Você está na página 1de 5

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ


SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

PROGRAMA DE DISCIPLINA

DISCIPLINA: SEMINÁRIO EM EAO: EPISTEMOLOGIA, METODOLOGIA E


TEORIA EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS.
PROFESSOR: José Henrique de Faria
CARGA HORÁRIA: 60hs CRÉDITOS: 4
CÓDIGO: ADM730 SEMESTRE/ANO: 1/2015
CURSO: Doutorado

INTRODUÇÃO
Um dos mais complexos problemas na área da produção do conhecimento
científico em geral é o que se refere à identificação das dimensões da Matriz
Epistemológica em que se move o texto ou a linha de investigação. Entenda-se,
desde logo, por matriz, o amplo espectro de formas, que as diversas dimensões
epistemológicas assumem seus elementos constitutivos, princípios e
pressupostos, tendo em vista um conjunto de categorias (por exemplo: modelos
de análise; relação com o objeto; critérios de demarcação do campo empírico;
conteúdo da reflexão; lógica da prova; conexões entre os fenômenos; etc.).
Cada Dimensão Epistemológica ocupa, portanto, um espaço único nesta matriz.
As dimensões não são caracterizadas por possuírem apenas elementos
constitutivos exclusivos, mas por possuírem elementos próprios e ao mesmo
tempo por possuírem combinações específicas entre elementos comuns a
outras dimensões. Assim, por exemplo, o materialismo histórico e dialético
contém elementos próprios (como o pressuposto que a natureza comporta dois
estados: matéria e consciência); contém da fenomenologia hegeliana os
fundamentos da dialética; e contém do positivismo certos elementos das
relações causais. Contudo, a maneira como esta Dimensão opera é única e não
se confunde com nenhuma outra. Como se verá ao longo do curso, são seis as
Dimensões Epistemológicas Clássicas (positivista, funcionalista, estruturalista,
fenomenológica, materialista histórica e dialética e pragmática).
Como se pode observar, o estudo da epistemologia é um desafio, devido à sua
complexidade, profundidade, diversidade de interpretações e abordagens, e
amplitude.

EMENTA:
Relações de identidade, integração e diferença entre filosofia, ciência, teoria,
metodologia, epistemologia e ontologia. Linhas gerais dos “paradigmas”
epistemológicos a partir de seus pólos opostos: empirismo e idealismo.
Elementos constitutivos das dimensões epistemológicas da Matriz
Epistemológica Geral pelo enfrentamento de alguns de seus avatares
(transformações). Dimensões epistemológicas clássicas (positivismo,
funcionalismo, estruturalismo, fenomenologia, materialismo histórico dialético e
pragmatismo), suas relações, especificidades, pontos de contato e diferenças
inconciliáveis. Conhecimento científico na área dos estudos organizacionais.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

OBJETIVOS:
Objetivo geral
Reconhecer os fundamentos das dimensões epistemológicas clássicas e
recente que compõem a matriz epistemológica utilizada nos estudos
organizacionais, identificando seus conteúdos, seus limites e possibilidades e
estabelecendo diferenças.

Objetivos específicos
- Fixar as relações de identidade, integração e diferença entre filosofia,
ciência, teoria, metodologia, epistemologia e ontologia;
- Demarcar as linhas gerais dos “paradigmas” epistemológicos a partir de seus
pólos opostos: empirismo e idealismo;
- Compreender os elementos constitutivos das dimensões epistemológicas da
Matriz Epistemológica Geral pelo enfrentamento de alguns de seus avatares
(transformações);
- Conhecer as dimensões epistemológicas da matriz, a saber, as dimensões
clássicas (positivismo, funcionalismo, estruturalismo, fenomenologia,
materialismo histórico dialético e pragmatismo), bem como suas relações,
especificidades, pontos de contato e diferenças inconciliáveis;
- Discutir como o conhecimento científico na área dos estudos organizacionais
se produz.

DINÂMICA DOS ENCONTROS:


Sob a coordenação do Professor, tendo como referência os temas constantes
do programa, este curso será composto por 15 (quinze) Encontros de 03 (três)
horas, distribuídos em dois blocos de 75 (setenta e cinco) minutos cada, com
intervalo de 30 (trinta) minutos. Cada Encontro tem uma dinâmica própria a
partir de uma regra geral orientadora, a qual não será tão rígida que se
sobreponha ao fundamental, que é o processo de ensino-aprendizagem. Os
tempos de 75 minutos por bloco e de 30 de intervalo são adequados para que
todos possam ter o melhor aproveitamento e, assim, tentar cumpri-los será
sempre uma boa atitude. Entretanto, se a dinâmica das discussões exigir
alterações, para mais ou para menos, recompondo os tempos dos blocos,
pode ser conveniente que estas alterações se processem. Deste modo, é
possível, dependendo das circunstâncias e da oportunidade, reduzir ou
eliminar o tempo destinado ao intervalo sem prejuízo do tempo total das horas-
aula efetivas.
Para cada Encontro será designada uma Bibliografia Básica e uma Bibliografia
Complementar. A Bibliografia Básica é de leitura obrigatória por parte de todos
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

os doutorandos e não apenas daqueles que serão encarregados da


apresentação do tema, conforme a letra “a”, abaixo.
Exceto o doutorando que ficar encarregado da apresentação do tema, que
será avaliado pela mesma, todos os demais devem elaborar uma resenha da
Bibliografia Obrigatória e entregá-la ou enviá-la ao Professor ao final do
Encontro correspondente, a qual fará parte da avaliação. O processo de
avaliação está explicado no item 04, adiante.
Para cada Encontro é esperado: (i) o envolvimento ativo e coletivo dos
participantes; (ii) a intervenção livre e aberta; (iii) as divergências conceituais e
conceptuais. No espaço de debate os participantes podem e devem fazer
análises substanciadas, cabendo ao Professor orientá-los nos casos em que
as mesmas careçam de melhor fundamentação teórica ou empírica ou que
exijam maior aprofundamento. A sala de aula é um espaço privilegiado para a
construção coletiva do conhecimento, para o desenvolvimento do pensar, para
o estabelecimento de associação de idéias, para a necessária democratização
do ambiente acadêmico e para a geração de dúvidas (o melhor produto bruto
da ciência).

A dinâmica dos Encontros será a seguinte:


a. No primeiro bloco, um (ou mais) doutorando ficará encarregado de
apresentar o tema do Encontro, quando indicado, podendo utilizar o
procedimento didático-pedagógico que lhe pareça mais adequado, dentro
do alcance da metodologia do ensino superior. O doutorando encarregado
da apresentação deve consultar a Bibliografia Complementar;
b. O apresentador do tema deverá igualmente lançar questões para iniciar os
debates entre os demais participantes. Todos devem debater as questões
propostas e outras que surgirem, entre si.
c. Neste Bloco, o Professor atuará como coordenador e mediador, podendo
também intervir nos debates caso seja necessário esclarecer conceitos, dar
explicações adicionais ou orientar abordagens do tema;
d. No segundo bloco, o Professor conduzirá um seminário sobre o tema com
participação aberta dos alunos. O Professor fará esclarecimentos, dará
explicações adicionais e complementares sobre o tema do encontro,
apontando as questões mais importantes do mesmo e auxiliando na
esquematização do conteúdo.
Neste segundo bloco, o Professor atuará como apresentador de questões
relativas ao tema, bem como exercendo a função didática de problematizador,
promotor, estimulador e facilitador dos debates, podendo lançar desafios
intelectuais e provocar reflexões.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

FORMAS DE AVALIAÇÃO:
A avaliação constará de três componentes:
a. Análise e identificação de dimensões epistemológicas de acordo com o
modelo a ser proposto pelo Professor. Valor: (70%);
b. Resenha dos textos indicados. A resenha deve conter um resumo das
principais idéias, uma análise crítica e uma questão para debate que será
formulada para os demais participantes durante o Encontro para discussão.
Espera-se que a resenha não contenha mais do que 4 (quatro) páginas
digitadas em Times New Roman, Fonte 12 e espaço simples. Capacidade
de síntese é também um fator importante no desenvolvimento da
aprendizagem. As resenhas serão avaliadas pelo professor pelo (i)
conteúdo, (ii) síntese das principais idéias, (iii) análise individual e (iv)
profundidade da questão formulada. As resenhas devem ser entregues
apenas no dia do encontro correspondente, ao final do mesmo. As resenhas
devem conter, à parte (portanto, além das 4 páginas), as anotações de aula.
As resenham podem ser entregues via Email para jhfaria@gmail.com.
Valor: 15%;
c. Apresentação de Tema, conforme consta do item 2, letras “a” e “b”. Valor:
(15%).

BIBLIOGRAFIA:
1. ADORNO, T. W. Epistemología y ciencias sociales. Madrid: Cátedra,
2001.
2. AUDI, R. Epistemology: a contemporary introduction to the theory of
knowledge. 3 ed. London: Rutledge, 2010.
3. BACHELARD, G. A epistemologia. Lisboa: Edições 70, 2006.
4. BELLO, A. A. Fenomenologia e ciências humanas. Bauru: EDUSC,
2004.
5. BOURDIEU, P.; CHAMBOREDON, J. C.; PASSERON, J. C. A profissão
de sociólogo: preliminares epistemológicas. Petrópolis: Vozes, 1999.
6. BRUYNE, P. de; HERMAN, J.; SCHOUTHEETE, M. de. Dinâmica da
pesquisa em ciências sociais. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.
7. CHASIN, J. Marx: estatuto ontológico e resolução metodológica. São
Paulo: Boitempo, 2009.
8. CHERQUES, H. R. T. Métodos estruturalistas. São Paulo: Atlas, 2008.
9. COMTE, A. Curso de filosofia positiva. São Paulo: Abril Cultural, 1983
(Coleção Os Pensadores).
10. DEWEY, J. Lógica: a teoria da investigação. São Paulo: Abril Cultural,
1980 (Coleção Os Pensadores).
11. DOMINGUES, I. Epistemologia das ciências humanas: positivismo e
hermenêutica. São Paulo: Loyola, 2004.
12. DURKHEIM, É. As regras do método sociológico. São Paulo: Abril
Cultural, 1978 (Coleção Os Pensadores).
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

13. FARIA, J. H. de. Epistemologia Critica do Concreto e os Momentos da


Pesquisa. Revista de Administração Mackenzie (RAM), v.16, n.5, p.15-
40, Out. 2015.
14. FARIA, J. H. de. Epistemologia, metodologia e teoria em estudos
organizacionais. Curitiba: EPPEO, 2015. Working Paper.
15. FARIA, J. H. de; MARANHÃO, C; MENEGHETTI, F. Reflexões
Epistemológicas para a Pesquisa em Administração: Contribuições de
Theodor W. Adorno. RAC, Rio de Janeiro, v. 17, n. 6, art. 1, p. 642-660,
Nov./Dez. 2013
16. FURTADO, O; REY, F. G. (Org.). Por uma epistemologia da
subjetividade: um debate entre a teoria sócio-histórica e a teoria das
representações sociais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.
17. HUSSERL, E. A ideia da fenomenologia. Lisboa: Edições 70: 1990.
18. JAMES, W. Pragmatismo; Ensaios de Empirismo Radical. São Paulo:
Abril Cultural, 1979. Coleção Os Pensadores.
19. JAPIASSU, H. Introdução ao pensamento epistemológico. 5ª. Ed. Rio
de Janeiro: Francisco Alves, 1988.
20. KOSIK, K. Dialética do concreto. 7ª. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1976.
21. LECOURT, D. Para uma crítica da epistemologia. 2ª. Ed. Lisboa: Assirio
e Alvim, 1980.
22. MARX, K. O método na economia política. Lisboa: Manuel Xavier, 1974.
23. MERTON, R. K. Sociologia: teoria e estrutura. São Paulo: Mestre Jou,
1970.
24. PENNA, A. G. Introdução à epistemologia. Rio de Janeiro: Imago, 2000.
25. REY, F. G. Epistemología cualitativa y subjetividad. São Paulo: EDUC,
2003.

Você também pode gostar