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EQUIPE: Raquel, Kátia, Hildeijane, Kaylanne, Louise, Maria D’Ávila, Uillana Carvalho.

PSICOLOGIA SOCIAL

Aponte as relações entre a trajetória de vida e o comportamento de Bruno e os pontos de vista


de teóricos da psicologia que explicam sobre o desenvolvimento psíquico.

ESTUDO DE CASO – BRUNO


Bruno tem 9 anos, estuda a 2ª série do ensino fundamental, é o primeiro filho de
seu pai e segundo de sua mãe. Tem dois irmãos, uma menina de 13 anos e um menino de 7
anos. O pai é padeiro e sua mãe é salgadeira. Seu pai está no presidio cumprindo pena. A
família mora de aluguel e recebe apoio dos avôs paternos. Após a prisão do pai, Bruno e seus
irmãos passaram a morar com seus avôs. Sua mãe, desempregada, voltou a trabalhar. Somente
depois de 10 meses do aprisionamento do progenitor as crianças começaram a ver o pai no
presídio.
Considerado um aluno indisciplinado, Bruno, inúmeras vezes, entre março e maio,
visitou a coordenação, recebendo punições. Quando isso não resolvia, surgia outra alternativa:
a suspensão. Ele foi convidado a se retirar da escola por três dias. Os esforços da escola, no
sentido de obter a disciplina e a aprendizagem de Bruno, têm resultado em um ambiente
nocivo para o seu desenvolvimento físico e psíquico. Ao analisar os discursos que permeiam
as relações entre a criança e a coordenação, encontramos a situação do pai de Bruno como
exemplo para quem continua desobedecendo as “regras” da escola: “VOCÊ QUER IR PARA
O MESMO LUGAR QUE SEU PAI?”
Além de uma identidade deteriorada, Bruno também tem a referência paterna
prejudicada pela escola que usa desse artifício para manipular a constituição subjetiva do
menino. Depois de algumas tentativas punitivas e da impossibilidade de “educar o aluno
indisciplinado” ou conviver com o menos desejável, não resta outra solução a não ser
remanejá-lo. Aí começa o “tour” pela escola, até chegar às mãos de uma professora que “o
aguente”. Bruno passou por três professoras no primeiro bimestre e já caminhava para a
quarta no final do segundo bimestre.
Quanto às relações entre Bruno e suas professoras, há quase ausência do diálogo e
de conhecimento e compreensão em relação à sua situação. Também não havia elogios, fato
que poderia influenciar negativamente na sua auto estima. Assim, supomos que o fato de ser
rotulada de indisciplinada e insuportável traz prejuízos à construção subjetiva da criança, pois
o diálogo e a compreensão são fundamentais para o seu desenvolvimento.
A última vez que vimos Bruno e conversamos com ele, estava sentado na cadeira
na porta de entrada da escola no intervalo de um turno para outro. Em suas mãos, uma bola
vazia feita por seu pai no presídio. Esperava o professor de Educação Física chegar para
encher sua bola. Perguntamos como estava, e sua resposta girou em torno da progressão para
a série seguinte e a visita do pai que se aproximava.
Olhando para aquele menino descalço e com um presente de seu pai na mão numa
atitude de “espera”, questionávamos se, também, no interior daquela criança, havia esperança.
Esperança por ter de volta uma família, parecida com aquela que tinha antes da reclusão do
pai.

PERGUNTAS NORTEADORAS:

Quais comportamentos apresentados por Bruno demonstram a necessidade de cuidados


psicológicos?
Especificamente, no ambiente escolar, Bruno é estereotipado pelos próprios
professores e cuidadores, o que acaba recebendo uma carga muito pesada, e
consequentemente refletindo em suas ações. Quando somos taxados de algo ainda muito cedo
na infância, as palavras ouvidas em repetição acabam se internalizando e sendo praticamente
improvável seguir outra linha. Às vezes, o indivíduo não consegue unir forças para ser algo
diferente do que dizem que ele é. Bruno não possui uma estrutura familiar adequada para que
ele tenha um desenvolvimento psíquico saudável, logo, o que se espera da escola como uma
“segunda casa”, é de que lhe proporcionasse uma base de acolhimento, o que não foi feito. As
atitudes da escola, mesmo não sendo proposital, era de colocar o garoto como um problema
que não fosse possível de ser resolvido. Tais atitudes somadas com toda a estrutura familiar
problemática do garoto, o impossibilitou de possuir um espaço de escuta e acolhimento
necessários para que a criança se sentisse um ser merecedor de valor, segurança e
acolhimento. Os pais são as principais referências de seus filhos, e mesmo os pais da criança
não lhe assegurando um ambiente saudável, continuam sendo os pais dele. Bruno ainda tinha
um pai, por mais que ele não lhe oferecesse condições adequadas, ainda era seu pai. Escutar
da escola “você quer ir para o mesmo lugar que seu pai?” é cruel, e desenvolve na criança
questionamentos que a própria escola não foi capaz de responder.

Observando o escrito e analisando os comportamentos de Bruno passiveis de cuidados


psicológicos, acredito que o fato de a criança ser um aluno indisciplinado, visitando inúmeras
vezes a coordenação por mal comportamento e o fato de possuir uma identidade deteriorada
em virtudes de toda situação da família desestruturada e o clima difícil da escola, podem ser
fortes motivos para Bruno ser acompanhado por um psicólogo.

Quais fatores de risco estão presentes na vida de Bruno?


Considero várias questões como fatores de risco para o desenvolvimento de
Bruno, o fato de seu pai ter sido preso e a criança ficar nos cuidados dos avôs paternos e toda
essa mudança e desconfiguração da família nessa inversão de papéis sociais dos pais para os
avós e o fato de Bruno ter olhado o pai somente depois de 10 meses do aprisionamento esse
distanciamento inesperado para o menino. Outro fator é o fato de a criança ter que ir ao
ambiente prisional visitar o pai, pelo fato de a prisão ser um ambiente pesado para uma
criança, principalmente por ver o pai nas condições de um presidiário. Também chamou a
nossa atenção o modo em que a escola se refere a figura paterna de Bruno usando desse
artifício para manipular a constituição subjetiva do menino, bem como, as inúmeras punições
com fins de educar o mesmo quando na verdade talvez ele só quisesse ser escutado e esse
diálogo não se tinha entre aluno e escola, esse é outro fator relevante de risco, já que a escola
cumpre um papel fundamental na vida do aluno ela seria um local de acolher esse aluno, um
local de diálogo, compreensão, ajuda e acolhimento, quando na verdade a escola só tratava os
problemas de Bruno com punição tornando-se um forte fator de risco para o desenvolvimento
do menino.

Quais fatores de proteção estão presentes na vida de Bruno?


Considero como fator de proteção o acolhimento dos avós paternos, pois na falta do pai e na
falta de estrutura da mãe para criar os filhos, estes acolheram os mesmos e deram a segurança
de um teto e comida. Assim, as crianças poderiam se sentir de alguma forma mais seguras,
pois a casa dos avós era o lar deles e os avós as pessoas responsáveis por eles quando eles
necessitassem de amparo. Outro fator de proteção a ser considerado é contato ainda mantido
com o pai, porque em meio a toda situação e experiências estressantes ao qual o Bruno estava
sendo submetido, seja pelo descaso do local de ensino em que estudava ou coisas horríveis
que ouvia, estigmas colocados sobre ele ou julgamentos sobre seu futuro, o contato com o seu
pai parece de certa forma o tirar um pouco dessa realidade e se questionar sobre novas
possibilidades para o futuro.

Qual a relação entre Resiliência e Saúde Mental?


A resiliência é enxergada com um forte fator para saúde mental e ambas andam em
consonância, ou seja, a resiliência prega que os momentos difíceis que o ser humano passa,
entre muitas coisas são necessárias para enfrentar o processo e aprender. A resiliência é um
termo vindo da física no qual a psicologia se identificou, atribuída a determinados processos
onde as pessoas vivem e que explicam a superação das crises e adversidades individuais,
assim como de grupos e, até mesmo, de organizações.

Então, como muitas habilidades emocionais, a resiliência não é uma aptidão inata do ser
humano, mas pode e deve ser adquirida. Essa competência precisa ser trabalhada quando
ainda se é criança, como o caso de Bruno. Faz-se importante ensinar que se algo der errado ou
fugir do que esperávamos faz parte da vida. No caso de Bruno é importante que seja
acompanhado por psicólogos para estimular a buscar novas saídas e tentar novamente para
garantir que ele tenha uma atitude positive diante dos problemas vividos na escola e com
família. Com isso, certamente ele ficará mais seguro e mais bem-sucedido nos seus
relacionamentos e em qualquer outra área de sua vida.

Ser resiliente é ter a capacidade de si reinventar mesmo quando se escuta um não, quando
não temos o que gostaríamos e, também, nos momentos em que parece que não há saída para
as situações difíceis. Todos passam por adversidades e algum momento ruim, ou traumático
em nossas vidas, porém, é necessário manter um pensamento de que elas andam juntas com as
mudanças. Toda perda, por menor que seja, gera transformações, então a pergunta que cada
um precisa se fazer é: Eu tenho facilidade de me adaptar a mudanças ou não?!

Assim, nossas tristezas, traumas, momentos ruins, nossas perdas e frustrações são
oportunidades de aprendizado e crescimento. É importante que sejamos capazes de não
desestimular diante das adversidades, mas, aprender a controlar essas emoções e sentimentos
é o que nos garantirá ser mais assertivos para seguir a vida e tentar novamente.

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