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Instituto Superior Politécnico Tocoísta

DECRETO PRESIDENCIAL Nº 83/16 DE 18 DE ABRIL – DIÁRIO DA REPÚBLICA, I SÉRIE Nº 61

ÉTICA E PENSAMENTO SOCIAL

LUANDA, 2021

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ÉTICA E PENSAMENTO SOCIAL

1. Unidade – I. Ética: Noções Gerais.

Introdução.
Quando reflectimos sobre nossos actos e comportamentos morais, avaliando – os,
indagando – os ou julgando – os, passamos do plano da prática, que é a moral
propriamente dita, (moral efectiva, vivida) para o domínio da teoria moral. Em outras
palavras, caminhamos para o conceito de Ética. A Ética como parte da filosofia, indaga:
 a pura essência, a origem e as condições físicas, psíquicas e sociais em que se
realizam os actos morais;
 a natureza, a função e os parâmetros do julgamento moral, do que é certo ou
errado, bom ou mau, justo ou injusto;
 como nascem e por que se sucedem diferentes sistemas morais etc.
A Ética são os puros julgamentos morais do que é bom ou ruim, certo ou errado, justo
ou injusto, honesto ou desonesto; (Barsano, 2014, p. 52)

Etiologia grega:
1.1. a palavra ética tem origem grega, é derivada do ethos e está relacionada com o hábito,
a maneira de prosseguir e se comportar, em suma, para o bom comportamento e a
maneira de agir. O comportamento habitual que ajuda a determinar a natureza do ser,
do procedimento que é determinado pela essência. É característica do ser humano para
amar, chorar, odiar, ter coragem, temer, pensar, julgar, reflectir, admirar, relacionar, ser
feliz. O ethos do homem, as características de sua natureza, juntamente com os aspectos
políticos, são claramente perceptíveis, corrobora que a principal fonte de ética é a
realidade humana, em que razão encontra e conhece os princípios morais, universais e
certos1

Sete Sábios ou Sete Sábios da Grécia


Sete Sábios, era um nome utilizado para se referir a sete filósofos, juristas e estadistas
do início do século VI a.C. que com o passar dos séculos ganharam renome devido à
sua sabedoria. O conhecimento destes acabou por ser resumido em

1
A expressão ética vem de Etiologia grega, que em seu próprio sentido significa hábito, (hábito e natureza).

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um aforismo (pequena máxima ou afirmação sobre determinado assunto) memorável
atribuído a cada um, e seus ensinamentos e frases tornaram-se um guia para a vida
cotidiana. (Santiago, 2001, p. 2). Entre os Sete Sábios destacam – se:
1. Tales de Mileto, (c. 624 a.C. - 546 a.C.) cujo aforismo era: "Conhece a ti
mesmo".
2. Solon de Atenas, (c. 638-558 a.C.), seu Aforismo: "(faça). Nada em excesso.",
legislador e reformador da democracia ateniense.
3. Quilon de Esparta, seu aforismo era: "A segurança traz a ruína.", político do
século VI a.C.
4. Pítaco de Mitilene, (c. 640-568 a.C.), tinha como aforismo: "Reconheça a
oportunidade."
5. Bias de Priene, cujo aforismo: "A maioria dos homens são ruins." legislador do
século VI a.C.
6. Cleóbulo de Lindos, seu aforismo: "A moderação é o maior bem."
7. Periandro de Corinto, (vivo por volta de 627 a.C.) seu aforismo "Tenha
prudência em tudo."
Existem listas dos sete sábios com nomes bem diversos destes, incluídos entre tais sábios
Epiménides, Leofanto, Aristodemo, Ferécides de Siro, Pitágoras de Samos,
Anacársis, Anaxágoras, Acusilau de Argos, Laso de Hermíone, Orfeu, Epicarmo,
Pisístrato, Lino, Pânfilo. Além destes citados, há a possibilidade de outras fontes não
descobertas terem incluído também outros nomes; (Santiago, 2001, p. 4)

Conceitos predominantes
Ética: é definida de forma ampla, como a explicitação teórica dos comportamentos
morais do agir humano, na busca do bem comum e da realização individual; (Barsano,
2014, p. 51)
Costumes: são as atitudes culturais de uma sociedade. A partir da sua repetição,
constituem – se regras que, embora não escritas como leis, tornam – se observáveis,
obrigatórias para todos aqueles que buscam um convívio social sadio, em que o interesse
colectivo se sobrepõe aos interesses individuais; (Barsano, 2014, p. Idem)

Moral: é o conjunto de valores, normas e de noções práticas do que é certo ou errado,


proibido ou permitido, dentro de uma determinada sociedade organizada. A moral
pertence ao domínio da prática, ou seja, refere – se aos comportamentos bons ou maus
praticados pela sociedade2. Somos educados conforme a cultura do bem e do mal,
cabendo a cada um de nós reflectir se as aceitamos ou não; (Barsano, 2014, p. Idem)

2
Por exemplo o acto moral de ficar semi - nu em uma praia é permitido por algumas comunidades e totalmente
proibido em outras. As regras morais são anteriores a nós, ou seja, logo ao nascer já herdamos da sociedade
normas morais do que é correcto e justo.

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A virtude

È o centro da ética socrática podendo ser definida como uma disposição para praticar o bem,
suprimir os desejos despertados pelos sentimentos, racionalizando as acções em benefício
da colectividade. O individuo virtuoso, bom, é aquele que se preocupa em aperfeiçoar a
convivência comunitária, em tornar - se o cidadão perfeito.

Definição de Cultura.
A cultura esta relacionada com as diversas manifestações de pensamento praticadas por
um grupo em beneficio de uma sociedade. Toda cultura é considerada como
configuração saudável para os indivíduos que a praticam, que a exercem de forma
produtiva para as necessidades de seu povo. Por isso é natural que os povos formulem
juízos em relação aos modos de vida diferentes dos seus3. De forma genérica, podemos
definir como cultura os hábitos, as crenças, as rotinas, bem como as atitudes sociais
praticadas por um povo numa determinada região, e o certo período de tempo4.

1.1.1. Definição de cultura: a cultura inclui todas as manifestações dos hábitos sociais de
uma comunidade, as reações do individuo na medida em que são afectados pelos
costumes do grupo em que vive, e os produtos das actividades humanas na medida em
que são determinados por tais costumes; BOAS, 1930, citado por (Barsano, 2014, p.
18)

1.1.2. Definição de cultura: a cultura de uma sociedade consiste em tudo aquilo que se
conhece ou acredita para influenciar de uma maneira aceitável os seus membros. A
cultura não é um fenómeno material: não consiste em coisas, pessoas, condutas ou
emoções. É a forma das coisas que as pessoas tem em sua mente, seu modelos de
percebe – las, de relacioná – las ou de interpretá – las (GOODE – NOUGH, 1957,
citado por (Barsano, 2014, p. Idem)

3
Praticar algum acto contrario a cultura de determinado povo é ir contra seus princípios e costumes, e com
certeza não será visto com bons olhos.
4
Por exemplo, os conflitos de religião e de acepçoes politicas, as regras e condutas morais, a arte, a musica, os
pratos típicos, a língua, até o penteado dos cabelos faz parte da cultura.

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1.1.3. A Cultura explicada pelo senso comum.
É até um pouco natural que o ser humano tenha a tendência de agir, em situações do dia
a dia, conforme algumas rotinas que aprende a repetir mecanicamente, sem questionar
muito o porque de cada uma delas. Por exemplo, o habito de tomar café quente pela
manha, cumprimentar os colegas com bom – dia ou boa – tarde, tomar banho todos os
dias, alimentar – se em horários predeterminados etc. O responsável por ensinar estes
hábitos é o chamado senso comum. Reações que proporcionam soluções imediatas para
situações do dia a dia é uma das funções do senso comum. Ter condições de avaliar
prontamente uma atitude como correcta ou errada, ou ainda saber técnicas rotineiras de
como cozinhar, fazer café, tomar banho, arrumar – se para um casamento etc., também
faz parte desse complexo reportório da cultura do senso comum.

1.4.4 A Cultura explicada pelo senso cientifico.


Enquanto a cultura explicada pelo senso comum estuda os nossos comportamentos
naturais e as crenças que adquirimos sem mesmo perceber ao longo dos anos, o senso
cientifico aborda a cultura de forma mais técnica, ou seja, procura fundamentar os
conhecimentos adquiridos ao longo dos anos, busca padronizar a simbologia social, os
códigos, a linguagem de um grupo etc. A cultura é um conjunto complexo que inclui o
conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e quaisquer outros hábitos e
capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade5; (Barsano, 2014, p. 19)

1.4.5. O conceito antropológico de cultura.


A antropologia sendo a ciência voltada ao estudo do homem, tem como finalidade de
aprofundar os conhecimentos científicos a respeito das sociedades primitivas (como
eram chamadas as tribos e os povos não europeus – os nativos das Américas, Austrália
e Africa). Porem, como tinha de explicar a grande diferença de comportamento entre
esses povos e os europeus, a Antropologia acabou – se concentrando no conceito de
cultura. A diversidade cultural não gira apenas em torno de povos primitivos e povos
civilizados, mas está presente em todo local em que haja contacto entre dois povos que
cultivam costumes e valores diferentes; (Barsano, 2014, p. Idem)

5
A primeira definição cientifica de cultura é do antropólogo ingles Edward Taylor (1832 – 1917).

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1.4.6. Classificação da cultura
A cultura pode ser classificada de diversas formas, mas as principais são: Cultura
material, imaterial, real e ideal.
Cultura material: todas as coisas materiais, os bens tangíveis, incluindo instrumentos,
artefactos e outros objectos materiais, frutos da criação humana e produzidos a partir
dos recursos tecnológicos desenvolvidos pelo homem; (Barsano, 2014, p. 20)
1.4.7. Cultura imaterial: são os elementos intangíveis da cultura, ou seja, os que não podem
ser tocados, pois não possuem características material. Entre eles estão os mitos, as
crenças, os hábitos, as normas, os valores, os saberes científicos etc.; (Barsano, 2014,
p. 20)

2. UNIDADE II - PENSAMENTO SOCIAL


Conceito do pensamento: corresponde a toda sucessão de ideias ou actividade
ideativa, iniciada por um problema e destinada á resolução do mesmo.
Definição: De acordo com o que é entendido por Sigmund Freud, médico neurologista,
o pensamento trata - se do deslocamento da energia mental com o propósito de
realizar a descarga motora da excitação; (Copyright, 2010-202, p. 2)
Entende – se também o pensamento ser aquilo que existe através da actividade
intelectual. Trata-se do produto da mente que resulta dos processos racionais do
intelecto ou das abstracções da imaginação. A análise, a comparação, a generalização,
a síntese e a abstracção são algumas das operações relacionadas com o pensamento,
que determina. O pensamento é por natureza gerida de coisas acerca das quais não
dispomos por vezes de explicação, sendo cognoscíveis aquelas que é impossível
explicar.

Todas as três condições referidas: crença, verdade e justificação – são necessárias


para que haja conhecimento de juízo a priori e a posteriori; (Marta Paiva, 2010, p.
137). Conhecer a verdade de um juízo pelo pensamento ou pela razão, devemos
distingui – los de forma universal:
São juízos a priori - aqueles cuja verdade é passível de ser conhecida
independentemente de qualquer experiencia, tendo, portanto, origem no pensamento
ou na razão. Estes juízos são universais, no sentido em que não admitem qualquer

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excepçao sendo verdadeiros sempre e em toda a parte e nega – los implicaria entrar em
contradição.
Juízos a posteriori – são aqueles juízos cuja verdade só pode ser conhecida através da
experiencia, dos sentidos. Estes juízos não são estritamente universais, porque
admitem excepçoes, podendo não ser verdadeiros, são contingentes – são verdadeiros,
mas poderiam ser falsos e nega – los não implica entrar em contradição; (Marta Paiva,
2010, p. Idem)
É no pensamento social que buscamos experiencia, pois que alem de gerar
representações mentais, poe em movimento a nossa faculdade intelectual. Foi daí que
Emmanuel Kant dividiu os juízos em analíticos e sintéticos.
Juízos analíticos – são aqueles cujos predicados está incluído no sujeito encontrando
– se pela simples analise e explicação deste. (quando no conceito está implícito o
predicado) – não contribuem para aumentar o nosso conhecimento.
Juízos sintéticos – são aqueles cujos predicados não está contido no conceito do
sujeito. É necessário recorrer á observação, á experiencia, para ampliarmos o nosso
conhecimento.

2.1. Noção crítica do pensamento e do racionalismo


A construção do edifício do saber só é possível a partir de projectos unitários,
solitariamente concebidos e ordenadamente aplicados. As operações da razão que
conduzem à verdade e à certeza são apenas duas: a intuição e dedução.
A intuição - é portanto, um acto puro e atento da inteligência que apreende directa e
imediatamente noções tão simples que acerca da sua validade não pode restar qualquer
dúvida.
A dedução - é em primeiro lugar, um encadeamento de intuições. Envolvendo um
movimento do pensamento, desde os princípios evidentes.

Retomando a teoria da “Crítica da Razão Pura”, livro de Kant que separa os domínios
da ciência e da acção, chegaremos a conclusão que: o conhecimento se constrói a partir
do fenômeno que alia a intuição sensível ao conceito do intelecto. Assim, são as
categorias lógicas (conceitos de ideias) que constituem objectos, permitindo serem
conhecidos de forma universal e necessária (CABRAL, 2021, p. 2)

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Kant reforça essa ideia ao afirmar que somente o pensamento autônomo poderia
conduzir os indivíduos ao esclarecimento e a maioridade. A maioridade em Kant não
está relacionada com a idade, ou maioridade civil, ela é a independência dos indivíduos
fundamentada na sua capacidade racional de decidir por si mesmo o que é o dever.
Imperativo categórico - esse imperativo é uma lei moral interior ao indivíduo,
baseada apenas na razão humana e não possui nenhuma ligação com causas
sobrenaturais, supersticiosas ou relacionadas a uma autoridade do Estado ou religiosa.
O imperativo hipotético - corresponde a uma fórmula da razão condicionada pelos
fins que se pretende alcançar. Kant não se mostra seguro quanto à natureza imperativa
e prática dos chamados imperativos hipotéticos, e na Crítica sobre a faculdade de
julgar, os define como meros corolários do conhecimento puramente teórico.

2.2. O pensamento em sociedades contemporâneas


A tipologia dos fenômenos psicológicos organizam - se a partir de dois eixos que opõe o
colectivo e individual. Um que opõe o público outro o privado. O cruzamento destes dois
eixos gera quatro espaços onde é possível situar diferentes fenômenos que envolvem a
cognição. O pensamento social situa-se no quadrante definido pelo público e pelo
coletivo, opondo - se, nomeadamente, ao individual e ao privado; (Helioteixeira, 2016, p.
2).
O pensamento social em acção são os rumores e a memória social. Os rumores são formas
coletivas de conhecimento, envolvem interações sociais e acontecem no espaço público.
Exemplos de pensamentos sociais são ainda as crenças coletivas como a crença num
mundo justo. Esta crença refere - se ao facto de agirmos na maioria dos casos sem nos
darmos conta, como se cada um tivesse o que merecesse e merecesse o que tem como as
crenças básicas sobre o funcionamento das sociedades democráticas.

Os valores igualitários (que se opõem às desigualdades) coexistem e são ambos


idealizados como fundadores da ordem social democrática. No mesmo sentido, outros
pesquisadores defendem que as sociedades contemporâneas são sustentadas por mitos
legitimadores de orientação oposta: os que legitima a desigualdade entre grupos sociais
(como as teorias raciais, o sexismo ou as teorias nacionalistas) e os que se opõem e
promovem a igualdade entre grupos, como a ideia de direitos humanos universais. A
importância dos processos associados ao pensamento social, para compreendermos a

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acção social e o próprio funcionamento do sistema cognitivo, foi sublinhada por
Moscovici quando propôs o conceito de “sociedade pensante”: assim como a sociedade
pode ser considerada um sistema econômico e um sistema político, também pode ser
considerada um sistema pensante; (Helioteixeira, 2016, p. 4)

2.3. A ética moderna - séculos XVI e XVIII.


As discussões éticas estiveram centralizadas no embate entre racionalismo e empirismo.
A nova estruturação do pensamento científico, passou a ser investigado pelos principais
filósofos dos séculos XVII e XVIII na formulação das diversas epistemologias. Com
efeito, sendo duas as principais: o racionalismo e o empirismo. Portanto, o racionalismo
moderno iniciou com René Descartes, como ponto de partida o sujeito pensante.
O pensamento era entendido pela estrutura da memória cognitiva, sem relação com o
mundo exterior, Descartes defendia as ideias inatas, as ideias nascem com a pessoa sem
exigência empírica, indutiva. O empirismo, nega a existência das ideias inatas, a
cognição nasce e desenvolve com o objecto pensando, portanto, o processo do
conhecimento depende da experiência sensível, método da indução. Com efeito, para os
empiristas o conhecimento provém de duas fontes básicas: a percepção do mundo
externo, o exame interno da actividade mental, nessa relação dialéctica desenvolve o
conhecimento.
O palco do nascimento do racionalismo foi a França, do empirismo a Inglaterra. Desse
modo, com o desenvolvimento económico, o nascimento da burguesia e a filosofia
iluminista atrelada ao liberalismo económico, possibilitaram o nascimento do método
indutivo. Os principais empiristas ingleses: Francis Bacon, Thomas Hobbes, John Locke,
George Berkeley e David Hume, com reflexões específicas.

A Idade Moderna foi à época da formação e consolidação dos Estados Nacionais


europeus, precedendo a Revolução Francesa, que teve seu início em 1789, quando a
separação entre Estado e igreja tornou - se definitiva, com a preponderância do
antropocentrismo e a aceleração do avanço da Ciência. Embora Descartes não tenha
pensando especificamente a ética, sua concepção filosófica remete a uma transição entre
a Idade Média e Moderna, pois Deus é a garantia de existência do eu físico, factor
significativo que compôs a ética racionalista em meio à dúvida que origina o cogito.

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Entretanto, mesclada a esta concepção de ética, a tendência utilitarista, inaugurada pelo
empirismo, também ganhou força a partir do século XVIII, principalmente por conta dos
avanços da Ciência. A partir das leis da física de Isaac Newton, a sociedade passou a ser
vista como máquina, onde a ética atenderia e regularia seu funcionamento. Enquanto a
teoria evolucionista de Charles Darwin possibilitou conceber a moral como produto da
evolução do comportamento humano.

2.4. Ética no Século das Luzes


Durante muito tempo, o homem desenvolveu o pensamento em volta do seu redor,
procurando o caminho dialéctico do conhecimento. As lacunas éticas existentes ao nível
individual, tornavam – se cada vez mais graves quando consideradas no nível
organizacional; (Tenbrunsel, 2011, p. 11). Mas o caminho dialéctico do conhecimento,
é nada mais, senão a percepção do mundo externo e do exame interno da actividade
moral.

Podemos assim notar que ao longo da história humana, o homem foi o centro da busca
das respostas para questões que, até então, eram justificadas somente pela fé. Surgia
então o Iluminismo, corrente de filósofos que acreditavam o homem ser naturalmente
bom, porém, era corrompido pela sociedade com o passar do tempo. Acreditavam que se
todos fizessem parte de uma sociedade justa, com direitos iguais a todos, a felicidade
comum seria alcançada. Por esta razão, eles eram contra as imposições de carácter
religioso, contra as práticas mercantilistas, contrários ao absolutismo do rei, além dos
privilégios dados a nobreza e ao clero; (https://www.historiadomundo.com.br/idade-
moderna/iluminismo.htm, 1998)

A história reporta que o auge deste movimento (Iluminismo), foi atingido no século
XVIII e, este passou a ser conhecido como o Século das Luzes. Com a Revolução
Francesa de 1789, que incorporou inúmeras ideias iluministas em suas fases mais
violentas, desacreditando-as aos olhos da maioria dos europeus contemporâneos. O
Iluminismo marcou um momento decisivo para o declínio da Igreja e o crescimento do
secularismo actual, assim como serviu de modelo para o liberalismo político e
económico e para a reforma humanista do mundo ocidental no século XIX.

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Enquanto isso em Africa, 214 anos antes o absolutismo Ocidental já fustigava os nativos,
tal como a historiografia nos conta: a evangelização crista em Angola de 1491 “primeiro
a ser baptizado em MBanza Congo foi o chefe espiritual do Congo: Nsaku Ne Vunda
com o nome de Dom Jorge; (Batsikama, 2016),” sob égide da Missão Católica. As
missões eram realizadas via marítima a partir de vários pontos europeus, atingindo assim
a região litoral norte, actual localidade de Soyo. Esta localidade era o ponto focal da
evangelização Católica e dali teriam desdobrado para realizarem acções não éticas, no
ponto de vista dos nativos, nomeadamente o comércio de escravos. As ideias conjugadas
com o Iluminismo, em Africa nascia inspirações tendentes a liberdade que reagiram 157
anos depois, já em 1946 com a realização da Conferencia Internacional Protestante
realizada no ex – Congo Belga, dando os primeiros indícios (direito de evangelizar antes
dos 50 anos decididos pela Conferencia). (Nunes, 2018, p. 67).

Reivindicações surgidas do Iluminismo


Os burgueses foram os principais interessados nesta filosofia, pois, apesar do dinheiro
que possuíam, eles não tinham poder em questões políticas devido a sua forma de
participação limitada:
O rei detinha todos os poderes.
O governo interferia ainda nas questões económicas.
Em primeiro lugar vinha o clero.
Em segundo a nobreza.
Em terceiro a burguesia e os trabalhadores da cidade e do campo

Vantagens alcançadas com as ideias Iluministas.


Os burgueses tiveram liberdade comercial para ampliar significativamente seus negócios
O fim do absolutismo.
Foram tirados não só os privilégios de poucos (clero e nobreza).
Facilidade de expansão comercial para a classe burguesa.

Principais filósofos iluministas


O seculo conhecidos como das luzes, revolucionou os Estados Europeus saírem da
situação imposta pelo absolutista do então. Entende – se a revolução Iluminista da época
acabava de tirar os privilégios do Clero e da classe nobre. Os Iluministas espalhados pela

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Europa toda, acabavam de unir ideias perante lacunas éticas, virando para uma nova
dinâmica nos estados Europeus.
O Iluminismo – é um período artístico da nata dos pensadores Europeus. Destacam – se
assim os principais filósofos do Iluminismo que marcava o seculo das Luzes:
John Locke – cuja ideia, acreditava que o homem adquiria conhecimento com o passar
do tempo através do empirismo (experiencia sensível).
Voltaire - defendia a liberdade de pensamento do individuo.
Jean-Jacques Rousseau – Para ele a ideia de um estado democrático.
Montesquieu – defensor da divisão do poder político em Legislativo, Executivo e
Judiciário. O Iluminismo – é a saída dos homens do estado de menoridade devido a eles
mesmos. Menoridade é a incapacidade de utilizar o próprio intelecto sem a orientação
de outro. O Iluminismo defende seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade. Mas
Emanuel Kant, considera a razão como critica e guia a todos os campos da experiencia
humana.

Destaque na Europa
França --------- Voltaire, Charles de Montesquieu, Denis Diderot e Jean-Jacques
Rousseau.
Alemanha -------- David Hume,
Escócia - ----------Cesare Beccaria,
Itália - -------------Benjamin Franklin
Nas colónias britânicas - --Thomas Jefferson.

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