiatranspessoal.


wordpress.com/a-meditacao-como-ferramenta-terapeutica/> (acesso em 12/01/2015).

Prática da meditação
Caso você tenha algum transtorno emocional mais grave, procure a ajuda de um psicoterapeuta bem
qualificado que poderá ser de grande valia para sua saúde mental e evolução espiritual, e que vai lhe auxiliar
a se desenvolver no uso de um ou mais métodos de meditação aqui apresentados.

A seguir apresentamos algumas orientações para sua prática:

Fonte: <imguol.com/2012/10/19/rosana-jatoba-fazendo-meditacao-5-1350668070873_956x500.jpg>. Acesso em 28/01/2015.

1. Escolha um local tranquilo, confortável e sem muita luminosidade. Não precisa de estar em silêncio
total, mas se houver ruídos, que sejam de pouca intensidade.

2. Tenha a certeza de que não haverá interrupções nos próximos minutos.

3. Defina o tempo de prática. O indicado é começar com 5 a 10 minutos que, poderá gradualmente ir
aumentando, na medida de seu conforto e tempo disponível. É conveniente por um relógio para despertar
suavemente no tempo convencionado.

4. Sente-se em uma posição confortável e com a coluna ereta. Não é necessário cruzar as pernas como
na posição de lótus. O importante é estar confortável.

54
História da Meditação

5. Também pode fazer a meditação deitando-se em uma cama ou no chão, se preferir.

6. Apoie as mãos confortavelmente nas pernas de forma a que os braços e ombros fiquem descontraídos.

7. Feche os olhos.

8. Procure um ponto no seu corpo onde lhe seja possível sentir o movimento de cada respiração. Procure
respirar movimentando os músculos de seu abdômen. A respiração lenta, profunda e baixa é extremamente
relaxante.

9. Foque a sua atenção nessa zona e no movimento constante de cada respiração sem tentar influenciá-
las.

10. Não tente parar os pensamentos. Isto seria impossível. O que se pretende é criar um estado em que
nos tornamos observadores dos pensamentos sem nos envolvermos com eles.

11. Sempre que sentir que a sua atenção fugiu atrás de um pensamento, não se frustre e nem faça
julgamentos. Limite-se a observar essa distração e a voltar novamente a atenção para a respiração.

12. Faz parte da natureza da mente produzir pensamentos. Uns atrás dos outros. Limite-se a observá-los,
sem julgamentos, sem autocrítica, sem se deixar levar por essa corrente constante.

13. Se entretanto surgir alguma dor, ou outra sensação intensa, não a ignore. Não fuja dela e não a
analise como sendo boa ou má. Limite-se a observá-la, com toda a sua atenção, mas sem pensamentos ou
julgamentos. Aceite-a como parte da sua experiência no momento presente. Como parte do aqui e agora que
está a vivenciar intensamente. Caso sinta a necessidade de parar, faça-o e volte ao estado normal de vigília.
Nunca se force a fazer algo que lhe causa desconforto. Em outra ocasião, conseguirá dar o prosseguimento
necessário.

14. Quando essa sensação desaparecer, volte mais uma vez a atenção para a sua respiração, para esse
constante vai e vem do ar, que entra e sai de seus pulmões.

15. Você poderá prestar a atenção, agora, na serenidade que essa respiração baixa, lenta e profunda lhe
oferece. Concentre-se nela.

16. Deixe que uma ideia que é essencial sobre a serenidade apareça em sua consciência. Isto é uma forma
de insight meditativo, que lhe ensina algo novo.

17. No final do tempo que estipulou, com o alarme do relógio tocando suavemente, comece lentamente
a ter novamente noção de seu corpo e do espaço em que se encontra. Faça alguns movimentos lentos com
as mãos e os pés e, quando lhe apetecer, abra os olhos e espreguice-se um pouco. A prática termina aqui.

Esta é uma forma simples de concentrar a atenção na respiração e que pode dar bons resultados (LEHRER;
WOOLFOLK, 1993). O uso destas práticas fará com que haja um ótimo relaxamento, condição indispensável
à saúde física e mental (BENSON; KLIPPER, 2000).

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História da Meditação

Conclusões

Fonte: <kdfrases.com/frases-imagens/frase-o-psicoterapeuta-nao-deve-contentar-se-em-compreender-
o-doente-e-importante-que-ele-tambem-se-carl-jung-121543.jpg>. Acesso em 28/01/2015.

O sistema transpessoal de meditação está intimamente ligado às práticas psicoterapêuticas transpessoais


e, portanto, só pode ser dirigido por um terapeuta experiente. Algumas técnicas mais simples, no entanto,
como a apresentada anteriormente, podem ser utilizadas visando maior tranquilidade, concentração e bem-
estar, sem que com isso tenha o iniciante que procurar um profissional especializado.

No Brasil, somente psicólogos clínicos e psiquiatras podem receber treinamento em psicoterapia.

O iniciante deve procurar um instrutor para ser devidamente educado em suas práticas e conhecimentos,
seja ele um postulante a terapeuta ou paciente. Deve ser orientado por um psicoterapeuta treinado, para
que tanto o treinamento terapêutico, quanto o tratamento de pacientes possa ser levado a efeito com grande
sucesso!

Além disso, a formação psicoterápica exige, igualmente, uma sólida formação teórica e técnica dos médicos
e psicólogos. Além disso, estes devem se submeter à psicoterapia na linha teórica que escolherem.

Saiba mais: <en.wikipedia.org/wiki/Transpersonal_psychology> (acesso em 12/01/2015).

Exercício de Fixação da Aprendizagem


Após ler os textos, ver os vídeos, entender as imagens, responder ao questionário (se houver) e entrar em
todos os links deste capítulo, faça o seguinte:

1. elabore uma visão geral do capítulo, enumerando suas ideias centrais;

56
História da Meditação

2. faça o maior número de perguntas sobre o conteúdo (poderá anotá-las em uma folha de papel à parte
ou registrá-las apenas mentalmente);

3. responda a todas as questões levantadas, anotando ou memorizando suas respostas;

4. efetue uma síntese das respostas dadas (é melhor que seja feita por escrito, pois terá no futuro um
material a ser consultado, ou apenas memorize-a);

5. imagine as possíveis aplicações reais desse conhecimento.

Com isso, estará aprendendo de modo fácil e duradouro o conteúdo deste capítulo. No final, terá aprendido
profundamente todo o conteúdo deste módulo.

TESTE FINAL
Agora você já leu, assistiu, viu, ouviu, experimentou, refletiu e meditou sobre todo o conhecimento que
lhe foi transmitido. Assim, vamos fazer um novo teste avaliar o saber adquirido antes das provas. Como da
outra vez, só responda se tiver intimamente certeza de sua resposta, mesmo que depois ela seja considerada
equivocada. Se tiver dúvidas sobre uma ou mais questões, não as responda e as considere erradas. No final,
conte quantas acertou de fato.

1. Quanto ao sistema transpessoal, é correto afirmar que sua prática meditativa:

a) está intimamente ligada às práticas psicoterapêuticas e, portanto, só pode ser dirigida por um terapeuta
experiente, com exceção do uso de técnicas mais simples;

b) não está intimamente ligado às práticas psicoterapêuticas e, portanto, não precisa ser dirigida por um
terapeuta experiente em quaisquer de suas técnicas;

c) somente pode ser usada fora do âmbito da psicoterapia;

d) não pode ser usada fora do âmbito da psicoterapia.

2. Técnicas e métodos oriundos de sistemas diversos, mesmo quando estudados pela ciência, podem ser
utilizados apenas no âmbito dessas mesmas origens, e não de modo independente.

Está afirmação está:

a) certa;

b) errada;

c) certa para alguns sistemas;

57
História da Meditação

d) errada dependendo do sistema.

3. Escolha a alternativa correta:

a) meditar é o mesmo que refletir, pois quando se está meditando raciocina-se sobre o tema meditado;

b) meditar é o mesmo que indagar, pois fazer perguntas estimula o raciocínio;

c) meditar consiste em apenas se concentrar no tema;

d) meditar é ao mesmo tempo se concentrar, deixando de lado todas as ideias preconcebidas, e compreender
o tema meditado pela intuição.

4. O método do sistema cristão de Inácio de Loyola:

a) dispensa um mestre competente e autorizado, pois sua prática só pode ser feita por padres e monges;

b) dispensa um mestre competente, pois, além de ser feito individualmente, é de fácil execução;

c) não dispensa um mestre competente, pois o iniciado deve passar por diversas etapas que estimulam
estados mentais incomuns;

d) esse método foi desenvolvido à época do Império Romano unificado e, por ter sido criado na Idade
Antiga, não é mais aplicável nos dias de hoje – foi abandonado pela Igreja Católica.

5. O sistema budista de meditação:

a) nunca foi estudado cientificamente e nunca será pesquisado, pois os monges budistas são contrários
a isso;

b) foi pouco estudado cientificamente, visto que não há interesse da ciência em estudá-lo, havendo
poucas pesquisas a esse respeito;

c) só será estudado daqui em diante, pois só recentemente descobriu-se que é benéfico para pessoas com
cardiopatias;

d) é o mais estudado cientificamente. Alguns de seus métodos e técnicas já foram à Medicina e à Psicologia
para tratamento de diversos problemas físicos e mentais.

6. É correto afirmar:

a) só existe uma organização rosacruz;

b) há mais de uma organização rosacruz. Em essência, todas buscam os mesmos fins;

c) há mais de uma organização rosacruz e todas buscam fins muito diferentes uns dos outros;

58
História da Meditação

d) há várias organizações rosacruzes no mundo e todas são muito conhecidas no Brasil.

7. Segundo a maioria dos historiadores ocidentais, o sistema sufi:

a) está baseado no judaísmo;

b) está baseado no islamismo;

c) está baseado no cristianismo;

d) está baseado no budismo.

8. O método de meditação mais praticado no Ocidente é o do:

a) sistema cristão, pois o cristianismo é a religião predominante no Ocidente;

b) sistema budista, pois foi o mais estudado cientificamente;

c) sistema transcendental, pois se tornou muito conhecido com o envolvimento dos Beatles e de outros
artistas famosos;

d) sistema transpessoal, pois está fundamentado na psicologia transpessoal.

9. O sistema egípcio de meditação:

a) é de difícil execução e requer mestres experientes;

b) é de fácil execução e não requer mestres experientes;

c) pode ser usado levianamente, pois não gera más consequências;

d) embora diga respeito ao Egito Antigo, foi desenvolvido só recentemente.

10. É correto afirmar:

a) os sistemas abertos não admitem mudanças;

b) os sistemas abertos admitem mudanças;

c) os sistemas conceituais são sempre fechados;

d) os sistemas materiais são sempre fechados.

Neste momento todas as questões foram respondidas e você pode saber como estão seus conhecimentos.
Talvez considere que deva reestudar alguns pontos. Outros entendem que têm um conhecimento amplo e

59
História da Meditação

profundo. O importante é que possa, constantemente, fazer sua autoavaliação, pois dela dependerá seu
sucesso futuro como docente e praticante de meditação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vocês entraram em contato com os métodos mais conhecidos de meditação pura existentes no mundo.
Foram deixados de lado apenas os de meditação em movimento, próprios das artes marciais, alguns dos
quais foram explanados em Introdução à Meditação.

Estes dois módulos complementam-se: possuem conteúdos que se integram. Por isso, o estudante de
meditação deve considerar ambos como uma continuidade, e a recapitulação do anterior deve ser feita para
um melhor entendimento deste módulo.

Propositalmente, não foi exposto o método de meditação da AMORC, pois seu conteúdo só pode ser
transmitido através de monografias enviadas pelo correio ou pela internet para seus iniciados, e a divulgação
pública fere suas normas, estando o infrator sujeito a sanções legais. Caso tenham o interesse em conhecê-
lo, poderão fazer contato com essa associação para receberem as monografias, que tratam deste e de outros
assuntos.

Também foram deixadas de lado as letras da meditação Dabraká do esoterismo egípcio devido às
implicações e advertências dadas pelos seus instrutores. Caso também tenham interesse neste assunto,
deverão procurar as instituições apropriadas.

De posse das informações contidas neste módulo, poderão fazer suas escolhas, levando em consideração
suas características pessoais e as dos diversos sistemas apresentados, encontrando aquele de maior
sintonia convosco. Haverá, então, uma grande harmonia decorrente disso, que lhes possibilitará um maior
aperfeiçoamento espiritual.

Um grande abraço a todos!

Ricardo Mazzonetto

60
História da Meditação

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENSON, H.; KLIPPER, M. Z. The relaxation response. New York: Harper Collins, 2000.

CARDOSO, R. Medicina e meditação: um médico ensina a meditar. 3. ed. São Paulo: MG, 2011.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2007.

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KABBAT-ZINN, J. Full catastrophe living. Piatkus, 2004.

LEHRER, P.; WOOLFOLK, R. Principles and practice of stress management. New York: Guilford,
1993.

LINTON, R. O homem: uma introdução à Antropologia. São Paulo: Martins, 1943.

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Pensamento, 1977.

REBISSE, C. Rosa+cruz: história e mistérios. Curitiba: AMORC, 2004.

SANTOS, J. Meditação: fundamentos científicos. Salvador, 2010, 56 p. Apostila preparada para o curso
de Psicologia da Faculdade Castro Alves.

TABONE, M. A psicologia transpessoal: introdução à nova visäo da consciência em Psicologia e


Educação. São Paulo: Cultrix, 1988.

WEST, M. The psychology of meditation. Oxford Science, 1987.

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História da Meditação

Sites visitados
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História da Meditação

RESPOSTAS DO TESTES
Teste introdutório
1. F

2. V

3. F

4. V

5. F

6. F

7. F

8. V

9. V

10. V

Teste final
1. A

2. B

3. D

4. C

5. D

6. B

7. B

8. C

9. A

10. B

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