Você está na página 1de 5

RELATÓRIO DA ENTREVISTA

Nome do aluno: Caroline Danelon de Lara RA: 2048047 Polo:Piracicaba – SP

Entrevista realizada com um professor da: Educação Infantil

INFORMAÇÕES GERAIS:
Cidade onde o professor atua: Piracicaba_
( X ) Escola Pública ( ) Escola Particular

Modalidade: x Educação Infantil


Turma na qual leciona: Jardim I_

Idade do(a) professor(a) entrevistado(a): 32 anos_

Tempo de atuação como professor: 10 anos_

Formação do professor: Pedagogia_

Relatório:

No dia 25 de Maio de 2021, realizei a entrevista, por videoconferência via Google Meet,
com a professora Fernanda Danelon, que tem 32 anos, é formada em pedagogia, pós
graduada em psicopedagogia e há quase 10 anos atua como professora de educação
infantil na rede pública da cidade de Piracicaba.

A professora relatou, em sua entrevista, que o retorno ao ano letivo neste cenário de
instabilidade tem sido desafiador. Por lecionar para uma turma de Jardim I, está se
adaptando ao ensino híbrido, onde 35% das crianças frequentam a escola presencialmente
e escalonadamente, e o restante está no ensino remoto e os professores em sua instituição,
tiveram algumas orientações específicas para que se retomassem as aulas. Orientações
essas que vieram por meio de protocolos sanitários, pedagógicos e de acolhimento,
desenvolvidos tanto pela Secretaria Municipal de Educação quanto pela gestão de sua
unidade escolar juntamente com toda a equipe. Também foram pensadas algumas ações
de adaptação e principalmente de acolhimento socioemocional, tanto para as crianças
quanto para as famílias, que estão abaladas após esses longos meses de pandemia. Dentre
essas ações, a professora citou as rodas de conversa que são feitas com as crianças,
possibilitando que os professores saibam como elas estão emocionalmente, o que mudou
em suas vidas, o que tem sido mais difícil etc, e também conversam sobre o
distanciamento, o uso correto das máscaras e as novas “regrinhas” criadas por conta da
pandemia.

Quanto ao planejamento referente ao ano letivo de 2021 e sua rotina de trabalho, declarou
que seu planejamento é desenvolvido coletivamente, em reuniões por videoconferência
com suas colegas professoras, seguindo as orientações de sua gestora e considerando
sempre as orientações dos protocolos sanitários e pedagógicos aqui já citados. E sua rotina
de trabalho considera estar sendo desafiadora, pois se planejar em meio a tantas incertezas
e tantas mudanças não é algo fácil. Como sua turma está se dividindo entre ensino
presencial e remoto, tem que pensar em atividades que atendam os dois grupos. Sem
contar no tempo que precisa ter disponível para sanar dúvidas das famílias nos grupos de
WhatsApp criados pela escola. As atividades são geralmente desenvolvidas com uma
semana de antecedência, uma parte é enviada às famílias por WhatsApp, e a outra parte
é aplicada pela mesma em sala de aula com as crianças que optaram pelo ensino
presencial. Mas mesmo com a falta de tempo e a dificuldade que ainda tem em se
organizar com tudo isso, está pensando em alguns projetos que futuramente quer
desenvolver com suas crianças.

Relatou ainda que a tecnologia tem sido uma grande aliada no planejamento e na
execução das atividades propostas. Tem buscado vídeos no YouTube que complementem
o que vem sendo por ela trabalhado, faz chamadas de vídeo pelo WhatsApp para junto
com as famílias desenvolver o que foi proposto e sanar qualquer dúvida que possa surgir,
tem gravado muitos vídeos como material de apoio, recorrendo a editores de vídeo que a
tem ajudo bastante, e tem recorrido bastante as atividades impressas. Além, é claro, do
material pedagógico disponibilizado pela escola.

Sobre os espaços utilizados no desenvolvimento de sua rotina com as crianças, a


professora conta que em sua casa improvisou um espaço que utiliza para gravar vídeos e
fazer suas reuniões com as famílias. E na escola, com as crianças, procura sempre elaborar
atividades que possam ser desenvolvidas em ambientes externos, com materiais que
possam ser preferencialmente de uso individual, seguindo sempre os protocolos
necessários devido a pandemia.

Quanto ao modo que tem avaliado seus alunos, informou que faz uso principalmente das
devolutivas das famílias, que enviam vídeos das crianças realizando as atividades e
desenvolvendo pequenas coisas cotidianas, como comer, pintar, falar, brincar etc.
também utiliza as vivências devolvidas toda semana pelas famílias que não tem acesso à
internet, que por vezes também tem um atendimento presencial com ela para relatar algum
avanço, ou alguma dificuldade. E mais as atividades propostas em sala de aula, que
permitem que ela acompanhe de perto o que vem vendo aprendido. Ela conta que anota
tudo que pode ser avaliado em uma pasta individual de cada uma de suas crianças,
conversa com os pais e responsáveis o que julgar necessário e faz uma avaliação de
desenvolvimento semestral a pedido da gestão de sua unidade escolar. Avaliação essa,
que é compartilhada com as famílias e arquivada na escola. A professora também fez
questão de pontuar que tem tido bastante dificuldade em realizar as avaliações, pois
através de vídeos caseiros, que traz um olhar dos responsáveis e não de um professor e,
de atividades feitas em casa, sem o apoio dela e sem direcionamento específico fica muito
difícil avalia precisamente o desenvolvimento das crianças.

A respeito das crianças que não retomaram o ensino presencial e tem pouco, ou nenhum
acesso à internet para realizar as atividades remotas, a equipe escolar definiu que nas
terças-feiras, dia de HTPC, as famílias podem ir até a unidade escolar retirar algumas
vivências pensadas pelas professoras para serem realizadas pelas crianças em suas casas
e com o auxílio de seus familiares. Essas vivências são desenvolvidas por toda a equipe,
de acordo com a faixa etária das crianças e são compostas por algumas instruções
impressas sobre a atividade proposta juntamente com os materiais necessários para
realizá-las. Depois de realizadas as vivências, pede-se aos responsáveis que as devolvam
na escola para que a professora possa avaliar os avanços da criança, bem como suas
limitações, a fim de promover um pleno desenvolvimento, apesar das circunstâncias.

E no que se refere as interações e intervenções pedagógicas, a professora explicou que


tem sido difícil pensar nos momentos de interação com as crianças e entre as crianças.
Pois devido à falta de tempo, acesso ou conhecimento tecnológico dos pais e responsáveis
fica difícil planejar maneiras de interação, então esses momentos acabam acontecendo
somente com os grupos presenciais, onde realizam rodas de conversa, brincadeiras e
desenvolvem atividades coletivas nas áreas externas. E com as famílias, tem interagido
por meio dos grupos de WhatsApp e algumas vídeo chamadas que faz com brincadeiras
e dinâmicas de acolhimento.

Quando questionada sobre as maiores dificuldades que tem enfrentando, conta que um
dos maiores desafios do trabalho pedagógico nesse último ano tem sido lidar com as
diferenças sociais das criança. Porque nossa sociedade acaba possibilitando muitas coisas
para alguns e para outros tão pouco. Organizar seu tempo, manter o foco, e controlar a
ansiedade também considera ser muito desafiador. E com tantos desafios e descobertas
ela conta que tem estudado muito e vem se reinventando enquanto educadora, pois
acredita ser esse o caminho para melhorar a qualidade de ensino das crianças nesses novos
tempos. Também fez questão de acrescentar que para melhorar o ensino, sugere que no
retorno às aulas presenciais, cada aluno seja olhado de forma individual, para que a escola
consiga perceber as diferenças de aprendizado no isolamento.

Além das questões apresentadas, a professora complementou a entrevista dizendo que


não acredita que pais, estudantes e professores devem considerar que 2020 foi um ano
perdido. Ao seu ver, todos deveriam olhar para tudo isso como um período de
aprendizagem. Disse ainda que foi, sim, difícil para muitos se adaptarem ao ensino remoto
e as diferenças ficaram mais evidentes, pois nem todos têm acesso a internet ou
equipamentos para estudar online. Porém, descobrimos mais uma vez como a tecnologia,
apesar de nunca substituir o trabalho do professor, é nossa aliada.

Finalizando a entrevista, me permiti concluir que, assim como é inegável a necessidade


do contato direto do professor com o aluno e a importância da criança relacionar-se com
o meio em que vive, para assim vivenciar situações sociais que o ajudarão a tornar-se um
indivíduo mais seguro, o estágio supervisionado presencial é também de suma
importância para futuros educadores. Pois é nessa fase da formação acadêmica que o
graduando tem a oportunidade de conhecer e vivenciar na pratica a experiência de ser
professor e, interagir os conhecimentos teóricos com a pratica.

Porém, como futuros educadores vivendo em um cenário ao qual se faz necessário se


reinventar, se adaptar, se redescobrir e descobrir novas formas de ensinar, de aprender,
de criar novas estratégias de interação e de acolhimento e, entender que a ação pedagógica
vai muito além da escola, devemos considerar o quão enriquecedora essa atividade
alternativa ao estágio, a entrevista com a professora, pode ser. Através dela, foi possível
compreender que a educação não é estática, e sim mutável. Portanto, o professor precisa
estar em constante formação e manter sua mente sempre aberta a novas possibilidades.

“[...] A escola não pode tudo, mas pode mais. Pode acolher as
diferenças. É possível fazer uma pedagogia que não tenha medo
da estranheza, do diferente, do outro. A aprendizagem é
destoante e heterogênea. Aprendemos coisas diferentes daquelas
que nos ensinam, em tempos distintos, (...) mas a aprendizagem
ocorre, sempre. Precisamos de uma pedagogia que seja uma nova
forma de se relacionar com o conhecimento, com os alunos, com
seus pais, com a comunidade, com os fracassos (com o fim
deles)” (ABRAMOWICZ, 1997).

Referencias:

ABRAMOWICZ Anete Moll, Jaqueline (org). Para além do fracasso escolar.


Campinas: Papirus, 1997.

Você também pode gostar