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LUANDA, 2021
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ÉTICA E PENSAMENTO SOCIAL
Introdução.
Quando reflectimos sobre nossos actos e comportamentos morais, avaliando – os,
indagando – os ou julgando – os, passamos do plano da prática, que é a moral
propriamente dita, (moral efectiva, vivida) para o domínio da teoria moral. Em outras
palavras, caminhamos para o conceito de Ética. A Ética como parte da filosofia, indaga:
a pura essência, a origem e as condições físicas, psíquicas e sociais em que se
realizam os actos morais;
a natureza, a função e os parâmetros do julgamento moral, do que é certo ou
errado, bom ou mau, justo ou injusto;
como nascem e por que se sucedem diferentes sistemas morais etc.
A Ética são os puros julgamentos morais do que é bom ou ruim, certo ou errado, justo
ou injusto, honesto ou desonesto; (Barsano, 2014, p. 52)
Etiologia grega:
1.1. a palavra ética tem origem grega, é derivada do ethos e está relacionada com o hábito,
a maneira de prosseguir e se comportar, em suma, para o bom comportamento e a
maneira de agir. O comportamento habitual que ajuda a determinar a natureza do ser,
do procedimento que é determinado pela essência. É característica do ser humano para
amar, chorar, odiar, ter coragem, temer, pensar, julgar, reflectir, admirar, relacionar, ser
feliz. O ethos do homem, as características de sua natureza, juntamente com os aspectos
políticos, são claramente perceptíveis, corrobora que a principal fonte de ética é a
realidade humana, em que razão encontra e conhece os princípios morais, universais e
certos1
1
A expressão ética vem de Etiologia grega, que em seu próprio sentido significa hábito, (hábito e natureza).
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um aforismo (pequena máxima ou afirmação sobre determinado assunto) memorável
atribuído a cada um, e seus ensinamentos e frases tornaram-se um guia para a vida
cotidiana. (Santiago, 2001, p. 2). Entre os Sete Sábios destacam – se:
1. Tales de Mileto, (c. 624 a.C. - 546 a.C.) cujo aforismo era: "Conhece a ti
mesmo".
2. Solon de Atenas, (c. 638-558 a.C.), seu Aforismo: "(faça). Nada em excesso.",
legislador e reformador da democracia ateniense.
3. Quilon de Esparta, seu aforismo era: "A segurança traz a ruína.", político do
século VI a.C.
4. Pítaco de Mitilene, (c. 640-568 a.C.), tinha como aforismo: "Reconheça a
oportunidade."
5. Bias de Priene, cujo aforismo: "A maioria dos homens são ruins." legislador do
século VI a.C.
6. Cleóbulo de Lindos, seu aforismo: "A moderação é o maior bem."
7. Periandro de Corinto, (vivo por volta de 627 a.C.) seu aforismo "Tenha
prudência em tudo."
Existem listas dos sete sábios com nomes bem diversos destes, incluídos entre tais sábios
Epiménides, Leofanto, Aristodemo, Ferécides de Siro, Pitágoras de Samos,
Anacársis, Anaxágoras, Acusilau de Argos, Laso de Hermíone, Orfeu, Epicarmo,
Pisístrato, Lino, Pânfilo. Além destes citados, há a possibilidade de outras fontes não
descobertas terem incluído também outros nomes; (Santiago, 2001, p. 4)
Conceitos predominantes
Ética: é definida de forma ampla, como a explicitação teórica dos comportamentos
morais do agir humano, na busca do bem comum e da realização individual; (Barsano,
2014, p. 51)
Costumes: são as atitudes culturais de uma sociedade. A partir da sua repetição,
constituem – se regras que, embora não escritas como leis, tornam – se observáveis,
obrigatórias para todos aqueles que buscam um convívio social sadio, em que o interesse
colectivo se sobrepõe aos interesses individuais; (Barsano, 2014, p. Idem)
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Por exemplo o acto moral de ficar semi - nu em uma praia é permitido por algumas comunidades e totalmente
proibido em outras. As regras morais são anteriores a nós, ou seja, logo ao nascer já herdamos da sociedade
normas morais do que é correcto e justo.
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A virtude
È o centro da ética socrática podendo ser definida como uma disposição para praticar o bem,
suprimir os desejos despertados pelos sentimentos, racionalizando as acções em benefício
da colectividade. O individuo virtuoso, bom, é aquele que se preocupa em aperfeiçoar a
convivência comunitária, em tornar - se o cidadão perfeito.
Definição de Cultura.
A cultura esta relacionada com as diversas manifestações de pensamento praticadas por
um grupo em beneficio de uma sociedade. Toda cultura é considerada como
configuração saudável para os indivíduos que a praticam, que a exercem de forma
produtiva para as necessidades de seu povo. Por isso é natural que os povos formulem
juízos em relação aos modos de vida diferentes dos seus3. De forma genérica, podemos
definir como cultura os hábitos, as crenças, as rotinas, bem como as atitudes sociais
praticadas por um povo numa determinada região, e o certo período de tempo4.
1.1.1. Definição de cultura: a cultura inclui todas as manifestações dos hábitos sociais de
uma comunidade, as reações do individuo na medida em que são afectados pelos
costumes do grupo em que vive, e os produtos das actividades humanas na medida em
que são determinados por tais costumes; BOAS, 1930, citado por (Barsano, 2014, p.
18)
1.1.2. Definição de cultura: a cultura de uma sociedade consiste em tudo aquilo que se
conhece ou acredita para influenciar de uma maneira aceitável os seus membros. A
cultura não é um fenómeno material: não consiste em coisas, pessoas, condutas ou
emoções. É a forma das coisas que as pessoas tem em sua mente, seu modelos de
percebe – las, de relacioná – las ou de interpretá – las (GOODE – NOUGH, 1957,
citado por (Barsano, 2014, p. Idem)
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Praticar algum acto contrario a cultura de determinado povo é ir contra seus princípios e costumes, e com
certeza não será visto com bons olhos.
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Por exemplo, os conflitos de religião e de acepçoes politicas, as regras e condutas morais, a arte, a musica, os
pratos típicos, a língua, até o penteado dos cabelos faz parte da cultura.
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1.1.3. A Cultura explicada pelo senso comum.
É até um pouco natural que o ser humano tenha a tendência de agir, em situações do dia
a dia, conforme algumas rotinas que aprende a repetir mecanicamente, sem questionar
muito o porque de cada uma delas. Por exemplo, o habito de tomar café quente pela
manha, cumprimentar os colegas com bom – dia ou boa – tarde, tomar banho todos os
dias, alimentar – se em horários predeterminados etc. O responsável por ensinar estes
hábitos é o chamado senso comum. Reações que proporcionam soluções imediatas para
situações do dia a dia é uma das funções do senso comum. Ter condições de avaliar
prontamente uma atitude como correcta ou errada, ou ainda saber técnicas rotineiras de
como cozinhar, fazer café, tomar banho, arrumar – se para um casamento etc., também
faz parte desse complexo reportório da cultura do senso comum.
5
A primeira definição cientifica de cultura é do antropólogo ingles Edward Taylor (1832 – 1917).
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1.4.6. Classificação da cultura
A cultura pode ser classificada de diversas formas, mas as principais são: Cultura
material, imaterial, real e ideal.
Cultura material: todas as coisas materiais, os bens tangíveis, incluindo instrumentos,
artefactos e outros objectos materiais, frutos da criação humana e produzidos a partir
dos recursos tecnológicos desenvolvidos pelo homem; (Barsano, 2014, p. 20)
1.4.7. Cultura imaterial: são os elementos intangíveis da cultura, ou seja, os que não podem
ser tocados, pois não possuem características material. Entre eles estão os mitos, as
crenças, os hábitos, as normas, os valores, os saberes científicos etc.; (Barsano, 2014,
p. 20)
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excepçao sendo verdadeiros sempre e em toda a parte e nega – los implicaria entrar em
contradição.
Juízos a posteriori – são aqueles juízos cuja verdade só pode ser conhecida através da
experiencia, dos sentidos. Estes juízos não são estritamente universais, porque
admitem excepçoes, podendo não ser verdadeiros, são contingentes – são verdadeiros,
mas poderiam ser falsos e nega – los não implica entrar em contradição; (Marta Paiva,
2010, p. Idem)
É no pensamento social que buscamos experiencia, pois que alem de gerar
representações mentais, poe em movimento a nossa faculdade intelectual. Foi daí que
Emmanuel Kant dividiu os juízos em analíticos e sintéticos.
Juízos analíticos – são aqueles cujos predicados está incluído no sujeito encontrando
– se pela simples analise e explicação deste. (quando no conceito está implícito o
predicado) – não contribuem para aumentar o nosso conhecimento.
Juízos sintéticos – são aqueles cujos predicados não está contido no conceito do
sujeito. É necessário recorrer á observação, á experiencia, para ampliarmos o nosso
conhecimento.
Retomando a teoria da “Crítica da Razão Pura”, livro de Kant que separa os domínios
da ciência e da acção, chegaremos a conclusão que: o conhecimento se constrói a partir
do fenômeno que alia a intuição sensível ao conceito do intelecto. Assim, são as
categorias lógicas (conceitos de ideias) que constituem objectos, permitindo serem
conhecidos de forma universal e necessária (CABRAL, 2021, p. 2)
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Kant reforça essa ideia ao afirmar que somente o pensamento autônomo poderia
conduzir os indivíduos ao esclarecimento e a maioridade. A maioridade em Kant não
está relacionada com a idade, ou maioridade civil, ela é a independência dos indivíduos
fundamentada na sua capacidade racional de decidir por si mesmo o que é o dever.
Imperativo categórico - esse imperativo é uma lei moral interior ao indivíduo,
baseada apenas na razão humana e não possui nenhuma ligação com causas
sobrenaturais, supersticiosas ou relacionadas a uma autoridade do Estado ou religiosa.
O imperativo hipotético - corresponde a uma fórmula da razão condicionada pelos
fins que se pretende alcançar. Kant não se mostra seguro quanto à natureza imperativa
e prática dos chamados imperativos hipotéticos, e na Crítica sobre a faculdade de
julgar, os define como meros corolários do conhecimento puramente teórico.
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acção social e o próprio funcionamento do sistema cognitivo, foi sublinhada por
Moscovici quando propôs o conceito de “sociedade pensante”: assim como a sociedade
pode ser considerada um sistema econômico e um sistema político, também pode ser
considerada um sistema pensante; (Helioteixeira, 2016, p. 4)
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Entretanto, mesclada a esta concepção de ética, a tendência utilitarista, inaugurada pelo
empirismo, também ganhou força a partir do século XVIII, principalmente por conta dos
avanços da Ciência. A partir das leis da física de Isaac Newton, a sociedade passou a ser
vista como máquina, onde a ética atenderia e regularia seu funcionamento. Enquanto a
teoria evolucionista de Charles Darwin possibilitou conceber a moral como produto da
evolução do comportamento humano.
Podemos assim notar que ao longo da história humana, o homem foi o centro da busca
das respostas para questões que, até então, eram justificadas somente pela fé. Surgia
então o Iluminismo, corrente de filósofos que acreditavam o homem ser naturalmente
bom, porém, era corrompido pela sociedade com o passar do tempo. Acreditavam que se
todos fizessem parte de uma sociedade justa, com direitos iguais a todos, a felicidade
comum seria alcançada. Por esta razão, eles eram contra as imposições de carácter
religioso, contra as práticas mercantilistas, contrários ao absolutismo do rei, além dos
privilégios dados a nobreza e ao clero; (https://www.historiadomundo.com.br/idade-
moderna/iluminismo.htm, 1998)
A história reporta que o auge deste movimento (Iluminismo), foi atingido no século
XVIII e, este passou a ser conhecido como o Século das Luzes. Com a Revolução
Francesa de 1789, que incorporou inúmeras ideias iluministas em suas fases mais
violentas, desacreditando-as aos olhos da maioria dos europeus contemporâneos. O
Iluminismo marcou um momento decisivo para o declínio da Igreja e o crescimento do
secularismo actual, assim como serviu de modelo para o liberalismo político e
económico e para a reforma humanista do mundo ocidental no século XIX.
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Enquanto isso em Africa, 214 anos antes o absolutismo Ocidental já fustigava os nativos,
tal como a historiografia nos conta: a evangelização crista em Angola de 1491 “primeiro
a ser baptizado em MBanza Congo foi o chefe espiritual do Congo: Nsaku Ne Vunda
com o nome de Dom Jorge; (Batsikama, 2016),” sob égide da Missão Católica. As
missões eram realizadas via marítima a partir de vários pontos europeus, atingindo assim
a região litoral norte, actual localidade de Soyo. Esta localidade era o ponto focal da
evangelização Católica e dali teriam desdobrado para realizarem acções não éticas, no
ponto de vista dos nativos, nomeadamente o comércio de escravos. As ideias conjugadas
com o Iluminismo, em Africa nascia inspirações tendentes a liberdade que reagiram 157
anos depois, já em 1946 com a realização da Conferencia Internacional Protestante
realizada no ex – Congo Belga, dando os primeiros indícios (direito de evangelizar antes
dos 50 anos decididos pela Conferencia). (Nunes, 2018, p. 67).
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Europa toda, acabavam de unir ideias perante lacunas éticas, virando para uma nova
dinâmica nos estados Europeus.
O Iluminismo – é um período artístico da nata dos pensadores Europeus. Destacam – se
assim os principais filósofos do Iluminismo que marcava o seculo das Luzes:
John Locke – cuja ideia, acreditava que o homem adquiria conhecimento com o passar
do tempo através do empirismo (experiencia sensível).
Voltaire - defendia a liberdade de pensamento do individuo.
Jean-Jacques Rousseau – Para ele a ideia de um estado democrático.
Montesquieu – defensor da divisão do poder político em Legislativo, Executivo e
Judiciário. O Iluminismo – é a saída dos homens do estado de menoridade devido a eles
mesmos. Menoridade é a incapacidade de utilizar o próprio intelecto sem a orientação
de outro. O Iluminismo defende seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade. Mas
Emanuel Kant, considera a razão como critica e guia a todos os campos da experiencia
humana.
Destaque na Europa
França --------- Voltaire, Charles de Montesquieu, Denis Diderot e Jean-Jacques
Rousseau.
Alemanha -------- David Hume,
Escócia - ----------Cesare Beccaria,
Itália - -------------Benjamin Franklin
Nas colónias britânicas - --Thomas Jefferson.
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