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As Fontes e Os Princípios Do Direito Do Trabalho
As Fontes e Os Princípios Do Direito Do Trabalho
PRINCÍPIOS DO DIREITO
DO TRABALHO
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Cristiane Lisandra Danna
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Bárbara Pricila Franz
Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Lucilaine Ignacio da Silva
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
344
P766a Poli, Mariana dos Reis André Cruz
As fontes e os princípios do direito do trabalho / Mariana
dos Reis André Cruz Poli. Indaial: UNIASSELVI, 2018.
106 p. : il.
ISBN 978-85-53158-07-2
1.Direito do trabalho.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Mariana dos Reis André Cruz Poli
APRESENTAÇÃO.....................................................................01
CAPÍTULO 1
O Ordenamento Jurídico Trabalhista.................................09
CAPÍTULO 2
Princípios do Direito do Trabalho......................................59
CAPÍTULO 3
Indisponibilidade de Direitos: Renúncia e Transação
no Direito Individual do Trabalho.......................................89
APRESENTAÇÃO
Este trabalho traz à tona a abordagem sempre presente a respeito das fontes
e princípios do Direito, no caso, do Direito do Trabalho. Não é possível restringir
o ordenamento jurídico apenas aos diplomas legais a ele pertencentes. Mas,
existe todo um conjunto de fatores e preceitos fundamentais que, apesar de nem
sempre estarem literalmente contidos na norma escrita, são essenciais para o
balizamento e formação desse ordenamento.
Estudar as leis trabalhistas como um simples diploma legal é tarefa fácil, para
a qual estão habilitados quase a totalidade dos juristas, porém, um olhar mais
atento, que considere a efetividade como o centro da interpretação legal, não é
atividade simples, e demanda maior sensibilidade jurídica, a qual enriquece a
obra que é trazida a lume.
É por isso que, primeiramente, será aprofundado o tema das fontes do Direito
e sua presença no ordenamento jurídico, para depois serem abordadas as fontes
existentes e específicas da seara trabalhista. Sobre o assunto dos princípios
seguiu-se a mesma metodologia de estudo, ou seja, primeiramente foi feita uma
análise dos princípios gerais, para depois adentrar nos princípios pertencentes ao
Direito laboral.
Bons estudos!
C APÍTULO 1
O Ordenamento Jurídico Trabalhista
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
Contextualização
Muito se discutiu sobre a autonomia do Direito do Trabalho, principal-
mente, em relação ao Direito Civil. Acreditava-se que aquele poderia ser uma ex-
tensão do segundo. Todavia, contemporaneamente, não há como olvidar que o
Direito do Trabalho é uma área do Direito extremamente autônoma, considerada
por muitos até específica. É possível falar que o Direito do Trabalho possui seu
universo próprio, mesmo sabendo que muitos doutrinadores não concordam mais
com a divisão do Direito (ciência) em ramos, considerando-o uma densa unidade.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Fontes do Direito
Ao pesquisar o significado do vocábulo fonte, palavra advinda do latim fons,
encontrar-se-á inúmeros significados, mas, especificamente, alguns se encaixam
melhor no auxílio do presente estudo, como, por exemplo, nascente, algo que dá
origem, causa ou o que fornece informação sobre determinado assunto.
De maneira geral, De maneira geral, o estudo das fontes do Direito pode ter várias
o estudo das fontes
do Direito pode ter acepções, como o de origem, o de fundamento de validade das normas
várias acepções, jurídicas e da própria exteriorização do direito. Acredita-se que o estudo
como o de origem, das fontes do Direito fornece a base para entender sua estrutura, seu
o de fundamento de
validade das normas alicerce. Usualmente dizendo, é necessário começar do início, ou seja,
jurídicas e da própria as fontes do direito são a origem das normas jurídicas.
exteriorização do
direito.
Para o Direito em geral, e, particularmente, para o Direito do
Trabalho, é muito interessante o estudo de suas fontes. Isso porque a interpretação
das variadas situações que o Direito do Trabalho experimenta está diretamente
ligada à fonte da obrigação.
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
a) Fontes materiais
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Atividade de Estudos:
Para a teoria monista, que tem como seu principal representante o austríaco
Hans Kelsen, o qual escreveu a Teoria Pura do Direito, apenas o Estado detém a
positivação das fontes formais do Direito. Ela considera que o Estado e o Direito
se misturam e só aquele possui o “poder” de sanção/coação.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Para melhor ilustrar o que foi exposto, Mauricio Godinho Delgado (2012, p.
141) afirma:
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
De tal modo, há institutos que não se sabe exatamente em qual das tipificações
enquadrar. Um exemplo disso é o laudo arbitral, apesar de ser considerado uma
fonte heterônoma, “conversa” com algumas características inerentes às fontes
autônomas.
Sobre laudo arbitral, Carlos Henrique Bezerra Leite (2017, p. 79) tece
considerações que demonstram seu caráter dubio:
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
Portanto, nos próximos tópicos serão abordadas cada fonte formal do Direito
do Trabalho de forma individual.
• Constituição Federal
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Uma norma dotada de eficácia social é aquela que consegue fazer com
que as pessoas se sujeitem a ela, a aceitem e a obedeçam. Pode também ser
denominada de efetividade. José Afonso da Silva (1998, p. 66) afirma:
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Sendo por isso definida como plena, pois produz seus efeitos imediata e
autonomamente. O que não é o caso dos outros dois tipos de normas (contida e
limitada), as quais serão estudadas nos tópicos a seguir.
São aquelas que nada as impede que produzam seus efeitos de imediato,
não dependendo de regulamentação, mas podem, por expressa disposição
constitucional, ter sua eficácia restringida por outra norma, constitucional ou
infraconstitucional. O art. 5º, XIII, da CF possui eficácia contida:
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
São normas fortes em sua eficácia, porém, podem ser reduzidas pelo legislador
infraconstitucional. José Afonso da Silva (1998, p. 69) sintetiza sua explicação:
José Afonso da Silva (1998, p. 122), a respeito desse tipo de norma constitucional,
ensina que “normas de princípio institutivo, porquanto contêm esquemas gerais,
um como que início de estruturação de instituições, órgãos ou entidades, pelo que
também poderiam chamar-se normas de princípio orgânico ou organizativo”.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Com o intuito de elucidar sua conclusão, Mauricio Delgado (2012) escolhe uma
situação justrabalhista que aconteceu com a Constituição de 1946, que em seu art.
157, III, determinava o direito a “salário do trabalho noturno superior ao diurno”.
Nas palavras do autor supramencionado, esse dispositivo “tratava-se de texto claro,
objetivo, de óbvia eficácia imediata, revogando ou invalidando qualquer norma que
lhe fosse antagônica ou incompatível” (DELGADO, 2012, p. 149).
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
Diante de tudo que foi descrito, não resta dúvida de que a vertente moderna
é a escolha certa na hora de se analisar a eficácia das normas jurídicas
constitucionais.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
Assim, ela não foi criada como um código novo, visando instituir normas de
direito do trabalho. Ocorreu uma reunião de normas “espalhadas” que versavam
sobre o tema e que já existiam antes de 1943, a partir disso foram realizadas
algumas modificações.
Após a conjunção das leis trabalhistas que resultaram na CLT é que se tem
realizado as atualizações necessárias no decorrer do tempo, mas, não é só de
CLT que vive o sistema justrabalhista. Existem leis esparsas de Direito individual
do Trabalho extremamente importantes: Lei do FGTS (Lei nº 8.036/90), Lei do
trabalhador rural (Lei nº 5.889/73), entre outras.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Baseava-se tal entendimento no antigo art. 5º, §2º da CF, nesse sentido
dispunha o dispositivo legal: “direitos e garantias expressos nesta Constituição
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
Tal cenário foi alterado pelas mudanças trazidas pela reforma do judiciário
(EC 45/2004). A qual determinou que os tratados internacionais que versarem
sobre direitos humanos e se aprovados em cada casa do Congresso Nacional,
em dois turnos, com um quórum de três quintos dos votos de seus membros, têm
status de emenda constitucional.
Luiz Alberto David de Araujo e Vidal Serrano Nunes Junior (2008) chamam
atenção para o fato de que o reformador da Constituição, ainda, estabeleceu
que o Brasil deva se submeter à jurisdição do Tribunal Penal Internacional que a
criação tenha manifestado adesão. Sobre o assunto os autores concluem:
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
Regulamentos Normativos
O art. 84, da Constituição da República, determina as competências
pertencentes ao Presidente da República, dentre elas, o inciso IV dispõe: “Art. 84
– Compete privativamente ao Presidente da República: IV – sancionar, promulgar
e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
execução”.
Sendo assim, pode-se dizer que decretos são os instrumentos legais aptos a
regulamentar as leis, explicando-as, mas, sem poder alterá-las.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Sobre o assunto, Mauricio Delgado comenta (2012, p. 155), “em tais casos,
o tipo jurídico inserido na respectiva portaria ganhará o estatuto de regra geral,
abstrata, impessoal, regendo ad futurum situações fático-jurídicas, com qualidade
de lei em sentido material”.
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
Mesmo porque, seu art. 7º, XXVI, institui como direito social fundamental dos
trabalhadores a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança, colocando ao Estado garantia desses direitos.
Sentença Normativa
As sentenças normativas são conceituadas como decisões judiciais dos
Tribunais Regionais do Trabalho ou do Tribunal Superior do Trabalho. Portanto,
são fontes particulares do Direito do Trabalho. Estas encontram fundamento no
art. 114 da CF:
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Por imposição legal, o tribunal que prolatar sentença normativa fica compelido
a fixar esse prazo de vigência de tal sentença, não podendo ser maior do que
quatro anos. Ainda, ela terá efeito erga omnes, valendo para todas as pessoas
integrantes da categoria econômica e profissional envolvidas no dissídio coletivo.
São normas positivas, pois são dotadas de força coercitiva sobre seus
destinatários: convenção coletiva do trabalho (CCT), acordo coletivo do trabalho
(ACT), regulamentos de empresa e o costume.
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
Insta salientar que não é o intuito do presente trabalho fazer juízo de valor
sobre a reforma trabalhista. O que se sabe, é que ela tem levantado discussões
acaloradas. Muitos estudiosos e representantes de vários segmentos
da sociedade, inclusive, acreditam que muitas das suas alterações A grande novidade
representam um retrocesso para o trabalhador. Será necessário tempo trazida, na alínea
para constatar como tais modificações serão aplicadas aos casos A do artigo, é
concretos e as consequências que acarretarão. que desde que
respeitados os
incisos III e VI da CF
Na realidade, foram acrescidas mais duas alíneas ao citado artigo e dispondo sobre
que passou a ser art.611, art.611 – A, art.611 – B. A grande novidade as matérias que
trazida, na alínea A do artigo, é que desde que respeitados os incisos estão elencadas nos
III e VI da CF e dispondo sobre as matérias que estão elencadas nos incisos do próprio
incisos do próprio artigo (611 – A, CLT), a convenção coletiva e o acordo artigo (611 – A,
CLT), a convenção
coletivo do trabalho terão prevalência sobre a lei, ou seja, o negociado
coletiva e o acordo
passa a prevalecer sobre o legiferado. coletivo do trabalho
terão prevalência
Na alínea B do mesmo artigo, o legislador indicou quais matérias sobre a lei, ou seja,
jamais devem ser abordadas por acordos ou convenções coletivas. o negociado passa
O legislador expressamente dita que: “Art. 611 – B. constituem objeto a prevalecer sobre o
legiferado.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
A alteração fica por conta da última parte do artigo que representa a vedação
de ultratividade. Explica-se: antes da reforma, o Tribunal Superior do Trabalho
fixou que quando vencido o prazo dos dois anos e não feita nova convenção ou
acordo, as cláusulas estabelecidas continuariam vigendo para os trabalhadores.
Com a proibição da ultratividade, a prorrogação dessas cláusulas tornou-se
impossível, se os empregadores se recusarem a negociar novamente, os direitos
outrora fixados serão extinguidos.
Entretanto, como tal alteração é muito recente, não se sabe como os tribunais
irão se comportar diante dela. Alguns críticos da reforma apostam que muitos dos
dispositivos alterados, estes na sua maioria de direito material, ainda irão sofrer
ação direta de inconstitucionalidade, pelo fato de afirmarem que direitos dos
trabalhadores foram suprimidos.
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Portanto, não se sabe que rumo essas questões irão tomar, ainda tudo é muito
novo, pode-se dizer que uma “nova história” no que diz respeito a esse assunto terá
que ser escrita. Mas, o que se afirma com certeza é que a corrente interpretativa
abarcada na lei foi a da aderência limitada pelo prazo (segunda corrente).
b) Usos e costumes
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
Não se pode ignorar que a função dos costumes é suprir lacunas existentes
nas fontes jurídicas principais do ordenamento. Os costumes são individualizados
em três tipos: secundum legem, praeter legem e contra legem. O primeiro é o
costume segundo a lei, quando a ela prevê determinada situação, mas não
oferece uma norma jurídica para a sua ponderação. O costume praeter legem
se traduz num comportamento costumeiro que não é disciplinado pela lei. Assim
sendo, ele não viola a lei, embora não faça referência direta a ela. O último tipo
é o contra legem, trata-se de uma conduta continuada que contraria a lei. Por
contrariar a lei, não pode ser considerado, em tese, como fonte do direito.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
- Constituição Federal
- Lei e Medida Provisória
- Tratados e Convenções
Internacionais
Fontes
Heterônomas
- Regulamento Normativo
- Portariais, avisos,
instruções, circulares
Fontes Formais - Sentença Normativa
- Convenção e Acordo
Coletivo de Trabalho
Fontes Autônomas - Contrato Coletivo
de Trabalho
- Usos e Costumes
Fonte: A autora.
Figuras Especiais
As figuras especiais, denominação essa dada pelo professor Mauricio
Delgado (2012), representam outras figuras que pertencem ao ordenamento
jurídico, mas que por suas características especiais não são certamente
enquadradas nem no conjunto das fontes heterônomas do direito, nem no das
fontes autônomas. Questiona-se até mesmo se algumas dessas figuras são,
realmente, fontes normativas.
Dentre as figuras que serão estudadas, duas delas são pertencentes apenas
ao Direito do Trabalho, o laudo arbitral e o regulamento empresarial; as demais
são comuns a todos os ramos do direito: a jurisprudência, os princípios jurídicos
gerais, a doutrina e a equidade.
a) Laudo arbitral
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
Vale dizer que a arbitragem pode ser facultativa ou obrigatória. O art. 114
(artigo que atribui às competências da justiça trabalhista), § 1º da CF, traz o tipo
facultativo: Art. 114 – § 1º - frustrada a negociação coletiva, as partes poderão
eleger árbitros.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
b) Regulamento empresarial
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
c) Jurisprudência
d) Princípios jurídicos
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
e) Doutrina
f) Equidade
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
O Novo Código de Processo Civil dispõe: “Art. 140. O juiz não se exime
de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”.
O juiz deve julgar a causa conforme o Direito objetivo, ainda que este se
apresente lacunoso ou obscuro. Julgamento por equidade é permitido apenas nos
casos expressos em lei, como nos procedimentos de jurisdição voluntária.
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
g) Analogia
Com a reforma, tal artigo foi revogado e o que mais se aproxima a ele é o
art.140, que, aliás, exclui a analogia do seu texto legal: “Art. 140 - O juiz não se
exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”.
h) Cláusulas contratuais
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TRABALHO
Atividade de Estudos:
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
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TRABALHO
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
Por conseguinte, diante de uma situação real será aplicada, sempre, a lei
mais favorável ao trabalhador. O que impede uma incompatibilidade insanável
entre as regras heterônomas estatais e as regras autônomas privadas coletivas,
forçando uma concorrência harmoniosa entre elas, ou seja, havendo contradição
aplica-se a norma mais benéfica ao trabalhador.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
É claro que essa hierarquia própria do Direito do trabalho não é ilimitada, tal
critério se depara com as normas proibitivas oriundas do Estado. Sendo assim,
o critério justrabalhista especial não pode sobrepujar as normas heterônomas
estatais proibitivas do Direito de Trabalho, podendo, então, afirmar que aquela
busca fundamento de validade nestas.
Atividade de Estudos:
É impossível não reconhecer que tal restrição fere a hierarquia das normas
jurídicas trabalhistas e colide com o princípio fundamental balizador da aplicação
da norma mais favorável ao trabalhador.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
Por isso, que a Ciência do Direito aplicada ao ramo trabalhista criou duas
teorias que facilitem a implementação do critério hierárquico no Direito do
Trabalho. Tais teorias visam conferir maior objetividade à questão, são elas: a
teoria da acumulação e a teoria do conglobamento.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Delgado (2012, p. 180) observa que essa teoria “propugna pela organização do
instrumental normativo em função da matéria tratada (ratione materiae), para se extrair
o instrumental mais favorável, encarado este sob um ângulo unitário, do conjunto”. A
jurisprudência majoritária tem utilizado a teoria do conglobamento no sentido:
Atividade de Estudos:
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Capítulo 1 O Ordenamento Jurídico Trabalhista
Algumas Considerações
Após tudo o que foi ponderado e estudado, faz-se necessário desenvolver
algumas conclusões finais. Não é possível olvidar que o estudo das fontes do Direito,
sobretudo para o Direito do trabalho, é de grande importância, em virtude da realidade
que o Direito do Trabalho impõe, ou seja, através da necessidade de interpretação de
várias situações que estão diretamente ligadas à fonte da obrigação.
Referências
ARAUJO, Luis Alberto David de; NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. Curso de di-
reito constitucional. 12. ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 2008.
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. São Paulo: LTR, 2012.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito do trabalho. 8. ed. São Pau-
lo: Saraiva, 2017.
MANUS, Pedro Paulo Teixeira. Direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 1977.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
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C APÍTULO 2
Princípios do Direito do Trabalho
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
Contextualização
Antes de se examinar os princípios propriamente ditos do Direito do Trabalho,
cabe dar uma noção sobre o conceito de princípio. Diz-se que a norma é gênero,
dos quais as regras e princípios são espécies.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
É claro que tal posicionamento não vale para a Ciência do Direito. Pelo
contrário, seu objeto de estudo é diferente dos objetos das ciências e geral.
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
É possível dizer que, nessa fase, os princípios atuam como verdadeiras fontes
materiais do Direito, quando decisões políticas fundamentais serão concretizadas
em normas conformadoras do sistema positivo.
b) Fase jurídica
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
Atividade de Estudos:
Assim, Carlos Ari Sundfeld (2008 apud ARAUJO; NUNES JUNIOR, 2008,
73) ensina que “A enunciação dos princípios de um sistema tem, portanto, uma
primeira utilidade evidente: ajuda no ato de conhecimento”.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
Para o direito do trabalho essa última função dos princípios funciona melhor
em conjunto com a função interpretativa abordada anteriormente. O ideal é que
as duas funções sejam aplicadas juntamente, com o intuito de ajustar as regras
do Direito ao sentido fundamental do ordenamento jurídico. E é por isso inclusive
que no direito do trabalho se fala em função normativa concorrente dos princípios.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
É forçoso concluir que tais princípios gerais irradiarão sobre todo ordenamento
jurídico. Cada ramo especializado recebe sua influência, mas a adequa conforme
suas peculiaridades. Não se trata, porém, de uma alteração desse princípio, pelo
contrário, sua função é preservar a unidade da ordem jurídica, ou seja, conservar
o Direito como um sistema formado por partes coordenadas.
É mais exato analisar A adequação desse princípio ao Direito do Trabalho foi excessiva,
a alusão histórica desfigurando a matriz civilista e gerando uma direção própria,
ao princípio geral
do Direito Civil denominado como princípio da inalterabilidade contratual lesiva. Sendo
inserido no estudo assim, é mais exato analisar a alusão histórica ao princípio geral
sobre o princípio do Direito Civil inserido no estudo sobre o princípio especial do ramo
especial do ramo
justrabalhista, que justrabalhista, que será desenvolvido em tópico próprio.
será desenvolvido
em tópico próprio.
Ainda, existem três princípios gerais do Direito que são correlatos e possuem
grande importância para a área justrabalhista. São eles: o princípio da lealdade
e boa-fé, a não alegação da própria torpeza (ou não alegação da ignorância do
Direito) e o princípio da proibição do abuso de direito.
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
Vale ressaltar que os três princípios oferecem influência tanto para a área do
Direito Material do Trabalho, como para a área do Direito Processual do Trabalho:
“Em tal sentido, esses princípios não somente iluminam a compreensão da ordem
jurídica como também, ao mesmo tempo, fornecem poderoso instrumento à
aferição valorativa dos fatos trazidos a exame do intérprete e aplicador concreto
do Direito” (DELGADO, 2012, p. 188).
Em virtude desses princípios que são basilares, todo contrato deve ter por
fundamento esses conceitos, o empregado precisa cumprir sua parte no contrato,
desempenhando normalmente suas atividades, enquanto o empregador também
deve cumprir com suas obrigações, formando uma lealdade reciproca, sendo
que a quebra por qualquer uma das partes incorrerá num desequilíbrio dessa
relação jurídica.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Por fim, existem outros princípios gerais de Direito que irradiam no ramo
justrabalhista. Como o da dignidade da pessoa humana, o da não discriminação
entre outros. Contudo, a partir de agora será realizada uma análise dos princípios
específicos do Direito do Trabalho.
Atividade de Estudos:
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
Não teria sentido se ao mesmo tempo em que o Direito do Trabalho cria essa
cadeia de proteção ao trabalhador, permita que ele disponha dessa proteção.
Lembrando que muito dos direitos trabalhistas são considerados fundamentais
pela CF/88, ou seja, direitos naturalmente indisponíveis.
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TRABALHO
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Tal preceito informa que o conteúdo do contrato empregatício não pode ser
modificado mesmo que ocorra efetiva mudança no plano empresarial, referindo-
se, mais precisamente, a uma mudança subjetiva do contrato, do sujeito-
empregador. Fato que ocorre na sucessão trabalhista ou alteração subjetiva do
contrato de trabalho, portanto o contrato de trabalho seria intangível, mas podendo
ser alterado do ponto de vista subjetivo, ou seja, desde que a alteração aconteça
apenas em relação ao empregador.
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
Por isso, o Código de Processo Civil em seu art. 833, IV, determina que as
verbas de natureza alimentar são impenhoráveis.
Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
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TRABALHO
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
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TRABALHO
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
Princípio in dubio pro operario – é possível afirmar que tal princípio consiste
em uma transposição adaptada do princípio indubio pro reo, advindo do Direito
Penal. Ele deve auxiliar a interpretação da norma trabalhista em prol do trabalhador,
em caso de dúvida deve-se optar pela norma mais favorável ao obreiro.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
O art. 818 da CLT, apesar de ter sofrido algumas alterações com a reforma
trabalhista, traça as diretrizes de produção probatória para o processo trabalhista.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Insta salientar que o art. 482 da CLT elenca as treze situações que podem
ensejar a rescisão do contrato de trabalho por justa causa. Dentre elas estão:
incontinência de conduta ou mau procedimento, desídia no desempenho
das respectivas funções, ato de indisciplina ou de insubordinação etc.
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Capítulo 2 Princípios do Direito do Trabalho
Algumas Considerações
Após a realização de todo o estudo a respeito dos princípios do Direito e
princípios do Direito do trabalho, entende-se que toda ciência funda-se em
princípios, e o Direito, como ciência, não foge dessa premissa.
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TRABALHO
Referências
ARAUJO, Luis Alberto David de; JUNIOR, Vidal Serrano Nunes. Curso de di-
reito constitucional. 12. ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 2008.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito do trabalho. 8. ed. São Pau-
lo: Saraiva, 2017.
______. Curso de direito processual do trabalho. 12. ed. São Paulo: LTr, 2014.
MANUS, Pedro Paulo Teixeira. Direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: Atlas,
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MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 8. ed. São
Paulo: Malheiros, 1997.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 23. ed. São Paulo: Saraiva,
1977.
88
C APÍTULO 3
Indisponibilidade de Direitos: Renún-
cia e Transação no Direito Individual
do Trabalho
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Capítulo 3 Indisponibilidade de Direitos: Renúncia e Transa-
ção no Direito Individual do Trabalho
Contextualização
Apesar de muito já ter se falado da natureza, fontes e princípios que orientam
o Direito do Trabalho, mais especificamente, em sua esfera individual, é de suma
importância que sejam feitas breves considerações sobre o caráter humano e
fundamental desses direitos e sua consequente constitucionalização, para que se
possa chegar no ponto da sua indisponibilidade.
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TRABALHO
Atividade de Estudos:
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Capítulo 3 Indisponibilidade de Direitos: Renúncia e Transa-
ção no Direito Individual do Trabalho
Diferenciação de Figuras
Depois de tudo que foi exposto nos capítulos anteriores, é forçosa a
conclusão de que a indisponibilidade de direitos é um traço inquestionável do
Direito do Trabalho, porém, não é toda a eliminação de direitos trabalhistas que
é impedida pelo seu ordenamento. A indisponibilidade absoluta se restringe aos
direitos fundamentais, especialmente, os relacionados à dignidade humana, que
não são passíveis de negociação, ou relativização.
Mauricio Godinho Delgado (2012, p. 210) cita a diferença entre esses dois
institutos jurídicos:
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TRABALHO
Atividades de Estudos:
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Capítulo 3 Indisponibilidade de Direitos: Renúncia e Transa-
ção no Direito Individual do Trabalho
Extensão da Indisponibilidade
Dentro do ordenamento jurídico trabalhista existem três principais dispositivos
celetistas que traduzem essa indisponibilidade dos direitos do empregado. Tais
dispositivos representam regras gerais que irão reger todo o sistema, são eles:
arts. 9º, 444 e 468 da CLT. Nesse sentido, o art. 9º dispõe: “Art. 9 - Serão nulos de
pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a
aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”.
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TRABALHO
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ção no Direito Individual do Trabalho
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TRABALHO
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
O Código Civil trata da transação em seu art. 840, o que possibilita aos
interessados a prevenção e extinção de litígios por meio de concessões mútuas.
Percebe-se que se trata de negócio jurídico bilateral e oneroso, pois traz
vantagens econômicas para ambas as partes. Caso contrário, a hipótese seria de
renúncia.
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ção no Direito Individual do Trabalho
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
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ção no Direito Individual do Trabalho
Algumas Considerações
Finalmente, em razão do princípio da indisponibilidade ou irrenunciabilidade
que vigora no Direito do Trabalho, predomina-se a restrição da autonomia da
vontade, isto é, como regra, não há que se falar em negociação de direitos
trabalhistas, admitindo-se apenas em casos excepcionais.
Embora possa haver a relativização desses direitos, por meio dos institutos
da renúncia e da transação, não se pode deixar com que a autonomia do
existente no Direito Civil impere no ordenamento trabalhista, possibilitando
contratos de trabalho sem qualquer amparo jurídico, permitindo, por exemplo,
uma negociação desarrazoada de direitos pelo empregador em detrimento de
seu empregado.
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AS FONTES E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO
TRABALHO
Referências
ARAUJO, Luis Alberto David de; JUNIOR, Vidal Serrano Nunes. Curso de di-
reito constitucional. 12. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008.
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lo: Saraiva, 2017.
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2005.
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 23. ed. São Paulo: Saraiva,
1977.
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