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Apelacao Pelo Reu Liberdade de Expressao Publicacao em Blog Inocorrenica de Dano Moral
Apelacao Pelo Reu Liberdade de Expressao Publicacao em Blog Inocorrenica de Dano Moral
Termos em que,
espera deferimento.
Defensor(a) Pú blico(a)
Unidade de XXXXXXXXXXX
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RAZÕES DE APELAÇÃO
Apelante:
Apelado:
DOS FATOS
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Feito pedido de tutela antecipada para o fim de ver liminarmente
determinada a retirada da referida missiva do conteú do do blog, foi aquela concedida,
“inaudita altera pars”, tendo o provedor do serviço Google Brasil cumprido a ordem
judicial antes mesmo da citaçã o do Apelante.
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Inobstante, o D. Juízo houve por bem determinar o julgamento antecipado da
causa, culminando por entender pela ocorrência de dano moral e condenar o ora
Apelante no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), com correçã o monetá ria e juros de
mora contados da citaçã o, além de verba honorá ria arbitrada pelo má ximo.
Vejamos.
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Como bem destacado pela empresa corré na presente açã o em sua
contestaçã o (fls. 124 e ss.), o dano moral nã o decorre de um mero sofrimento que a
parte alegue ter sofrido, senã o que devem concorrer três elementos, a saber, “dano,
ilicitude e nexo causal”. (Humberto Theodoro Jú nior, Comentá rios ao Novo Có digo Civil,
Volume III, Tomo II. Rio de Janeiro, Ed. Forense, 2003. p. 43)
Ainda, segundo a liçã o de Maria Helena Diniz, “nã o poderá haver açã o de
indenizaçã o sem existência de um prejuízo.”
Deveria, isso sim, ter ouvido o ora Apelante para o fim de aferir a eventual
ocorrência de dolo ou culpa para, somente de posse de tal prova, julgar a causa de forma
equilibrada, inclusive ponderando o valor da condenaçã o em face desse critério, se o
caso.
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Lamentavelmente, o D. Juízo “a quo” ultrapassou as etapas necessá rias de
instruçã o da demanda, acelerando o trâ mite da causa para que, desde logo, pudesse dar
seu veredicto, pela condenaçã o integral, o que, como se verá , já se sabia de antemã o.
Basta que se veja o teor de sua decisã o quando a autora da demanda - aqui
apelada – requereu a concessã o de tutela antecipada para que a carta fosse retirada do
blog do apelante. Disse S. Exa., na ocasiã o, ultrapassando os limites do pedido e
enveredando quanto ao mérito da causa:
“Na carta publicada, é possível observar que nã o faz apenas alusõ es
a fatos concretos, mas também atribui adjetivos desqualificadores
em relaçã o ao autor, maculando sua honra objetiva e subjetiva. (g.n.)
E continuou:
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Sem dúvida, já decretara que a honra do autor estava “maculada” ao
decidir pela retirada do blog, muito antes deste poder apresentar sua versão dos
fatos e produzir provas, providências necessárias para que o processo
transcorresse de forma equilibrada e imparcial.
Tal pedido, feito já em sede de contestaçã o (fls. 244), foi reiterado pela Defesa
no item 1 da petiçã o de fls. 318, sendo indeferido pelo Juízo, em seu afã de sentenciar a
causa consoante seu prejulgamento, no que, novamente, atropelou o sagrado direito de a
parte se defender em juízo.
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No caso, a referida documentaçã o é crucial para demonstrar que o autor da
açã o, aqui apelado, jamais formulou qualquer pedido de publicaçã o de direito de
resposta e / ou que o apelante tenha lhe negado esse direito, se formulado.
Como corolá rio, espera-se desta Eg. Corte a aplicaçã o do artigo 331 do
mesmo Có digo, para o fim de determinar a designaçã o de audiência preliminar, na qual
tentar-se-á a conciliaçã o ou, se esta nã o se produzir, seja colhida a prova requerida pelas
partes, tudo para que os aspectos fá ticos relativos ao pretendido dano material sejam
esclarecidos.
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X - sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenizaçã o pelo dano material ou
moral decorrente de sua violaçã o;
E ainda:
Ora, a publicaçã o da carta anô nima recebida pelo réu, cujo conteú do
procurava expor os problemas gerados por atos administrativos indevidos praticados
pelo autor na gestã o de Unidade da Fundaçã o Casa, tinha o evidente intuito de expor à
sociedade situação do mais amplo interesse público, sobretudo porque tais fatos
estariam ocorrendo no seio de instituição fechada (estabelecimento de internação
de jovens), cujo histórico de abusos e violações da dignidade dos internos é tão
recorrente em nosso país que já foi objeto, até mesmo, de duas decisões da Corte
Interamericana de Direitos Humanos.2
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Cível nº 355.443-4/0-00, Rel. Des. NATAN ZELINSCHI DE ARRUDA –
TJSP - grifei)
“INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL.
INOCORRÊNCIA. MATÉRIA QUE TRADUZ CRÍTICA JORNALÍSTICA.
AUTORA QUE, NO EXERCÍCIO DE CARGO PÚBLICO, NÃO PODE SE
FURTAR A CRÍTICAS QUE SE LHE DIRIGEM. CASO EM QUE FERIDA MERA
SUSCETIBILIDADE, QUE NÃO TRADUZ DANO. AUSÊNCIA DE ILICITUDE DO
COMPORTAMENTO DOS RÉUS. DIREITO DE CRÍTICA QUE É INERENTE À
LIBERDADE DE IMPRENSA. VERBA INDEVIDA. AÇÃO JULGADA
IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO,
PREJUDICADO O APELO ADESIVO. (...).” (Apelação Cível nº 614.912.4/9-
00, Rel. Des. VITO GUGLIELMI – TJSP - grifei)
“INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL.
INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE ILICITUDE. PUBLICAÇÃO DE ARTIGO EM
REVISTA COM REFERÊNCIAS À PESSOA DO AUTOR. INFORMAÇÕES
COLETADAS EM OUTRAS FONTES JORNALÍSTICAS DEVIDAMENTE
INDICADAS. AUSÊNCIA DE CONOTAÇÃO OFENSIVA. TEOR CRÍTICO QUE É
PRÓPRIO DA ATIVIDADE DO ARTICULISTA. AUTOR, ADEMAIS, QUE É
PESSOA PÚBLICA E QUE ATUOU EM FATOS DE INTERESSE PÚBLICO.
SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO.”
(Apelação Cível nº 638.155.4/9-00, Rel. Des. VITO GUGLIELMI – TJSP -
grifei)
“(...) 03. Sendo o envolvido pessoa de vida pública, uma autoridade, eleito
para o cargo de Senador da República após haver exercido o cargo de
Prefeito do Município de Ariquemes/RO, condição que o expõe à crítica da
sociedade quanto ao seu comportamento, e levando-se em conta que não
restou provado o ‘animus’ de ofender, tenho que o Jornal não pode ser
condenado ao pagamento de indenização por danos morais. 04. Deu-se
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provimento ao recurso. Unânime.” (Apelação Cível nº
2008.01.5.003792-6, Rel. Des. ROMEU GONZAGA NEIVA – TJDF - grifei)
“A notoriedade do artista, granjeada particularmente em telenovela de
receptividade popular acentuada, opera por forma a limitar sua
intimidade pessoal, erigindo-a em personalidade de projeção pública,
ao menos num determinado momento. Nessa linha de pensamento,
inocorreu iliceidade ou o propósito de locupletamento para,
enriquecendo o texto, incrementar a venda da revista. (...) cuida-se de um
ônus natural, que suportam quantos, em seu desempenho exposto ao
público, vêm a sofrer na área de sua privacidade, sem que se aviste, no fato,
um gravame à reserva pessoal da reclamante.” (JTJ/Lex 153/196-200,
197/198, Rel. Des. NEY ALMADA – TJSP - grifei)
Vê-se, pois – tal como tive o ensejo de assinalar (Pet 3.486/DF, Rel. Min.
CELSO DE MELLO, “in” Informativo/STF nº 398/2005) -, que a crítica
jornalística, quando inspirada pelo interesse pú blico, não importando a
acrimô nia e a contundência da opiniã o manifestada, ainda mais quando
dirigida a figuras públicas, com alto grau de responsabilidade na
conduçã o dos interesses de certos grupos da coletividade, não traduz
nem se reduz, em sua expressã o concreta, à dimensão do abuso da
liberdade de imprensa, não se revelando suscetível, por isso mesmo, em
situações de caráter ordinário, de sofrer qualquer repressã o estatal ou
de se expor a qualquer reaçã o hostil do ordenamento positivo.
É certo que o direito de crítica não assume cará ter absoluto, eis que
inexistem, em nosso sistema constitucional, como reiteradamente
proclamado por esta Suprema Corte (RTJ 173/805-810, 807-808, v.g.),
direitos e garantias revestidos de natureza absoluta.
Não é menos exato afirmar-se, no entanto, que o direito de crítica
encontra suporte legitimador no pluralismo político, que representa
um dos fundamentos em que se apó ia, constitucionalmente, o pró prio
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Estado Democrá tico de Direito (CF, art. 1º, V). É por tal razão, como
assinala VIDAL SERRANO NUNES JÚ NIOR (“A Proteção Constitucional
da Informação e o Direito à Crítica Jornalística”, p. 87/88, 1997,
Editora FTD), que o reconhecimento da legitimidade do direito de
crítica - que constitui “pressuposto do sistema democrático” – qualifica-
se, por efeito de sua natureza mesma, como verdadeira “garantia
institucional da opinião pública”:
“(...) o direito de crítica em nenhuma circunstância é ilimitável, porém
adquire um caráter preferencial, desde que a crítica veiculada se refira a
assunto de interesse geral, ou que tenha relevância pública, e guarde
pertinência com o objeto da notícia, pois tais aspectos é que fazem a
importância da crítica na formação da opinião pública.” (grifei)
Não foi por outra razão – e aqui rememoro anterior decisã o por mim
proferida nesta Suprema Corte (Pet 3.486/DF, Rel. Min. CELSO DE
MELLO) - que o Tribunal Constitucional espanhol, ao veicular as
Sentenças nº 6/1981 (Rel. Juiz FRANCISCO RUBIO LLORENTE), nº
12/1982 (Rel. Juiz LUIS DÍEZ-PICAZO), nº 104/1986 (Rel. Juiz
FRANCISCO TOMÁ S Y VALIENTE) e nº 171/1990 (Rel. Juiz BRAVO-
FERRER), pôs em destaque a necessidade essencial de preservar-se a
prá tica da liberdade de informaçã o, inclusive o direito de crítica que
dela emana, como um dos suportes axiológicos que informam e que
conferem legitimaçã o material à própria concepçã o do regime
democrá tico.
É relevante observar, ainda, que o Tribunal Europeu de Direitos
Humanos (TEDH), em mais de uma ocasiã o, também advertiu que a
limitação do direito à informaçã o e do direito (dever) de informar,
mediante (inadmissível) redução de sua prá tica “ao relato puro, objetivo
e asséptico de fatos, não se mostra constitucionalmente aceitável nem
compatível com o pluralismo, a tolerância (...), sem os quais não há
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sociedade democrática (...)” (Caso Handyside, Sentença do TEDH, de
07/12/1976).
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E tal intençã o era manifesta, o que se comprova pela leitura objetiva daquilo
que na carta estava contido, que se traduz em fatos de alta relevâ ncia pú blica, dando
conta de que o apelado :
Perseguia funcioná rios da Unidade por ele dirigida e da ONG GAPA, que ali atua,
ao tempo em que protege seus “pupilos”, omitindo ou ignorando seus erros ou
faltas;
Valeu-se da condiçã o de funcioná rio pú blico para repreender e ameaçar a mã e de
uma criança que teria lhe derrubado os ó culos, na cidade de Iaras;
Deixou de apurar casos de violência perpetrados contra um interno da “Casa III”
da Unidade de Cerqueira César, constantemente agredido por outros internos;
Coagiu uma funcioná ria da ONG GAPA a assinar documentos que, ante sua recusa,
foi dispensada;
Manteve na Instituiçã o outra funcioná ria, a senhora Ana Barbin, apesar de
existirem suspeitas que ela teria depositado valor excessivo na conta corrente do
professor de educaçã o física;
Estaria envolvido no assassinato do Juiz de Direito de Presidente Prudente, Dr.
Antonio José Machado Dias;
Usaria gratuitamente o pasto da propriedade de um vereador para uso de seus
cavalos, em troca de favores custeados pelos recursos da Fundaçã o Casa, sob seus
cuidados;
Contratou como agentes externos dois filhos de um amigo da cidade de Manduri
em troca do uso de pastagem para seus cavalos;
Deixou de tomar as medidas administrativas relacionadas a um tumulto e briga
de jovens na “Casa I” de Cerqueira César (08/04/2010), deixando mesmo de
lavrar boletim de ocorrência, a fim de nã o manchar a imagem da Fundaçã o CASA;
Ter descurado da boa administraçã o da Unidade da Fundaçã o CASA a ponto de
nã o ter havido socorro médico a um adolescente da Casa III, cujo ouvido foi
perfurado por caneta, no dia 06/04/2010, além de nã o tomar medidas para a
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proteçã o dos funcioná rios das Casas I, II e III, que se sentem ameaçados, e mesmo
para conter as brigas entre internos; e
Ter deixado de apurar as denú ncias que a ele foram encaminhadas por relató rio,
em suas mã os desde janeiro de 2010.
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E, mesmo fatos supostamente relacionados à vida privada do apelado (ser
dono de cavalos ou propriedades, p. ex.) sempre manteve algum vínculo com fatos
supostamente irregulares por ele praticados ou por sua suposta proximidade com
grupos e facçõ es que agem em estabelecimentos fechados como unidades prisionais e de
internaçã o de jovens.
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Isso porque, em primeiro lugar, o apelante nã o tem poderes investigativos,
visto que nã o exerce cargo ou funçã o que lhe permita tal atividade e, em segundo, nã o
lhe cabe censurar o trâ nsito de informaçõ es, mantendo um blog justamente para dar a
oportunidade para que as pessoas se exprimam livremente, certo de que será no
entrechoque de opiniõ es que a verdade aparecerá , dialética e democraticamente.
E, neste ponto, agiu o réu dentro do espaço de liberdade que lhe confere a
Constituiçã o Federal, segundo a interpretaçã o que lhe deu o C. Superior Tribunal de
Justiça:
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Segundo indica a Wikipédia (ela mesma uma enciclopédia construída
inteiramente na internet), um blog “é um site cuja estrutura permite a atualizaçã o rá pida
a partir de acréscimos dos chamados artigos, ou posts. Estes sã o, em geral, organizados
de forma cronoló gica inversa, tendo como foco a temá tica proposta do blog, podendo ser
escritos por um nú mero variá vel de pessoas, de acordo com a política do blog.”
E prossegue:
“Muitos blogs fornecem comentários ou notícias sobre um
assunto em particular; outros funcionam mais como diá rios online.
Um blog típico combina texto, imagens e links para outros blogs,
pá ginas da Web e mídias relacionadas a seu tema. A capacidade de
leitores deixarem comentá rios de forma a interagir com o autor e
outros leitores é uma parte importante de muitos blogs.” (g.n.)3
Notá vel, portanto, o caráter jornalístico dos blogs, sendo pó lo considerá vel
de difusão de informações e comentários, cuja importâ ncia chegou ao ponto de
influenciar fatos de repercussã o mundial (como a recente eleiçã o presidencial norte-
americana) ou em manifestaçõ es populares de cunho democrá tico (como as que levaram
à deposiçã o de ditadores ao redor do mundo).
Pois bem.
3
http://pt.wikipedia.org/wiki/Blog. Acesso em 25.05.2011.
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Para comprovar tal alegaçã o, basta acessar o referido blog e verificar as
“postagens” ali existentes, o que se fez, a título de exemplo, no dia 26 de maio de 2011,
em que se encontravam os seguintes títulos:
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aos nossos jovens, em quem depositamos as esperanças de um país mais justo, solidá rio
e desenvolvido.
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De tudo o que até agora se viu, resta demonstrado que no Brasil
contemporâ neo, democrá tico e republicano, a liberdade de expressã o do pensamento e
de crítica possui cará ter preferencial, nã o se justificando a demanda por dano moral
supostamente sofrido, notadamente por quem exerce cargo pú blico.
4
Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito compreende a liberdade de
buscar, receber e difundir informações e idéias de toda natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou
por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.
2.O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito a censura prévia, mas a
responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para assegurar:
a. o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou
b. a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas.
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individual de acesso aos meios de comunicaçã o social e de participaçã o
na formaçã o da opiniã o pú blica. Ou seja, reconhece-se a este direito o
duplo cará ter de garantia institucional (direito do pú blico à informaçã o
veraz), assegurando-se a sua dimensã o individual, e de direito subjetivo
(direito individual de defesa dos bens da personalidade ofendidos).
Com isto, o direito de resposta, que inclui no seu â mbito o direito de
retificaçã o, cumpriria dois objetivos: “(...) o de proporcionar a quem se
sinta afectado pela imprensa de fazer valer a sua verdade; (...) o de
permitir a difusã o de versõ es alternativas, facultando ao pú blico o
acesso a pontos de vista contraditó rios sobre o mesmo assunto, no que
constitui uma verdadeira garantia do direito à informaçã o”4.” (O Direito
de resposta. Revista Jus Vigilantibus, Sexta-feira, 12 de outubro de 2007.
http://jusvi.com/artigos/29029. Acesso em 30 de maio de 2011)5
Mas, nã o.
4 J.M. Coutinho Ribeiro, Lei de imprensa e legislação conexa. Lisboa: Quid Iuris-Sociedade Editora, 2001, p.
59.
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e à senhora Ana Raquel (fl. 55 e 56), igualmente citada na publicaçã o, que pô de apor a
sua versã o no que dizia respeito aos fatos narrados e à s críticas veiculadas.
De se destacar que o pró prio apelado postou um comentá rio no Blog com os
seguintes dizeres:
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má quina judiciá ria, apaziguando-se os â nimos e evitando, muitas vezes,
uma disputa judicial.”6
Por fim, caso mantida a r. sentença condenató ria, o que se admite apenas em
face do princípio da eventualidade, cumpre ressaltar que o valor da condenaçã o é
extremamente elevado e nã o condiz com os elementos fixados na doutrina e na
jurisprudência como base para sua aferiçã o.
6
http://jusvi.com/artigos/29029.
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Conforme ensina a doutrina e a jurisprudência, o valor da indenizaçã o nã o
pode gerar enriquecimento sem causa do ofendido ou a ruína do ofensor.
Deste modo, o valor de dez mil reais é, para ele, completamente além de suas
possibilidades de sobrevivência, caso tenha que pagar a indenizaçã o, pois significaria
abrir mã o de cerca de um ano de seus vencimentos, como se, neste período, nã o
precisasse comer, morar e se alimentar.
Vejam, Exas., que o valor da condenaçã o foi fixado a pedido do juízo “a quo”,
visto que na petiçã o inicial o apelado requeria que a condenaçã o fosse arbitrada
judicialmente. (fls. 20) Instada a parte a aditar a inicial (fls. 81), assim fez o autor (fls.
82) solicitando indenizaçã o no valor de dez mil reais.
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Da mesma forma em relaçã o aos honorá rios advocatícios, fixados pelo
má ximo, em causa em que sequer dilaçã o probató ria houve, resumindo-se a atuaçã o dos
D. Patronos à argumentaçã o escrita.
Desta forma, requer-se a fixaçã o da honorá ria pelo valor mínimo fixado no
artigo 20, § 3º, do Có digo de Processo Civil.
DOS PEDIDOS:
b. Afastar hipó tese de retirada do referido blog do ar, assim como do pleito
de inserçã o de informaçã o quanto à pretendida condenaçã o judicial; e
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c. Permitir seja recolocada no ar a carta intitulada “Excelencia precisamos de
sua atençã o”, postada no blog do réu, cassando-se a decisã o proferida em
sede de tutela antecipada, como decorrência ló gica do reconhecimento da
inexistência de dano moral pelos motivos expostos nesta peça processual.
Defensor(a) Pú blico(a)
Unidade de XXXXXXXXXXX
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