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Sala de Aula Invertida de acordo com as teorias de Jonathan Bergmann

https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/jon-bergmann-e-a-sala-de-

aula-invertida/

Jon Bergmann explica o conceito de sala de aula invertida


“Hoje, praticamente tudo que alguém ensina, ou aprende, já está disponível no


YouTube”. É com essa provocação que o educador norte-americano Jonathan
Bergmann defende o conceito de sala de aula invertida – ou flipped classroom.
A metodologia prega que o professor induza ao aprendizado ativo, preparando
o estudante para um mundo cada vez mais complexo e incerto.

A ideia passa pelo estabelecimento de relações mais próximas e sem barreiras


entre docentes e discentes. Assim, ambos saem de suas respectivas zonas de
conforto: o professor, quando deixa de lado o papel de mero emissor de
informações; e o aluno, quando deixa de ser um simples receptor passivo.

Jon Bergmann, como é mais conhecido, é autor de sete livros sobre sala de
aula invertida. Entre eles, Aprendizagem Invertida, lançado em junho e
integrante da série Desafios da Educação. Em entrevista exclusiva ao portal,
ele fala dos benefícios relacionados à transformação da educação e dá dicas
de como colocar o conceito de sala de aula invertida em prática.

Confira a entrevista completa:


A implementação do conceito de flipped classroom foi introduzida pelo
senhor em parceria com o professor Aaron Sams em 2007 em uma escola
do Colorado. Em que momento vocês perceberam que era necessário
fazer essa mudança?
Na escola onde lecionávamos, muitos estudantes vinham faltando às aulas.
Isso acontecia porque era uma escola rural e muitos deles tinham de ir embora
na hora do almoço, mesmo que o turno durasse mais duas ou três horas. Isso
também acontecia porque alguns precisavam pegar um ônibus até outra escola
para participar de competições – o que acontece com frequência nos Estados
Unidos. Então começamos a gravar nossas aulas matutinas para as aulas do
turno da tarde. A diretora nos parabenizou pela iniciativa, ficamos felizes, e
logo depois ela nos disse algo que nos fez refletir: a filha dela frequentava uma
universidade em que os professores gravavam as aulas. ‘A minha filha adora,
porque não tem mais que ir para a aula’. Naquele mesmo dia, Aaron e eu
começamos a pensar em qual seria o valor do tempo em sala de aula se você
não tem mais que ir para a aula. Foi quando fizemos a pergunta: ‘e se
gravássemos pra valer?’. Esse foi o momento que mudou tudo.
Leia mais: A tecnologia como recurso para potencializar a aprendizagem
A sala de aula invertida preconiza uma nova forma de comportamento por
parte de estudantes e professores. Inclusive, o senhor chegou a dizer que
o modelo é a estratégia central que apoia todos os outros métodos de
aprendizagem ativa. Por quê?
A sala de aula invertida está mudando a maneira como pensamos a educação.
Digo que ela é uma meta-estratégia que apoia todas as outras, porque dá aos
professores algo que pode parecer difícil de dimensionar: tempo. Tempo para
fazer métodos de aprendizado mais ativos, como os baseados em projetos, em
pesquisa ou competências. Se um professor gasta muito tempo lecionando,
não sobra tempo para fazer essas outras coisas. Assim, a sala de aula
invertida permite que os professores usem outras estratégias.

Em sua opinião, qual é a maior inovação oferecida pela sala de aula


invertida quando comparada ao métodos mais tradicionais?
Acredito que não seja tanto uma inovação quanto uma reordenação do tempo.
É colocar o artifício certo, que é o tempo dos professores, em lugares de maior
necessidade. A informação é barata e fácil, certo? Eu posso obter informações
diretamente do meu celular. Assim, qual seria o melhor uso do tempo em sala
de aula? Fazendo tarefas mais complexas, auxiliando os alunos com o que
eles têm mais dificuldade, ajudando-os a analisar, a aplicar e a avaliar
conceitos cada vez mais complexos. Essa é a grande inovação.

Quais as evidências de que essa metodologia melhora o aprendizado e o


desempenho dos alunos?
Há evidências incontestáveis de que a sala de aula invertida funciona. Existem
mais de 500 pesquisas em revistas acadêmicas que mostram que, de fato, o
método é eficaz. Nem todos disseram que ele é o melhor, mas a maioria deles
sim. Pude viajar ao redor do mundo e ver que esse trabalho tem dado certo.
Por exemplo, estou agora em um quarto de hotel na Pensilvânia, onde estão
colocando a sala de aula invertida em prática e vendo que realmente funciona.

Como convencer os alunos de que essa metodologia pode beneficiá-los?


Os alunos não são tão difíceis de convencer. Afinal, eles são os millenials,
nativos digitais que entendem que a informação é de fácil acesso. Alguns
alunos talvez prefiram um modelo de aprendizado passivo. No entanto, se o
maior interesse dos estudantes está em se tornarem pessoas mais instruídas e
se a sala de aula invertida é a melhor maneira para isso, eles vão comprar a
ideia. Por exemplo, acabei de voltar de Misiones, na Argentina, do outro lado
da fronteira com o Brasil. Por lá, há 1,5 mil professores aprendendo sobre a
sala de aula invertida. E os alunos argentinos com quem tive a oportunidade de
conversar também estão muito empolgados.

Leia mais: Engajar o aluno não é fácil, mas tem seu valor


Muitos alunos não têm hábitos frequentes de estudar e acabam não
realizando atividades em casa. Como é possível envolvê-los e engajá-los
nas tarefas que antecedem a aula?
A melhor maneira de envolver um aluno é deixá-lo saber que o professor se
importa com ele. Um bom ensino sempre foi sobre relacionamentos e
conexões. Descobrimos que, na sala de aula invertida, os professores
conseguem construir um melhor relacionamento e, assim, atingir mais alunos,
em mais as aulas, cada vez mais. Claro que ainda há outros métodos. Sempre
tem aquele estudante que não fica super animado com o que o professor
ensina – e há muitas razões para isso. Acredito que seja importante manter o
aluno responsável pelo seu aprendizado, fazendo tarefas pré-aulas. O que eu
fiz, e que muitos professores também fazem, é que se o aluno não faz as
tarefas em casa, ele faz durante a aula, enquanto os outros estão trabalhando
em atividades mais complexas. No fim, os próprios alunos chegaram à
conclusão de que seria mais fácil se eles fizessem as atividades prévias.
Assim, eles conseguem receber a ajuda do professor na tarefa. Isso têm
resolvido a maioria dos problemas. Ainda vai existir aqueles que não vão fazer
as atividades em casa, mas honestamente eles são os mesmos alunos que
não iam muito bem nas aulas de qualquer maneira.

Em comunidades mais populares, de baixa renda, alguns alunos não têm


acesso à internet em casa. Como lidar com esse tipo de situação?
Não ter internet em casa é o menor dos problemas. Isso porque os estudantes
têm cada vez mais acesso a mobiles e a outros dispositivos. Como já
mencionei, eu estava em Misiones, na Argentina, e pude conversar com um
diretor de uma escola local. Ele me contou que grande parte dos alunos vem
de famílias pobres e da zona rural, mas a maioria deles tem acesso a
smartphone. No entanto, esses dispositivos não têm grandes dados de acesso
à internet. Assim, os professores criam arquivos em áudio e em PDF. Assim, os
alunos fazem download do arquivo via bluetooth e escutam as aulas. Mas a
sala de aula invertida não depende somente da tecnologia. Claro, ela acelera o
ritmo do processo. Nesse sentido, quanto melhor for a infraestrutura da escola,
melhor será o acesso dos alunos.

Outro desafio diz respeito aos próprios professores. Muitos ainda


resistem a novos métodos de ensino. Por quê? E é possível engajá-los
para que adotem o modelo de sala de aula invertida?
Os professores são algumas das pessoas mais incríveis do mundo. Eles
trabalham para o melhor dos seus alunos. No entanto, eles aprenderam e se
formaram em um sistema que é difícil de mudar. Foi difícil para mim mudar. Eu
gostava de ser o centro das atenções em sala de aula e eu tive que abrir mão
disso – e foi a melhor coisa que eu fiz. Acredito que convencer os professores
é um dos grandes desafios da sala de aula invertida. Já comentei duas vezes,
mas eu fiquei abrilhantado por ver os professores de Missiones tão animados
com as mudanças. É preciso alguém para compartilhar uma maneira melhor
para que eles possam mudar. Claro, ainda vai continuar sendo difícil. No geral,
as pessoas têm dificuldade em mudar.
Leia mais: Planejamento: 5 maneiras para o professor inovar no próximo
semestre
E no ensino superior, como a sala de aula invertida pode contribuir com a
formação dos futuros profissionais?
Temos trabalhado com IES já faz algum tempo, mas só agora vemos as
mudanças. É visível que elas estão demorando mais a fazer a mudança. No
entanto, a boa notícia é que há uma enorme onda de interesse das
universidades em aprender e aplicar novos métodos. Estou impressionado e
animado em ver que essa mudança está acontecendo no ensino superior,
também. É preciso criar maior ênfase em ensino, e não apenas em pesquisa.

Se uma instituição decide implantar a sala de aula invertida em seus


cursos, qual seria o primeiro passo?
A principal dica que eu daria é procurar um bom treinamento. Há muitas
maneiras de se aprender a sala de aula invertida de maneira errada. Mas
o Flipped Learning Global Initiative tem um dos melhores materiais de
treinamento e está disponível tem em três idiomas: inglês, espanhol e chinês. É
um ótimo primeiro passo para qualquer escola ou instituição. Procuro incentivar
todos os professores a terem um certificado de treinamento.

Leia mais: 8 estratégias para uma sala de aula inovadora


Por fim, como é possível avaliar o desenvolvimento e a popularização do
conceito de sala de aula invertida?
A sala de aula invertida está funcionando, porque traz coisas novas ou amplia
as antigas. O primeiro motivo é porque o método oferece aprendizado ativo.
Com ele, é possível ampliar relacionamentos. Acredito que esse seja o
segredo: a conexão que o aluno tem com o professor e a conexão entre o
professor com o aluno. Como educador, se eu ainda fizer o modelo tradicional,
posso continuar me escondendo atrás da minha própria palestra e do conteúdo
que estou ensinando. Mas nesse modelo invertido o professor precisa estar
entre os alunos. Por isso, a sala de aula invertida apenas planta o solo para
relacionamentos e conexões. Não é mais apenas sobre o intelecto e sobre a
grade curricular, mas também sobre a vida como um todo – e essa é a chave.

A Educação 3.0 de acordo com as teorias de Rui Fava- livro em pdf no

arquivo do NOTE

https://www.colegiosantanna.com.br/formacao/downloads/Educacao_3.0.

pdf
Escolas Criativas – cultura, educação e sustentabilidade

A cultura e a escola formam um binômio potente para a criação de uma nova


perspectiva cidadã nas sociedades contemporâneas que eleva a cultura a um
patamar mais consistente de experimentação e criação, podendo resultar em
desenvolvimento significativo para as duas áreas do conhecimento.
As Escolas Criativas se compõem, portanto, como um ambiente de
experimentações criativas e de convivência com novas possibilidades
estéticas, resultando na apropriação de conteúdos culturais que implicam
novas perspectivas na formação desses jovens e na sua atuação ética e
sustentável. O projeto atua, ainda, como uma ferramenta de sensibilização e
estímulo à formação de novas plateias para produtos e bens culturais,
funcionando como porta de entrada para um universo plural, de diversidade e
democratização cultural.
Pensando esse cenário multidimensional, o projeto Escolas Criativas –
Cultura, Educação e Sustentabilidade surge de uma iniciativa da Enel,
através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura da Secretaria de Cultura do
Estado do Rio de Janeiro em parceria com a Prefeitura Municipal de Niterói e
com realização da Quitanda das Artes. O projeto promove a integração entre
cultura, educação e sustentabilidade através de novas tecnologias de ensino e
inovação em três escolas da rede pública de ensino, produzindo uma maior
assimilação dos processos culturais e educacionais por meio de ações de
difusão, formação, pesquisa e estímulo à sustentabilidade e à eficiência
energética.
Eixos:
Eixo 1 – Difusão e Acesso: programação artístico-cultural nas escolas,
contemplando os segmentos de música, dança, teatro e audiovisual com 8
concertos didáticos, 8 apresentações de teatro e dança, 8 exibições de cinema
e 24 debates, realizados ao final de cada ação artística com o intuito de refletir
sobre o processo de criação e produção de cada espetáculo.
Eixo 2 – Formação: As ações de formação – para os alunos e educadores –
são centrais na proposta das Escolas criativas. As atividades formativas foram
pensadas para ampliar os conhecimentos e o aprendizado do aluno a partir de
conteúdos do campo da cultura e da comunicação, por meio de cursos de
Fotografia Básica, Audiovisual, Produção Cultural e Musicalização. Já para os
educadores, são ofertados cursos que abordam Arte e educação, História da
Arte e Cultura brasileira.
Eixo 3 – Pesquisa: Cada escola contará com um centro de pesquisa e espaço
de compartilhamento de experiências e informações a ser incorporado ao
currículo da escola, criando um ambiente pulsante de criação e interatividade.
Comporta um miniauditório, uma cinemateca e totens interativos com
conteúdos sobre: Sustentabilidade, Cultura Popular, Artes Cênicas, Música,
Artes visuais e Audiovisual, Patrimônio material e imaterial.
Eixo 4 – Sustentabilidade e eficiência energética: Em consonância com a
proposta de estímulo ao desenvolvimento sustentável, toda a energia das salas
projetadas será produzida através da instalação de um sistema de geração de
energia solar, por meio de placas fotovoltaicas e haverá a troca do tipo de
lâmpada utilizada em todas as escolas a fim de melhorar a eficiência
energética do equipamento como um todo.
Conheça o projeto: https://www.escolascriativas.com/

Escola do futuro: como será, tendências e perspectivas


https://www.edools.com/escola-do-futuro/

O conceito de  “escola do futuro”

Com a popularização da Internet e o fácil acesso a informação, o conhecimento


foi democratizado em níveis nunca vistos antes. Isso ofereceu oportunidade
para todos serem protagonistas do próprio aprendizado e esse é um dos
principais desejos do estudante dos dias de hoje.
Afinal, como diz o especialista Mozart Neves Ramos: “O Brasil ainda tem uma
escola do século XIX, professores do século XX e alunos do século XXI”.
Podemos entender que é preciso mudar o jeito de educar e isso só será
possível quando o aluno assumir o papel de protagonista de sua aprendizagem
ao lado do professor.
Entre as principais reclamações dos jovens em relação a escola é que a
mesma é desestimulante, que as matérias não são aplicadas no dia a dia e que
os verdadeiros conhecimentos do mundo real não são passados dentro da sala
de aula.
Como seria, então, a escola do futuro? A primeira mudança seria em relação a
distribuição dos estudantes, que deixam de sentar em fileira e passam a ficar
organizados em rodas que facilitem debates sobre as matérias.
Com esse espaço, eles podem expor suas ideias, trocar conhecimento e
trabalhar as habilidades necessárias para o século XXI (que serão mais
detalhadas nos próximos tópicos).
Outra transformação será no currículo dado: as matérias obrigatórias
continuarão a existir, como matemática e história, mas vão compartilhar o
espaço com eletivas.
Essas disciplinas “extras” podem variar de escola para escola, mas têm em
comum as necessidades da sociedade moderna, como programação, e o
aprofundamento em assuntos que ganham cada vez mais destaque, como a
igualdade de gêneros, a superprodução de lixo e alternativas ao desperdício.
Tudo isso será feito com o auxílio da tecnologia, que deixa de ser a vilã e
passa a ser aliada. Um dos exemplos mais emblemáticos aconteceu no Distrito
Federal e será contado no tópico a seguir.

Tecnologia como aliada, não protagonista

Muitos professores acabam passando mais tempo de aula pedindo para os


alunos saírem do celular do que de fato ensinando o conteúdo. Isso é
desgastante para o profissional, que se vê obrigado a interromper seu fluxo de
trabalho para coibir esse tipo de atitude, e para o estudante, que entende que
aquele tempo não está sendo produtivo ou interessante.
Na escola do futuro, a tecnologia deixa de ser vista como arqui-inimiga e passa
a ser aliada dos professores com o ensino do uso consciente das ferramentas.

A educação na era digital de acordo com as teorias de Martha Gabriel


https://youtu.be/pRJM9LUX18s

Formar professores em contextos sociais em mudança


Prática reflexiva e participação crítica
Philippe Perrenoud
https://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_1999/1999
_34.html

Construir Competências desde a escola


Philippe Perrenoud é doutor em Sociologia e Antropologia, tem 59 anos. Atua
nas áreas relacionadas à currículo, práticas pedagógicas e instituições de
formação nas faculdades de Psicologia e de Ciências da Educação da
Universidade de Genebra. Apesar de atuar nestas áreas, o autor não é um
Pedagogo de formação.

Para o autor, o sucesso e o fracasso escolar não são dependências únicas do


ambiente escolar. Na sua visão, cada aprendizado deve ter como objetivo
preparar os alunos para etapas subseqüentes do currículo escolar, tornando o
aluno capaz de mobilizar suas aquisições escolares fora da escola, tornando
qualquer ambiente, um ambiente pedagógico, independentemente de
quaisquer situações.

Aliado à isso, o problema da transposição didática ou de construção de


competências, vem como uma proposta norteadora para o desenvolvimento
significativo do potencial dos alunos em ambientes dentro e fora da escola.

Perrenoud questiona o objetivo da ida do aluno à escola: Esta deve ser


fundamentada na mera aquisição de conhecimento ou no desenvolvimento de
competências? A seguir, há a definição de competência como sendo a
capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada
em conhecimento, mas sem limitar-se a ele. Enfoca que o mundo do trabalho
apoia –se na noção de competência  e que a escola deve seguir estes passos
com o intuito de modernizar-se e se inserir na corrente dos valores da
economia de mercado,

Em suas obras, o conceito de competência é salientado enfocando que não há


uma definição clara e objetiva do que seja competência. Segundo o autor,
existem três aspectos do que pode vir a ser uma competência onde, em um
dos casos, cita – se a questão pertinente à competência e desempenho, onde
este é um indicador direto daquele. Trata ainda que os hábitos são esquemas
simples e rígidos, mas nem todo esquema é um hábito. Perrenoud menciona,
ainda, que o sucesso depende de uma capacidade geral de adaptação e
discernimento, comumente considerada como inteligência natural do individuo.

Frequentemente o autor faz uma interligação entre competência e os


programas escolares, iniciando a discursão afirmando que toda competência
está ligada, fundamentalmente, à uma prática social de alta complexidade.
Após esta afirmação, questiona-se como se pode detectar uma competência.
Segundo o autor, alguns se preocupam com a inserção de ensino por
competências pelo fato de acreditarem que todas as disciplinas seriam
trabalhadas, na maioria dos casos, com base em formações pluri 1, inter2 e
transdisciplinar3.

Para o autor, quando alguns professores aceitam a ideia de competência,


podem sentir – se, pelo menos inicialmente, encarregados de dar
conhecimentos básicos aos seus alunos, pensando que, antes de mobilizá –
los em determinada situação, devem prestar – lhes informações básicas e
metódicas no “texto do saber”. Neste capítulo é iniciada uma discursão acerca
da transposição didática4, como ferramental de trabalho.
Enfim, Perrenoud faz propostas diretrizes norteadoras para a implementação
do processo de ensino e aprendizagem por competências. São elas:
Reconstruir a transposição didática, Atenuar as divisões entre as disciplinas,
Romper o círculo fechado do currículo, criar novas formas de avaliar,
reconhecer o fracasso, diferenciar o ensino e transformar a formação docente.

Formação continuada de professores: competências essenciais para o


século XXI

1. Organizar e animar as situações de aprendizagem

É imprescindível que o professor do século XXI saiba planejar o projeto


pedagógico e também organizar o plano de aula. Quando isso acontece, o
resultado do processo de ensino e aprendizagem é muito mais rico.

Afinal, quando o professor se prepara e pesquisa, ele está de alguma forma se


atualizando e buscando novas formas de engajar seus alunos em sala – o que
ainda é um dos grandes desafios em sala de aula.

Além disso, quando há esse planejamento, é importante que o professor


aprenda a olhar para os erros e desafios que surgirem, e, também, que esteja
pronto para mudar alguma atividade no meio do percurso, por exemplo.

2. Gerir o progresso das aprendizagens na formação continuada de professores

Perrenoud também propõe que o professor deve saber gerir o progresso das
aprendizagens. Mas o que isso significa? Essa competência indica que é
importante que o docente conheça seus alunos, bem como suas possibilidades
de desenvolvimento e sua capacidade de evolução frente aos objetivos de
aprendizagem traçados.

Ao gerir esse processo, o professor deve também administrar as situações-


problema que surgem ao longo do caminho, levando em consideração as
especificidades de cada um. Afinal, cada estudante é único. Cada um tem sua
personalidade, sua história; cada um tem um ritmo de aprendizagem e
dificuldades específicas. Por isso é imprescindível que o professor tenha essa
visão e compreenda a heterogeneidade de sua turma.

3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação

Essa competência está diretamente ligada à competência 2, uma vez que


ambas se referem a personalização do ensino. Aqui, quando o professor faz
evoluir os dispositivos de diferenciação, ele compreende e sabe que vai
trabalhar com uma turma heterogênea, com alunos diferentes uns dos outros.
Nesse sentido, Perrenoud coloca que os professores devem fornecer um apoio
integrado e prestar mais atenção aos alunos que possuem grandes
dificuldades, de forma a dar suporte para que eles possam se desenvolver.
Além, é claro, de estimular e incentivar o trabalho em equipe entre os alunos.

4. Envolver os alunos nas suas aprendizagens e em seu trabalho

Como já vimos em outro post, os alunos das novas gerações trazem mais
desafios para a sala de aula. Eles já não enxergam mais o professor como o
detentor de todo o conhecimento, visto que chegam na escola com muito
conhecimento – adquirido principalmente na internet.

Então é importante que o professor instigue em seus alunos o desejo de


aprender mais e que os enxergue também como protagonistas em sala de aula.
Dessa forma, é importante que os estudantes participem das decisões em sala
e das atividades em um papel principal, o de protagonista do seu próprio
aprendizado.

5. Trabalhar em equipe

O trabalho em equipe e o regime de trabalho colaborativo já estão previstos na


Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e é uma tendência que segue
também no ensino superior e no mercado de trabalho. Portanto, o
desenvolvimento dessa competência vai muito além do professor saber
trabalhar em equipe com outros professores

de forma interdisciplinar. O professor do século XXI deve, também,


incentivar seus estudantes a trabalharem e a trocarem experiências de forma
coletiva.

6. Participar da gestão da escola

Outra competência apontada por Perrenoud é a necessidade do professor


participar da gestão e da administração da escola. Em que sentido?
Elaborando e divulgando projetos da instituição de ensino e incentivando os
alunos e a comunidade escolar a participarem e se engajarem nessas
atividades.

7. Informar e envolver os pais na formação continuada de professores

Essa competência necessária ao professor é, também, um dos grandes desafios


enfrentados nas escolas. Como se comunicar com os pais de modo a informá-
los e a engajá-los na construção do saber é uma das grandes dores dos
educadores.
Assim, é essencial que o professor desenvolva essa competência e traga as
famílias para o ambiente escolar, conversando, informando, promovendo
reuniões e eventos para que eles se engajem no processo de ensino e
aprendizagem dos seus filhos.

8. Servir-se de novas tecnologias para a formação continuada de professores

Em um mundo onde as informações atravessam o mundo em questões de


segundo e em que a tecnologia está cada vez mais avançada, ignorar a sua
potencialidade é um grande erro. Na educação, as opções para o uso da
tecnologia são os mais variados: Realidade Aumentada, Livro Digital,
Ambiente Virtual de Aprendizagem e videoaulas são alguns exemplos de
tecnologias relevantes que enriquecem o processo de ensino e aprendizagem.

Portanto, é essencial que os professores se abram para essa nova possibilidade


e compreendam que a tecnologia não substitui o seu trabalho, mas que é um
apoio, um recurso que traz inúmeros benefícios.

9. Enfrentar os deveres e dilemas éticos da profissão

Outra competência citada por Perrenoud é a capacidade do professor de


enfrentar os deveres e dilemas éticos de sua profissão. Ou seja, o professor
deve ser capaz de prevenir a violência, de lutar contra preconceitos e de
desenvolver o senso de responsabilidade, de modo a formar cidadãos
protagonistas da sociedade em que vivem.

10. Gerir sua própria formação continuada de professores

A última competência está ligada à formação continuada de professores.


Nesse caso, é importante que o professor saiba gerir sua própria formação
continuada e seja um agente desse sistema de desenvolvimento. Ele pode e
deve ter o apoio da escola ou do Sistema de Ensino, mas é essencial que ele –
por vontade própria – tenha um programa de formação estabelecido e que
participe, sempre que possível, de grupos de debate, eventos, congressos e de
outras atividades com seus colegas de profissão.

Introdução : Novas competências profissionais para ensinar

1. Organizar e dirigir situaçôes de aprendizagem

Conhecer, para determinada disciplina, os conteùdos a serem ensinados


e sua tradução em objetivos de aprendizagem
Trabalhar a partir das representações dos alunos
Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem
Construir e planejar dispositivos e seqüências didáticas
Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de
conhecimento

2. Administrar a progressão das aprendizagens

Conceber e administrar situaçôes-problema ajustadas ao nível e às


possibilidades dos alunos
Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino
Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de
aprendizagem
Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de acordo
com uma abordagem formativa
Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de
progressão
Rumo a ciclos de aprendizagem

3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação

Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma


Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto
Fomecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de grandes
dificuldades
Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples de
ensino mútuo
Uma dupla construção

4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho

Suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber, o


sentido do trabalho escolar e desenvolver na criança a capacidade de
auto-avaliação
Instituir um conselho de alunos e negociar com eles diversos tipos de
regras e de contratos
Oferecer atividades opcionais de formação
Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno

5. Trabalhar em equipe

Elaborar um projeto em equipe, representações comuns


Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões
Formar e renovar uma equipe pedagógica
Enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e
problemas profissionais
Administrar crises ou conflitos interpessoais
6. Participar da administração da escola

Elaborar, negociar um projeto da instituição


Administrar os recursos da escola
Coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros
Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos
alunos
Competências para trabalhar em ciclos de aprendizagem

7. Informar e envolver os pais

Dirigir reuniões de informação e de debate


Fazer entrevistas
Envolver os pais na construção dos saberes
" Enrolar "

8. Utilizar novas tecnologias

A informática na escola : uma disciplina como qualquer outra,


um savoir-faire ou um simples meio de ensino ?
Utilizar editores de texto
Explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos
objetivos do ensino
Comunicar-se à distância por meio da telemática
Utilizar as ferramentas multimídia no ensino
Competências fundamentadas em uma cultura tecnológica

9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão

Prevenir a violência na escola e fora dela


Lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas e
sociais
Participar da criação de regras de vida comum referentes à disciplina na
escola, às sanções e à apreciação da conduta
Analisar a relação pedagógica, a autoridade e a comunicação em aula
Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o
sentimento de justiça
Dilemas e competências

10. Administrar sua própria formação continua

Saber explicitar as próprias práticas


Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa
pessoal de formação continua
Negociar um projeto de formação comum com os colegas (equipe,
escola, rede)
Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou do
sistema educativo
Acolher a formação dos colegas e participar dela
Ser agente do sistema de formação continua

Conclusão : A caminho de uma nova profissão ?

Um exercício estranho
Duas profissões em uma ?
Profissionalizar-se sozinho ?

O MITO DA AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM
TRABALHO DOCENTE

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“A avaliação é a reflexão transformada em ação, não podendo ser estática nem


ter caráter sensitivo e classificatório”. Jussara Hoffmann
A Lei de diretrizes e Bases nº. 9.394/96, nos proporciona os dois mais
importantes princípios da afetividade e amor no domínio escolar, o respeito à
liberdade e a consideração à tolerância, que são inspirados nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Ambos têm por fim último o
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para as ocupações no trabalho. A Lei 9.394/96,
das diretrizes e bases para a educação nacional, faz menção à avaliação da
aprendizagem. Ao longo dos seus artigos, o termo avaliação (e suas variações)
aparece 24 vezes, e o termo verificação (do rendimento ou da aprendizagem),
duas. São, assim, pelo menos vinte e seis alusões à idéia de avaliar, seja
relacionando-a a instituições, a alunos, aos docentes, ou aos processos
educacionais como um todo. A diferença fundamental entre verificação e
avaliação, é que a primeira é uma ação estática e a segunda é um processo
dinâmico e encaminha a ação.
Avaliar envolve valor, e valor envolve pessoa. Avaliação é, fundamentalmente,
acompanhamento do desenvolvimento do aluno no processo de construção do
conhecimento. O professor precisa caminhar junto com o educando, passo a
passo, durante todo o caminho da aprendizagem.

Hoffmann propõe para a realização da avaliação, na perspectiva de


construção, duas premissas fundamentais: confiança na possibilidade do aluno
construir as suas próprias verdades; valorização de suas manifestações e
interesses. Para Hoffmann, o aparecimento de erros e dúvidas dos alunos,
numa extensão educativa é um componente altamente significativo ao
desenvolvimento da ação educacional, pois permitirá ao docente a observação
e investigação de como o aluno se coloca diante da realidade ao construir suas
verdades. Ela distingue o diálogo entre professor e aluno como indicador de
aprendizagem, necessário, à reformulação de alternativas de solução para que
a construção do saber aconteça. A reflexão do professor sobre seus próprios
posicionamentos metodológicos, na elaboração de questões e na análise de
respostas dos alunos deve ter sempre um caráter dinâmico.

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Na avaliação mediadora o professor deve interpretar a prova não para saber o


que o aluno não sabe, mas para pensar nas estratégias pedagógicas que ele
deverá utilizar para interagir com esse discente. Para que isso aconteça, o
desenvolvimento dessa prática avaliativa deverá decodificar a trajetória de vida
do aluno durante a qual ocorrem mudanças em múltiplas dimensões, e isso é
muito mais que conhecer o educando.

Em um processo de aprendizagem toda resposta do aluno é ponto de partida


para novas interrogações ou desafios do professor. Devem-se ofertar aos
alunos muitas oportunidades de emitir idéias sobre um assunto, para ressaltar
as hipóteses em construção, ou as que já foram elaboradas Sem tais atitudes,
não se idealiza, de fato, um processo de avaliação contínua e mediadora.

Avaliar significa ação provocativa do professor desafiando o educando a refletir


sobre as situações vividas, a formular e reformular hipóteses, encaminhando-o
a um saber enriquecido, acompanhando o “vir a ser”, favorecendo ações
educativas para novas descobertas. A avaliação apresenta uma importância
social e política fundamental no fazer educativo vinculando-a a idéia de
qualidade. Não há como evitar a necessidade de avaliação de conhecimentos,
muito embora se possa torná-la eficaz naquilo que se propõe: a melhora de
todo o processo educativo. Avaliar qualitativamente significa um julgamento
mais global e intenso, no qual o aluno é observado como um ser integral,
colocado em determinada situação relacionada às expectativas do professor e
também deles mesmos. Nesse momento, o professor deixa de ser um simples
colecionador de elementos quantificáveis e utiliza sua experiência e
competência analisando os fatos dentro de um contexto de valores, que
legitimam sua atitude como educador.

 Ref: HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: Uma Prática em Construção


da Pré-Escola à Universidade.

Por Amélia Hamze
Colunista Brasil Escola

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