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CONCEITO DE POSSE

O conceito de posse deve-se perpassar pelo entendimento de duas grandes


correntes dentro do direito, uma da qual afirma a posse tratar-se de mero fato e a
segunda a qual defende que a posse, realmente, constitui um direito. Sendo que a
segunda corrente é que prevalece no direito brasileiro doutrinariamente. Deve ainda
entender a posse pelas duas grandes teorias clássicas do direito, sendo elas,
explicadas adiante.
TEORIA SUBJETIVA
O autor desta teoria é Friedrich Von Savigny, que descreve a posse como
sendo a conjugação de dois elementos: Corpus, elemento objetivo que consiste na
detenção física da coisa, e o animus domini, elemento subjetivo, que é a intenção de
ter a coisa como sua, de exercer o direito de propriedade como se fosse seu titular.
Não constituem relações possessórias, portanto, na aludida teoria, “aquelas em que a
pessoa tem a coisa em seu poder, ainda que juridicamente fundada (como na locação,
no comodato, no penhor etc.), por lhe faltar a intenção de tê-la como dono (animus
domini), o que dificulta sobremodo a defesa da situação jurídica”.
TEORIA OBEJTIVA
O autor desta teoria é RUDOLF VON IHERING é por ele próprio denominada
objetiva porque não empresta à intenção, ao animus, a importância que lhe confere a
teoria subjetiva. Considera-o como já incluído no corpus e dá ênfase, na posse, ao seu
caráter de exteriorização da propriedade. Para que a posse exista, basta o elemento
objetivo, pois ela se revela na maneira como o proprietário age em face da coisa.
O elemento psíquico não se situa na intenção de dono, mas tão somente na
vontade de agir como habitualmente o faz o proprietário (affectio tenendi),
independentemente de querer ser dono (animus domini). A posse, então, é a
exteriorização da propriedade, a visibilidade do domínio, o uso econômico da coisa.
Ela é protegida, em resumo, porque representa a forma como o domínio se manifesta.

Malgrado o prestígio de SAVIGNY e a adoção de sua teoria


nos códigos de diversos países, a teoria objetiva de IHERING
revela-se a mais adequada e satisfatória, tendo, por essa
razão, sido perfilhada pelo Código Civil de 1916, no art. 485, e
pelo de 2002, como se depreende da definição de possuidor
constante do art. 1.196, que assim considera aquele que se
comporta como proprietário, exercendo algum dos poderes que
lhe são inerentes. Embora, no entanto, a posse possa ser
considerada uma forma de conduta que se assemelha à de
dono, aponta a lei, expressamente, as situações em que tal
conduta configura detenção e não posse. Assim, não é
possuidor o servo na posse, aquele que conserva a posse em
nome de outrem, ou em cumprimento de ordens ou instruções
daquele em cuja dependência se encontre, di-lo o art. 1.198 do
Código Civil. Igualmente não induzem posse, proclama o art.
1.208 do Código Civil, “os atos de mera permissão ou
tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos
violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência
ou a clandestinidade. (GONÇALVES, 2017, p. 53-54).
Dito isto o direito brasileiro adota parcialmente a teoria objetiva de Rudolf V. Ihering
em seu código de direito civil de 2002.

Referências Bibliográficas:
TARTUCE, F. Direito Civil: Direito das coisas. 9ª edição. Ed. Forense, 2017.
GONÇALVES, C. R. Direito Civil Brasileiro: Direito das coisas. 12ª edição. São Paulo:
Ed. Saraiva, 2017.

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