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ICHF - DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA

CURSO DE FILOSOFIA - LICENCIATURA E BACHARELADO


MONITOR: Gabriel França Marcolino
DOCENTE: Marcus Reis Pinheiro
DISCIPLINA DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA I

PLANO DE AULA

Tempo de aula: 2 horas


Alunos ingressantes no curso de filosofia inscritos na disciplina de História da
Público:
Filosofia Antiga I
Tema da aula: Fichamento do Prefácio de O que é Filosofia Antiga?
Para que se possa trabalhar de modo efetivo com a leitura massiva das
referências bibliográficas demandadas para formação acadêmica do aluno, é
necessário que: a) se tenha conhecimento das ferramentas úteis para tal, dentre
Justificativa: as quais está o fichamento; e b) se tenha uma visão sobre essa ferramenta, seu
uso e sobre a prática de leituras massivas que convenha tanto à saúde mental
dos alunos, quanto aos objetivos filosóficos das carreiras às quais o curso se
destina.
Reconhecer o texto acadêmico como um código a ser decifrado em relação a um
contexto temático; compreender o fichamento como método de aplicação das
competências de análise e síntese no deciframento do código textual; captar as
Objetivos de aprendizagem:
razões da estrutura de formatação do fichamento como requirida pela disciplina;
e compreender tais práticas de estudo à luz da concepção de Hadot que unifica
teoria discursiva e prática ética dentro da filosofia antiga grega.
Ilustrações que facilitem a visualização dos conceitos, apresentadas
sincronamente pelo Google Meet. Além disso, uso do texto HADOT. Prefácio.
Recursos didáticos:
In: O que é Filosofia Antiga? e um fichamento modelo finalizado do mesmo
texto trabalhado.
A aula é dividida em três partes de 30min, 75min e 15min, respectivamente.
A primeira, basicamente, vai ser composta na explicação do que é o fichamento
dentro da prática de pesquisa bibliográfica. Nesse sentido, tomando a leitura
como decodificação, vamos defini-lo como gênero textual de documentação e
sistematização, além de, principalmente, como método de estudo, por ser um
auxiliar na aplicação das competências de síntese e de análise do aluno, a fim de
apreender do texto seus objetivos e informações principais.

Desenvolvimento da aula:
Terminada a primeira parte, segue-se em frente para a segunda, começando com
uma subseção de 15 minutos, na qual é feita uma leitura rápida, sem pausas, do
Prefácio, buscando capturar em mente a unidade do texto. Depois, ao longo de
60 minutos, repetiremos a leitura, mas agora pausadamente, buscando aplicar
análise e síntese às informações que estão sendo lidas. O intuito principal dessa
leitura demorada é visualizar a estrutura argumentativa do texto, fazendo
diferença entre ela e as informações que possuem o intuito apenas de conduzir o
leitor até às premissas e conclusões chaves do conteúdo. A ideia é tomarmos em
prática aquilo que foi exposto teoricamente na primeira parte do encontro, isto
é, aplicarmos efetivamente o fichamento em conjunto; claro que de modo ideal,
visto que essa aplicação não passaria por tantos percalços como uma leitura
solitária passa. No entanto, de todo modo, consegue-se demonstrar in loco o
funcionamento da ferramenta que estamos ensinando, e alertar de antemão sobre
algumas dificuldades no exercício da mesma, bem como de suas respectivas
soluções possíveis. Ademais, essa confecção em conjunto é com base no
Desenvolvimento da aula: fichamento de formato determinado em conjunto com o professor: cabeçalho,
síntese e ficha de tópicos e descrições hierarquizados. Obviamente, para real
efetividade da visualização do funcionamento do fichamento, também é
necessário que este seja um momento dedicado a explicar o conteúdo textual
aos alunos, solucionando suas dúvidas e direcionando leituras que possam
aprofundar o conhecimento.
Na terceira e última parte, aproveita-se para aludir-se à concepção de filosofia
com a qual Pierre Hadot trabalha. Em suma, o intuito aqui é o de relacionar tal
concepção tanto com a investigação apresentada no Prefácio, quanto com a
prática do fichamento. A conexão entre os três é possível a partir de que Hadot
procura fazer uma leitura filológica das obras filosóficas para poder reviver suas
démarche, i.e., os movimentos do pensamento e as intenções dos autores. O
fichamento, portanto, seria um pequeno e primeiro, porém importantíssimo
passo a ser dado pelo calouro na possibilidade de viver as obras e os textos com
os quais já se depara desde o primeiro período. Com essa conexão, todo o
esforço e dificuldade presentes na compreensão teórica e no exercício prático
que foram expostos ganham uma nova dimensão e perspectivas, de modo que
acabam por funcionar como um motor do estudo. Assim, o estudo acadêmico,
devido à compreensão unitária entre vida e discurso, experiência e ideia
presente em Hadot, acaba por ser visto não mais como sacrificante, mas
enriquecedor. Além de exercício profissional, se torna um exercício pessoal,
demonstrando como a pesquisa contribui não apenas para o desenvolvimento da
sociedade, mas principalmente, e antes, para o desenvolvimento do próprio
pesquisador.
Aplicação do método de fichamento ensinado em um dos textos da bibliografia
Avaliação: da disciplina, tendo como ponto de partida a proposta de trabalho exposta por
SILVA.
FICHAMENTO
BALTAR; RIZZATTI-CERUTTI; ZANDOMENEGO. Unidade C. In: Leitura e
Produção Textual Acadêmica I. Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2011, pp.117-
133;
FRANCELIN. Fichamento como método de documentação e estudo. In:
Tópicos para o ensino de biblioteconomia: volume I. São Paulo: ECA-USP,
2016, pp. 40-58. Disponível em: http://www3.eca.usp.
br/sites/default/files/form/biblioteca/acervo/producao-academica/002749741.pdf
GARCEZ, Lucília. A Qualidade da Leitura: capítulo 3. In: Técnica de redação:
o que é preciso saber para bem escrever. Martins Fontes, 2004
SEVERINO. Leitura e Documentação. In: Metodologia do trabalho científico
[livro eletrônico]. 2ª ed. São Paulo: CORTEZ, 2017, pp.40-67
SILVA; BESSA. Produção de textos na universidade: uma proposta de trabalho
com sequências didáticas com o gênero fichamento. In: Revista Gatilho -
Revista discente do Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFJF, v.13
Referências:
(2011). Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.
php/gatilho/article/view/26999
HADOT E A FILOSOFIA
ALMEIDA, Fábio Ferreira de. Pierre Hadot e os exercícios espirituais: a
filosofia entre a ação e o discurso. In: Revista de Filosofia da PUCPR Aurora, v.
23, n.32, 2011, pp. 99-111. Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/index.
php/aurora/article/view/1750/1657
HADOT, Pierre. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Tradução Flavio
Fontenelle Loque e Loraine Oliveira. 1ªed. São Paulo: É Realizações, 2014
HADOT, Pierre. Prefácio. In: O que é a Filosofia Antiga?. Tradução Dion Davi
Macedo. 6ªed. São Paulo: LOYOLA, 2014, pp. 15-24
VELOSO. A Filosofia como Exercício Espiritual no pensamento de Pierre
Hadot. In: PURIFICAÇÃO; CATARINO; PEREIRA. (orgs.) Reflexão sobre
temas e questões em áreas afins à filosofia 2. Ponta Grossa: ATENA, 2021, pp.
48-54

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