Você está na página 1de 2

Cap 8 (Schultz) – Psicologia Aplicada: a Herança do Funcionalismo

O casal Hollingworths demonstrou que pesquisa experimental sólida pode ser financiada por uma
entidade corporativa de grande porte, sem ditar ou prejudicar os resultados. Um efeito mais duradouro
foi saber que psicólogos podiam ter carreiras bem-sucedidas e financeiramente recompensadoras em
psicologia aplicada, sem desafiar sua integridade profissional.
A psicologia americana se orientou muito mais pelas ideias de Darwin, Galton e Spencer do que pelos
trabalhos de Wundt e Titchener devido ao fato de que a cultura americana era voltada ao prático, as
pessoas valorizavam o que funcionava e a psicologia de Wundt e Titchener não lidava com o uso da
mente e não podiam ser aplicadas às exigências e problemas do dia-a-dia.
A psicologia evoluiu e prosperou nos Estados Unidos entre 1880 e 1900:

 Em 1880, não existiam laboratórios, em 1900 existiam 41 e eram mais bem equipados do que
os alemães.
 Em 1880 não existiam publicações especializadas em psicologia, em 1895 já existiam três.
 Em 1880 para estudar psicologia, os americanos tinham de ir para a Alemanha, em 1900 já
havia cerca de 40 programas de doutorado nas universidades dos Estados Unidos.
 De 1892 a 1904 foram concedidos mais de 100 títulos de Ph.D. em psicologia.
 Em 1910, mais de 50% de todos os artigos de psicologia publicados foram escritos em alemão
e somente 30% em inglês. Em 1933, 52% eram em inglês e apenas 14% em alemão.

 Os Estados Unidos dominavam o campo da psicologia e contavam com os principais


psicólogos do mundo (84), número maior que o de alemães, ingleses e franceses somados.

Muitos psicólogos da primeira geração da psicologia aplicada nos EUA foram levados a abandonar os
sonhos da pesquisa experimental puramente acadêmica por não haver outra forma de fugir das
dificuldades financeiras. Em 1912, uma pesquisa realizada concluiu que a psicologia nas
universidades estava desvalorizada, apesar da sua popularidade entre os estudantes. A única forma
de aumentar a previsão orçamentária e os salários dos professores era demonstrando aos
administradores e políticos que ciência da psicologia era capaz de ajudar a curar os males da
sociedade. A solução encontrada foi valorizar a psicologia aplicando-a na educação, que tornou-se
um grande negócio.

James McKeen Cattell

Cattell promoveu uma abordagem prática com a aplicação de testes no estudo de processos
mentais. Concentrava-se no estudo das capacidades humanos e não do conteúdo da consciência e
nesse aspecto ele está bem próximo dos funcionalistas.

Administrou vários desses testes a seus alunos. Dizia: "A psicologia não será capaz de atingir a
certeza e a exatidão das ciências físicas a menos que se baseie nos fundamentos da experiência e da
medição. Um passo nessa direção pode ser dado, aplicando-se uma série de testes e mensurações
mentais a um grande número de pessoas."

Os testes de Cattell, assim como os de Galton, lidavam principalmente com as medidas sensório-
motoras elementares, incluindo a pressão obtida no dinamômetro, a velocidade do movimento, o
limiar de dois pontos para medir a sensibilidade tátil, a pressão necessária para provocar dor na
testa, as diferenças mínimas perceptíveis entre dois pesos, o tempo de reação ao som e o tempo
necessário para nomear as cores.
A influência mais forte exercida por Cattell sobre a psicologia foi mediante o trabalho como
organizador, executivo e administrador da ciência e da prática psicológicas e como articulador da
ligação entre a psicologia e as principais comunidades científicas. Tornou-se o embaixador da
psicologia, lecionando, editando revistas e promovendo a aplicação prática na área.

Cattel também contribui para o desenvolvimento da psicologia por intermédio dos seus alunos.
Durante o período que esteve na Columbia, orientou mais estudantes de pós-graduação do que
qualquer outro nos EUA. Com seu trabalho a respeito de testes mentais, da mensuração das
diferenças individuais e com a promoção da psicologia aplicada, ele reforçou ativamente o
movimento funcionalista na psicologia americana.

O Movimento dos Testes Psicológicos

Binet, Terman e o Teste de QI

Embora Cattell tenha cunhado a expressão de testes mentais, o primeiro teste verdadeiramente
psicológico de habilidade mental foi desenvolvido por Alfred Binet.

Binet discordava da abordagem de Galton e Cattell, que consistia na aplicação de testes de processo
sensório-motor para medir a inteligência. Para ele, a avaliação das funções cognitivas como a
memória, a atenção, a imaginação e a compreensão, proporcionava medidadas de inteligência mais
adequadas.

Definiu idade mental como a idade em que a criança com habilidade mediana é capaz de realizar
tarefas específicas. Por exemplo, se uma criança com idade cronológica de 4 anos desempenhasse
bem todos os testes dominados pelas crianças de média de amostragem de cinco anos, seria
atribuída a ela a idade mental de cinco anos.

Adotou o conceito do quociente de inteligência (QI), que é o número que representa a inteligência
de uma pessoa, obtido com a multiplicação da idade mental por 100 e com a divisão do resultado
pela idade cronológica.

Você também pode gostar