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LEVANTAMENTO DE NECESSIDADES
DE TREINAMENTO: REFLEXÕES ATUAIS
Pedro Paulo Murce Meneses*
Thaís Zerbini**

Resumo: Tradicionalmente, o processo de diagnóstico de necessidades de treinamento visa à identificação de


lacunas das competências requeridas para um desempenho humano adequado no trabalho. Apesar de as prescrições
teórico-metodológicas, desde há 30 anos, enfatizarem a importância de análises mais abrangentes como forma de
se articular necessidades organizacionais e individuais, a prática usual se consolida em uma perspectiva que apenas
considera objetivos e interesses estabelecidos no nível individual, mas não de grupos e organizacional. Neste cenário,
o conceito de competência aproxima-se ao da qualificação, composto por conjuntos de conhecimentos, habilidades
e atitudes necessários ao cumprimento de tarefas pré-estabelecidas. O problema é que nem sempre as necessidades
diagnosticadas vinculam-se ao negócio organizacional. Assim, é preciso também, na área de treinamento e
desenvolvimento, que o conceito contemple resultados, produtos ou entregas na identificação das necessidades de
treinamento. O presente artigo visa, portanto, discutir as implicações metodológicas da extensão do conceito de
competência no processo de levantamento de necessidades de treinamento.
Palavr
alavras-cha
as-chavve: Treinamento. Desenvolvimento e Educação. Necessidades de Treinamento. Competências.
vras-cha

Abstrac
actt: Traditionally, training need evaluation process aims to identify gaps skills required for a proper human
Abstrac
performance at work. Despite the theoretical and methodological requirements, since 30 years ago, emphasize the
importance of organizational analysis, in order to link organizational and individual needs, the usual practice is
based on results of analysis of tasks and individual, targeted only for individual needs. In this context, the concept
of competence is close to the qualification, composed of sets of knowledge, skills and attitudes needed to meet the
pre-set tasks. The problem is that not always the needs diagnosed could be linked to the business organization.
Thus, on the training needs evaluation process, the concept of competence adopted by the area of training and
development needs to embrace the concept of results or products. This article, therefore, aims to discuss the
methodological implications of the extension of the concept of competence in the training needs evaluation process.
Key-wor
y-words: Training, Development, and Personnel Education, Training Need Evaluation, Competences.
ords:
JEL Classif ication: M12 - Personnel Management
Classification:

*Doutor em Psicologia pela Universidade de Brasília. Professor na área de Estudos Organizacionais e Gestão de Pessoas do Departamento de
Administração da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e da Documentação (FACE), Universidade
de Brasília. E-mail: pemeneses@yahoo.com
**Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília. Professora na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho do Departamento de
Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), Universidade de São Paulo. E-mail:
thais.zerbini@gmail.com

Análise, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 50-64, jul./dez. 2009


Levantamento de necessidades de treinamento: reflexões atuais 51
1 Introdução Apesar dos benefícios de um sistema de T&D
completo e integrado, na prática os processos de
Atualmente, as mudanças contextuais advin- levantamento de necessidades de treinamento ge-
das do progresso científico e tecnológico vêm alte- ralmente não levam em consideração o contexto de
rando o cenário mundial e afetando substancialmente trabalho sob o qual os efeitos das ações instrucio-
as organizações de trabalho. Obrigadas a atuarem nais incidirão, centrando-se essencialmente nas ta-
em consonância com essas mudanças, ou mesmo a refas e atividades desenvolvidas pelos indivíduos.
antecipá-las, as organizações, em busca de vanta- Sobre o planejamento das ações instrucionais é co-
gens competitivas que permitam diferenciá-las de mum observar que os programas de treinamento são
seus concorrentes, conferem à área de recursos hu- desenvolvidos para atender às necessidades indivi-
manos um posicionamento estratégico, ao mesmo duais apenas, de forma que muito pouco se sabe
tempo em que passam a exigir demonstrativos con- ainda sobre os processos de aprendizagem de gru-
cretos da efetividade de suas ações. pos e equipes de trabalho. Por fim, no que diz res-
Este cenário vem transformando o subsiste- peito à avaliação dos efeitos de ações de treinamen-
ma de Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas to, tanto em termos práticos quanto acadêmicos,
(T&D) em um instrumento de gestão de pessoas quando muito, as iniciativas se propõem a sistema-
essencial na formulação de respostas ágeis e flexí- tizar as percepções de indivíduos acerca do evento
veis às novas exigências e demandas. E isso por- instrucional em si e dos processos de aprendiza-
que entre os principais propósitos de tal subsiste- gem e transferência desta para o trabalho.
ma destacam-se, além da melhoria do desempe- Em suma, a grande lacuna observada na área
nho dos empregados em tarefas cotidianas, a pro- de T&D, que dificulta consideravelmente a vincula-
moção do desempenho e da efetividade organiza- ção entre os esforços despendidos pela área e o de-
cional. Mas vale a ressalva de que treinamento é sempenho organizacional, refere-se à utilização pre-
uma ação indicada apenas para remover lacunas dominante da perspectiva individual em detrimen-
nas competências do indivíduo, as quais não são to de aspectos mais contextuais. Vale enfatizar que
devidas a condições inadequadas de trabalho, tam- esta problemática não decorre da falta de prescri-
pouco a baixos níveis de motivação dos emprega- ções teóricas ou metodológicas, ainda que em me-
dos. Tradicionalmente, a área de T&D é constituí- nor escala neste último sentido, que embasam a
da por três subsistemas que, caso bem articula- estruturação dos sistemas de T&D.
dos, provêm informações valiosas sobre a efetivi- Talvez esta lacuna advenha de uma coexis-
dade das ações e políticas de desenvolvimento de tência conflituosa, nos modelos contemporâneos de
pessoas impetradas pelas áreas de recursos huma- gestão de pessoas adotados em diversas e variadas
nos. Esta abordagem advém de uma concepção de organizações, de abordagens estruturalistas e hu-
treinamento como um modelo de tecnologia ins- manistas. Em relação às ações de qualificação, ca-
trucional, que enfatiza uma cuidadosa avaliação pacitação etc., costuma-se adotar uma perspectiva
de necessidades, experiências de aprendizagem mais humanística de atuação, pelo menos retórica
precisamente planejadas para alcançar objetivos e ideologicamente, ao passo que outros subsiste-
instrucionais, e, por fim, a coleta de informações mas de recursos humanos operam a partir de uma
para fornecer feedbacks sobre os efeitos do siste- perspectiva mais bem orientada por objetivos e
ma, etapa sobre a qual recai o interesse do presen- metas organizacionais, nem sempre coincidentes
te relato de pesquisa (Goldstein e Gilliam, 1990). com anseios e aspirações individuais. Como com-

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patibilizar então subsistemas programados em fun- juntos de análises: organizacional, de tarefas e in-
ção de visões assim tão diferenciadas? dividual.
A alternativa seria estender o nível de análi- Estas análises têm como objeto de estudo o
se considerado na sistematização de ações educa- primeiro, e talvez mais conhecido, determinante do
cionais para além do individual, em termos de gru- desempenho humano no trabalho, a saber, as com-
pos e equipes de trabalho e da própria organização. petências individuais, tradicionalmente constituídas,
E para que isso ocorra, torna-se necessário repen- no âmbito do processo em questão, por conjuntos
sar os conjuntos de metodologias, técnicas e proce- de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHAs).
dimentos geralmente utilizados em cada um dos Tais competências constituem o foco de ação das
subsistemas de T&D enunciados anteriormente. É práticas de T&D, que visam justamente o aprimo-
sobre essa necessidade, em especial de propor uma ramento do capital humano em prol da efetividade
reflexão sobre o processo de levantamento de ne- organizacional. Falhas de desempenhos geradas por
cessidades de treinamento, que o presente artigo lacunas de CHAs ocorrem ou quando os colabora-
pretende contribuir. dores jamais apresentaram o desempenho solicita-
Mais especificamente, o artigo em questão do ou quando o desempenho, ou mesmos as estra-
propõe-se a incorporar os recentes avanços obser- tégias e os planos de ação, por serem poucos exigi-
vados no campo da gestão de pessoas por compe- dos, foram esquecidos.
tência como estratégia de tornar o processo de di- Mas vale ressaltar que o processo de LNT
agnóstico de necessidades de treinamento mais pre- consiste em uma tentativa sistematizada de identi-
cisamente alinhado ao negócio das organizações. ficação de problemas de desempenho que podem
Isso porque este modelo de gestão de pessoas, pelo ser solucionados por meio de ações educacionais, e
menos hipoteticamente, garante articulações entre somente por estas. Problemas determinados por
objetivos individuais e organizacionais mais harmo- condições de trabalho não se constituem em ne-
niosas do que os modelos precedentes, que atua- cessidades de treinamento, de forma que precisam
vam em função de uma ou outra perspectiva de ser devidamente analisados. Mais especificamen-
análise. A seguir, faz-se necessário aprofundar a te, condições de trabalho, na literatura de T&D, re-
discussão sobre o subsistema de levantamento de ferem-se ao apoio oferecido pelo contexto organiza-
necessidades de treinamento (LNT). cional, em termos tecno-estruturais, como a quali-
dade e quantidade de tecnologia disponibilizada, e
2 Análise de Necessidades de T&D psicossociais, como a relação entre gerência e su-
bordinados. Mais uma vez, ações de T&D costu-
No intuito de aproximar as ações de T&D mam não surtir efeito sobre condições de trabalho.
dos objetivos organizacionais, conferindo assim es- Outro fator que também necessita ser cuida-
tratégia à área em questão, é fundamental a com- dosamente analisado concerne ao nível de motiva-
preensão das discrepâncias entre os desempenhos ção dos colaboradores. Ações de T&D não devem
reais, manifestados pelos indivíduos, e os espera- ser utilizadas como estratégias de motivação dos
dos pelas empresas. Reconhecer esta discrepância funcionários de uma organização, visto que, con-
sistematicamente aumenta a probabilidade de su- forme teorias cientificamente válidas, a motivação
cesso das ações de treinamento. Brevemente, o re- resulta de um contexto de trabalho bem organizado
conhecimento destas discrepâncias, em termos de que não apenas delega metas claras, desafiadoras e
resultados, desempenhos, competências ou solu- factíveis a seus colaboradores (teoria de estabeleci-
ções desejadas, é realizado por meio de três con- mento de metas), mas que também designa tarefas

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significativas, que resultem em conseqüências al- De maneira similar, Goldstein (1991) afirma
mejadas pelos colaboradores e cujos caminhos para que a transferência de treinamento de um ambiente
sua plena realização sejam claros (teoria da expec- instrucional para o ambiente de trabalho envolve
tância). Vale ressaltar que existem outras estratégi- questões relacionadas à necessidade de se ter um
as menos onerosas para esta finalidade, como os clima positivo para transferência na organização de
programas de qualidade de vida ou sistemas de tri- trabalho. Para o autor, este clima positivo deveria
lhas profissionais baseadas em competências. apresentar algumas características essenciais. De-
A partir da consideração prévia destes dois veria existir um sistema que integrasse instrutor,
importantes determinantes do desempenho huma- treinando e gerente no processo de transferência.
no - condições e motivação - a fim de serem levan- Antes do treinamento, as expectativas dos treinan-
tadas necessidades de treinamento, e retomando a dos e dos gerentes deveriam estar claras. Seria ne-
discussão proposta no início desta seção, torna-se cessário identificar obstáculos à transferência e for-
necessário proceder às análises organizacional, de necer estratégias para superá-los. E, por fim, seria
tarefas e individual. Conforme Goldstein (1991), há necessário um trabalho conjunto com os gerentes
sempre uma tentação de se iniciar o treinamento para fornecer oportunidades para a manutenção dos
sem uma análise completa de tarefas, comporta- comportamentos aprendidos.
mentos e ambiente. Caso estas análises não sejam Para Abbad (1999), clima ou suporte à trans-
realizadas, elevam-se as probabilidades de insucesso ferência de treinamento é, sem dúvida, um compo-
das ações educacionais. nente crítico no estudo das variáveis que afetam a
Em relação à análise organizacional, devem eficácia de programas instrucionais. Como descrito
ser considerados aqueles aspectos ambientais ca- por Sallorenzo (2001), os resultados de pesquisas
pazes de promoverem ou impossibilitarem a aplica- nacionais, tais como as realizadas por Abbad (1999)
ção, no trabalho, dos conteúdos que serão desen- e Brito (1999), apontam para a presença de relacio-
volvidos durante o treinamento. Trata-se da com- namentos consistentes entre suporte à transferên-
preensão das condições organizacionais que se cons- cia e impacto do treinamento no trabalho. Neste
tituem, como apontado por diversas pesquisas na- sentido, um ambiente organizacional que reconhe-
cionais e estrangeiras associadas à área de T&D, no ça os interesses e objetivos individuais parece ser
principal determinante do desempenho humano. condição necessária para garantir o sucesso do trei-
Desta maneira, Tannenbaum e Yukl (1992) namento em ambientes organizacionais. A finalida-
consideram a aprendizagem necessária, mas não de, então, de se realizar a análise organizacional, é
essencial à mudança de comportamento no traba- propiciar o remanejo ambiental anteriormente ou
lho. Ambientes pós-treinamento desempenham pa- durante o desenvolvimento da ação educacional, na
pel importante na determinação desta mudança. tentativa de serem aumentadas as taxas de melho-
Para Noe (1986), em situações de treinamento, de rias de desempenho pós-treinamento. Outra possi-
particular importância é o clima da organização re- bilidade de reversão de situações restritoras tam-
lativo à mudança e ao grau no qual o contexto soci- bém possibilitada por este tipo de análise é a ela-
al do ambiente de trabalho fornece reforços e feed- boração de módulos de ensino, geralmente disponi-
back a seus empregados. Em um clima favorável de bilizados ao final dos programas instrucionais, de
trabalho, no qual reforço e feedback sejam forneci- estratégias de enfrentamento (relapse prevention).
dos por supervisores e pares, é mais provável que O segundo tipo de análise a ser realizada
ocorra a transferência de habilidades aprendidas no durante o processo de levantamento de necessida-
treinamento para o ambiente de trabalho. des de treinamento diz respeito à análise de tarefas.

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Esta é executada para determinar os objetivos ins- ambientes organizacionais em questão, bem como
trucionais que serão relacionados aos desempenhos dos restritores e potencializadores organizacionais
de determinadas atividades ou trabalhos essenciais (análise organizacional), e ainda tendo sido deta-
ao alcance dos objetivos e metas organizacionais. lhadas as tarefas e as competências essenciais na
Trata-se, portanto, de uma descrição das tarefas, promoção da efetividade organizacional (análise de
bem como das competências necessárias para sua tarefas), resta identificar quais pessoas ou grupos
adequada execução. Atualmente, este processo tor- necessitam de que treinamentos (análise individu-
na-se cada vez mais complexo haja vista as trans- al). Conforme Tannenbaum e Yukl (1992), uma aná-
formações do cenário mundial do trabalho decor- lise individual inadequada pode resultar em treina-
rentes de aspectos como abertura de mercados, glo- mentos direcionados para níveis ou pessoas inapro-
balização da informação, crescente avanço tecno- priadas. Esta análise, além de identificar as pesso-
lógico, entre outros. Se em tempos atrás predomi- as que precisam ser treinadas, pode ainda ser utili-
navam tarefas de cunho psicomotor, repetitivas e zada para avaliar se os colaboradores possuem os
burocratizadas por natureza, hoje em dia as ativida- pré-requisitos em termos de atitudes, conhecimen-
des passam a exigir demasiadamente esforços cog- tos e motivação para se beneficiarem das ações. Para
nitivos. Os trabalhadores deste novo cenário pas- os autores, o reconhecimento destas características,
sam, ao invés de vender força de trabalho, a ser anteriormente ao treinamento, possibilita o desen-
valorizados pelo que possuem de mais importante, volvimento de ações com o intuito de tornar as ações
seus conhecimentos e habilidades intelectuais. Nes- educacionais válidas para todos que delas partici-
te sentido, torna-se necessário o domínio de uma pem.
série de estratégias de análise no intuito de descre- Assim, torna-se fundamental nesta etapa, a
ver estas novas tarefas e competências requeridas. identificação dos pré-requisitos para participação
Segundo Goldstein (1991), os passos para a dos programas de T&D. Não reconhecer esta ne-
realização da análise de tarefas seriam os seguintes: cessidade implica na formação de turmas de trei-
detalhamento das tarefas, formação de grupos funci- nandos completamente heterogêneas em termos de
onais de tarefas, elaboração de CHAs, determinação conhecimentos e habilidades fundamentais. No caso
das tarefas e CHAs relevantes, estabelecimento de de treinamentos de natureza predominantemente
relacionamento entre CHAs relevantes e tarefas, pla- cognitiva, situações como esta, dificultam o desen-
nejamento do ambiente de treinamento a partir do volvimento eficaz das ações. Geralmente, quando
relacionamento entre tarefas e CHAs e validação de há diferenças drásticas no domínio de pré-requisi-
conteúdo dos CHAs elaborados. Cumpridas estas tos, os instrutores ou nivelam os cursos por baixo,
etapas, tem-se um rico detalhamento das tarefas e ou por cima. No primeiro caso, aqueles com os pré-
das competências necessárias, em termos compor- requisitos exigidos logo se desinteressarão pelo curso
tamentais, à sua execução, que permite com que os por o acharem pouco desafiador. Na segunda hipó-
treinamentos sejam devidamente planejados, de acor- tese, os alunos sem os conhecimentos e habilida-
do com as prescrições da teoria instrucional. des básicas acharão o curso demasiadamente difí-
A última análise a ser executada concerne à cil e, conseqüentemente, também se desinteressa-
análise individual. Nesta etapa, duas questões ori- rão pelos conteúdos previstos.
entam as ações e estratégias empregadas: quem, Em síntese, o sucesso dos sistemas de T&D
dentro da organização, precisa ser treinado, e que depende fundamentalmente da realização de levan-
tipo de instrução é necessária. De posse das infor- tamentos sistemáticos de necessidades de treina-
mações sobre a adequação das ações de T&D aos mento, por meio, inicialmente, da investigação dos

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determinantes do problema de desempenho obser- Como observado, os principais elementos
vado (condições, motivação e competências) e, pos- considerados em um processo de diagnóstico de
teriormente, de três diferentes análises. A análise desempenho são as competências requeridas para
organizacional, que objetiva estabelecer condições os indivíduos realizarem, de forma adequada, con-
ambientais adequadas para que a transferência de tinuamente suas tarefas e atividades. Na prática, a
treinamento realmente ocorra. A análise de tarefas, maioria das organizações não realiza análises orga-
cujo objetivo é identificar as exigências do cargo, nizacionais, conforme descrito, concentrando os
trabalho, posto ou ocupação, bem como os conhe- esforços de diagnósticos de necessidades em análi-
cimentos, habilidades e atitudes associados aos ses de tarefas e individuais. Desta forma, acabam
desempenhos das tarefas. E, por fim, a análise indi- negligenciando o contexto sobre o qual os efeitos
vidual, que pretende identificar os colaboradores que da ação educacional incidirão e, conseqüentemen-
apresentam discrepâncias de desempenhos, bem te, acabam por reduzir as chances de que esta ação
como escolher adequadamente o tipo de treinamento contribua para a promoção da efetividade organiza-
necessário. cional, principal objetivo de um programa de T&D.
Apesar das prescrições teóricas, poucas me- Se a prática vigente de LNT, como observado, apre-
todologias de levantamento de necessidades de trei- senta uma série de dificuldades, as pesquisas sobre
namento foram desenvolvidas. Como ressaltado por a temática também as enfrentam, ainda que em outra
Pilati (2006), a produção tecnológica nacional, so- perspectiva.
bretudo no que concerne às relações ente necessi- Como ressaltado por Salas e Cannon-Bowers
dades de treinamento nos níveis de análise organi- (2001), apesar de reconhecida a importância do le-
zacional, grupal e individual, encontra-se pratica- vantamento de necessidades de treinamento, esta
mente estagnada; algumas metodologias foram de- área é melhor caracterizada como uma arte do que
senvolvidas nos últimos anos, mas permanecem ain- como uma ciência. Em uma extensa revisão da lite-
da as dificuldades na articulação de necessidades ratura, os autores observam a quantidade insufici-
de desempenho de indivíduos, de grupos e equipes ente de trabalhos empíricos. Em relação à análise
e organizacionais. organizacional, somente nos últimos anos os pes-
Uma importante ferramenta elaborada para quisadores começaram, frente às novas exigências
realizar as análises de tarefa e individual, mas não das tarefas, a se concentrar na análise organizacio-
organizacional, foi desenvolvida por Borges-Andra- nal. Um avanço maior, porém ainda não representa-
de e Lima (1983), a saber, análise do papel ocupaci- tivo, principalmente no que se refere ao desenvolvi-
onal. Por papel ocupacional entende-se um conjun- mento de novos métodos e tecnologias, pode ser
to de expectativas e prescrições associadas à exe- constatado no que diz respeito à análise de tarefas.
cução de tarefas em ambientes organizacionais. De Por fim, concernente à análise individual, os auto-
forma que a análise deste papel refere-se à identifi- res chamam a atenção para a inexistência de pes-
cação dos conhecimentos, habilidades e atitudes quisa empírica, ainda que prescrições teórico-me-
necessárias ao desempenho eficaz dos trabalhos e todológicas, nesse caso, estejam disponíveis na li-
tarefas. E mais ainda, esta metodologia permite, a teratura desde meados do século passado.
partir de cálculos aritméticos, a identificação das No Brasil, em um estudo publicado por Bor-
prioridades de treinamento, em outras palavras, dos ges-Andrade e Oliveira-Castro (1996), observa-se
conhecimentos, habilidades e atitudes mais impor- uma tendência semelhante de preocupação com
tantes para a execução eficaz dos desempenhos em metodologias em detrimento da realização de pes-
questão e menos dominados pelos ocupantes. quisas empíricas na área. Segundo os autores, ape-

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sar de o levantamento de necessidades de treina- considerando outros mais elevados como os de gru-
mento por meio de diagnóstico organizacional ter pos e equipes de trabalho e o das organizações. E é
sido bastante enfatizado pela literatura especializa- justamente devido a esta recusa que os efeitos de
da, poucos artigos apresentam metodologias con- programas de T&D não são capazes de gerar efeitos
sistentes para sua consecução. O mesmo pode ser positivos sobre a eficácia organizacional.
observado para a análise do comportamento indivi- Com o objetivo então de promover uma refle-
dual, pelo menos em termos de metodologias pro- xão acerca do processo de LNT, de forma a torná-lo
postas, já que este tema parece não atrair mais a um instrumento estratégico para o sucesso das or-
atenção dos pesquisadores. Em primeiro lugar, não ganizações, é que pode ser de grande valia apre-
em termos de relevância, mas sim de metodologias sentar alguns dos principais aspectos debatidos pela
propostas, encontra-se, como observado na litera- literatura especializada na temática de competên-
tura estrangeira, a análise de tarefas. cias. A idéia é que a natureza multinível do concei-
Mesmo frente a uma limitada quantidade de to de competência, recentemente adotada em mo-
estudos empíricos sobre a avaliação de necessida- delos estratégicos de gestão de pessoas, possa co-
des de treinamento, prevalece o indivíduo, na maio- laborar para o reconhecimento da importância de se
ria das grandes discussões acerca do tema, como levar em consideração níveis de análise mais eleva-
as propostas por Latham (1988), Tannenbaum e Yukl dos que o individual em diagnósticos de necessida-
(1992) e Goldstein (1991), o principal nível de análi- des de treinamento. Mas vale enfatizar, trata-se ape-
se utilizado. Conforme enfatizado por Kozlowski et nas de uma tentativa de promover a reflexão sobre
al (2000), talvez a crença na relação hipotética entre o tópico em questão, e não de contribuir para a re-
o nível individual e o organizacional tenha conduzi- estruturação metodológica do processo.
do os esforços de trabalhos empíricos e práticos nos
últimos anos para a consecução de análises basea- 3 Competência
das unicamente no nível dos indivíduos.
Apesar desta forte crença, Ostroff e Ford Atualmente, a forma como as organizações
(1989), tempos atrás, já enfatizavam a necessidade lidam com os incessantes processos de transforma-
de se incorporar a perspectiva dos níveis de análise ção social, política e econômica determina, sobre-
ao levantamento de necessidades de treinamento, maneira, sua sobrevivência em um mercado globa-
como estratégia para o desenvolvimento conceitual lizado. Se até certo tempo, as organizações poderi-
da área, à época unicamente preocupada com a am ser consideradas sistemas fechados, devido à
geração de metodologias de coleta e análises de necessidade ínfima de relacionamento com fatores
dados. externos à sua própria existência, hoje em dia, na
Para os autores mencionados, a falha ao re- busca pela sustentabilidade, as organizações não
conhecer a importância da noção de níveis múlti- somente reconhecem a influência destes fatores,
plos pelas pesquisas na área de T&D pode explici- como também determinam muitas de suas políti-
tamente resultar em confusão, interpretações equi- cas, práticas e estratégias em conformidade com as
vocadas de dados e, principalmente, ineficiência na configurações de cenário do mundo do trabalho. Em
utilização de recursos. Mesmo assim, observa-se uma época em que os insumos, bem como as alter-
que as poucas pesquisas relativas ao processo de nativas para tratamento destes, encontram-se à dis-
levantamento de necessidades de treinamento, bem posição de toda e qualquer organização, sem mui-
como as práticas vigentes, freqüentemente focali- tas restrições, a responsabilidade pela criação ou
zam o indivíduo como único nível de análise, des- manutenção de vínculos adequados com investido-

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res, acionistas, clientes, fornecedores, parceiros, ções atreladas a cada posição na organização. Esta
entre outros, passa a ser transferida para o capital aproximação entre os conceitos de competência e
humano. É neste cenário que os indivíduos passam qualificação, segundo Ruas (2005), decorre princi-
a ser considerados elementos-chave na busca pelo palmente das características que marcavam o mun-
diferencial competitivo, os quais precisam ser devi- do corporativo há quase 30 anos, tais como a preva-
damente orientados, a fim de que possam contri- lência do emprego formal, o trabalho predominante-
buir para a realização da estratégia organizacional. mente industrial, atividades previsíveis e forte base
A necessidade de se alinhar o desempenho sindical. Em conjunto estas características deter-
humano e os resultados do negócio das organiza- minavam o foco da competência em conjuntos de
ções passa então a exigir uma nova postura dos capacidades voltados para processos organizacio-
modelos de gestão de pessoas prevalecentes. So- nais previstos e bem controlados. Conforme o autor,
mente levar em consideração as pessoas ou o negó- o problema é que, atualmente, em face da acelera-
cio organizacional não mais é suficiente na elabora- ção da concorrência, da lógica predominante das
ção de respostas organizacionais rápidas a transfor- atividades de serviços, do trabalho informal e sazo-
mações de mercado, tampouco à antecipação des- nal e da baixa previsibilidade dos negócios e servi-
tas. Essa é a principal problemática do LNT, reco- ços, não mais basta que os indivíduos possuam tais
nhecer somente a perspectiva individual no desen- conjuntos de competências, mas, sim, que eles se-
volvimento do processo, tornando descontextuali- jam capazes de mobilizá-los em resposta a determi-
zada, ou melhor, desvinculada do negócio organi- nada demanda organizacional. É neste contexto que
zacional, qualquer ação educacional que dele de- outra escola de pensamento assume papel de desta-
corra. que na discussão da temática de competências.
É neste sentido que pode ser interessante dis- Do outro lado então, em uma tentativa de se
cutir as bases teórico-conceituais por detrás do con- contrapor ao conceito de competência associado ao
ceito de competência, haja vista sua natureza mul- de qualificação, a escola francesa estende a preo-
tinível. A temática de competências assume, atual- cupação única com a definição de conjuntos CHAs
mente, posição central na literatura acadêmica e para as relações possíveis entre estes – o saber – e o
profissional de gestão de pessoas. Apesar de há saber agir. Trata-se de uma suposta nova perspec-
quase 30 anos terem surgido as primeiras discus- tiva na qual se valora mais intensamente os resulta-
sões acerca do tema em questão, somente recente- dos da aplicação de determinados repertórios tradi-
mente é que o debate, estimulado pelas novas con- cionalmente especificados nas descrições de cargo
figurações do mundo do trabalho, ganha intensida- usadas como base para seleção e avaliação de de-
de e atenção de acadêmicos e profissionais. sempenho, por exemplo. Conforme Ruas (2005), a
De um lado, a escola estadunidense, com- noção de competência é associada à capacidade de
posta de psicólogos e administradores, define com- um indivíduo de mobilizar seus conjuntos de co-
petência como o conjunto de conhecimentos, habi- nhecimentos e habilidades em conformidade com
lidades e atitudes (CHAs) responsáveis pelo desem- as exigências de situações específicas.
penho superior. Nesta vertente, segundo Fleury Apesar de grande parte da discussão acerca
(2002), o parâmetro para o conceito de competência da temática de competência, haja vista o próprio
decorre da tarefa e as atribuições de um determina- início deste debate, referir-se ao nível individual de
do cargo. Aproxima-se assim, na opinião da autora, análise, recentemente níveis mais elevados de aná-
do conceito de qualificação, ao definir uma série de lise passaram a ser considerados. E isso porque as
requisitos necessários ao cumprimento das atribui- empresas passaram a perceber que somente enfo-

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car o indivíduo, em termos de suas necessidades, onais é apresentada por Mills et al apud Fernandes
objetivos ou aspirações, proposta típica das escolas (2002), que as dividem em: a. competências essen-
comportamentalistas de administração, não mais ciais: competências e atividades mais elevadas, no
possibilitava a adoção de modelos de gestão de nível corporativo, chaves para a sobrevivência da
pessoas capazes de auxiliar as empresas a anteci- organização e centrais para sua estratégia; b. com-
parem as exigências de um mercado em constante petências distintivas: competências e atividades que
transformação. Desta forma, a seguir, o conceito de os clientes reconhecem como diferenciadores de
competência será discutido em cada um dos níveis seus concorrentes e que provêm vantagens compe-
de análise possíveis em uma organização. titivas; c. competências das unidades de negócio:
Assim, no nível organizacional de análise, as competências e atividades-chave esperadas da or-
competências devem permitir a consecução eficaz ganização ou de cada uma de suas unidade de ne-
do planejamento estratégico de uma organização gócio; d. competências de suporte: Atividades que
(realização de missão, visão, objetivos e estratégias são valiosas para apoiar um leque de competências
organizacionais). O conceito é aqui entendido como organizacionais, distintivas ou essenciais e; e. ca-
um conjunto de capacidades e tecnologias que con- pacidades dinâmicas: capacidades de uma organi-
ferem à organização um diferencial frente ao merca- zação de adaptar suas competências no decorrer do
do competitivo, de forma que são três os critérios a tempo, diretamente relacionadas aos recursos im-
serem obedecidos: a. deve refletir na forma como portantes para a mudança.
os clientes são atendidos; b. deve permitir um nível Como observado, no nível de análise organi-
adequado de diferenciação frente aos concorrentes zacional, as competências visam de forma geral per-
e; c. deve ser de difícil imitação (Prahalad e Ha- mitir com que as organizações, em maior ou menor
mel,1990). Alcançados estes critérios, têm-se as grau, diferenciem-se de seus concorrentes. Mas é
denominadas core competence, conforme nomea- preciso que essas competências sejam clarificadas
das pelos autores supramencionados. para os indivíduos que, de fato, tornarão suas empre-
Apesar de o conceito de core competence ser sas capazes de competir em um mercado globaliza-
atraente e instigante, segundo Ruas (2005), são ra- do. É nesse sentido que o conceito precisa também
ríssimas as empresas que conseguem satisfazer os ser estendido ao nível de grupos. Conforme Ruas
três critérios mencionados, em especial o terceiro, (2005) é comum a afirmação de que as competências
relacionado ao fato de ela ser de difícil imitação. organizacionais devem ser apropriadas por todas as
Para o autor, esta dificuldade, essencialmente de- áreas e todas as pessoas da empresa. Entretanto, na
terminada pela alta competitividade do mercado prática, embora essas competências possam estar
nacional e internacional, pode ser superada pelo efetivamente presentes em todas as áreas da empre-
desdobramento do conceito de core competence em sa, são apropriadas nelas de forma desigual, na me-
um outro conceito menos excludente, o de compe- dida em que certos tipos de competências têm mais
tência organizacional, dividido nos seguintes tipos: afinidade e relevância com determinadas funções da
a. básica: contribuem para a sobrevivência da orga- organização do que outras. Apesar da relevância deste
nização no médio prazo; b. seletiva: diferenciam a nível, pesquisas realizadas pelo autor mencionado não
organização no espaço onde compete e; c. essenci- constataram ainda iniciativas referentes a esta confi-
ais: diferenciam a organização no espaço de con- guração da noção de competências. Possivelmente a
corrência internacional. carência de ações nesse âmbito decorra das dificul-
Outra proposta menos criteriosa de determi- dades para identificar e caracterizar os recursos que
nação e classificação das competências organizaci- compõem esse tipo de competências coletivas.

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Levantamento de necessidades de treinamento: reflexões atuais 59
Definidas as competências organizacionais e atitudes necessários para que o indivíduo desem-
de grupo, é chegado o momento de se estabelecer penhe bem suas atividades, como à capacidade de
competências individuais. Se até então o objetivo mobilizar ou canalizar inteligentemente estes as-
era traduzir o plano estratégico em termos de ne- pectos (CHA) objetivando o sucesso em sua tarefa.
cessidades organizacionais e de grupos/unidades, A partir desse reconhecimento é que se torna fun-
neste momento, a finalidade é identificar conjuntos damental a vinculação entre a competência indivi-
de capacidades individuais que permitam a emer- dual e os objetivos organizacionais. É sobre essa
gência de resultados entre os níveis da organização. necessidade, e a partir da aplicação do conceito de
Segundo Dutra (2001), as competências organizaci- competência nos níveis de análise organizacional,
onais somente são concretizadas pelo fato de as de grupos e individual, que, na seção seguinte, pro-
pessoas colocarem em prática, de forma contextua- põe-se uma reflexão acerca das práticas tradicio-
lizada, suas habilidades e conhecimentos. nais de LNT.
Neste nível de análise, talvez estimulado pelo
acalorado debate acerca da temática de competên- 4 Repensando o LNT
cia travado entre as duas escolas de pensamento,
são várias as formas que o mundo do trabalho têm Como observado, a prática de LNT, apesar
compreendido o conceito em foco: i. competência das prescrições teóricas e metodológicas, tem con-
de tarefas: associadas às descrições de tarefas e centrado seus esforços, sobremaneira, em análises
atividades, como as que constituem as descrições de tarefas e individuais, desconsiderando, parcial
de cargo, essa definição tem como prerrogativa re- ou totalmente, aspectos contextuais capazes de
duzir a variabilidade do desempenho humano nas determinarem os resultados de ações educacionais.
organizações; ii. competência de resultado: mais raro Mas somente levar em consideração os aspectos
do que a forma anterior, este tipo de competência ambientais – tecno-estruturais ou psicossociais –
atenta para a habilidade de gerar um resultado; iii. capazes de aumentar a probabilidade de que os
competência de output: difere da competência de novos conhecimentos e habilidades sejam transfe-
resultado, pois não interessa a habilidade do indiví- ridos para o local de trabalho não bastará para que
duo em gerar produtos, mas, sim, nos reais produ- os programas de T&D sejam realmente bem sucedi-
tos que este entrega para a organização; iv. compe- dos a ponto de contribuírem na promoção do de-
tência de CHA: tradicionalmente associada ao con- sempenho e da efetividade organizacional. É preci-
ceito de qualificação, esta definição de competên- so também, e principalmente, que as competências
cia contempla conjuntos de conhecimentos, habili- individuais enfocadas nas ações educacionais este-
dades e atitudes; v. competência diferenciadoras do jam alinhadas com o negócio da organização.
desempenho superior: geralmente este formato de Mas esse alinhamento, entre o negócio orga-
competência baseia-se na capacidade do indivíduo nizacional e as competências individuais, consiste
em se destacar, pelo sucesso, em suas atividades em uma tarefa um tanto complexa, haja vista algu-
e; vi. competência híbrida: formada pela combina- mas particularidades inerentes aos tradicionais pro-
ção dos formatos de competência apresentados an- cessos de LNT, a saber: i. o conceito de competên-
teriormente (McLangam, 1997). cia tradicionalmente utilizado contempla unicamen-
Apesar das possibilidades apresentadas, é te os recursos necessários (CHAs) à execução de
possível concluir, em vista às recentes definições determinadas tarefas ou atividades e; ii. as prescri-
do conceito de competência, que o termo refere-se ções teórico-metodológicas assumem as definições
tanto a conjuntos de conhecimentos, habilidades e de cargo, posto de trabalho ou papel ocupacional

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como ponto de partida para definição das necessi- pesquisadores brasileiros (e.g., Ruas, 2005; Dutra,
dades a serem diagnosticadas. A discussão desses 2004; Fleury, 2002), por outro, o processo de LNT
dois tópicos constitui-se no objeto da presente se- parece não ter acompanhado tais modificações, per-
ção. manecendo assim fundamentado na noção de CHA.
Em relação ao conceito de competência tra- Alguém poderia então questionar se a defini-
dicionalmente adotado no processo de LNT, com- ção utilizada no processo de LNT, de fato, não de-
posto por conjuntos de conhecimentos, habilidades veria ser a apresentada, haja vista seu principal in-
e atitudes, pode ser observado, então, que se apro- teresse – o de subsidiar a formulação das condições
xima dos conceitos propostos e disseminados pela e das estratégias adequadas de qualificação profis-
corrente estadunidense de competência. Mas vale sional. Como acontecido com o conceito de compe-
lembrar que esta forma de se compreender o con- tência ao longo das últimas décadas, sugere-se,
ceito de competência, do mesmo modo que as pres- então, não o abandono da utilização dos conjuntos
crições teórico-metodológicas acerca do processo de conhecimentos, habilidades e atitudes, mas, sim,
de diagnóstico de necessidades de treinamento, a inclusão dos conceitos de resultado ou output, tais
emergiu em um contexto, conforme relatado por como relatados por McLangan (1997). A idéia en-
Ruas (2005), marcado, sobremaneira, pelo emprego tão, formulada com o intuito de propiciar a aproxi-
formal, atividades previsíveis e forte base sindical. mação do diagnóstico de necessidades de treina-
Neste cenário, em face da baixa influência mento ao negócio das organizações, é de que o le-
de cenários externos – político, econômico, social, vantamento dos conhecimentos, habilidades e ati-
etc. – sobre os contextos de trabalho, os processos tudes estejam vinculados, ou melhor, decorram das
organizacionais, então bem previsíveis, podiam ser demandas organizacionais estipuladas, em termos
facilmente controlados por indivíduos capacitados de outputs tangíveis e claramente definidos. Mas
ou qualificados. A preocupação de se criar ambien- então surge a questão sobre como, em um processo
tes de aprendizagem contínua, haja vista então a de LNT, estender o conceito de competência como
pequena freqüência de processos de mudanças e CHA para o de resultado ou output.
transformação organizacional, ainda não havia sido Como apresentado, o conceito de competên-
estabelecida, de forma que o conceito de compe- cia, independentemente da forma como ele for en-
tência como conjuntos de CHAs mantinha-se váli- tendido, é por natureza multinível. Para que as ações
do. É nesse cenário que surgem também as primei- e políticas de recursos humanos possam devidamen-
ras, e talvez as mais aceitas até hoje em dia, pres- te atender às necessidades individuais e organiza-
crições acerca do processo de LNT, baseadas, as- cionais é preciso que as competências sejam traba-
sim, nas noções de competências associadas à de lhadas no nível organizacional, de grupos e indivi-
qualificação. dual. E é justamente onde a prática e a pesquisa
Se por um lado o conceito de competência, sobre o assunto são lacunosas – segundo Ruas
em decorrência da instalação de um cenário turbu- (2005), ainda não há evidências que comprovem o
lento, caracterizado, principalmente, pela baixa pre- desenvolvimento de competências no nível de gru-
visibilidade dos negócios e atividade organizacio- pos – que se pretende agir.
nais, parece ter evoluído desde seu surgimento – o Assim, após a realização da análise organi-
reflexo dessa evolução pode ser observado nas pro- zacional, sugere-se a definição dos outputs a partir
postas de definição de competências da escola fran- dos quais os conhecimentos, habilidades e atitudes
cesa e inglesa e, mais recentemente, nos conceitos serão mapeados. Se por um lado, estabelecer con-
híbridos de competência adotados, ente outros, por juntos de outputs no nível organizacional não é ade-

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quado, pois esses não serão capazes de reconhecer no nível de grupos. Com isso, torna-se viável o es-
as particularidades de todos os processos produti- tabelecimento de ações de T&D que promovam o
vos dos quais participam os colaboradores de de- desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e
terminada empresa, por outro, defini-los no nível atitudes individuais necessários para que determi-
individual de análise também não é, uma vez que a nados produtos ou serviços, vinculados aos planos
diversidade emergida de otuputs impossibilitaria de ações e metas de cada unidade, área ou depar-
qualquer tomada de decisão sobre ações educacio- tamento, sejam adequadamente gerados ou presta-
nais com vistas à promoção do desempenho ou da dos. A Figura 1 ilustra a comparação entre a prática
efetividade organizacional. Dessa forma, recomen- vigente de LNT e a proposta no presente artigo.
da-se que os conjuntos de outputs sejam definidos

Figura 1
Comparação entre prática vigente e sugerida de LNT.

Prática Vigente
Vigente Prática Suger
Suger ida
erida

C B
X Nível Fatores Tecno-
organizacional Estruturais
Fatores Psicossociais
X
C Nível de grupos
B Outputs
Conhecimentos Conhecimentos
Habilidades
Atitudes
C Nível individual B Habilidades
Atitudes

Fonte: Os autores.

Como observado na Figura 1, sugere-se que nível de grupos ou da organização, espera-se que
a prática de LNT, conforme enfatizado pelas pres- sua importância seja ainda mais elevada.
crições teóricas sobre o assunto, seja iniciada, de Realizada a análise organizacional, passa-se à
fato, pela análise organizacional. Como sabido, em definição dos outputs demandados pela organização
decorrência de mais de 30 anos de pesquisas con- de cada uma de suas áreas, departamentos ou uni-
duzidas pela área de avaliação de treinamento, os dades de negócio. Trata-se da análise de tarefas,
efeitos das ações educacionais são determinados, modificada, conforme comentado adiante. A idéia é
principalmente, pelas condições de que dispõem os que o planejamento estratégico organizacional seja
colaboradores ao retornarem, após um treinamento, contextualizado, em termos de produtos e serviços,
para seus ambientes de trabalho. Evitar esse passo a partir dos principais processos e atividades neste
implica na probabilidade de fracasso da ação de nível de análise – de grupos. Determinados os prin-
capacitação. Se o ambiente, conforme evidenciam cipais outputs, a partir desses, são então definidos
as pesquisas, é de fundamental importância na de- os CHAs necessários. Cumpridas essas etapas, che-
terminação de resultados de T&D no nível do indi- ga então o momento de realizar a análise individual
víduo, em relação aos efeitos desse tipo de ação no requerida para o sucesso do processo de LNT.

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Quanto à análise de tarefas ou a determina- zada da economia que direciona os olhares dos ges-
ção de outputs, sua discussão vai de encontro ao tores para estratégias de curtíssimo prazo, algumas
fato de as principais prescrições teórico-metodoló- organizações estarem paulatinamente substituindo
gicas assumirem as definições de cargo, posto de ações de T&D por estratégias alternativas, como o
trabalho ou papel ocupacional como ponto de parti- outsourcing. A pressão organizacional pela efetivi-
da para definição das necessidades a serem diag- dade de seus subsistemas torna insuficiente a mera
nosticadas. A partir deste momento, passa-se ao demonstração da ocorrência de aprendizagem ou de
debate do segundo tópico proposto no início da pre- transferência de treinamento para o trabalho (Bur-
sente seção. Conforme já discutido, geralmente as row e Berardinelli, 2003).
análises de tarefas, em um processo de diagnóstico Nesse sentido, de tornar a ferramenta de LNT
de necessidades, assumem como ponto de partida uma importante estratégia na promoção do desem-
na definição dos CHA as atividades contempladas penho ou da efetividade organizacional, é que o
em cargos, postos de trabalho ou papéis ocupacio- conceito então de espaço ocupacional pode ser de
nais. O problema de tal procedimento, se não trans- grande utilidade. Isso porque caso os processos de
parente à época em que as primeiras prescrições levantamento continuem a ser pautados pela pers-
sobre o assunto foram elaboradas, atualmente, é que pectiva do cargo ou do posto de trabalho - visto que
cada vez mais as atividades e tarefas tornam-se tais perspectivas apenas prescrevem um conjunto
complexas, exigindo dos indivíduos diversas outras mínimo de capacidades, atribuições etc. necessári-
competências até então não relacionadas às formais os ao desempenho regular no trabalho - na melhor
descrições de cargos. das hipóteses, apenas melhorias dos desempenhos
Como enfatizado por Dutra (2004), há prati- individuais em tarefas já executadas, mas não nos
camente duas décadas já podia ser observado um padrões exigidos, seriam garantidas. Se o diagnós-
distanciamento entre as concepções dos cargos e tico de necessidades não for capaz de reconhecer a
postos de trabalho e aquilo que, de fato, as pessoas ampliação do espaço ocupacional dos indivíduos em
faziam em prol de suas organizações. É nesse senti- uma organização, então, pode ser que os treinamen-
do que o autor referido propõe a expressão espaço tos jamais contribuam para a geração de resultados
ocupacional, para se referir, a partir da ruptura cons- organizacionais.
tatada, a um conjunto de atribuições e responsabi- No caso específico do diagnóstico de neces-
lidades individuais dinâmicas, delimitadas pelas sidades, e tendo em vista o objetivo de que os pro-
exigências organizacionais e pela capacidade das gramas educacionais promovam efeitos no nível or-
pessoas de atendê-las prontamente. ganizacional, a observação da ampliação do espa-
A apropriação, pela prática de LNT, do con- ço ocupacional associa-se, essencialmente, à no-
ceito de espaço ocupacional, então, torna-se essen- ção de transversalidade de competências individu-
cial não somente em face da dificuldade de as pres- ais. Essa expressão implica, assim, na necessidade
crições teóricas, mas também, as metodológicas de se reconhecer a interdependência das compe-
reconhecerem a ampliação do leque de competên- tências dos colaboradores de uma organização. Não
cias requeridas atualmente pelos funcionários de reconhecer essa interdependência implica, assim,
uma organização, mas, essencialmente, ante a ur- na crença na suposição de que os efeitos dos com-
gência de que os programas de T&D passem a con- portamentos individuais no trabalho emergem para
tribuir para a promoção do desempenho e da efeti- gerar resultados em níveis mais elevados. Entretan-
vidade organizacional. Conforme Cooke (2001), essa to, pouco se sabe sobre como os treinamentos, com
urgência decorre do fato de, em uma visão globali- objetivos centrados nos individuais, geram resulta-

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Levantamento de necessidades de treinamento: reflexões atuais 63
dos em níveis mais elevados (Kozlowski et al, 2000). Foi a partir dessas duas considerações que o
Caso essa crença continue a ser aceita, conforme artigo em questão procurou estimular o debate acer-
os autores asseveram, corre-se o risco de se negli- ca das necessidades de se repensar, em termos te-
genciar a influência de fatores contextuais na eficá- óricos e metodológicos, o processo de diagnóstico
cia de treinamentos. E assim, a prática de LNT con- de necessidades de treinamento. Nesse ínterim, após
tinuará a basear-se somente em resultados de aná- breve elucidação da temática de competência, im-
lises de tarefas e individuais e, conseqüentemente, portante pelo seu caráter multinível, algumas pro-
a propiciar o planejamento de ações de T&D des- postas, com o intuito de tornar o diagnóstico de
vinculadas dos reais negócios da organização. necessidades uma ferramenta estratégica, foram
então apresentadas.
5 Conclusão Entre os principais pontos dessa proposta,
foram discutidas duas necessidades. Uma, de se
O presente artigo, conforme proposto em seu reconhecer a ampliação do espaço ocupacional dos
início, tinha como objetivo principal promover a re- indivíduos em suas organizações, abandonando as-
flexão acerca das práticas vigentes de diagnóstico sim as descrições de cargos e postos de trabalho
de necessidades de treinamento. Como observado como ponto de partida do processo de diagnóstico.
ao longo da primeira seção, a situação atual do uso Outra, de se promover a investigação acerca de com-
da ferramenta de LNT, apesar das orientações teó- petências individuais transversais, de forma a per-
ricas,, quando muito, tende a ser problemática. mitir a emergência de efeitos de T&D em níveis mais
Primeiro, porque tendem a desconsiderar o elevados de análise. Por fim, apesar das sugestões
ambiente no qual os indivíduos, após terem parti- elucidadas, vale novamente ressaltar que o presen-
cipado das ações educacionais promovidas, serão te artigo não tinha como pretensão definir novas
inseridos, elevando, assim, as chances de que se- metodologias para a realização de um diagnóstico
quer as pessoas apliquem em suas atividades seus de necessidades de treinamento alinhado com a
novos conhecimentos e habilidades. Se a observa- estratégia organizacional, mas, sim, de promover
ção de efeitos do treinamento, então, torna-se im- uma discussão sobre as práticas vigentes de LNT.
provável, o que dizer da contribuição dos progra- Desta forma, espera-se que profissionais e pesqui-
mas de T&D para geração de desempenho organi- sadores, após o debate eliciado, busquem contri-
zacional. Segundo, pois as práticas de LNT ainda buir para o desenvolvimento de metodologias de
enfatizam a necessidade de se considerar descri- diagnósticos de necessidades que, de fato, contri-
ções formais de atividades e responsabilidades in- buam para o planejamento de ações de T&D que
dividuais, que não mais são capazes de reconhe- visem elevar o desempenho organizacional e, con-
cer devidamente as diferenças na forma como os seqüentemente, garantir o status estratégico alcan-
indivíduos atendem às demandas e exigências or- çado atualmente pela área responsável pelo desen-
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