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A pedagogia antes da pedagogia

Bárbara Botter descreve sobre como era a pedagogia antes da pedagogia, como
se dava a prática do ensino, que nós chamamos hoje de pedagogia, antes da forma atual
e moderna pela qual a pedagogia atual é praticada. Como a prática de ensinar acontecia
e em que locais era praticada. E foi na Grécia Antiga o local de onde a prática de
ensinar dos antigos filósofos deu origem à prática da atual pedagogia, que assim a
chamamos e praticamos, com o passar dos anos ela foi passando por adaptações e
adequações até chegar ao formato atual, que é praticada em praticamente todos os países
do mundo. Na qual o texto é dividido em três partes: a primeira é Filosofia, Pedagogia e
política; a segunda trata do novo jeito de olhar para o mundo; e a terceira ela descreve
lugares e mestres da Paideia.
Na Grécia Antiga, Filosofia e Pedagogia se confundiam, onde, uma e outra eram
as mesmas coisas. Tanto que lá não precisou ser criado o termo ou disciplina chamada
Pedagogia, porque a convergência entre os dois era algo natural. A distinção entre a
Filosofia e a Pedagogia ocorreu recentemente. Só agora são coisas diferentes, segundo a
autora a pedagogia atual é uma herança da filosofia da Grécia Antiga, que surgiu a partir
da Paideia grega de onde herdamos o racionalismo que é a prática de refletir e
raciocinar, usando a razão como guia para nossa vida, deixando de lado as respostas
baseadas nas tradições dos antepassados e buscando respostas baseadas na razão. As
tradições perdem, assim, sua relevância e importância perante a sociedade moderna. O
homem se torna, “um novo homem”, agora um ser político, que discute com seus
semelhantes várias questões, deixando de lado respostas prontas, da crença presente em
sua sociedade.
Essa nova maneira de olhar para o mundo, teve início com os filósofos pré-
socráticos, que viam o mundo sob o olhar da ciência, da pesquisa, que viam um mundo
racional, liberto das tradições, na qual se explicava por si, um mundo compreensível e
organizado. Esse novo mundo é marcado por três características principais: internas, na
qual explicam o universo a partir das características que o constituem; sistemáticas,
onde explicam todos os eventos empregando os mesmos termos e métodos; e
econômicas, isto é, empregam poucos conceitos e poucas operações.
O mundo tem sua própria dinâmica e se autoexplica, sem que sejam necessárias
as divindades para explicá-lo. A filosofia estava presente e até se confundia com a
educação, com a pedagogia e com o conhecimento. Ter viajado muito por outros países
ou sociedades já classificava uma pessoa portadora de muitos conhecimentos e ser
considerado um filósofo, um homem apto ao convívio em sociedade.
A Filosofia é um modo, um estilo de vida, onde norteia toda a visão de mundo
que se tem, e que vai determinar as ações das pessoas que as detêm. A partir do
pensamento de Marx, a Filosofia passou a ser algo que tem a função de perceber e
transformar a realidade. Os estudantes de hoje têm a impressão de que todos os filósofos
esforçam-se sucessivamente para arquitetar, cada um de uma maneira original, uma
nova construção sistemática e abstrata, destinada a explicar, de uma maneira ou de
outra, o universo. O professor precisa levar o aluno a percorrer um caminho em que ele
possa chegar a ter muito conhecimento, amadurecimento intelectual e espiritual e ser
uma pessoa que transforma sua realidade.
A grande escola dos antigos era o convívio social, essa realidade podia ser vista
principalmente em Atenas, na Grécia Antiga. Nessa visão, quem quisesse aprender algo
sobre o mundo e a própria existência, tinha como local certo a convivência em
sociedade, se juntar em grupos e ouvir os filósofos, os ensinamentos que tinham e
repassavam em uma espécie de reuniões públicas. A nova realidade coloca o homem
como sendo um novo ser, que enxerga o mundo de outra maneira, sempre observando a
ciência e deixando de lado as tradições, que procura explicar tudo sempre a partir do
divino, começa pelas invasões dos povos vindos da Península Balcânica sobre a Grécia
Antiga.
Nasceu então uma nova maneira de ensinar e de aprender, a educação agora
acontece na cidade e se transmite na Ágora, nos banquetes e nos ginásios, no qual esses
lugares eram sempre regados a vinhos e comidas, diversos assuntos eram discutidos,
assuntos elevados, além de leituras de poemas. Era ali em que os filósofos, com essa
nova maneira de ensinar e educar, se tornaram os “mestres do discurso e professores de
homens”.Os filósofos também foram personagens suspeitos e até hoje são vistos como
aqueles que perturbam a realidade. Ou seja, são aqueles que ameaçam uma realidade
posta e eram vistos com certo olhar negativo e de rejeição por quem detinha o poder,
eles eram vistos pelos aristocratas como pessoas ameaçadoras, porque ensinavam aos
jovens, esclareciam a serem cidadãos que lutavam por seus direitos, não se deixando
enganar e nem ter seus direitos retirados.
O artigo traz uma visão de como que era praticada a educação antes da educação
praticada atualmente, a educação dita formal, em que possui um lugar específico para
isso, que são as escolas, já construídas para essa finalidade, e onde pessoas são
preparadas para ser professoras, pessoas que passam a ter essa função como profissão.
Um dos pontos interessantes da obra foi mostrar que os filósofos levavam os
jovens a pensar na sua realidade, e desenvolver nestes jovens o querer em participar da
política grega, e nisso os filósofos se tornaram alvo de perseguições dos aristocratas,
que não viam com bons olhos essa participação dos jovens, que poderiam ter
possibilidades de lutar pela democracia, não sendo pessoas fáceis de serem enganadas
pela camada dominante da época.

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